"Receitas Fantásticas", de Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Sara Farinha e Mogu-Mogu chan (Fantasy & Co - ebook gratuito)
Li recentemente mais uma antologia de contos do grupo de escritores portugueses: Fantasy & Co. Desta vez a ideia era cada escritor escrever um conto que envolvesse uma receita culinária com ingredientes ou bases fantásticas.
Vamos então falar dos contos um a um:
"Pão do Caminho", de Mogu-Mogu chan
Este é o texto que menos gostei porque não se lê como um conto e não tem nada de especial. O tom engraçado da autora até é divertido mas não é prosa e não se encaixa no resto da antologia. Além do mais em vez de usar algo seu decidiu antes usar uma receita para algo que é muito usado no "Senhor dos Anéis" (J.R.R. Tolkien), o que não demonstra grande imaginação, embora pudesse ter funcionado se fosse apresentado de outra forma mais fantástica.
"Biscoitos da Vida Eterna", de Carina Portugal
A Carina não decepcionou, mais uma vez. Uma receita super-divertida, bem escrita e que dá gosto ler (embora a vontade de a fazer possa não ser grande, visto o trabalho que dá. Ehehehe!)
"Estufado de Miolos", de Ana Ferreira
Uma receita feita à medida dos zombies com o palato mais refinado. Este é mais um conto bem engraçado que poderia ter sido espectacular se não fosse por incluir ali um cérebro de criança que a mim me deu mais nojo e cortou o tom de comédia do resto.
"Túbaros de Troll Estufados", de Sara Farinha
Exactamente o que eu esperaria de uma receita do outro mundo, no entanto falta-lhe algo extra: um flare, um ZING! O texto está bom mas podia ser ainda melhor com alguns ajustes.
"Receita: Bolo de Chocolate", de Carlos Silva
Este fez-me mesmo rir. Uma receita à preguicite, onde a tecnologia de ponta está no centro das atenções e que é uma clara 'homenagem' às Bimbys e afins. E a referência aos supermercados Cascata Doce ... muito bom!
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terça-feira, 21 de julho de 2015
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Leituras de Abril e Maio 2015
Este vídeo acabou por ficar demasiado longo. Para a próxima tenho de dividir por meses. :) Só espero que não aborreça.
Leituras de Abril e Maio 2015:
- "The Hero of Ages", Brandon Sanderson
- "The Martian", Andy Weir
- "A Cada Dia", David Levithan
- "Xerazade - A Última Noite", Manuela Gonzaga
- "How to Flirt with a Naked Werewolf", Molly Harper
- "Ready Player One", Ernest Cline
- "Universos Literários", Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Cipriano, Pedro Pereira e Sara Farinha
- "A Culpa é das Estrelas", John Green
- "Great Expectations", Charles Dickens
Contos:
- "The Eleventh Metal", Brandon Sanderson
BD e Manga:
- "The Walking Dead 17 a 2", Robert Kirkman e Charlie Adlard
- "Rugas", Paco Roca
- "Grimm Fairy Tales 5", Ralph Tedesco
- "Age of Ultron", Brian Michael Bendis
- "Fatale", Ed Brubaker, Sean Phillips
- "Black God 16 a 19", Dall -Young Lim e Sung-Woo Park
- "Koimoku 1", de Dall-Young Lim e Hae-Won Lee
E vocês? Quais foram as vossas melhores leituras dos últimos meses?
Leituras de Abril e Maio 2015:
- "The Hero of Ages", Brandon Sanderson
- "The Martian", Andy Weir
- "A Cada Dia", David Levithan
- "Xerazade - A Última Noite", Manuela Gonzaga
- "How to Flirt with a Naked Werewolf", Molly Harper
- "Ready Player One", Ernest Cline
- "Universos Literários", Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Liliana Novais, Pedro Cipriano, Pedro Pereira e Sara Farinha
- "A Culpa é das Estrelas", John Green
- "Great Expectations", Charles Dickens
Contos:
- "The Eleventh Metal", Brandon Sanderson
BD e Manga:
- "The Walking Dead 17 a 2", Robert Kirkman e Charlie Adlard
- "Rugas", Paco Roca
- "Grimm Fairy Tales 5", Ralph Tedesco
- "Age of Ultron", Brian Michael Bendis
- "Fatale", Ed Brubaker, Sean Phillips
- "Black God 16 a 19", Dall -Young Lim e Sung-Woo Park
- "Koimoku 1", de Dall-Young Lim e Hae-Won Lee
E vocês? Quais foram as vossas melhores leituras dos últimos meses?
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quinta-feira, 21 de maio de 2015
Universos Literários

Esta antologia, pareceu-me, foi criada com o intuito de mostrar as leitores os universos literários que estes escritores haviam criado para outras obras, mais propriamente romances e sagas em que muitos deles trabalharam e/ou continuam a trabalhar. E, só por isso, Universos Literários chamou-me rapidamente a atenção.
Infelizmente, e talvez por alguns dos escrites estarem tão envolvidos nos mundos que criaram, nem todos os contos funcionaram como tal. Uns pareciam capítulos retirados de uma narrativa maior, e outros pareciam (pior ainda) partes de capítulos, que não funcionavam, de forma alguma, como histórias independentementes.
Ora um conto tem de ser autoo-suficiente, assim como um romance o tem de ser, mesmo que tenha uma sequela. E isso nem sempre aconteceu nesta antologia. Pese embora os que conseguiram tal feito me tenham suscitado bastante interesse.
Dito isto os contos que se destacam são: "A destilação do Absurdo, de Carlos Silva; e "O Canto da Ninfa", de Carina Portugal.
Abaixo ficam as opiniões conto a conto:
"Imtharien - O Canto da Ninfa", de Carina Portugal
Esta primeira história é doce e chega mesmo a surpreender. Gostei muito das personagens, do romance e das descrições.
"Inbicta - Pintar os Franceses de carmim", de Ana Ferreira (Adeselna Davies
A Adosinda é, sem dúvida, uma personagem caricata e super-interessante. Toda a situação representada no conto é engraçada mas infelizmente tudo aconteceu tão depressa, tão fora de cena que me senti um pouco alienada do conto.
Noutra nota, a tradução das frases em inglês e francês são, para mim, uma falha bem notada (embora eu perceba, não quer dizer que todos saibam falar minimamente as línguas).
"Apocalipse - A Queda de Berlim", de Pedro Pereira
Este foi um dos contos que se leu como um capítulo retirado de uma narrativa maior (o que não quer dizer que o seja, literalmente). A história está bastante boa e a sequência de acção também, mas o desfecho é péssimo porque não existe qualquer tipo de resolução. O leitor fica na corda bamba.
"Percepção - Túmulo 62", de Sara Farinha
Uma aventura passada no Egipto, com o ritmo narrativo certo e que está bastante bem escrita. Funciona como um conto embora fiquem muitas perguntas no ar. O único ponto fraco é o facto de não me ter conseguido ligar com a personagem.
"Urbania - A Destilação do Absurdo", de Carlos Silva
Definitivamente o meu conto favorito da antologia. Muito bem escrito, com excelentes descrições e uma história muito intrigante que me deu vontade de pegar no "Urbania" para ler o quanto antes.
"Ahelanae - O primeiro Voo", de Liliana Novais
Este conto não funciona porque não tem fim, nem meio (quase se pode dizer). Parece um excerto de um capítulo sem lógica, e no qual as persoangens não cativam, nem a prosa.
"Era Dourada - A Alvorada", de Pedro Cipriano
Um conto com uma boa prosa e uma linha narrativa muito interessante, mas que peca por não explicar nada do que se está a passar ao leitor. Não sabemos porque os personagens estão ali ou porque o conto teve o final que teve. Ficam demasaidas perguntas no ar.
sábado, 21 de março de 2015
Leituras de Dezembro 2014 a Fevereiro 2015
Se já leram algum destes livros deixem ficar as vossas opiniões.
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José Carlos Fernandes,
Laini Taylor,
Luís Filipe Alves,
Sandór Marái,
Vitor Frazão
domingo, 22 de fevereiro de 2015
::Autor:: Ana (Filipa) Ferreira
Biografia (via Fantasy & Co):
Ana Ferreira é o orgulho dos seus pais por ter aprendido a escrever quase depois de ter começado a andar. Nunca ganhou um pacote de leite achocolatado com as suas histórias o que a fez cortar com o mundo da literatura durante anos. Regressou na licenciatura para as letras, apenas para ser apanhada na teia dos malvados clássicos por quem se apaixonou perdidamente. Durante os dois últimos anos especializou-se em escrever livros que nunca irá terminar. Conta-se que quando está furiosa vira uma criatura chamada Adeselna Davies, temida pelos autores nacionais.
Pseudónimos: Ana Filipa Ferreira, Ana Ferreira, Adeselna Davies, Adeselna Ferreira
Livros que li da autora:
I Kissed her Goodbye (conto in NanoZine 3) - Opinião
Prisão de Gelo (conto in Antologia BBdE) - Opinião
O que Não Cura, Satisfaz (conto in Antologia 7 Virtudes) - Opinião
Uma Questão de Matemática (conto in Amores Contados) - Opinião
Des Eigentum (conto in Comandante Serralves - Despojos de Guerra) - Opinião
Trabalhos editados em Português:
Antologia BBdE, Lulu (2010)
Nanozine 3, EuEdito (2012)
Amores Contados, Alfarroba (2013)
Comandante Serralves - Despojos de Guerra, Imaginauta (2014)
A visitar: Blog da Autora, Goodreads da Autora, Fantasy & Co (projecto de autores de fantasia e FC)
Ana Ferreira é o orgulho dos seus pais por ter aprendido a escrever quase depois de ter começado a andar. Nunca ganhou um pacote de leite achocolatado com as suas histórias o que a fez cortar com o mundo da literatura durante anos. Regressou na licenciatura para as letras, apenas para ser apanhada na teia dos malvados clássicos por quem se apaixonou perdidamente. Durante os dois últimos anos especializou-se em escrever livros que nunca irá terminar. Conta-se que quando está furiosa vira uma criatura chamada Adeselna Davies, temida pelos autores nacionais.
Pseudónimos: Ana Filipa Ferreira, Ana Ferreira, Adeselna Davies, Adeselna Ferreira
Livros que li da autora:
I Kissed her Goodbye (conto in NanoZine 3) - Opinião
Prisão de Gelo (conto in Antologia BBdE) - Opinião
O que Não Cura, Satisfaz (conto in Antologia 7 Virtudes) - Opinião
Uma Questão de Matemática (conto in Amores Contados) - Opinião
Des Eigentum (conto in Comandante Serralves - Despojos de Guerra) - Opinião
Trabalhos editados em Português:
Antologia BBdE, Lulu (2010)
Nanozine 3, EuEdito (2012)
Amores Contados, Alfarroba (2013)
Comandante Serralves - Despojos de Guerra, Imaginauta (2014)
A visitar: Blog da Autora, Goodreads da Autora, Fantasy & Co (projecto de autores de fantasia e FC)
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Comandante Serralves - Despojos de Guerra
"Comandante Serralves - Despojos de Guerra", de Ana Filipa Ferreira (Ana Ferreira), Carlos Silva, Inês Montenegro, Joel Puga, Rui Leite, Vitor Frazão
Este projecto, mais que uma antologia, é a raíz para algo que os criadores pretendem que seja mais grandioso, mais abrangente. Conhecem o conceito do Projecto Imaginauta? Convido-vos a visitarem o site para pereceberem melhor como nasceu este "Comandante Serralves - Despojos de Guerra" e, quem sabe, a contribuirem para o projecto.
Este antologia reúne várias aventuras do personagem que empresta o nome ao livro e cada uma é bastante independente das restantes, embora exista um centro coeso entre todas. Tudo se passa após uma guerra entre humanos e uns seres extraterrestres de nome Pahoehoentes, mas agora a luta é interna. Serralves e a sua tripulação querem mudar o sistema e nestas aventuras vemos alguns desses esforços intra e extra-planetários.
Como um todo a antologia funciona bem. Os contos não tem ligação imediata, ou sequer cronológica, entre si mas como refernciam os mesmos acontecimentos, os mesmos objectivos e algumas das mesmas personagens, torna-se fácil interligá-los. No entanto também esta falta de ligação imediata deixou alguns espaços mortos que, em certos acontecimentos maos maracantes, forma bastante sentidos, visto que não houve resolução ou consequências que fossem sentidas nos contos seguintes.
Em termos de personagens, por razões óbvias o Serralves é o mais explorado mas, estranhamente, é a Emily que se mostra mais consistente. o Serralves nem sempre age da mesma maneira, o que é um pouco bizarro, mas pode ser explicado or uma maior ou menor maturidade, visto que enm todos os episódios se passam no mesmo espaço temporal. Infelizmente o Serralves toma tão grande parte da história que torna todas as outras personagens esquecíveis e faz com que nenhuma se tenha gravado permanentemente na minha memória (tirando a Emily).
Todas as histórias têm algo de interessante e novo a acrescentar, mas nem todas me marcaram da mesma forma e as favoritas foram: "Métodos de Invasão, "Des Eigentum", e "A Guerra Esquecida".
Fica agora uma opinião mais individualizada de cada um dos contos:
"Métodos de Evasão", de Carlos Silva
Sem dúvida o meu conto favorito da antologia, esta história introduz-nos a este universo com uma bomba (não literal).
Apesar de não ter gostado da pressa do final (nem vemos como ele escapa), tudo o resto foi excelente.
Apresentou-nos o Serralves como um homem confiante, experiente e que é facilmente sobrestimado. Também nos mostra logo o(s) lado(s) inimigo(s) e algumas das motivações deste intrépido explorador do espaço.
A prosa está excelente e os diálogos fluem muito bem. Uma fantástica primeira incursão.
"Sinais", de Vitor Frazão
É neste segundo conto que conhecemos a "Maria" (nave espacial do Serralves) e a sua tripulação. Numa primeira parte cheia de conflito e desenvolviemento, passamos depois para uma segunda parte que prometia muito, mas que não funcionou tão bem como esperava.
Sem dúvida somos fornecidos com muita informação vital nesta história, e esta não nos é debitada de forma incómoda. Flui bem no contexto da aventura, mas em termos de acção (que é uma grande parte da última metade do conto) achei que ficou a faltar-lhe um certo brilho. E apesar de me apresentar uma série de pessoas, nenhuma ficou para a posteridade.
Por outro lado, o conceito da cidade está fabuloso!
"Dogson", de Inês Montenegro
Pela primeira vez vemos como funciona o sistema de vida continuada de Serralves e como isso afecta os que outrora se volutariaram para serem recipientes do icónico comandante. E, mais que isso, como lhes é impossível voltar atrás nessa decisão.
Dogson é o nome do desgraçadinho que um dia se lembrou de ser voluntário e que agora não tem grande vontade de dar o seu corpo ao Serralves.
Dito isto, o conceito está excelente e definitivamente funciona bem para mostrar em que consiste esta vida 'eterna' do Serralves. No entanto achei os diálogos fracos e houve pouco tempo para conhecer as personagens e, dessa forma, sentir pena (ou não) pelo desfecho que se seguiu.
"Despojos de Guerra", de Carlos Silva
Conto intenso e interessante, com uma sequência de cenas bem elaborada. Passa-se, maioritariamente, em Vénus, num Mercado Negro onde se pode arranjar de tudo, incluindo tecnologia extra-terrestre. E é isso que leva Serralves e a sua equipa a uma descoberta que pode ser tão promissora como perigosa.
A premissa está excelente, contudo a aventura, a escrita e as personagens não me cativaram tanto como no primeiro conto (também deste autor), apesar de não estarem más.
"Des Eigentum", de Ana Ferreira (Adeselna Davies)
Neste conto podemos ver o outro lado da guerra, entrar na mente de um Pahoehoente e só isso basta para tornar este um dos contos mais interessantes e, ao mesmo tempo, mais distante dos outros.
Gostei muito de como foi narrado de forma crua e directa, sem palavras desnecessárias, deixando lugar para que o leitor tire as suas próprias conclusões. E ainda, por fim, deu-nos um outro olhar sobre as acções do Comandante Serralves.
"A Guerra Esquecida", de Joel Puga
Uma história cheia de adrenalina, muito bem estruturada e que deixa sempre o leitor curioso e a querer mais. As personagens, enfim, estavam um pouco ocas, sacrificadas em detrimento do enredo, o que fez com que nenhuma me marcasse, nem mesmo o Serralves, apesar de eu ter gostado de ver como ele lidou com o novo corpo e com as pessoas que conheciam o dito corpo antes de ele tomar posse dele. No entanto isso me impediu de desfrutar bastante deste texto.
"Statica Falls", de Rui Leite
Entre este e os restantes contos nota-se uma maior diferença, tanto a nível temporal como por ser narrado na perspectiva de uma outra personagem: a Emily. E graças a isso posso dizer que o que mais gostei foi da interacção entre ela a o Serralves. Nota-se um amadurecimento na relação dos dois, em contraste com o segundo conto (Sinais).
Por outro lado, o conceito do povo que vive isolado do resto da humanidade, julgando-se a última colónia sobrevivente, foi bastante interessante, embora a resolução não me tenha enchido bem as medidas.
Nota: Na altura de divulgação do lançamento fiz uma entrevista relacionada com este livro e com o projecto Imaginauta. podem ler tudo AQUI.
Sinopse:
Depois da invasão Pahoehoente, a Aliança Humana trouxe paz e prosperidade ao Sistema Solar. Contudo trouxe também a supressão da cultura, a opressão e a padronização dos povos.
Existe, porém, uma lenda que há várias gerações traz esperança a todas as nações livres. O seu nome é: Comandante Serralves
Suba a bordo da nave Maria e deixe-se levar por um universo de relatos de resistência e luta. Conheça as muitas caras e corpos do Comandante e deixe-se maravilhar pelas comunidades que colonizaram os planetas de Mercúrio a Urano.
Que despojos de guerra contra os Pahoehoentes são esses que ainda hoje trazem perigo às nações livres? Que artefactos se escondem em torno do Sol que podem desiquilibrar o braço de ferro entre Serralves e a Aliança?
Este projecto, mais que uma antologia, é a raíz para algo que os criadores pretendem que seja mais grandioso, mais abrangente. Conhecem o conceito do Projecto Imaginauta? Convido-vos a visitarem o site para pereceberem melhor como nasceu este "Comandante Serralves - Despojos de Guerra" e, quem sabe, a contribuirem para o projecto.
Este antologia reúne várias aventuras do personagem que empresta o nome ao livro e cada uma é bastante independente das restantes, embora exista um centro coeso entre todas. Tudo se passa após uma guerra entre humanos e uns seres extraterrestres de nome Pahoehoentes, mas agora a luta é interna. Serralves e a sua tripulação querem mudar o sistema e nestas aventuras vemos alguns desses esforços intra e extra-planetários.
Como um todo a antologia funciona bem. Os contos não tem ligação imediata, ou sequer cronológica, entre si mas como refernciam os mesmos acontecimentos, os mesmos objectivos e algumas das mesmas personagens, torna-se fácil interligá-los. No entanto também esta falta de ligação imediata deixou alguns espaços mortos que, em certos acontecimentos maos maracantes, forma bastante sentidos, visto que não houve resolução ou consequências que fossem sentidas nos contos seguintes.
Em termos de personagens, por razões óbvias o Serralves é o mais explorado mas, estranhamente, é a Emily que se mostra mais consistente. o Serralves nem sempre age da mesma maneira, o que é um pouco bizarro, mas pode ser explicado or uma maior ou menor maturidade, visto que enm todos os episódios se passam no mesmo espaço temporal. Infelizmente o Serralves toma tão grande parte da história que torna todas as outras personagens esquecíveis e faz com que nenhuma se tenha gravado permanentemente na minha memória (tirando a Emily).
Todas as histórias têm algo de interessante e novo a acrescentar, mas nem todas me marcaram da mesma forma e as favoritas foram: "Métodos de Invasão, "Des Eigentum", e "A Guerra Esquecida".
Fica agora uma opinião mais individualizada de cada um dos contos:
"Métodos de Evasão", de Carlos Silva
Sem dúvida o meu conto favorito da antologia, esta história introduz-nos a este universo com uma bomba (não literal).
Apesar de não ter gostado da pressa do final (nem vemos como ele escapa), tudo o resto foi excelente.
Apresentou-nos o Serralves como um homem confiante, experiente e que é facilmente sobrestimado. Também nos mostra logo o(s) lado(s) inimigo(s) e algumas das motivações deste intrépido explorador do espaço.
A prosa está excelente e os diálogos fluem muito bem. Uma fantástica primeira incursão.
"Sinais", de Vitor Frazão
É neste segundo conto que conhecemos a "Maria" (nave espacial do Serralves) e a sua tripulação. Numa primeira parte cheia de conflito e desenvolviemento, passamos depois para uma segunda parte que prometia muito, mas que não funcionou tão bem como esperava.
Sem dúvida somos fornecidos com muita informação vital nesta história, e esta não nos é debitada de forma incómoda. Flui bem no contexto da aventura, mas em termos de acção (que é uma grande parte da última metade do conto) achei que ficou a faltar-lhe um certo brilho. E apesar de me apresentar uma série de pessoas, nenhuma ficou para a posteridade.
Por outro lado, o conceito da cidade está fabuloso!
"Dogson", de Inês Montenegro
Pela primeira vez vemos como funciona o sistema de vida continuada de Serralves e como isso afecta os que outrora se volutariaram para serem recipientes do icónico comandante. E, mais que isso, como lhes é impossível voltar atrás nessa decisão.
Dogson é o nome do desgraçadinho que um dia se lembrou de ser voluntário e que agora não tem grande vontade de dar o seu corpo ao Serralves.
Dito isto, o conceito está excelente e definitivamente funciona bem para mostrar em que consiste esta vida 'eterna' do Serralves. No entanto achei os diálogos fracos e houve pouco tempo para conhecer as personagens e, dessa forma, sentir pena (ou não) pelo desfecho que se seguiu.
"Despojos de Guerra", de Carlos Silva
Conto intenso e interessante, com uma sequência de cenas bem elaborada. Passa-se, maioritariamente, em Vénus, num Mercado Negro onde se pode arranjar de tudo, incluindo tecnologia extra-terrestre. E é isso que leva Serralves e a sua equipa a uma descoberta que pode ser tão promissora como perigosa.
A premissa está excelente, contudo a aventura, a escrita e as personagens não me cativaram tanto como no primeiro conto (também deste autor), apesar de não estarem más.
"Des Eigentum", de Ana Ferreira (Adeselna Davies)
Neste conto podemos ver o outro lado da guerra, entrar na mente de um Pahoehoente e só isso basta para tornar este um dos contos mais interessantes e, ao mesmo tempo, mais distante dos outros.
Gostei muito de como foi narrado de forma crua e directa, sem palavras desnecessárias, deixando lugar para que o leitor tire as suas próprias conclusões. E ainda, por fim, deu-nos um outro olhar sobre as acções do Comandante Serralves.
"A Guerra Esquecida", de Joel Puga
Uma história cheia de adrenalina, muito bem estruturada e que deixa sempre o leitor curioso e a querer mais. As personagens, enfim, estavam um pouco ocas, sacrificadas em detrimento do enredo, o que fez com que nenhuma me marcasse, nem mesmo o Serralves, apesar de eu ter gostado de ver como ele lidou com o novo corpo e com as pessoas que conheciam o dito corpo antes de ele tomar posse dele. No entanto isso me impediu de desfrutar bastante deste texto.
"Statica Falls", de Rui Leite
Entre este e os restantes contos nota-se uma maior diferença, tanto a nível temporal como por ser narrado na perspectiva de uma outra personagem: a Emily. E graças a isso posso dizer que o que mais gostei foi da interacção entre ela a o Serralves. Nota-se um amadurecimento na relação dos dois, em contraste com o segundo conto (Sinais).
Por outro lado, o conceito do povo que vive isolado do resto da humanidade, julgando-se a última colónia sobrevivente, foi bastante interessante, embora a resolução não me tenha enchido bem as medidas.
Nota: Na altura de divulgação do lançamento fiz uma entrevista relacionada com este livro e com o projecto Imaginauta. podem ler tudo AQUI.
Sinopse:
Depois da invasão Pahoehoente, a Aliança Humana trouxe paz e prosperidade ao Sistema Solar. Contudo trouxe também a supressão da cultura, a opressão e a padronização dos povos.
Existe, porém, uma lenda que há várias gerações traz esperança a todas as nações livres. O seu nome é: Comandante Serralves
Suba a bordo da nave Maria e deixe-se levar por um universo de relatos de resistência e luta. Conheça as muitas caras e corpos do Comandante e deixe-se maravilhar pelas comunidades que colonizaram os planetas de Mercúrio a Urano.
Que despojos de guerra contra os Pahoehoentes são esses que ainda hoje trazem perigo às nações livres? Que artefactos se escondem em torno do Sol que podem desiquilibrar o braço de ferro entre Serralves e a Aliança?
Amores Contados
"Amores Contados", antologia com contos de Ana Ferreira, Cristina Milho, Francisco Vilaça Lopes, Jorge Campião, Rosa Bicho Gonçalves (Alfarroba)
Entrando um pouco no espírito romântico da época (Dia de S. Valentim e tal), e também porque o grupo de Maratonas Literárias do Goodreads está a fazer uma que junta o Carnaval e o Romance, decidi pegar nesta pequena antologia.
No geral posso dizer que fiquei agradavelmente surpreendida com esta antologia. Só um dos contos não me agarrou e os restantes têm todos pontos bons. Dois deles destacam-se pelas emoções: "Café Avenida", e "Um, Dois, Três".
Dito isto, recomendo esta pequena leitura que, apesar de contar com pouco romance, propriamente dito, não deixa de tocar de forma eficaz no sentimento que lhe dá nome: o amor. Só não esperem histórias lamechas.
Agora fica uma opinião mais individualualizada de cada um dos contos:
"Uma Questão Matematica", de Ana Ferreira
A antologia abre logo em força com um conto que se debruça sobre a componente sexual do relacionamento afectivo. Ao longo do texto o amor que une o casal torna-se óbvio mas eles têm um grande problema: o sexo, pois têm ideiais diferentes. A forma como eles trabalham este problema está bem explorado, embora as cenas mais picantes estivessem demasiado cruas e mostrassem pouco sentimento, o que me causou estranheza.
Gostei particularmente das pequenas frases que dão início a cada capítulo mas, por isso mesmo, achei que foram mal aproveitadas no resto da história. Também gostei da protagonista, por ter sido a mais bem explorada.
O que menos gostei foi a abertura e o desfecho, não da história, mas do texto, pois começa com um monólogo da parte da protagonista (que é escritora e começa a disparatar sobre como devia ter começado com uma frase forte) e acaba com uma reflexão completamente desnecessária. Por outro lado gostaria de ter visto mais desenvolvimento por parte do marido da protagonista, que foi pouco aproveitado.
Em suma, um conto que não tem tento na língua e que fala, com carisma, de uma parte muito importante de qualquer relacionamento amoroso.
"As Fotografias falam baixinho", de Cristina Milho
Esta segunda história tem uma ideia interessante e começa com uma certa dose de irreverência mas cedo perde intensidade, com uma prosa que não consegue transmitir a emoção que o tema e a situação exigiriam. Afinal quem conta a história está num lar e sofre do que parece ser Alzheimer, mas isto não é mostrado da melhor forma nem usado como se esperaria.
Gostei da visão inicial do lar, mais ou menos através dos olhos da protagonista.
O que menos gostei foi do uso da médica (ou assistente, não sei bem) e da neta. Não havia necessidade desta troca. Teria sido bem mais interessante se a neta não existisse ou simplesmente se a neta fosse quem ouvisse a história desde o início.
Em suma, não me consegui ligar às personagens nem senti o amor que é tão parcamente descrito (nem sequer o da neta pela avó, visto que a médica se meteu ali no meio).
"Amor de Viagem", de Francisco Vilaça Lopes
Esta terceira história deixou-me com opiniões mistas. Por um lado adorei a prosa rica, enérgica e cheia de vivacidade; mas, por outro lado achei que a mistura das cenas, a aleatoriedade de algumas delas e a falta de um verdadeiro Amor fez com que o conto não me marcasse tanto quanto eu esperava assim que o comecei a ler.
Gostei imenso da escrita, embora tenha a impressão que se se tratasse de um formato maior (romance, por exemplo), aquilo que aqui me fascina rapidamente me começaria a aborrecer. Mas no conto está sublime!
O que menos gostei foi a aleatoriedade das cenas e a falta de romance e de amor.
"Café Avenida", de Jorge Campião
Este foi o meu conto favorito da antologia. É simples, tem bons diálogos e personagens bem exploradas. Tudo começa com um marido sentado num café a espiar a sua mulher que está, do outro lado da rua, num quarto com outro homem, e ocasionalmente com um grupo de amigos desse dito homem. Eventualmente nota que uma outra mulher observa a cena tal como ele: trata-se da esposa do homem com quem a sua esposa se encontra.
O que mais gostei foi da evolução e da forma como estes dois estranhos, que se conhecem porque estão ambos a espiar os seus cônjuges, acabam por se entender, se falar e atiçar ainda mais as desconfianças que cada um deles carregava sozinho até ali.
A reviravolta quase final não foi, de todo, inesperada, mas foi bem entregue e suportada por diálogos fortes.
Gostei das personagens, dos diálogos e da linha de pensamentos do protagonista.
E não houve nada que não gostasse.
Em suma,esta é uma história pouco romântica mas que, definitivamente, explora o assunto do amor numa linha narrativa bem arquitectada e me manteve interessada do início ao fim.
"Um, Dois, Três", Rosa Bicho Gonçalves
Não são precisas muitas palavras para trasnmitir emoção, para delinear personagens e deixar o leitor agarrado às páginas.
Este pequeno conto está escrito de uma forma que, a princípio, estranhei, mas que logo fez compelto sentido. Não posso dizer nada da trama sem revelar mais do que devia, mas o texto está cheio de sentimento e de memórias.
Em suma, gostei e achei que tinha o tamanho certo para incutir emoção.
Sinopse:
Em 2013 a Alfarroba lançou o concurso Amores Contados. Cerca de 250 histórias depois, foram selecionados os cinco contos que hoje reunimos nestas folhas.
Neles encontramos histórias de amor em fotografias, em viagens, num café, até na matemática ou numa carta. São as histórias que nos fazem lembrar, sonhar, suspirar ou sorrir. Histórias de sentir; são amores que devem ser contados.
Entrando um pouco no espírito romântico da época (Dia de S. Valentim e tal), e também porque o grupo de Maratonas Literárias do Goodreads está a fazer uma que junta o Carnaval e o Romance, decidi pegar nesta pequena antologia.
No geral posso dizer que fiquei agradavelmente surpreendida com esta antologia. Só um dos contos não me agarrou e os restantes têm todos pontos bons. Dois deles destacam-se pelas emoções: "Café Avenida", e "Um, Dois, Três".
Dito isto, recomendo esta pequena leitura que, apesar de contar com pouco romance, propriamente dito, não deixa de tocar de forma eficaz no sentimento que lhe dá nome: o amor. Só não esperem histórias lamechas.
Agora fica uma opinião mais individualualizada de cada um dos contos:
"Uma Questão Matematica", de Ana Ferreira
A antologia abre logo em força com um conto que se debruça sobre a componente sexual do relacionamento afectivo. Ao longo do texto o amor que une o casal torna-se óbvio mas eles têm um grande problema: o sexo, pois têm ideiais diferentes. A forma como eles trabalham este problema está bem explorado, embora as cenas mais picantes estivessem demasiado cruas e mostrassem pouco sentimento, o que me causou estranheza.
Gostei particularmente das pequenas frases que dão início a cada capítulo mas, por isso mesmo, achei que foram mal aproveitadas no resto da história. Também gostei da protagonista, por ter sido a mais bem explorada.
O que menos gostei foi a abertura e o desfecho, não da história, mas do texto, pois começa com um monólogo da parte da protagonista (que é escritora e começa a disparatar sobre como devia ter começado com uma frase forte) e acaba com uma reflexão completamente desnecessária. Por outro lado gostaria de ter visto mais desenvolvimento por parte do marido da protagonista, que foi pouco aproveitado.
Em suma, um conto que não tem tento na língua e que fala, com carisma, de uma parte muito importante de qualquer relacionamento amoroso.
"As Fotografias falam baixinho", de Cristina Milho
Esta segunda história tem uma ideia interessante e começa com uma certa dose de irreverência mas cedo perde intensidade, com uma prosa que não consegue transmitir a emoção que o tema e a situação exigiriam. Afinal quem conta a história está num lar e sofre do que parece ser Alzheimer, mas isto não é mostrado da melhor forma nem usado como se esperaria.
Gostei da visão inicial do lar, mais ou menos através dos olhos da protagonista.
O que menos gostei foi do uso da médica (ou assistente, não sei bem) e da neta. Não havia necessidade desta troca. Teria sido bem mais interessante se a neta não existisse ou simplesmente se a neta fosse quem ouvisse a história desde o início.
Em suma, não me consegui ligar às personagens nem senti o amor que é tão parcamente descrito (nem sequer o da neta pela avó, visto que a médica se meteu ali no meio).
"Amor de Viagem", de Francisco Vilaça Lopes
Esta terceira história deixou-me com opiniões mistas. Por um lado adorei a prosa rica, enérgica e cheia de vivacidade; mas, por outro lado achei que a mistura das cenas, a aleatoriedade de algumas delas e a falta de um verdadeiro Amor fez com que o conto não me marcasse tanto quanto eu esperava assim que o comecei a ler.
Gostei imenso da escrita, embora tenha a impressão que se se tratasse de um formato maior (romance, por exemplo), aquilo que aqui me fascina rapidamente me começaria a aborrecer. Mas no conto está sublime!
O que menos gostei foi a aleatoriedade das cenas e a falta de romance e de amor.
"Café Avenida", de Jorge Campião
Este foi o meu conto favorito da antologia. É simples, tem bons diálogos e personagens bem exploradas. Tudo começa com um marido sentado num café a espiar a sua mulher que está, do outro lado da rua, num quarto com outro homem, e ocasionalmente com um grupo de amigos desse dito homem. Eventualmente nota que uma outra mulher observa a cena tal como ele: trata-se da esposa do homem com quem a sua esposa se encontra.
O que mais gostei foi da evolução e da forma como estes dois estranhos, que se conhecem porque estão ambos a espiar os seus cônjuges, acabam por se entender, se falar e atiçar ainda mais as desconfianças que cada um deles carregava sozinho até ali.
A reviravolta quase final não foi, de todo, inesperada, mas foi bem entregue e suportada por diálogos fortes.
Gostei das personagens, dos diálogos e da linha de pensamentos do protagonista.
E não houve nada que não gostasse.
Em suma,esta é uma história pouco romântica mas que, definitivamente, explora o assunto do amor numa linha narrativa bem arquitectada e me manteve interessada do início ao fim.
"Um, Dois, Três", Rosa Bicho Gonçalves
Não são precisas muitas palavras para trasnmitir emoção, para delinear personagens e deixar o leitor agarrado às páginas.
Este pequeno conto está escrito de uma forma que, a princípio, estranhei, mas que logo fez compelto sentido. Não posso dizer nada da trama sem revelar mais do que devia, mas o texto está cheio de sentimento e de memórias.
Em suma, gostei e achei que tinha o tamanho certo para incutir emoção.
Sinopse:
Em 2013 a Alfarroba lançou o concurso Amores Contados. Cerca de 250 histórias depois, foram selecionados os cinco contos que hoje reunimos nestas folhas.
Neles encontramos histórias de amor em fotografias, em viagens, num café, até na matemática ou numa carta. São as histórias que nos fazem lembrar, sonhar, suspirar ou sorrir. Histórias de sentir; são amores que devem ser contados.
terça-feira, 22 de julho de 2014
::Entrevista:: Imaginauta
Hoje trago-vos algo novo: a primeira entrevista aqui do blog Floresta de Livros. Já tive oportunidade de vos falar do Projecto Imaginauta num post anterior (aqui) e agora segue-se uma entrevista exclusiva. Espero que gostem, e deixem os vossos comentários.
Floresta de Livros (FL): Começo então por perguntar: Exactamente em que consiste o Imaginauta? São uma espécie de Liga de autores nacionais? O vosso objectivo é somente partilhar as vossas histórias ou há algo mais?
Imaginauta (IM): Imaginauta é apenas um estandarte em redor do qual queremos unir esforços que até agora têm estado dispersos e trazer a público conteúdos que nos entusiasmam como escritores e leitores. Até agora, cada vez que um de nós começava um projecto tinha de construí-lo praticamente de raiz, com Imaginauta queremos usar o “balanço” gerado por um projecto para dar ritmo a outros, criando um sistema de apoio.
FL: Quantas pessoas fazem parte do projecto, neste momento, e como se dividem as tarefas?
IM: Somos um reduzido núcleo duro macgyveriano, com uma alergia patológica a hierarquias, com apenas uma prioridade: remar na mesma direcção. “Comandante Serralves – Despojos de Guerra” foi feito com Carlos Silva, Ana Ferreira, Rui Leite, Vitor Frazão, Joel Puga e Inês Montenegro, contudo, isso não significa que o próximo conteúdo o seja. Pode ser com apenas alguns deles ou mesmo com um alinhamento completamente novo. Até pode ser com um de vós.
FL: Sendo que todos os autores são conhecidos por escreverem maioritariamente Fantasia e Ficção Científica, será correcto dizer que o Imaginauta se focará nestes dois géneros (e todos os seus subgéneros) ou estender-se-ão por outros?
IM: Não escondemos a paixão por esses dois géneros, contudo, não queremos limitar-nos e estamos sempre dispostos a aceitar propostas/desafio. O Imaginauta não seria lá muito imaginativo se só viajasse por dois universos, não é?
FL: No que respeita à vossa primeira obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra", que segundo a vossa descrição é uma colectânea de várias histórias, sobre a mesma personagem, passadas no mesmo mundo; como foi trabalharem em conjunto? Como coordenaram as histórias de forma a serem um todo coeso e a manterem-se fiéis às personagens e ao cenário?
IM: A história nasceu de um conto que o Carlos Silva decidiu abrir a outros autores, para expandir o world-building, tornando-o mais complexo e fortalecendo-o como outras perspectivas. No centro dessa história estava uma personagem cujo mesmo “extra” que a torna diferente de todos os outros separatistas que lutam contra a Aliança Humana, também permite uma certa flexibilidade no manuseamento por vários autores. O facto do universo literário em questão ser um misto do que existia nesse conto inicial e do que foi criado à medida que novos contributos foram introduzidos, também ajudou a manter a coesão.
Desde o princípio tivemos consciência que garantir coesão requereria muitas leituras e muito lapidar de pormenores. Afinal, não queríamos apenas uma simples antologia de contos desconexos que apenas partilhavam o mesmo universo, antes um conjunto de episódios que, mesmo valendo por si mesmo, seguiam uma linha narrativa e complementavam-se uns aos outros.
Felizmente ao longo do processo tivemos duas boas surpresas. Em primeiro lugar, o autores entenderam bem o espírito das personagens criadas pelos colegas e, com os seus pontos de vista diferentes, ajudaram a vincá-lo. Em segundo, não se verificou o nosso receio que à medida que os primeiros contos saíssem e o world-building se tornasse mais definido, os outros autores se sentissem criativamente mais limitados. Não só isso não aconteceu, como elementos inseridos nos contos mais novos acabaram por influenciar alterações nos mais antigos, simplesmente porque funcionavam melhor ou levaram a ver o cenário de outro prisma.
Verdade seja dita, apesar de existirem pontos assentes, ainda há no world-building muita margem para manobrar e/ou introduzir novos conceitos. Afinal, temos todo um Sistema Solar (e além?) para brincar.
FL: Ainda em relação a esta colaboração, qual foi o maior desafio que enfrentaram?
IM: Todos sabemos que em qualquer grupo com mais de uma pessoa há potencial para conflito. É natural que assim seja. Afinal, as diferentes opiniões, perspectivas e paixões fazem parte do interesse e do valor de trabalhar com outras pessoas. Como estereotipados solitários, os escritores podem ter alguma dificuldade em adaptar-se aos métodos de trabalho uns dos outros. Mas com calma, muitas horas de diálogo, mais uma dose de calma, paciência e, não sei se já disse, calma, acabámos por não só trabalhar bem em conjunto como até alimentar a criatividade uns dos outros.
FL: Fala-se muito da existência, ou inexistência de fantasia e ficção científica com cunho verdadeiramente nacional, ou seja, com algo que a marque como portuguesa e distinga da FC&F anglófona. Como o título da vossa primeira obra é obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra" será correcto assumir que tentaram levar a lusofonia ao espaço? Tentaram criar uma space-opera, uma aventura espacial com cunho nacional?
IM: Serralves é português. Gosta de o ser, foi por isso é que chamou Maria à nave que “pediu emprestada” aos pahoehoentes. Contudo, isso deve-se menos ao nosso desejo de carimbar um cunho nacional ao livro e mais ao mundo em que a aventura espacial se insere.
Os separatistas lutam contra uma Aliança Humana que, entre outras coisas, procura activamente eliminar todas as evidências de um tempo em que os povos da Terra e suas colónias espaciais não estavam unidos sob uma égide. Falar em outros idiomas além da língua padrão oficial, comer determinados pratos, seguir determinadas tradições, etc, em suma, viver e mostrar a sua cultura é, por sim só, um acto de desafio perante o poder instituído. Sim, Serralves é português e ao mostrá-lo também está a lutar simbolicamente. Mas outros tripulantes da Maria têm outras nacionalidades e lutam da mesma maneira.
FL: Quando em entrevista no blog “Uma Biblioteca em Construção” dizem, e passo a citar: «(…) desde o início estamos preparados para expandir este universo em vários formatos.», querem dizer que não planeiam ficar-se apenas pela prosa? Podemos esperar trabalhos noutras áreas? Banda Desenhada, Cinema, Teatro, talvez?
IM: Tal como “Comandante Serralves - Despojos de Guerra” nasceu da partilha de um autor, temos todo o interesse em continuar nesse espírito, estando abertos a todo o tipo de colaborações, sejam elas textos em prosa ou outros formatos. Artistas das mais variadas áreas têm revelado algo interesse em contribuir, contudo, foram só conversas informais. Quando tivermos novidades partilharemos. Para já o importante é esclarecer que não é nossa intenção guardar o Serralves só para nós e que estamos sempre abertos a ideias, desafio, contributos, etc. Por isso, se tiverem vontade de aumentar este universo, enviem-nos um email.
FL: Por fim, será que podem desvendar um pouco do que pretendem fazer no futuro próximo no Imaginauta e como tentarão de diferenciar do que já existe no mercado nacional?
IM: É verdade que estamos a trabalhar em algumas coisinhas, mas mais interessante que levantar um pouco o véu seria passar a pergunta aos seguidores do blog. Que lacunas gostavam de ver preenchidas no mercado nacional? Que projectos gostariam de ver surgir? Quem quiser acompanhar o que vamos fazendo AQUI (newsletter)
FL: Deixo os meus mais sinceros agradecimentos pela vossa disponibilidade para esta entrevista. Votos de muito sucesso com este projecto.
Vistem o site IMAGINAUTA para seguirem de perto este projecto. E por fim convido-vos a deixarem os vossos comentários. Gostaram desta entrevista? Gostariam de ver mais do mesmo género ou diferentes? Digam de vossa justiça! :)
Floresta de Livros (FL): Começo então por perguntar: Exactamente em que consiste o Imaginauta? São uma espécie de Liga de autores nacionais? O vosso objectivo é somente partilhar as vossas histórias ou há algo mais?
Imaginauta (IM): Imaginauta é apenas um estandarte em redor do qual queremos unir esforços que até agora têm estado dispersos e trazer a público conteúdos que nos entusiasmam como escritores e leitores. Até agora, cada vez que um de nós começava um projecto tinha de construí-lo praticamente de raiz, com Imaginauta queremos usar o “balanço” gerado por um projecto para dar ritmo a outros, criando um sistema de apoio.
FL: Quantas pessoas fazem parte do projecto, neste momento, e como se dividem as tarefas?
IM: Somos um reduzido núcleo duro macgyveriano, com uma alergia patológica a hierarquias, com apenas uma prioridade: remar na mesma direcção. “Comandante Serralves – Despojos de Guerra” foi feito com Carlos Silva, Ana Ferreira, Rui Leite, Vitor Frazão, Joel Puga e Inês Montenegro, contudo, isso não significa que o próximo conteúdo o seja. Pode ser com apenas alguns deles ou mesmo com um alinhamento completamente novo. Até pode ser com um de vós.
FL: Sendo que todos os autores são conhecidos por escreverem maioritariamente Fantasia e Ficção Científica, será correcto dizer que o Imaginauta se focará nestes dois géneros (e todos os seus subgéneros) ou estender-se-ão por outros?
IM: Não escondemos a paixão por esses dois géneros, contudo, não queremos limitar-nos e estamos sempre dispostos a aceitar propostas/desafio. O Imaginauta não seria lá muito imaginativo se só viajasse por dois universos, não é?
FL: No que respeita à vossa primeira obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra", que segundo a vossa descrição é uma colectânea de várias histórias, sobre a mesma personagem, passadas no mesmo mundo; como foi trabalharem em conjunto? Como coordenaram as histórias de forma a serem um todo coeso e a manterem-se fiéis às personagens e ao cenário?

FL: Ainda em relação a esta colaboração, qual foi o maior desafio que enfrentaram?
IM: Todos sabemos que em qualquer grupo com mais de uma pessoa há potencial para conflito. É natural que assim seja. Afinal, as diferentes opiniões, perspectivas e paixões fazem parte do interesse e do valor de trabalhar com outras pessoas. Como estereotipados solitários, os escritores podem ter alguma dificuldade em adaptar-se aos métodos de trabalho uns dos outros. Mas com calma, muitas horas de diálogo, mais uma dose de calma, paciência e, não sei se já disse, calma, acabámos por não só trabalhar bem em conjunto como até alimentar a criatividade uns dos outros.
FL: Fala-se muito da existência, ou inexistência de fantasia e ficção científica com cunho verdadeiramente nacional, ou seja, com algo que a marque como portuguesa e distinga da FC&F anglófona. Como o título da vossa primeira obra é obra “Comandante Serralves - Despojos de Guerra" será correcto assumir que tentaram levar a lusofonia ao espaço? Tentaram criar uma space-opera, uma aventura espacial com cunho nacional?

FL: Quando em entrevista no blog “Uma Biblioteca em Construção” dizem, e passo a citar: «(…) desde o início estamos preparados para expandir este universo em vários formatos.», querem dizer que não planeiam ficar-se apenas pela prosa? Podemos esperar trabalhos noutras áreas? Banda Desenhada, Cinema, Teatro, talvez?
IM: Tal como “Comandante Serralves - Despojos de Guerra” nasceu da partilha de um autor, temos todo o interesse em continuar nesse espírito, estando abertos a todo o tipo de colaborações, sejam elas textos em prosa ou outros formatos. Artistas das mais variadas áreas têm revelado algo interesse em contribuir, contudo, foram só conversas informais. Quando tivermos novidades partilharemos. Para já o importante é esclarecer que não é nossa intenção guardar o Serralves só para nós e que estamos sempre abertos a ideias, desafio, contributos, etc. Por isso, se tiverem vontade de aumentar este universo, enviem-nos um email.
FL: Por fim, será que podem desvendar um pouco do que pretendem fazer no futuro próximo no Imaginauta e como tentarão de diferenciar do que já existe no mercado nacional?
IM: É verdade que estamos a trabalhar em algumas coisinhas, mas mais interessante que levantar um pouco o véu seria passar a pergunta aos seguidores do blog. Que lacunas gostavam de ver preenchidas no mercado nacional? Que projectos gostariam de ver surgir? Quem quiser acompanhar o que vamos fazendo AQUI (newsletter)
FL: Deixo os meus mais sinceros agradecimentos pela vossa disponibilidade para esta entrevista. Votos de muito sucesso com este projecto.
Vistem o site IMAGINAUTA para seguirem de perto este projecto. E por fim convido-vos a deixarem os vossos comentários. Gostaram desta entrevista? Gostariam de ver mais do mesmo género ou diferentes? Digam de vossa justiça! :)
sábado, 19 de julho de 2014
Projecto Imaginauta - Divulgação
Já devem ter ouvido falar do novo projecto IMAGINAUTA, que se define desta forma:
A primeira obra lançada é "Comandante Serralves - Despojos de Guerra", um livro escrito a várias mãos.
Aqui fica a sinopse:
Imaginauta é um projecto literário que está prestes a descolar. O seu principal objectivo é trazer à luz do dia boas obras independentes que se destaquem no panorama nacional. Não é uma editora, é uma marca comum a um conjunto de projectos. Juntem-se a ele e conheçam novos e excitantes Mundos, ficção de qualidade e vibrante de imaginação.
A primeira obra lançada é "Comandante Serralves - Despojos de Guerra", um livro escrito a várias mãos.
Aqui fica a sinopse:
Esta é a Era da Aliança Humana. Uma nova ordem Mundial forjada a sangue e fogo pela necessidade de unir os povos da Terra para derrotar uma invasão alienígena.
Não, esta não é a estória dessa guerra. Essa já nos foi contada e recontada pela FC desde os seus primórdios. Esta é a estória do que veio depois.São tempos de paz, união, desenvolvimento, abundância e colonização do sistema solar. No entanto, tudo tem um preço e nem todos estão dispostos a aceitar o sacrifício da liberdade e da cultura de cada povo em troco deste futuro unido sobre uma única égide. E ninguém se rebela mais que o vulpino, grandíloquo e questionável Comandante Serralves. Armado com umas quantas “prendas” deixadas pelos derrotados invasores e na companhia de um caótico imbróglio de aliados, o perigoso rebelde garantirá que o poder estabelecido nunca tenha uma noite de sono descansada.Na tradição das clássicas space operas, “Comandante Serralves – Despojos de Guerra” é um universo aberto escrito a seis mãos. O que começou como um modesto conto e um protagonista-conceito simples, floresceu em complexidade e novas perspectivas ao ser expostos aos talentos (e consideráveis neuroses) de um grupo de jovens escritores.Uma aventura espacial excitante e intrigante que promete apelar a todos os leitores.
Os autores deste primeiro livro são: Ana Ferreira, Carlos Silva, Joel Puga, Inês Montenegro, Rui Leite e Vítor Frazão. Tudo autores que aprecio, por isso o livro promete ser bom!
Podem saber tudo sobre este projecto no site oficial. leiam também a opinião do Artur Coelho (Intergalactic Robot), que já leu o "Comandante Serralves - Despojos de Guerra" e a entrevista no blog Uma Biblioteca em Construção.
Quanto a mim, fiquem atento porque espero em breve trazer mais novidades sobre este projecto. Visitem o SITE.
domingo, 13 de abril de 2014
Antologia 7 Virtudes
"7 Virtudes", de Ana Ferreira, Carina Portugal, Carlos Silva, Pedro Cipriano, Pedro Pereira e Sara Farinha (ebook)
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e Humildade
Opinião:
Mais uma antologia do grupo Fantasy & Co. Como já é costume, deixo opiniões individuais e, no final uma opinião geral.
Castidade, de Sara Farinha
Um conto bem escrito, passado num mundo curioso e com personagens interessantes mas ... que raio de final é aquele? Parece que ficamos a meio da história, sem a promessa de haver continuação. Onde está o resto?
O Protótipo (Generosidade), de Pedro Cipriano
O conto em si está bem escrito e a ideia é interessante mas não chegamos a perceber as motivações do protagonista e por isso o fim não impressiona. A prosa pouco dinâmica também não ajuda.
O que não Cura, Satisfaz (Temperança), de Ana Ferreira
Sensual e pouco convencional. Um conto interessante que gostei de ler, apesar de que gostaria de ter sabido algo mais sobre a restante vida da protagonista.
Diligência, de Carlos Silva
Passado num mundo promissor (ferradentes = gostei), tem também uma história eficaz. No entanto foi um conto que não me marcou.
O Paciente é o mais Forte (Paciência), de Pedro Pereira
Este conto parece uma daquelas histórias de auto-ajuda (tipo Paulo Coelho, ou coisa parecida; não que tenha algo contra). Contudo este texto não me tocou, nem marcou.
Corpo, Alma e Coração (Caridade), de Carina Portugal
Uma história muito estranha, que pouco tem a ver com a virtude em questão (Caridade). Um texto muito estranho, com boa escrita mas que, no fim, é tão somente bizarro.
O Documento (Humildade), de Ana Ferreira
Talvez por conhecer a autora e o seu trabalho, este conto me pareceu mais um sermão, um desabafo, do que propriamente ficção. Além do mais não tem nada de fantasia. Não me tocou, no entanto fez bem o trabalho de representar a virtude em questão (Humildade).
Em suma, está aqui mais uma antologia interessante deste grupo de escritores. Nem todos estão ao mesmo nível mas existem aqui trabalhos dignos de nota, especialmente "Castidade" e "O que não Cura, Satisfaz".
Sinopse:
Seis escritores portugueses, de fantasia e ficção científica, exploram 7 Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e Humildade
Opinião:
Mais uma antologia do grupo Fantasy & Co. Como já é costume, deixo opiniões individuais e, no final uma opinião geral.
Castidade, de Sara Farinha
Um conto bem escrito, passado num mundo curioso e com personagens interessantes mas ... que raio de final é aquele? Parece que ficamos a meio da história, sem a promessa de haver continuação. Onde está o resto?
O Protótipo (Generosidade), de Pedro Cipriano
O conto em si está bem escrito e a ideia é interessante mas não chegamos a perceber as motivações do protagonista e por isso o fim não impressiona. A prosa pouco dinâmica também não ajuda.
O que não Cura, Satisfaz (Temperança), de Ana Ferreira
Sensual e pouco convencional. Um conto interessante que gostei de ler, apesar de que gostaria de ter sabido algo mais sobre a restante vida da protagonista.
Diligência, de Carlos Silva
Passado num mundo promissor (ferradentes = gostei), tem também uma história eficaz. No entanto foi um conto que não me marcou.
O Paciente é o mais Forte (Paciência), de Pedro Pereira
Este conto parece uma daquelas histórias de auto-ajuda (tipo Paulo Coelho, ou coisa parecida; não que tenha algo contra). Contudo este texto não me tocou, nem marcou.
Corpo, Alma e Coração (Caridade), de Carina Portugal
Uma história muito estranha, que pouco tem a ver com a virtude em questão (Caridade). Um texto muito estranho, com boa escrita mas que, no fim, é tão somente bizarro.
O Documento (Humildade), de Ana Ferreira
Talvez por conhecer a autora e o seu trabalho, este conto me pareceu mais um sermão, um desabafo, do que propriamente ficção. Além do mais não tem nada de fantasia. Não me tocou, no entanto fez bem o trabalho de representar a virtude em questão (Humildade).
Em suma, está aqui mais uma antologia interessante deste grupo de escritores. Nem todos estão ao mesmo nível mas existem aqui trabalhos dignos de nota, especialmente "Castidade" e "O que não Cura, Satisfaz".
quarta-feira, 7 de março de 2012
Antologia BBdE!
Sinopse:
Antologia de contos organizada pelo Ricardo Loureiro, através do fórum Bad Book don't Exist (BBdE), com participações de vários membros.
Os contos distribuem-se em cinco temas: O Fim; Sangue; Identidade; Cidades Reais ou Imaginárias; Naufrágios.
Opinião:
Sendo este livro uma antologia, vou como de costume rever os contos um a um e no final dar uma opinião geral.
"O Fim do Sonho", Zé Chove
Com uma prosa bem conseguida e uma sequência de acontecimentos bastante característica, o conto peca um pouco pela dispersão e aquele final foi estranho se bem que não anti-climático. Um conto que se lê bem mas que não fica na memória.
"Rosa sobre fundo branco", Joana Augusto
Um conto bastante curto mas com excelente ambiente e muito evocativo. Os sentimentos da protagonista saltam das páginas, no entanto teria sido interessante saber um pouco mais sobre o desastre. 'Soube' a pouco mas leu-se bem.
"Znuff", Pedro Pedroso
Como o título indica este é um conto um pouco grotesco que não agradará a qualquer um. No entanto não é de total mau gosto, tanto a nível de enredo como narrativo, o que faz com que seja desconfortável mas ao mesmo tempo consiga prender o leitor o suficiente para ficar até ao fim e descobrir o que ali se passa. A ideia em si é interessante e está muito bem executada. Temos um protagonista muito bem desenvolvido e restantes personagens que também conseguem sobressair. No geral foi uma boa surpresa, se bem que desconfortável de ler.
"Carne da minha carne, sangue do meu sangue", Sofia Nobre
Outro conto bastante cru, se bem que não tanto como o anterior, este conto está bem conseguido porque o que ao principio parece um romance acaba por se revelar outra coisa completamente. O único senão do conto são as perguntas que ficam por responder. Apesar de intrigante, pouco é explicado o que deixa um sensação de 'e depois?'.
"Prisão de Gelo", Adeselna Davies (Ana Ferreira)
Esta história é daquelas que sabemos que é ficção, mas que de alguma forma parecem absolutamente verossímeis (sinceramente espanta-me que não tenha acontecido). A narrativa é quase claustrofóbica e tão focada que é como se estivéssemos na pele da protagonista (prisioneira numa instituição correctiva). O final foi extremamente agridoce, mas em concordância com o resto do conto.
"A Cidade", R.B. Nortor
Com um conceito interessante e uma bela execução em prosa, o conto é bastante interessante, mas senti que se arrastou um pouco no início. Gostei do final e gostei das personagens e do tom narrativo.
"Jerusalém", Marcelina Leandro
Tendo em atenção o tema (Cidades Reais ou Imaginárias) o texto é bastante rico, com boas descrições tanto de Jerusalém como da outra cidade), mas em termos narrativos o conto deixa bastante a desejar. A história em si é bastante interessante, mas as personagens estão mal desenvolvidas (quem é a mulher misteriosa? porque é que o protagonista quebrou as regras?) e no início a prosa é um pouco lenta, com um pouco de informação a ser despejada a mais. A sensação que fica é que este conto é o primeiro capítulo de um enorme romance e que o leitor ficou apenas com uma pequena fatia do bolo, faltando-lhe todo o recheio. Ou seja, não funciona como um conto. Necessitava de mais espaço para mostrar todo o seu potencial (que parece bem vasto).
"Hölestern", Joel Puga
Este é um conto com excelente prosa, boa acção (em todos os momentos) e um 'mundo' bem apresentado e muito interessante, assim como uma história bem estruturada e auto-suficiente. No entanto onde peca é nas personagens. O protagonista não sofre qualquer desenvolvimento e pouco nos é dado a saber sobre ele (de onde veio, porque fez o que fez, como tem aqueles poderes? etc.). O mesmo acontece com as outras personagens, onde estranhamente o escudeiro é o mais 'verossímil' de todos.
Em suma, esta é uma antologia muito interessante, em que nenhum dos contos é particularmente mau e alguns são bastante bons. Todos estão bem enquadrados no tema, o que é uma mais valia e fiquei a conhecer alguns novos autores cujo trabalho tenciono seguir, assim como reli alguns que já conheço e que foi bom reencontrar noutras histórias. Vale a pena, especialmente para quem aprecia contos de fantasia/ficção científica mas também a simples ficção narrativa.
Capa, Design Edição:
A capa não evoca nenhum dos contos em particular, mas é suficientemente sóbria para ser interessante, apesar de um pouco ... simples.
O design interior é também ele bastante simples, mas eficiente. Apesar de esta ser uma publicação de autor, nota-se um cuidado com as margens e o espaçamento que tornam o livro agradável de folhear.
Nota: Este livro foi-me emprestado pela Ana Filipa Dias (Adeselna Davies). Obrigada!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
NanoZine 3

"Um Erro várias culpas, de Ana C. Nunes
Este conto é da minha autoria e como tal é óbvio que não vou opinar sobre o mesmo. Deixo isso ao critério dos outros.
"Memórias de mim, pintadas por ti", de Miriam Fonseca
Uma história que se sente nas palavras, mas também no que fica por dizer. A prosa da autora é bastante bela e chega até a ser lírica em certos momentos.
Por último gostei muito do toque final, que deu à história outra dimensão.
"I kissed her goodbye", de Adeselna Davies (Ana Ferreira)
Disperso, mas cativante. É esta a forma como consigo definir este conto, embora tenha sentido falta de algo mais profundo, um pouco mais linear (em certos momentos), também é certo que gostei da forma como a escritora decidiu expor esta história.
"Rapto", de Leonora R. Campbell
Desde o início que este conto parecia sentir falta de algo mais. A escrita está bastante competente, mas é a evocação da acção e especialmente de sentimentos que torna esta história algo insípida. Apesar de os eventos serem apontados, a percepção que tive foi de lhe faltar vitalidade, emoção e algo que o tornasse distinto (já que a história em si é bastante básica). O que sobressai é somente um sufoco relacionado com uma sombra de indignação que parece conduzir todo o conto.
"O Cálice da vingança: parte III", de Adoa Coelho
Como seria de esperar, não tendo eu lido as anteriores duas partes desta história, senti-me realmente 'à nora'. Ainda assim posso dizer que gostei da prosa, embora não possa opinar de forma justa sobre a história, visto que me faltam trechos (terei de ler os números anteriores da fanzine).
"Noite", de Emanuel R. Marques
Curto. Demasiado curto. Mas mesmo assim, um verso que soa extremamente bem.
"O poeta nada ama", de Mariana Araújo
Não sou versada em poesia e devo confessar que o início deste poema não me cativou, mas a partir do meio realmente gostei pois pareceu-me que o tom se alterou solenemente.
"D. Quixote e a apologia da literatura", artigo de M.A.
Um artigo com uma visão que partilho, em parte. Muito pessoal, este texto, pareceu pecar por se desviar um pouco do parágrafo introdutório. Ainda assim foi curioso de ler e é verdade que muitos se esquecem de ler os clássicos, mas também não se devem ler apenas os clássicos. (embora, claro, mesmo eu sinta a necessidade de ler muitos mais clássicos do que os que leio)
Um artigo interessante.
Top 10 Livros para se consumir neste verão
Concordo com algumas escolhas, desconheço muitas e discordo com outras. No entanto está aqui uma lista curiosa, que consegue abranger vários ramos da literatura, desde os clássicos aos best-sellers.
No geral, foi uma fanzine bem organizada, onde apenas algumas gralhas escaparam à edição. Tem uma variedade interessante, tanto de ficção como de não-ficção e mostra que quem nela trabalha, realmente gosta do que faz.
Em termos de publicação (design) não notei nada de alarmante e acho que, no geral, fizeram um bom trabalho.Duas sugestões apenas: poderiam disponibilizar sites/blogs dos autores, caso estes existam; e também deixar um cantinho qualquer para dizerem que aceitam submissões. (a menos que me tenha falhado a existência de tal alerta).
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