sábado, 30 de julho de 2011

Regresso de Sherlock Holmes I


"A Ciclista Solitária, A Escola do Priorado, Pedro Negro (Regresso de Sherlock Holmes I)", de Sir Arthur Conan Doyle (Global Notícias, Publicações)

Sinopse: 
O Regresso de Sherlock Holmes inclui originalmente treze contos de histórias do detective Sherlock Holmes, publicados em 1905. Os contos foram divulgados pela primeira vez na revista Strand Magazine, nos anos de 1903 e 1904. Neste primeiro livro de histórias estão reunidos A Ciclista Solitária, A Escola do Priorado e Pedro Negro.

Opinião:
Nunca fui muito fã do estilo "tell don't show", que é como quem diz, as histórias onde tudo é explicado através de diálogos, no entanto no último, e primeiro, livro de Sherlock Holmes que li (Memórias de Sherlock Holmes I), acabei por me habituar ao estilo e agora até gosto (somente nestes livros, pois noutros já não sei se a reacção seria a mesma). Afinal este é o estilo das histórias, tão característico.

A Ciclista Soitária
O que ao princípio parecia ser uma caso muito simples, mostrou-se até bastante complexo e inesperado. Gostei bastante da resolução, pois conseguiu ser de certa forma surpreendente e, mais que isso, conseguiu mostrar que nem Sherlock Holmes é infalível. Uma história interessante, com personagens curiosas e pistas colocadas nos sítios certos, sem no entanto desvendar tudo ao leitor (mesmo o mais atento), de forma a surpreendê-lo, mas não a irritá-lo. (Sabem quando nos fazem de burros?, pois não é o caso.)

A Escola do Priorado
Como já é habitual, o final conseguiu surpreender, já que nem o próprio detective conhecia todos os detalhes. Apesar de hoje em dia este tipo de 'mistério' já estar bastante batido, ainda assim o conto foi muito interessante.

Pedro Negro
Um caso curioso, que poderia ter seguido por muitos caminhos fáceis, mas que conseguiu não o fazer, escolhendo algo quase totalmente inesperado. Gostei do facto de, um detective que o Sherlock Holmes achava promissor, acabar por dar o caso por encerrado, mas o próprio Sherlock decidir seguir em frente. Mostra que por vezes não devemos deixar-nos enganar pela primeira impressão.

Em suma, este pequeno livro foi mais um bom exemplo de porque as aventuras de Sherlock Holmes foram e ainda são tão apreciadas. Sem dúvida um mestre na arte da literatura de mistério, que será um prazer continuar a ler.

Tradução:
Nada de errado a apontar, pareceu-me um trabalho excelente.

Capa, Design e Edição:
A capa, estranhamente (ou não) consegue simbolizar dois dos contos (A Ciclista Solitária e A Escola do Priorado), embora não seja exclusiva de nenhuma, pois há pormenores que parecem pertencer a uma, e outros a outra. É simples, masconsegue ser algo representativa do conteúdo.
O design interior é semelhante aos outros da colecção, simples, mas eficiente, tal como a edição.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Booking Through Thursday - Coruja


What’s the latest you’ve ever stayed up reading a book? Is staying up late reading a usual thing for you?

Acho que quase todas as pessoas, que gostam realmente de livros, já se viram presas a um na hora de dormir, e quando olharam para o relógio, quase berraram por ser tão tarde. Ou eu sou ave rara? :)
Não tenho nenhum problema em ficar a ler até tarde, a menos que no dia seguinte tenha de me levantar bem cedo. No entanto cada vez tenho menos 'cabeça' para ficar a ler até depois da 1h da manhã e pouco depois de entrar na cama, já estou quase a dormir, mesmo que o livro esteja a ser muito bom.
Claro que há excepções, e já dei por mim a gritar, literalmente, quando uma altura olhei para o relógio e vi que dali a três horas tinha de estar a pé.
Se a memória não me falha, os últimos livros que me fizeram ficar acordada até tarde foram: "A Filha da Floresta", de Juliet Marillier e "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino. E por até tarde, refiro-me a 3h, 4h da amanhã, pois não é difícil qualquer outro livro me fazer ficar a pé até à 1h.

Os Contos de Beedle o Bardo

"Os Contos de Beedle o Bardo", de J.K. Rowling (Editorial Presença)

Sinopse:
Os Contos de Beedle o Bardo oferecem-nos cinco histórias de feitiçaria, cada uma com a sua magia muito própria, que prometem deliciar, divertir e até arrepiar os leitores.
Cada conto é acompanhado de notas da autoria do Professor Albus Dumbledore, que agradarão tanto a Muggles como a feiticeiros. O Professor reflecte sobre as questões morais levantadas nos contos, ao mesmo tempo que revela pequenos detalhes sobre a vida em Hogwarts.

Opinião:
Desde que li o "Harry Potter e os Talismãs da Morte", que tinha alguma curiosidade em ler este pequeno livro de histórias. Abaixo fica uma opinião sucinta de cada um dos contos.

O Feiticeiro e o Caldeirão Saltitante
Um conto curioso, cujo desfecho era previsível, mas ainda assim bem conseguido. Certamente esta é uma daquelas histórias que podíamos contar aos mais pequenos, desde os primeiros anos, pois mantém aquela ideia de que quem é bom é recompensado, e quem não o é, acaba castigado.

A Fonte do Justo Merecimento
O meu conto favorito do livro, não só pela simplicidade (e ainda assim complexidade) da sua resolução, como por mostrar que quando as pessoas trabalham em conjunto, conseguem o que parece impossível.

O Feiticeiro do Coração Medonho
Este é um conto mais negro, mas ainda assim cheio de significado. Gostei muito, mas tal como 'Albus Dumbledore' menciona, acho que não o leria a uma criança de três anos. 

A Coelha Babita e a Árvore Tagarela
O mais (estranhamente) divertido dos contos, que evoca um sentimento de justiça, que não tem necessariamente de ser conseguida através da violência, um do mal dos outros, pois baste uma pouco de esperteza.

O Conto dos Três Irmãos
Quem leu "Harry Potter e os Talismãs da Morte" certamente que se recorda deste conto, que é impossível não comparar com "Os Três Porquinhos". Gostei pela diferença de acções nele narradas e pelas mensagens nele contidas.

Achei muito interessante a inclusão das 'anotações de Albus Dumbledore', que deram ainda mais valor aos pequenos contos, apesar de por vezes terem alguma informação dispersa.
Também as notas de rodapé foram curiosas, apesar de achar que, no caso das criaturas mágicas, deveriam ter feito uma descrição, ao invés de remeterem para a consulta de um outro livro, "Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los" (que nem faço ideia se está publicado cá, ou se sequer existe).

A escrita de todo o livro está consistente com o tom das fábulas, dando-lhe um ar já conhecido de todos.

Em suma, este é um livrinho muito curioso, que faz lembrar, em certos momentos, os contos de Grimm e outras fábulas, mas com um toque único. Recomendo a quem tenha lido a série de Harry Potter, porque vale bem a pena.

Tradução (Marta Fernandes, Manuela Madureira):
Ambas fizeram um excelente trabalho de tradução, não sendo perceptível qualquer erro (por mim, pelo menos).

Capa, Design e Edição:
Pessoalmente não compreendi muito bem a insistência da caveira, tanto na capa como ao longo do livro, mas em termos gerais gosto da capa (pela cor), apesar de achar que pouco descortina sobre o conteúdo do livro.
As ilustrações (de J.K. Rowling) contidas no interior, estão muito interessantes, vendo-se que a própria escolheu não representar de forma totalmente fiel as cenas que desenhou.
A edição em si está bastante primorosa, parecendo até mais resistente do que os restantes livros da série.

Palavras Escuras

"Palavras Escuras (Lords of the Underworld 4)", de Gena Showalter (publicado em Portugal pela Harlequin)

Sinopse:
Afinal, aquele demónio estava interessado em mais do que uma batalha... Sabin, preso ao demónio da Dúvida, destruía sem querer todas as suas amantes. Por essa razão, o guerreiro imortal passava a vida no campo de batalha em vez de no quarto. A vitória era a única coisa que lhe interessava… até que conheceu a tímida Gwen. Gwen, também imortal, sempre tinha pensado que se apaixonaria por um humano que não despertasse o seu lado obscuro. Mas quando Sabin a libertou da prisão, combater os seus inimigos para conseguir a caixa da Pandora não seria nada comparado com a batalha que ambos estavam prestes a iniciar...

Opinião:
O livro começou de imediato com acção, mas uma coisa eu não gostei: quando o Sabin começou a inspeccionar e descrever cada um dos seus companheiros. Eu percebo a intenção da autora ao fazê-lo, mas fez uma pausa absurda e algo cómica (no mau sentido) mesmo a meio de uma cena importante. Não fez grande sentido e cortou a acção.
Depois disso as coisas ficaram mais encarreiradas e desta vez a autora até nos mostrou mais do que se passava com os outros guerreiros, em vez de se focar exclusivamente no casal principal. Gostei muito do destaque dado ao Torin, à Cameo, ao Gideon, ao Paris e até ao Aeron (palpando já terreno para o próximo volume da série). Também foi bom ver o que se passava com os casais dos livros anteriores, e saber um pouco de como as suas relações estão a progredir, especialmente no caso da Anya.

Em termos do casalinho principal, Sabin e Gwen, posso dizer que não gostei por aí além do Sabin, embora o ache uma personagem forte e bem construída, a verdade é que ele é demasiado 'duro' e focado na guerra. Já a Gwen (que de tímida não tem nada, ao contrário do nome), gostei da personalidade dela, diferente das mulheres anteriores, mas do que não gostei, foi de a autora a ter poupado tanto. Afinal o que é a experiência dela comparada com a das outras mulheres cativas? Achei que a personagem teria ganho muito mais personalidade se não tivesse sido tão 'sortuda'. Pareceu-me uma jogada segura da autora, em não a deixar ser abusada, embora tenha explicação, simplesmente não consigo ter tanta pena dela como talvez fosse desejável.
Embora insatisfeita com a relação, não posso negar que os dois me pareceram absolutamente perfeitos um para o outro. Dificilmente haveria escolha melhor.
No entanto, o que me levou a não gostar particularmente de nenhum dos dois, foi a escolha de ambos, em pôr o outro à frente da família e dos amigos (que são quase como família, no caso). Compreendo que estes livros sejam sobre o poder do amor, mas quando uma personagem põe em perigo amigos e família só por causa do amante que conheceu à meia dúzia de dias (especialmente quando essas mesmas personagens passam o livro a dizer que nada é mais importante que os amigos/família), bem ... digamos que fico a não gostar dessa personagem. Neste livro, ambos o fazem.

Em termos de desenvolvimento da trama central, existiram alguns desenrolares interessantes, especialmente em relação ao Galen, mas também no que diz respeito às crianças.
Infelizmente aquele final, apesar de estranhamente apropriado, merecia outro tipo de consequência (especialmente para o Sabin).

A escrita da autora mantém-se semelhante aos volumes anteriores. Acessível, sem grandes floreados.

Em suma, este foi mais um volume algo banal, em que as personagens principais não me cativaram de forma conveniente, e onde a história se desenvolveu bem em termos mitológicos, mas não tão bem como desejado em termos de enredo. Conseguiu ser um pouco melhor que o primeiro volume, mas não chegou para superar o terceiro (que apesar de não encher as medidas totalmente, ainda é o melhor até agora).
Esta série é o meu guilty-pleasure, por qualquer razão que não consigo descortinar, mas sei que o que me mantém a lê-la é o Paris (o único que pôs os amigos e família, à frente dos seus desejos pessoais) e só por ele e pela mitologia, continuarei a ler até ao dia que o livro dele seja escrito (ou talvez dê um salto até lá). No entanto não sei ao certo quando pegarei no volume seguinte, apesar do Aeron ser outra personagem que me intriga.

Como nota final tenho de dizer que esta história me lembrou demasiado o "The Warlord Wants Forever", de Kresley Cole  (um livro publicado alguns anos antes deste de Gena Showalter). E tendo eu notado demasiadas semelhanças desde o início, foi mais um motivo para eu não gostar muito deste livro. O da Kresley Cole é muito mais pequeno (podem lê-lo de graça aqui), mas consegue ainda mais sentimento que este.

Tradução:
O trabalho de tradução tem alguns momentos menos brilhantes, tendo algumas frases estranhas, troca de sexos,etc. Mas no geral lê-se de forma razoável (baixa).

Capa, Design e Edição:
Não é segredo nenhum que gosto muito das capas desta série (se calhar só a leio por isso mesmo :). Esta não é excepção. Sou biased no que diz respeito à cor roxa. Depois temos um modelo bem jeitoso, numa pose que demonstra força mas também vulnerabilidade, e como sempre adorei que se dessem ao trabalho de colocar a tatuagem no sítio correcto, e ainda lhe meteram o colar que a autora descreve no livro.Apesar de imaginar o Sabin com aspecto um pouco mais velho, acho que esta capa o representa bem.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Futuro à Janela

"O Futuro à Janela", de Luís Filipe Silva (Editorial Caminho)
Podem ler este livro na íntegra AQUI ou AQUI (versões disponibilizadas pelo autor).

Sinopse:
Depois da revelação de João Aniceto, Daniel Tércio, Isabel Cristina Pires e Bráulio Tavares, com livros que marcaram fortemente a ficção científica de língua portuguesa, o Prémio Caminho de Ficção Científica de 1991 permite descobrir um novo talento, indiscutivelmente promissor: Luís Filipe Silva. Em «O Futuro à Janela», livro inteligente, ousado e inventivo, Luís Filipe Silva conta-nos histórias muito diversas, sempre aliciantes, em que o leitor pode ter a surpresa de encontrar o Infante D. Henrique e o seu «robot» ou as personagens e as situações mais inesperadas. «O Futuro à Janela» mais do que uma promessa é um livro já conseguido, que deve ser saudado com a satisfação de quem descobre novos territórios na ficção científica portuguesa.

Opinião:

Perdoem-me desde já as curtas opiniões por conto, mas não quis dizer demais.

Prefácio à  Versão Digital
Uma apresentação de como nasceu a antologia, e dos anos em que a ficção científica, apesar de parecer estar a florescer, ainda assim era vista como literatura 'menor'. Uma visão interessante e curiosa.

Introdução: A Importância do Conto
Como diz o título, este pequeno texto fala-nos dos primórdios do conto e de como este foi perdendo 'força' na nova era dos livros acessíveis a todos. Mesmo para os que já conhecem os factos apresentados, não deixa de ser um resumo a ter em conta.

Dois Estranhos, um Encontro
Bem escrito e curioso, numa mistura de passado (as lições de história fazem uma visita inesperada) e futuro. Gostei da forma como retratou a situação e as personagens, como nos mostrou o que os rodeava, sem na verdade dizer muita coisa. Só fiquei um pouco incompleta (não necessariamente insatisfeita) com o final, pois nada fica definido e parece que fica muito por contar.

Embaixadores da Boa Vontade, Ou Contacto!
Ri-me imenso com este conto. É tão ridículo como simples, mas ao mesmo tempo tão verdadeiro que até me leva a ter pena da nossa forma de viver (por vezes).

Os Poetas da Rua
Todas estas histórias, à excepção talvez da Dan Brook e António Silva , me pareceram excessivamente cruéis, apesar de realistas, de um certo ponto de vista. Percebi a conexão entre os textos e o título, mas no fim fica um certo sentimento de falta de algum elo de ligação.
Não foram maus, apenas diferentes (sendo que a escolha, muitas vezes, da quase micro-narrativa, funcionou melhor em certos casos)
Achei que curioso que, de todas as curtas histórias, apenas Mister Machine dá mesmo a sensação de ficção científica.

La Nausée II
Um conto com uma escrita um pouco diferente do que estou habituada do autor. Mais intimista e sôfrega, onde tudo é do momento.O protagonista tudo sente e tudo transmite ao leitor, deixando uma sensação estranha de compreensão. Acho que também qualquer pessoa (com mais de 15 anos) se poderá rever no tema retratado (a viragem do século)

O Fernando Pessoa Electrónico
Gostei muito desta 'troca de ideias'. Não só pela fluidez da conversa, mas pelas ideias nela contidas, terminando com um final merecedor.

Pequenos Prazeres Inconfessáveis
Gostei muito do estilo da prosa e do encadeamento da acção, mas esta é uma história capaz de revirar estômagos, não só pela crueza da narrativa, como pelos temas apresentados. Contudo a decisão de não contar a história de forma linear, fez com que esta tivesse ainda mais impacto, já que o que ao princípio pareciam ser histórias separadas, mostraram vir a ser uma e a mesma.

O Jogo do Gato e do Rato
Um conceito interessante e bem explorado pelo autor, dando a conhecer muitos detalhes sobre a 'civilização' existente. No entanto, pareceu-me que aquele final 'extra' não fez mais do que confundir, sendo que lhe fazia falta algo mais para se tornar sólido.

Série Convergente
Um conceito interessante, mas caótico, de tal forma que chegou a fazer confusão, apesar de a narrativa manter a atenção presa.

Também há Natal em Hanímedes
Um conto pequeno, mas carregado do espírito de Natal. Gostei da interacção familiar e do que o autor nos conta sobre a vida fora da Terra. Ficou no entanto a vontade de ler mais.

A Última Tarde
Uma história estranha, que pareceu ser várias coisas, e depois mostrou ser algo totalmente diferente. Recupera um pouco daquele sentimento de vontade de explorar o universo.

Criança entre as Ruínas
O mais comprido e para mim, sem dúvida, o melhor conto do livro. Cheio de emoção, de excelente construção  da situação, numa prosa alternada e apelativa. Uma história que toca muitos assuntos, e a todos dá interesse. Com um final triste, mas ao mesmo tempo cheio de esperança, perfeito para o conto.

Ala Anima
Belo suave como uma pena, mas estranhamente profundo. Gostei!


Em suma, esta compilação de contos foi uma boa leitura. Alguns contos foram mais violentos, outros mais meigos, mas todos foram escritos com mestria, tendo cada qual uma interpretação e voz únicas. O meu favorito foi, como já disse, o "Criança em Ruínas".
É também de louvar a 'intemporalidade' dos contos, pois embora não sejam assim muito antigos (já lá vão 20 anos!), não se lhes notam os anos em cima e tenho quase a certeza que mesmo daqui a mais duas décadas, ainda estarão actuais. E também é de notar o que me pareceu ser um  laivo de patriotismo que é sempre bom ver na literatura feita por portugueses, pois sem ser extremista, é reconfortante.
Vale bem a pena ler este livro que, certamente, de forma justa ganhou o prémio Caminho da Ficção Científica de 1991. Agradeço também ao Luís Filipe Silva por disponibilizar gratuitamente este livro.

Top Ten Tuesday - Books that Tackle Tough Issues

O tema desta semana vai um pouco de encontro ao que referi no fim do post da semana passada. "Books that Tackle "Tough" Issues" (Livros que falam de temas "difíceis").

1) A pedofilia em "Lolita", de Vladimir Nabokov

2) O suicídio em "Por Treze Razões", de Jay Asher

3) O incesto e a violência extrema em "Os Homens que odeiam as Mulheres", de Stieg Larsson

4) A mentalidade separatista em casos extremos, n' "O Deus das Moscas", de William Golding

5) O racismo em  "A Vida Secreta das Abelhas", de Sue Monk Kidd

6) A ditadura em "Os Jogos da Fome", de Suzanne Collins

7) O afastamento da família e uma doença grave em "A Vida na Porta do Frigorífico", de Alice Kuipers

8) O tráfico de pessoas dentro do seio das famílias, e outros temas em "Ruby", de V.C. Andrews

9) A crueldade levada ao extremo, em "Meridiano de Sangue", de Cormac McCarthy

10) A redenção (ou não) de pecados do passado em "O Leitor", de Bernhard Schlink


Extra: "A estrada", de Cormac McCarthy.

sábado, 23 de julho de 2011

As Cidades Invisíveis

"As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino (Biblioteca Sábado)

Sinopse:
Marco Polo fala a Kublai Kan das cidades do Ocidente, maravilhando o imperador mongol com as suas descrições. Estas cidades, no entanto, existem apenas na imaginação do mercador veneziano: a sua vida encontra-se apenas destro das suas palavras, uma narrativa capaz de criar mundos, mas que não tem forças para destruir «o inferno dos vivos».
Este livro tem o lirismo dos livros de poemas, poemas que por vezes descrevem cidades e outras vezes a forma de pensar e de ser dos seus habitantes. Invertendo os papéis do Livro das Maravilhas, através do qual Marco Polo revelou o Oriente ao mundo ocidental, Calvino arquitectou o livro que o estabeleceria como uma das referências incontornáveis da literatura pós-moderna.

Opinião:
Sinto necessidade de começar este meu comentário, dizendo que fiquei fascinada com este livro desde as primeiras páginas, por isso perdoem-me se a opinião for curta e cheia de elogios, mas é mesmo isso que penso deste livro fascinante.

Ancorado em descrições fantásticas e sucintas, que nos conseguem em poucas palavras transmitir toda a imponência e unicidade de cada cidade que sai da mente de Marco Polo, esta obra está cheia de segundas intenções e mensagens escondidas (ou nem tanto).
Cada cidade imaginada é única, mesmo quando repesca certos detalhes de outras já descritas, nunca entramos pelos portões da mesma urbe, onde o passado e o futuro se encontram e nos perdemos nas ruelas, nos esgotos, nos telhados de cada local imaginado.

A escrita do autor chega a ser poética, em certos momentos, e é assertiva, sem ser exagerada, embalando o leitor nas suas palavras e nos seus fraseamentos.

Questionando a realidade e a ficção; o passado, o presente e o futuro; a soberba e a ganância; a esperança e a capacidade de mudança; assim como também o ser humano, no meio do que criou, do que almeja e do que já foi.

O único senão deste livro, é o não ter mais cidades, mais conversas entre Kublai Kan e Marco Polo, o de não nos dar mais maravilhosas descrições para onde viajamos com cada palavra.

Parece-me quase ridículo dar uma opinião final, pois tudo o que disse acima o explica sem lugar para dúvidas. Adorei este pequeno grande livro. Perdi-me nas suas páginas e nas suas palavras, e anseio o momento em que revisitarei cada uma das muitas cidades imaginadas por Marco Polo e vividas por Kublai Kan. Este é um livro que vai directamente para a minha lista de favoritos.

Tradução (José Colaço Barreiros):
Embora notasse ocasionalmente certas pequeníssimas incorrecções, nada disso foi prejudicial ao texto completo. No geral houve lugar uma trabalho de tradução exemplar, que parece ter captado toda a essência da obra.

Capa, Design e Edição:
Embora não seja das minhas capas favoritas, não posso deixar de notar que é exemplarmente representativa do texto contido no seu interior. Não só no uso das peças de xadrez, como do reflexo nas peças e a cidade no céu (futuro ou ascensão). Uma muito boa representação que enaltece o texto.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Booking Through Thursday - Releituras (Repeats)

What’s the first book that you ever read more than once? (I’m assuming there’s at least one.)
What book have you read the most times? And–how many?

Se estivermos a referir-nos desde a infância, então todas as colecções que tenho as li incontáveis vezes. Tanto que a maioria dos meus livros de infância estão tão gastos que as capas se desfazem.
Estes incluem: "A Rua Sésamo", "Enciclopédia Infantil Ilustrada". BDs dos Filmes Disney, "Dom Fonsarilho e Santa Pança" (mais alguém tem esta colecção?).
Já numa idade mais adolescente, estava quase exclusivamente voltada para a BD, por isso o que li e reli vezes sem conta, foram as BDs dos "X-Men", "Homem-Aranha", "Wolverine", etc. (nunca fui fã da DC)
Agora livros mais ... 'livros', só me lembro de ter relido dois: "Ruby" de V.C. Andrews e "O Principezinho" de Antoine Saint-Exupérie. Isto deve-se a uma facto muito simples, pois comecei a ler 'a sério' já quase a entrar na vida adulta e tinha (e ainda tenho) tantos livros para ler, que nunca encontrei tempo para reler os que mais gostei.
No futuro, contudo, espero remediar isso, pois há muitos livros que quero revisitar uma e outra vez.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bang! 10

"Bang!" nº10, revista lançada pela Saída de Emergência e FNAC

Começamos com um editorial a citar Ursula K. LeGuin, que diz que "a boa ficção não se destina a mentes preguiçosas" e Safaa Dibb faz todo o editorial a partir dessa afirmação.
A secção das novidades da colecção Bang! está cheia de surpresas no final, com grandes nomes a serem apontados como apostas para breve (H.P. Lovecraft, Ray Bradbury, Anne Bishop, Harry Turtledove, Dan Simmons, entre outros).
Tal como na revista anterior, também nesta podemos ler pequenas opiniões de bloggers, publicadas nos cantos de algumas páginas (entre essas está uma opinião minha, que já referi aqui).
As críticas literárias inseridas na secção própria da revista estavam, na sua maioria interessantes, embora uma em particular se tenha debruçado demasiado sobre a história do que sobre o estilo e a opinião (felizmente não foi exagerado).

Ilustrador (Andreas Rocha)
Já conhecia o trabalho deste artista há algum tempo, e reconheço-lhe bastante mérito, especialmente a nível de criação de cenários. Creio, no entanto, que os trabalhos mostrados na secção dedicada ao ilustrador, não foram os mais enaltecedores, especialmente estando reduzidos a tamanhos tão pequenos. O tipo de arte que ele cria, merece ser visto em tamanho grande, tal como acontece na capa ou no conto de Philip K. Dick.

Os Livros das Minhas Vidas (Fernando Ribeiro)
Reconheço que antes da saída do mais recente livro deste autor, desconheci-a fora do género musical. Gostei particularmente de como narrou esta crónica sobre os livros das suas vidas (como o próprio diz) e nota-se a paixão que te pelas histórias bem contadas.
Tenho cá em casa uma antologia que tem um conto dele (só o soube ao ler o artigo), e estou curiosa por ler pois gostei do que ele disse neste artigo, e da forma como o disse.

Admiráveis Mundos Novos (Safaa Dib)
Um artigo interessante, que ainda assim pareceu deixar de lado certos nomes que me pareciam merecedores de atenção. Contudo, se esta for uma secção habitual da revista, isto poderá ser facilmente resolvido de futuro.

"O Turno da Noite", de João Barreiros
Estranhei o início deste conto, mas passada primeira parte, vi-me novamente imersa na escrita e prosa deste grande autor português, que conseguiu dar um fôlego extraordinário a algo até bastante 'normal' (dentro da sua anormalidade). Gostei da história e muito especialmente do final, mas devo dizer que a parte introdutória me pareceu dispensável (já que tudo o que nela foi revelada, acabou por ser repetida no resto da narrativa, perdendo-se dessa forma o interesse da parte I.
Gostei muito de ver as ilustrações de Melo Matos, que embora não fossem fiéis aos textos (nem o deveriam ser, pois são anteriores a este), deram uma outra vida ao conto.

História do Breve Cinema de Terror Português (João Monteiro)
Confesso-me um autêntica leiga, no que respeita ao cinema português, e muito particularmente ao (breve) cinema de terror lusófono. Este foi um artigo muito interessante e abrangente, não se restringindo somente às películas, mas também às épocas que as condicionaram e/ou fervilharam.

Era uma vez Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (Pedro Piedade Marques)
Pensava eu que este artigo ia ter a ver com o livro de George Orwell, e afinal ... afinal era outra coisa, talvez igualmente interessante. Achei o artigo curioso, especialmente porque desconhecia por completo, não só o livro, como ainda mais a 'organização'.

"Guia de Viagens Seguras para Negros", de Matt Ruff
Achei este conto muito consciente e focado, com temas anda em voga, e que poderiam (quem sabe se não terão) realmente acontecido, até porque muito do descrito foi verdade, em tempos. No geral gostei muito, tanto da prosa como da história e da personagem principal. A minha dúvida é uma só: o que é que este conto tem de fantástico? (resposta: nada além da menção de obras famosas do género)

O Sonho Americano Desenha-se em Português (João Lameiras)
Um artigo interessante, se bem que posso dizer que já conhecia quase todos os factos retratados, acho que o cronista conseguiu reunir bem a informação e torná-la acessível e construtiva. Espero sinceramente que esta secção de BD se mantenha, e que se debruce ainda mais sobre a BD produzida em Portugal.

"Os Defensores", de Philip K. Dick
Depois de ficar desapontada com "Ubik - Enter 2 Mundos", um livro do mesmo autor, parti para a leitura deste conto com algum receio, mas confesso, fiquei rendida. Realmente nesta curta história o autor construiu um mundo sólido, personagens interessantes, mas mais que tudo, uma trama profunda. Gostei muito da prosa e do desenrolar narrativo, nesta distopia a verter para a utopia. Muito bom!

A Guerra dos Tronos (Safaa Dib)
Tinha receio de ler este artigo e receber spoilers, mas felizmente a Safaa soube conter-se nas informações dadas, de forma a que mesmo quem nunca tenha lido os livros, possa ler o artigo e ficar interessado. No entanto o artigo pouco trouxe de novo, para quem segue com o mínimo de atenção o mundo da fantasia em Portugal, ou mesmo das séries internacionais. Ainda assim, para quem é desconhecedor total, será um artigo a ter em atenção.

Vida Noutros Planetas (Fábio Fernandes)
É bom ler sobre leitores/autores de fora do nosso país, sobre o género da FC&F. O Fábio Fernandes conseguiu sumarizar o que se tem passado no Brasil nos últimos anos, de relevante, mas pareceu-me que ao artigo faltou algo de ... único.

"2BR02B - To Be Or Not To Be". de Kurt Vonnegut
A simples ideia por trás deste conto, daria pano para mangas, mas posso dizer que gostei muito desta interpretação e da forma como as personagens escolheram ver as suas 'vidas'. Fez muito sentido, mas ao mesmo não fez sentido nenhum, pois tudo se baseava no egoísmo. Um conto profundo e intenso, onde a significância da vida é posta me causa.


Távola Redonda (Cristina Alves, Célia M., Rui Baptista, João Seixas)
Uma 'reunião' bastante curiosa de quatro bloggers bastante conhecidos na web. Esta 'conversa' focou pontos de interesse, alguns que por norma não são muito falados, e outros que já estão quase banalizados. Uma rubrica a continuar.

No geral esta foi mais uma revista exemplar, desta vez com uma qualidade ainda maior na ficção (menos não seria de esperar dos nomes envolvidos, embora muitas vezes os novatos surpreendam pela positiva), mas igualmente com vários artigos de não-ficção que se destacam.
Um projecto a seguir.

::Filme:: Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 2

Ontem regressei ao cinema, depois de mais um ano sem ver um filme nas grandes salas. A razão porque regressei, não podia ser outra senão para ver a tão aguardada parte final da saga Harry Potter (livros de J.K. Rowling).
Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows, Part 2) foi uma surpresa agradável. Acho que esteve bastante fiél ao livro e não esperava mais, bem pelo contrário.

Os actores estiveram excelentes e chorei por várias vezes à custa das actuações (e claro, da história). As minhas cenas favoritas foram (atenção spoilers) a morte do Snape e a visão das memórias dele (excelente interpretação do actor), o sacrifício do Harry (também o actor aqui esteve fenomenal).
Embora tenha achado que outras cenas foram menos dramáticas do que poderiam ter sido (refiro-me a mortes importantes que ocorreram durante a luta), não me lembro de nenhuma cena que não tenha gostado, acho que o filme como um todo está bastante bom, embora se tenha ressentido um pouco por a história estar dividida em duas. A verdade é que a acção não me incomodou, pois quem leu os livros sabia de ante-mão que este filme seria mais voltado para a acção do que qualquer outro, ou não fosse este o confronto final.

Também gostei das pitadas de humor que foram acrescidas à acção e ao drama. Foram uma lufada de ar fresco no meio de tanta miséria (e sinceramente não me recordo se tais cenas vieram do livro ou não; já o li há algum tempo).

Tal como aconteceu quando li o livro, não posso dizer que tenha ficado satisfeita com o final 'extra', pois parece-me quase uma forma de anunciar uma continuação, que a meu ver nada mais fará do que 'espremer o leite à vaca, até esta ficar magra', e não quero ver isso acontecer a esta saga.

Chegada ao fim deste ciclo de adaptações, tenho a dizer que acho que fizeram um bom trabalho ao longo da série, sendo que alguns filmes são melhores que outros, mas todos são acima do razoável.

Top Ten Tuesday - Books that Should be Required Reading for Teens

Este tema, "Books that Should be Required Reading for Teens" (Livros que deveriam ser de leitura obrigatória para jovens) é-me um pouco difícil porque não leio assim tantos livros para esta faixa etária, e alguns dos que li não foram ... exemplares.

Também devo dizer que sou contra leituras obrigatórias, isto porque de todos os livros que fui obrigada a ler no meu tempo de escola, acabei por não gostar particularmente de nenhum, e até ganhei um certo 'estigma' em relação a tudo o que fossem leituras 'forçadas'. Acho que, em conformidade com o que existe noutro países, deveria existir uma lista extensa de livros, de onde cada aluno pudesse escolher os que mais lhe interessavam, ou pelo menos deveriam actualizar a restrita lista actual, que está bastante paradas no tempo
No entanto aqui ficam alguns que não acho que sejam 'obrigatórios', mas que faria bem a certos adolescentes lerem (vou incluir também um marcadamente mais infantis, e outros que já são, em certos locais, de leitura obrigatória):

1) "O Principezinho", de Antoine Saint-Exupérie - Um livro fabuloso, para todas as idades.

2) "O Deus das Moscas", de Wiliiam Golding - Intenso e cheio de mensagens (nada subtis). É cruel, por isso não o aconselho a crianças, mas acima dos 14/15 já me parece leitura recomendada.

3) "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões - Uma bela obra, esta sim, merecedora de fazer parte das nossas leituras obrigatórias. Um épico que nunca passará de moda (a meu ver).

4) "Harry Potter", de J.K. Rowling - Preciso justificar?

5) "Contos dos Grimm", dos irmãos Grimm - Os verdadeiros! E não aquelas adaptações para crianças que vemos por aí.


6) "Onde Vivem os Monstros", de Maurice Sendak -Acho este um livro absolutamente delicioso para os mais novos. Não só mergulha na ideia de ser criança, como também ensina algo bastante profundo.

7) "Os Livros que Devoraram o meu Pai", de Afonso Cruz -Um livro que me parece poder incutir nos mais novos o gosto pela leitura e pelas personagens que habitam entre as páginas dos livros. Além de ser um 'hino' à imaginação.

8) "Por Treze Razões", de Jay Asher -Apesar de não ser uma obra-prima (a meu ver), a mensagem que o livro transmite é merecedora de atenção e tenho a certeza de que tem muito a ensinar aos mais jovens. Não só sobre o suicídio, mas mais que isso, sobre a consequência dos nossos actos, mesmo das coisas que nos parecem completamente insignificantes.

9) "A Metamorfose", de Franz Kafka -Um livro profundo (mas nada maçudo), que se deve ler especialmente nas entrelinhas.

10) "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrol - Apesar de não ter gostado deste livro quando o li (já na vida adulta), confesso que vi o que levaria alguém mais jovem a adorá-lo. Está repleto de aventura e imaginação.
 
Das leituras que fui 'forçada' a ler também gostei de "Felizmente há Luar", de Luís de Sttau Monteiro, por isso inclui-lo-ia como 11ª sugestão. Outra sugestão seria "A Vida Secreta das Abelhas", de Sue Monk Kidd.


E para finalizar, acho que deviam ler livros mais felizes. Sinceramente, cada vez mais se vê os jovens a lerem livros fatalistas. Não tenho nada contra lerem sobre dificuldades e como ultrapassa-las, mas há limites para tudo. Aliás, eu acho que deveriam ser escritos mais livros assim, porque sinceramente lembro-me de muitos poucos e os que me lembro também não eram obras-primas. Ensinar valores: SIM, tornar o mundo um local inóspito e cruel: NÃO.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Booking Through Thursday - Biografias

There are so many crappy biographies … would you rather read a poorly-written biography of a fascinating life, OR an exquisitely well-written, wonderful read of one of a not-so-interesting life?

Não costumo ler biografias, pois não são o tipo de livros que me interessa, apesar de saber que existem histórias verídicas que vale a pena contar, simplesmente não me atraem. Aliás, julgo que até hoje só li duas biografias: "Sorte", de Alice Sebold; e "Voodoo Girl", de Eva Dias Costa. o "On Writing" do Stephen King tinha certos laivos de biografia, mas não o era.

Mas respondendo concretamente à pergunta colocada esta semana, prefiro uma biografia mais amena mas bem escrita (não nos termos de ser chata, mas nos termos de cativar e ensinar), do que uma mal escrita mas fascinante. No entanto uma mistura de fascinante com boa escrita, seria certamente a melhor opção e penso que é isso que se quer numa biografia.

Império Terra - O Princípio

"Império Terra - O Princípio (Império Terra 1)", de Paulo Fonseca (Papiro Editora)

Sinopse:
(…)“Caminharam juntos até ao passeio. Laura deixava para trás a sua mota, com pesar. Aquela mota que acompanhara por tantas vezes, e que sentia como parte de si. Fosse como fosse, teria de a deixar para trás quando partissem. Talvez, devesse fazer o mesmo com aquela nova verdade, que a deixara frustrada.
Os seus pais nunca lhe haviam falado de vampiros. Os vampiros faziam parte do imaginário popular, das histórias de terror, do cinema. No fundo era como Gabriel dizia: uma verdade rejeitada pelos eruditos. E os seus pais não eram povo.
Como é que poderia imaginar um mundo maravilhoso com vampiros e lobisomens?!
Se os asquerosos não teriam lugar nesse novo mundo, aqueles também não o teriam. Seria necessário eliminá-los!
De repente a iluminação piscou. Os olhos de ambos fixaram-se no horizonte, até onde alcançavam, e começaram a ver a luzes extinguirem-se, umas atrás das outras, como peças de dominó, como se as trevas fossem tragando a luz num gloop-gloop dantesco; anúncios atrás de anúncios, cartazes electrónicos atrás de cartazes electrónicos, salas de escritórios atrás de salas de escritórios; e os candeeiros nas ruas...
Uma espécie de rastilho correu as ruas de Lisboa apagando tudo o que eram luzes.
Fez-se trevas.
Um piscar trémulo e insistente atraiu a atenção de Gabriel. Um dos candeeiros da Av. 5 de Outubro extinguia-se como uma brasa, para logo se reacender como se assoprado, até que desistiu. Lembrou-o, sarcasticamente, da esperança da humanidade...
As trevas desceram sobre Lisboa.” (…)

Opinião:
Há livros que começam amenos, se tornam muito quentes e depois, por alguma razão, arrefecem a dada altura. Este livro pode ser considerado um pouco assim, embora no fim recupere um pouco.

Começando com algo semelhante a um cliché do género, com o protagonista a sair de um coma que fez com que perdesse o início de mudança radical da vida no planeta, cedo a história ganha ânimo e em apenas algumas páginas o leitor está embrenhado no enredo e aliciado pelo mundo que o autor nos apresenta.
Com descrições muito boas do circundante, usando de locais que o comum leitor conhece pelo menos vagamente, mas introduzindo mudanças subtis -características de a obra acontecer alguns anos no futuro-, penso que a construção do cenário foi dos pontos mais fortes de todo o livro, tornando todo o envolvente realista.

Começando num cenário de ficção científica bem arquitectado, infelizmente a partir do meio as perguntas tornam-se muito mais numerosas que as respostas e o autor introduz tantos dados novos que a beleza inicial se perde, de certa forma, num rebuscado juntar de informações incoerentes e dispersas. Uma das coisas que me deixou mais insatisfeita foi o facto de praticamente não termos respostas nenhumas. Não sabemos quem são os inimigos, de onde vêm ou qual o seu propósito. E não é só em relação aos inimigos que nada sabemos, pois o autor toca em muitas coisas, sobre o passado do Gabriel, sobre os marcianos, sobre ... tudo, e no fim poucas são as resoluções que o leitor consegue obter e a informação chega a ser tão parca que é difícil fazer especulações.


Tal como referi em cima, até meio do livro, a narrativa era interessante e intensa, sem necessitar de acção para aumentar o interesse, mas depois do Nolen aparecer, a história começou a descambar. Primeiro os diálogos/monólogos iniciais do Nolen eram do mais cliché que pode existir. Depois temos o que se passou com a Romana e o Gabriel e que não fez sentido nenhum, não só pela experiência que o Gabriel já tinha com os vampiros, mas especialmente porque nessa altura a Petra varreu-se-lhe da mente como se nunca tivesse existido (e também a Laura). E, lamento dizê-lo, mas a partir desse momento todos os diálogos se tornaram banais. Foi como se a segunda metade do livro fosse apressada, recheada de cenas de acção sem resolução concreta,  apimentada com moralismos excessivos.
O final foi mais interessante do que contava, mas ainda assim deixou demasiadas perguntas por responder (e espero que sejam atendidas no volume seguinte).

Já que falo em moralismos, gostei do que o autor tentou criar em modos de fé na humanidade, mas a certa altura tornou-se demasiado. De tal forma que me cansei de ler o Gabriel a dizer que era céptico e a Laura que acreditava na humanidade. Isto foi tão repetido, que se tornou excessivo. Foi apenas um ponto acima do que deveria, mas esse 'um ponto' saturou. Menos um grau de moralismo seria mais apreciativo e não era preciso muito para chegar a esse equilíbrio.

Em termos de personagens, penso que tanto o Gabriel como a Laura foram bem expostos, embora nenhum deles seja particularmente 'heróico' ou o tipo de protagonista com o qual o leitor consiga criar afinidades (pelo menos eu não consegui). Agiam de acordo com as suas personalidades, e nisso o autor conseguiu trabalhar bem.
Já em relação às outras personagens, creio não poder dizer o mesmo. Nenhum se destaca, pois todos foram tocados apenas superficialmente.

Em termos de escrita, no geral foi cativante e dinâmica, fazendo com que o leitor vire as páginas rapidamente para continuar a história, mas há certas coisas a apontar, e que não posso deixar de referir. Começo pela mudança abrupta do ponto-de-vista. No início isto não acontecia, mas aos poucos o autor foi mudando a visão da personagem sem aviso e de forma aleatória, de forma a 'convir' à narrativa. Isto era de tal forma notório que nas batalhas o leitor nunca era apanhado de surpresa, porque saltávamos dos olhos de uma personagem para a seguinte. Isto não é um ponto a favor, pois o leitor necessita ser surpreendido.
Outro ponto a assinalar é o facto de a narrativa, por vezes, estar no presente, depois já estar no passado. Isto tornava a leitura algo confusa, mas felizmente isto só aconteceu até um certo ponto no livro, e depois muito esporadicamente.

Em suma. gostei do livro porque o achei engenhoso na criação e diferente nos protagonistas. Se fosse a avaliar o livro pela primeira metade, certamente lhe daria mais pontos, mas infelizmente a segunda metade estava demasiado aleatória, demasiado embrenhada em si mesma e atulhada de informação e moralismos, para que eu pudesse realmente dizer que era o que esperava. Irei ler a sequela, na esperança que resolva muito do que ficou por saldar. Espero também que os erros cometidos neste volume não se repitam no próximo e que a panóplia de personagens seja mais interessante.

Capa, Design e Edição:
A capa é muito simples e generalista. Nada diz sobre a história, apesar de ser bonita, simplesmente não tem nada de único nem simboliza particularmente nenhum pormenor narrativo.
O design interior está simples, masbem acomodado.
Já a edição não está primorosa, já que os erros que apontei em cima (em termos de PdV e tempos verbais) deveriam ser facilmente detectados com um editor.


P.S.: Este livro foi-me gentilmente cedido pelo autor, Paulo Fonseca, a quem agradeço a oferta.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Férias 2011 - Parte 2

É verdade, minha boa gente, vou de férias outra vez (não se espantem, que da última vez foram menos de15 dias).
Vou acampar uma vez mais, desta feita no Norte do país (conhecer Portugal antes de conhecer o estrangeiro, embora a minha razão principal seja mesmo a impossibilidade de escolha, apostem no turismo nacional!) e espero que o tempo seja meu amigo, porque não quero passar os dias dentro da tenda.

Conto ler vários livros, por isso quando regressar (daqui a uma semana), talvez tenha umas quantas novas opiniões para ir fazendo aos poucos (espero que não em dê uma boa dose de preguiça e as leituras acabem tão secas como da última vez).

Entretanto, leiam muito e divirtam-se.
Devo voltar na 2ª feira, dia 18.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Booking Through Thursday - Dias de Cão

Since my dog is turning 10 today … what animal-related books have you read? Which do you love? Do you have a favorite literary dog? (Snoopy, anyone?)

Em primeiro, tenho de dizer que adoro animais. Não só os de estimação, mas também nos últimos anos ganhei uma afeição especial por todas as criaturas (incluindo as aranhas, que eu não suportava sequer ver. quando era mais nova). No entanto, por ter um contacto mais próximo com os cães, acabo por ter mais afecto a estes animais, assim não é de estranhar que eles sejam protagonistas em alguns dos livros que li com protagonistas não humanos.

O primeiro, que me lembro, foi "Marley & Eu" (John Grogan), um livro que a minha mãe me ofereceu e que gostei muito de ler, por me recordar a cadela que tínhamos naquela altura. No ano passado li também "O Cão Vermelho" (Louis de Bernières), um livro que adorei. Também me recordo dos gansos em "Goose Chase" (Ptaricia Kindl) e dos cisnes em "A Filha da Floresta" (Juliet Marillier), animais muito especiais e que à sua maneira foram também protagonistas. Não posso também deixar de mencionar a raposa em "A Raposa Azul" (Sjón); o golfinho em "Golfinho de Júpiter" (Mary Rosenblum", pois apesar de este ser mecânico, não deixava de ser selvagem. E por último, o muito especial ratinho Firmin, no livro homónimo (Sam Savage).

Outros animais que me recordo na literatura, que não sendo protagonistas tiveram muita atenção, são: o macaco-anão de "Não me contes o fim" (Rita Ferro); o simbolismo das abelhas em "A Vida Secreta das Abelhas" (Sue Monk Kidd); o cavalo em "Beauty" (Robin McKinley); os lobos em "A Guerra dos Tronos" (George R.R. Martin)

Também tenho de dizer que gosto muito de, na fantasia, ver menção de animais fora do comum, sejam inventados, provenientes da mitologia, ou simplesmente animais fora do normal. E também não é de estranhar que de vez em quando goste de ler histórias com shape-shifters (metamorfos) e isto traz-me à memória os fofinhos tigres bebés que apareceram no "Slave to Sensation" (Nalini Singh); também os coiotes e lobos de "O Apelo da Lua" (Patricia Briggs) e os lobos de "Shiver" (Maggie Stiefvater).

Há muitos mais, que me esqueci (com certeza) de mencionar, e no fundo sempre percebi que gosto quando os animais aparecem nos livros, não só porque estes fazem parte integrante da vida real (quer queiramos, quer não) e a interacção com os animais pode sempre mostrar muito sobre as personagens principais, se essa relação (ou falta dela) for usada com mestria.



P.S.: Podem ou não ter reparado (sou distraída, portanto conto que os outros por vezes também o sejam) que mudei o aspecto do blog. Ainda não estou totalmente satisfeita, mas de momento fica assim. Sugestões?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não me Contes o Fim

"Não me Contes o Fim", de Rita Ferro (Bis Leya)

Sinopse:
Perante um impasse amoroso e um quadro familiar decadente, Lara troca a cidade do Porto por um trabalho temporário num clube de férias, no Brasil. Na ilha, torna-se inseparável de um grupo de amigos de várias nacionalidades com quem explora os prazeres do sexo e da transgressão e se envolve numa tragédia local, ocorrida entre as nativas, que conduzirá a um suicídio em série. Entretanto, o namorado abandonado do Porto chega à ilha com uma delegação de jornalistas para investigar o enigma.
Uma história avassaladora da primeira à última página, que devassa a intimidade feminina para repensar valores como o casamento, a família, a maternidade e a liberdade.

Opinião:
É impressionante perceber como um livro pode parecer tão fantasioso, sem no entanto ter qualquer pitada de fantasia.

Chegada ao fim desta leitura, sinto-me ambígua em relação à minha opinião. Por um lado adorei o livro, mas por outro odiei-o.

Gostei muito da forma como a autora escolheu encadear a história. Se bem que no início não percebia a escolha, a o longo da narrativa fui-me habituando e até  gostando da forma como estava construída. Primeiro mostrava-nos as consequências, e só por fim as acções que resultaram nessas mesmas consequências. Fazia-o com mestria, de forma que não frustrava o leitor, mas lhe deixava a curiosidade no alto, e graças a esta escolha conseguiu introduzir várias surpresas ao longo de toda a trama.
A história tem vários focos e muitos acontecimentos, mas pode dizer-se que quase todos têm duas bases: Sexo e/ou Religião. Este facto chegou a um ponto de saturação, apesar de cada situação ser diferente da anterior, a verdade é que cansou um pouco ver tanto do mesmo (foi aqui que o aspecto mais fantasioso tomou forma).

Em relação às personagens, temos um leque variado de personalidades, que de certa forma, ao serem todas contadas pela perspectiva da Lara (protagonista), se juntam todas num mesmo molho. De certa forma são independentes, mas ao mesmo tempo fazem parte de um todo que as torna dependentes.
A Lara, por sua vez, é uma 'filha' da época e isso nota-se em tudo o que faz e em todas as opiniões que tão vincadamente mostra. Não gostei da personagem. Aliás, deixem-se frasear isto de outra forma. Gostei da personalidade da Laura, por ser diferente, mas não gostei da Lara enquanto personagem. Pareceu-me uma fraca, a quem nunca nada de realmente mau aconteceu, mas que se deixou abalar (de forma sucessiva) pelo que ia acontecendo às pessoas que a rodeavam. Não é uma personagem que incuta 'pena' ou sequer compreensão. É fraca, mas todos a amam, todos a apoiam, enquanto ela se queixa da fraqueza dos outros, quando a sua é pior que qualquer outra. No entanto, o pior mesmo, foi a forma como, chegados ao fim, percebemos que ela não aprendeu NADA.
No entanto essa e também a razão porque a acho fascinante. De certa forma ela é a mais realista de todas as personagens do livro, pois nem sempre as pessoas aprendem as lições que deveriam claramente compreender depois de verem tantos à sua volta sofrerem com más decisões.

E o final, esse, fez juz ao título. Sempre o disse, e volto a repetir, gosto de finais em aberto, e este não foi excepção. pareceu-me a escolha perfeita para o livro.

Antes de finalizar tenho também de deixar uma nota relativa a uma parte da história que para mim, de certa forma, foi especial. Refiro-me à carta que a irmã enviou a Lara e em que lhe falou sobre um certo "menino". Foi dos momentos mais altos da narrativa, pois mostrou os dois lados do 'vilão'. Adorei a forma como a autora introduzia este fio narrativo, sem estar a tentar dar lições de moral aos leitores.

Em suma, este é um livro com uma boa prosa, uma história cativante e uma personagem principal que marca (seja pelo bem, ou pelo mal). Não é um livro feliz, nem sequer um livro com uma moral, mas há mensagens em cada capítulo, em cada parágrafo, e só não as vê quem não quer.
Sinto um misto de amor/ódio pelo livro, mas não posso deixar de o recomendar.

Capa, Design e Edição:
A capa é simples, mas de certa forma enquadra o ambiente do livro, ou pelo menos a leveza que a ilha criou na Lara. Acho que está bastante interessante, em relação ao conteúdo, apesar de não ser visualmente marcante.
O design interior é simples, mas eficiente e a edição, sendo de bolso, está bastante boa, com uma qualidade mais que aceitável e feita de forma a facilitar a leitura. É uma boa alternativa à compra da edição 'normal'.


Nota:  Este livro foi ganho num passatempo da Bis Leya. Podem ver o blog oficial do livro AQUI.

Top Ten Tuesday - Rebels In Literature

Mais uma semana, mais um tema. Desta vez o tema escolhido pelo  The Broke and the Bookish é "Rebels in Literature" (Rebeldes na literatura, incluindo autores e/ou personagens).
Tema curioso ... por isso decidi (tentar) escolher cinco autores e cinco personagens fictícias.
Vamos às listas:

Cinco autores:
- David Soares - Não preciso realmente explicar-me neste caso, pois não? Não julgo a obra dos autores pela personalidade dos mesmo (quem sou eu para o fazer?), contudo posso dizer que louvo o facto de o autor se aventurar por vários estilos literário diferentes. - Li apenas um conto deste autor ("Um erro ao sol") e não gostei, mas em breve deverei ler um dos seus romances.
- António Lobo Antunes - Para mim este sempre foi um dos mais mediáticos autores portugueses, muito culpa da sua personalidade e forma de ver os outros escritores portugueses (muito especialmente um certo Nobel Literário). Não deixa de ser também um rebelde na forma que escreve (e não somente no QUE escreve, mas antes na forma como o faz, esquecendo certas regras) - Li o primeiro livro deste autor ("Memória de Elefante") e não gostei. Talvez lhe dê outra oportunidade, no futuro.
- José Saramago - Com a sua decisão de não dar nomes às personagens. Não é uma ideia original, mas ele conseguiu dar-lhe um novo fôlego. - Infelizmente ainda não li nada deste autor (vou ver se trato disso este ano).
- As irmãs Brontë (Charlotte, Emely, Anne) - Que escreveram sob os pseudónimos Currer, Ellis e Acton Bell, para poderem ser reconhecidas pelo seu trabalho. Sempre louvei o esforço das mulheres escritoras, que ao longo dosa séculos tiveram de esconder-se sobre a sombra dos maridos, ou de nomes masculinos, para poderem ser publicadas e reconhecidas (e que ainda hoje acontece, estranhamente). - Ainda nada li de nenhuma destas irmãs, mas a curiosidade é muita.
- Gonçalo M. Tavares - E a sua escrita que não inclui maiúsculas, características de qualquer gramática. - Nunca li um livro do autor, pois os temas não me fascinam, mas gostava de um dia ler algo seu, até porque gostei de o ouvir falar na Feira do Livro de Barcelos, em 2010.

(Devo dizer que não sou a favor, nem acho brilhante, quando um escritor português decide escapar-se às regras ortográfica s e fazer do Português o que bem entende. Não fossem estes autores conhecidos, seriam xingados e chamados de iliterados, mas como são conhecidos então já não há problemas. Pois sim ...)

Cinco personagens:
- Wolverine - Não preciso apresentar este personagem, pois não? Wolverine é dos personagens mais intrigantes e difíceis de prever em todo o universo X-Men. Não é o meu favorito, mas é certamente dos mais rebeldes (ao lado do Gambit, esse sim, o meu favorito).
- Max, em "Onde Vivem os Monstros" de Maurice Sendak - O livro é curto, mas tudo acontece porque o rapaz se rebela contra a mãe.
- Lisbeth Salander de "Os Homens que odeiam as mulheres" de Stieg Larsson - Dificilmente se pode ser mais rebelde que isto.
- Sr. Bentley, em "Sr. Bentely, o Enraba-Passarinhos" de Ágata Ramos Simões -Não se percebe logo pelo título que o homem é rebelde (até de mais)?
- Katniss Everdeen, em "Os Jogos da Fome" de Suzanne Collins - No primeiro livro surpreendeu tudo e todos. Primeiro com a Rue, e por fim com a decisão que tomou no final (em relação ao Peeta e aos jogos). Rebelde até ao fim, e depois (infelizmente) sofreu as consequências.

sábado, 2 de julho de 2011

Na Sombra do Sonho

"Na Sombra do Sonho (Irmandade da Adaga Negra 5)", de J.R. Ward (Casa das Letras)

Sinopse:
Em Caldwell, Nova Iorque, a guerra entre vampiros e os seus assassinos agrava-se com o surgimento de um grupo secreto de irmãos – seis vampiros guerreiros, acérrimos defensores da sua raça. Contudo, o gélido coração deste temível e astuto predador aquecerá mesmo contra os seus desejos…
Impiedoso e brilhante, Vishous, filho de Bloodletter, carrega uma temível maldição consigo, a assustadora habilidade de prever o futuro. Foram inúmeras as tormentas e abusos por que passou enquanto crescia no campo de batalha do seu pai e, como qualquer outro membro da Irmandade, não tem interesse no amor ou em emoções, apenas na luta contra a Sociedade Lessening. Contudo, uma imprevista injúria mortal torna-o responsável por uma cirurgiã, Jane Whitcomb, levando-o a revelar a sua dor mais profunda e a sentir o verdadeiro prazer pela primeira vez – até que o destino, que ele não escolheu, o leva a um futuro avassalador que não a inclui mais.

Opinião:
O livro começou com algumas surpresas, quando a ascendência do Vishous foi revelada. Não posso dizer que tenha sido uma surpresa total, mas produziu umas quantas cenas interessantes e uns diálogos intensos. O que foi uma surpresa, foi o pedido da Scribe Virgin.
Acho que ela, enquanto personagem, está bastante bem definida. É egoísta, mas de certa forma consegue ser justa, por isso mesmo quando fez a proposta, ficou no ar a esperança de que talvez ela acabasse por reconsiderar (o que acabou mesmo por acontecer, embora não da forma que esperava). Pessoalmente acho esta personagem muito intrigante. É o tipo de personalidade ambígua, que acaba sempre por surpreender, sem que tais actos possam ser vistos como 'forçados'.

Uma coisa que já esperava, e que também surgiu logo desde o início, foi o foco nos sentimentos que o Vishous tem pelo Butch. Acho que neste ponto a autora conseguiu transmitir muito bem o que passa pela cabeça do Vishous e ainda manteve um certo equilíbrio no relacionamento entre os dois. Podia ter fugido para a vulgaridades, mas escolheu um caminho mais interessante, o que fez com o o próprio leitor acabasse por achar certas coisas bastante naturais.
Também gostei bastante da forma como o Vishous agiu nos últimos capítulos, não só em relação à Jane, como também à mãe. Se até ali não gostava particularmente dele (como personagem), a partir daí o caso mudou de figura.
Também gostei de ver algumas cenas passadas na perspectiva do Phury, pois sempre senti um certo desconhecimento desta personagem, e com este livro finalmente ficamos a percebê-lo um pouco melhor, preparando o terreno para o próximo volume (Lover Enshrined), onde ele será a 'estrela principal'. E ainda houve espaço para termos mais tempo com o John, o que também foi excelente, já que sempre gostei desta personagem.

Desde o princípio gostei muito da personagem da Jane. Não só ela é uma mulher forte, determinada e que sabe impôr-se, como também conseguiu separar o fascínio inicial que sentiu pelo V, da posterior atracção e o que veio depois. Gostei de ver que ela não caiu de amores por ele à primeira vista, e que durante algum tempo se negou a contacto porque tinha inteligência suficiente para perceber que estava a sofrer um pouco do Síndrome de Estocolmo. Uma mulher inteligente e decidida, para variar. (se bem que nesse aspecto a autora sempre conseguiu mostrar mulheres fortes, só que, ainda assim, Jane destaca-se na positiva).Achei que as reacções dela, depois de voltar a casa, foram bastante 'humanas' e a confusão dela era palpável.
No entanto, como muito acontece nestes romances, achei que o 'amor' surgiu demasiado depressa. Mas da parte do Vishous do que propriamente da Jane. A autora até consegue colocá-los em situações propensas a terminar em romance, mas ainda assim o tempo que lhes dá para se apaixonarem é demasiado apertado sufocando o que poderia ser uma relação plausível.
Por outro lado, não gostei nada de (mais uma vez) assim que o Vishous viu a Jane, pensar logo «Mine!». Ainda foi pior que nos outros livros, pois ele não a conhecia, nem chegou a falar com ela, e já estava a tratá-la como posse sua. Sinceramente ...
 
Quase no fim, não fiquei satisfeita com a reconciliação entre os dois. Pareceu seca, sem conteúdo e não enalteceu os 'sentimentos' que eles nutriam um pelo outro. Foi muito ... banal.Pelo menos até chegar o fatídico 'final'. Aí sim as coisas tomaram contornos mais profundos.

Claro que fiquei contente com o final (nestes livros espera-se sempre que fiquem juntos), mas a verdade é que me sinto sempre um pouco defraudada com estes romances que fervem em lume quente demais (gosto mais dos que que cozem em lume brando). E com isto quero dizer que achei que o amor deles saiu à pressão, e a resolução, embora intrigante e fora do comum, não deixou de ser mais que uma 'desculpa' para eles ficarem juntos.

Felizmente este livro já abriu portas para os romances de alguns dos próximos livros da saga (Phury e John e até um humano que deverá ser 'pretendente' no 9º livro), permitindo-nos vislumbrar não só uma boa parte da personalidade dos guerreiros, como também das suas futuras 'mulheres'. Gosto muito mais quando a autora faz as coisas desta forma pois assim criamos mais afinidade com as personagens mais cedo e as relações já não parecem 'saídas do nada'.
Especialmente no caso do Phury e da Cormia, gostei do que vi neste volume e irei ler em breve o sexto livro da saga, pois a curiosidade aumentou.

Em relação à escrita, mais uma vez, tenho de me queixar imensamente das siglas que a autora usa, Cada vez me irritam mais, porque aparecem muitas que eu desconheço e que são pura preguiça na escrita! Quando estão no diálogo, eu até compreendo, mas no meio da prosa? Preguiça, e nada mais!
Fora isso a escrita da autora é bastante boa e torna-se impossível pousar o livro e não ficar a ler até às tantas da manhã (mesmo quando temos de trabalhar no dia seguinte). Isto deve-se não só à história e às personagens, como à prosa da autora, que encadeia muito bem a acção e as palavras como suas. Não é poeta, mas ninguém esperaria que fosse.

Em suma, foi mais um bom livro da saga, com muita acção, algum mistério e desenvolvimentos surpreendentes. As personagens, como sempre, são o ponto forte e estranhamente acho que até agora este foi o livro menos 'sexual' (embora certamente tenha sido o mais 'extremista', sem chegar ao exagero).
Uma boa adição à saga (ou série, como teimam em chamar-lhes agora), que não só dá felicidade a mais um membro da irmandade, como abre portas para os que se seguem.

Capa, Design e Edição:
(Li este livro em Inglês e foi essa capa que comentei)
De toda a colecção, esta é a capa que mais gosto. Por um lado é verde (de longe a minha cor favorita em capas), e depois também é a mais sensual (sem ser porca), além de transmitir um certo dinamismo que as outras não tinham (falo, claro, das publicações inglesas/americanas, e não das portuguesas). Infelizmente o homem não está muito fiel ao Vishous, nem a mulher se assemelha em absoluto à Jane. Por isso tenho uma relação amor/ódio com esta capa.
A ser sincera, acho que esta capa teria ficado PERFEITA para o "Lover Awakened" (Na Sombra do Pecado), pois os modelos parecem-se imenso com as descrições da Bella e do Zsadist.
Como sempre o design interior não teve nada de especial, mas funcionou bem, e a edição que tenho está boa para e robusta o suficiente (além de ser muito levezinha, mesmo com +500 páginas).

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Compras e Ofertas - Junho 2011

Junho foi um mês de desgraça. No início do mês tinha prometido a mim mesma que não ia gastar muito dinheiro em livro, mas acabou por ser o mês em que gastei mais (este ano).
Abaixo ficam as listas da desgraça.

Manga e BD:
- Fall in Love like a Comic - vol. 1, de Chitose Yagami
- O Assassino, de Lu Jacamon / Matz
- Gakuen Alice - vol. 5 e 6, de Tachibana Higuchi
- Eternal Sabbath - vol. 4 e 5, de Fuyumi Soryo
- Black God - Vol. 4 a 6, de Doll-Young Lim / Sung-Woo Park

Compras na Feira do Livro do Porto:
- As Mais Belas Festas do Mundo, de Sarah Woods
- Enciclopédia da Estória Universal, de Afonso Cruz
- O Regresso dos Deuses – Rebelião, de Pedro Ventura
- O Filho das Sombras, de Juliet Marillier

De colecções de revistas e jornais:
- Siddhartha, de Herman Hesse
- Mulherzinhas, de Louisa May Alcott
- A Estepe, de Anton Chekhov
- Os Anões, de Harold Pinter
- O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde

Outros (maioritariamente livros de consulta:
- Um passeio pelos luras, e história do Egito (Biblioteca Egito)
- Nikon D3100: From Snapshots to Great Shots, de Jeff Revell
- Primeiros Descobridores (Biblioteca Egito)
- Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago
- Palavras Escuras, de Gena Showalter

Como ganhei uns vales da Editorial Presença na Feira do Livro do Porto, recebi também os seguintes livros:
- Máscaras de Matar, de León Arsenal (grátis)
- Os Contos de Beedle o Bardo, de J.K. Rowling

E ainda recebi, da parte do autor, o seguinte livro:
- Império Terra - O Princípio, de Paulo Fonseca (agradeço o livro e a dedicatória)


Agora, para compensar, vou mesmo ter de me conter nas compras de Julho. :(

O Floresta de Livros na Bang!

Há uns tempos foi contactada pela revista Bang (sob a pessoa da Saafa Dib) para escrever uma pequena opinião sobre um livro de fantasia que tivesse lido recentemente. Escolhi "A Raposa Azul", de Sjón (cuja opinião completa podem ler aqui).


Por isso quando estiverem a folhear a revista Bang! nº 10, na pág. 37, espreitem o canto direito e lá estaremos (eu e o blog). :)
Está lá na coluna de opiniões de blogs, juntamente com outros (igualmente, ou possivelmente mais interessantes).

Agarrem a revista em qualquer FNAC. É grátis!

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails