quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Livros que devoraram o meu Pai

"Os Livros que devoraram o meu Pai", de Afonso Cruz (Editorial Caminho)

Sinopse:
Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado. Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo. Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de letras.

Opinião:
Tive algum receio em começar a ler este livro por saber que ele mencionava vários clássicos, e que eu não tinha lido a maioria deles. Felizmente a menção que esta obra faz a outras, não chega a ser impeditivo para quem tem conhecimentos limitados dos grandes nomes da literatura.
De uma forma sucinta e acessível, consegue imergir-nos no meio de várias tramas, apresentando-nos variadas personagens que toldam a vida do Elias, da mesma forma que fizeram ao seu pai.

Adorei a forma como este livro mistura realidade com ficção, de tal forma que por vezes fiquei na dúvida sobre o que seria real ou não. Até cheguei a pensar que a história se passava na Inglaterra, mas assim que me foquei nos nomes, percebi que tal não era muito provável.
Este é um livro para quem ama os livros, a leitura e a forma como estes nos fazem esquecer tudo o resto que se passa à nossa volta, e especialmente, a forma como nos moldam e ajudam a crescer (seja para o bem ou para o mal).

O ponto mais fraco deste livro, para mim, foram as personagens. Não as personagens "reais", mas sim as "fictícias", pois todas elas me pareciam clones umas das outras, sem grande individualidade que não as histórias de onde saíam. Desapontou-me o facto de não estarem captadas na sua essência e de, de uma maneira geral, todas terem a mesma forma de falar e de ver o mundo. Talvez isto fosse influência do Elias, pois o leitor influencia a própria leitura, mas para mim isso foi uma falha desta narrativa.
Já o próprio Elias, que foi amadurecendo a cada nova leitura, foi uma personagem não muito agradável, mas extremamente intrigante. E adorei o Bombo e toda a história que envolveu os dois.

Apesar disto, foi uma leitura muito agradável e que recomendo a quem adore ler e viver as histórias que são impressas nas páginas. Para todos aqueles que já chegaram atrasados ao jantar porque estavam compenetrados a ler.

Capa (Afonso Cruz) e Edição:
A Capa está fabulosa, a meu ver. A escolha das cores está perfeita e adoro o desenho, que se não me engano, representa uma mistura das várias personagens com quem o Elias se cruza durante a narrativa.
A edição está simples, mas eficiente, e gostei particularmente das partes em que o texto ganhava um relevância extrema sobre a história. o poder das palavras, bem visível nas páginas deste pequeno livro.

2 comentários:

  1. Concordo contigo. As personagens "fictícias" teriam beneficiado de uma maior individualidade, mas o livro é fora do vulgar e torna-se uma leitura agradável.

    Também adorei o Bombo! :)

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  2. Este é um livro que eu compraria só pelo título.

    Pela review parece engraçado, especialmente porque é um livro sobre livros. Mais um para a minha (longa) wishlist.

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