sábado, 2 de julho de 2011

Na Sombra do Sonho

"Na Sombra do Sonho (Irmandade da Adaga Negra 5)", de J.R. Ward (Casa das Letras)

Sinopse:
Em Caldwell, Nova Iorque, a guerra entre vampiros e os seus assassinos agrava-se com o surgimento de um grupo secreto de irmãos – seis vampiros guerreiros, acérrimos defensores da sua raça. Contudo, o gélido coração deste temível e astuto predador aquecerá mesmo contra os seus desejos…
Impiedoso e brilhante, Vishous, filho de Bloodletter, carrega uma temível maldição consigo, a assustadora habilidade de prever o futuro. Foram inúmeras as tormentas e abusos por que passou enquanto crescia no campo de batalha do seu pai e, como qualquer outro membro da Irmandade, não tem interesse no amor ou em emoções, apenas na luta contra a Sociedade Lessening. Contudo, uma imprevista injúria mortal torna-o responsável por uma cirurgiã, Jane Whitcomb, levando-o a revelar a sua dor mais profunda e a sentir o verdadeiro prazer pela primeira vez – até que o destino, que ele não escolheu, o leva a um futuro avassalador que não a inclui mais.

Opinião:
O livro começou com algumas surpresas, quando a ascendência do Vishous foi revelada. Não posso dizer que tenha sido uma surpresa total, mas produziu umas quantas cenas interessantes e uns diálogos intensos. O que foi uma surpresa, foi o pedido da Scribe Virgin.
Acho que ela, enquanto personagem, está bastante bem definida. É egoísta, mas de certa forma consegue ser justa, por isso mesmo quando fez a proposta, ficou no ar a esperança de que talvez ela acabasse por reconsiderar (o que acabou mesmo por acontecer, embora não da forma que esperava). Pessoalmente acho esta personagem muito intrigante. É o tipo de personalidade ambígua, que acaba sempre por surpreender, sem que tais actos possam ser vistos como 'forçados'.

Uma coisa que já esperava, e que também surgiu logo desde o início, foi o foco nos sentimentos que o Vishous tem pelo Butch. Acho que neste ponto a autora conseguiu transmitir muito bem o que passa pela cabeça do Vishous e ainda manteve um certo equilíbrio no relacionamento entre os dois. Podia ter fugido para a vulgaridades, mas escolheu um caminho mais interessante, o que fez com o o próprio leitor acabasse por achar certas coisas bastante naturais.
Também gostei bastante da forma como o Vishous agiu nos últimos capítulos, não só em relação à Jane, como também à mãe. Se até ali não gostava particularmente dele (como personagem), a partir daí o caso mudou de figura.
Também gostei de ver algumas cenas passadas na perspectiva do Phury, pois sempre senti um certo desconhecimento desta personagem, e com este livro finalmente ficamos a percebê-lo um pouco melhor, preparando o terreno para o próximo volume (Lover Enshrined), onde ele será a 'estrela principal'. E ainda houve espaço para termos mais tempo com o John, o que também foi excelente, já que sempre gostei desta personagem.

Desde o princípio gostei muito da personagem da Jane. Não só ela é uma mulher forte, determinada e que sabe impôr-se, como também conseguiu separar o fascínio inicial que sentiu pelo V, da posterior atracção e o que veio depois. Gostei de ver que ela não caiu de amores por ele à primeira vista, e que durante algum tempo se negou a contacto porque tinha inteligência suficiente para perceber que estava a sofrer um pouco do Síndrome de Estocolmo. Uma mulher inteligente e decidida, para variar. (se bem que nesse aspecto a autora sempre conseguiu mostrar mulheres fortes, só que, ainda assim, Jane destaca-se na positiva).Achei que as reacções dela, depois de voltar a casa, foram bastante 'humanas' e a confusão dela era palpável.
No entanto, como muito acontece nestes romances, achei que o 'amor' surgiu demasiado depressa. Mas da parte do Vishous do que propriamente da Jane. A autora até consegue colocá-los em situações propensas a terminar em romance, mas ainda assim o tempo que lhes dá para se apaixonarem é demasiado apertado sufocando o que poderia ser uma relação plausível.
Por outro lado, não gostei nada de (mais uma vez) assim que o Vishous viu a Jane, pensar logo «Mine!». Ainda foi pior que nos outros livros, pois ele não a conhecia, nem chegou a falar com ela, e já estava a tratá-la como posse sua. Sinceramente ...
 
Quase no fim, não fiquei satisfeita com a reconciliação entre os dois. Pareceu seca, sem conteúdo e não enalteceu os 'sentimentos' que eles nutriam um pelo outro. Foi muito ... banal.Pelo menos até chegar o fatídico 'final'. Aí sim as coisas tomaram contornos mais profundos.

Claro que fiquei contente com o final (nestes livros espera-se sempre que fiquem juntos), mas a verdade é que me sinto sempre um pouco defraudada com estes romances que fervem em lume quente demais (gosto mais dos que que cozem em lume brando). E com isto quero dizer que achei que o amor deles saiu à pressão, e a resolução, embora intrigante e fora do comum, não deixou de ser mais que uma 'desculpa' para eles ficarem juntos.

Felizmente este livro já abriu portas para os romances de alguns dos próximos livros da saga (Phury e John e até um humano que deverá ser 'pretendente' no 9º livro), permitindo-nos vislumbrar não só uma boa parte da personalidade dos guerreiros, como também das suas futuras 'mulheres'. Gosto muito mais quando a autora faz as coisas desta forma pois assim criamos mais afinidade com as personagens mais cedo e as relações já não parecem 'saídas do nada'.
Especialmente no caso do Phury e da Cormia, gostei do que vi neste volume e irei ler em breve o sexto livro da saga, pois a curiosidade aumentou.

Em relação à escrita, mais uma vez, tenho de me queixar imensamente das siglas que a autora usa, Cada vez me irritam mais, porque aparecem muitas que eu desconheço e que são pura preguiça na escrita! Quando estão no diálogo, eu até compreendo, mas no meio da prosa? Preguiça, e nada mais!
Fora isso a escrita da autora é bastante boa e torna-se impossível pousar o livro e não ficar a ler até às tantas da manhã (mesmo quando temos de trabalhar no dia seguinte). Isto deve-se não só à história e às personagens, como à prosa da autora, que encadeia muito bem a acção e as palavras como suas. Não é poeta, mas ninguém esperaria que fosse.

Em suma, foi mais um bom livro da saga, com muita acção, algum mistério e desenvolvimentos surpreendentes. As personagens, como sempre, são o ponto forte e estranhamente acho que até agora este foi o livro menos 'sexual' (embora certamente tenha sido o mais 'extremista', sem chegar ao exagero).
Uma boa adição à saga (ou série, como teimam em chamar-lhes agora), que não só dá felicidade a mais um membro da irmandade, como abre portas para os que se seguem.

Capa, Design e Edição:
(Li este livro em Inglês e foi essa capa que comentei)
De toda a colecção, esta é a capa que mais gosto. Por um lado é verde (de longe a minha cor favorita em capas), e depois também é a mais sensual (sem ser porca), além de transmitir um certo dinamismo que as outras não tinham (falo, claro, das publicações inglesas/americanas, e não das portuguesas). Infelizmente o homem não está muito fiel ao Vishous, nem a mulher se assemelha em absoluto à Jane. Por isso tenho uma relação amor/ódio com esta capa.
A ser sincera, acho que esta capa teria ficado PERFEITA para o "Lover Awakened" (Na Sombra do Pecado), pois os modelos parecem-se imenso com as descrições da Bella e do Zsadist.
Como sempre o design interior não teve nada de especial, mas funcionou bem, e a edição que tenho está boa para e robusta o suficiente (além de ser muito levezinha, mesmo com +500 páginas).

1 comentário:

  1. Eu já os li até ao do P.
    Agora estou à espera que vão saindo por cá, para ler em Português...

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