Mostrar mensagens com a etiqueta Laini Taylor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Laini Taylor. Mostrar todas as mensagens

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sonhos de Deuses e Monstros

"Sonhos de Deuses e Monstros (Daughter of Smoke and Bone 3), de Laini Taylor (Porto Editora)

*AVISO: Esta Opinião contém Spoilers*
No ano passado, e mesmo este ano, estou a tentar terminar o maior número possível de séries que já seguia, algumas delas há vários anos. Esta foi uma das que decidi terminar, mais por uma questão de teimosia do que outra coisa, visto que o livro anterior teve alguns pontos interessantes mas no geral me irritou bastante. E sim, por vezes um livro que nos irrita pode ainda assim ser um bom livro, mas não foi bem o caso de Dias de Sangue e Glória.
Este terceiro e último livro da trilogia Daughter of Smoke and Bone teve algumas coisas boas e muitas coisa más.

Dreams of Gods and Monsters (Sonhos de Deuses e Monstros) começa logo com um capítulo contado pelo ponto de vista de uma personagem totalmente nova e que, durante algum tempo, o leitor nem percebe muito bem o que ela ali está a fazer. Depois passamos para o seguimento imediato do livro anterior, com a formação de uma aliança ténue entre os Misbegotten e os Quimera, assim como a chegada dos Seraphins ao mundo humano.

Primeiro que tudo eu adorei a forma como a autora fez a interacção entre os Misbegotten  os Quimera. A tensão era palpável e houve suficiente conflito para tornar a aliança credível, apesar de tudo o que se passou antes. E eu gostava de poder dizer que isto resultou num enredo super-interessante e entusiasmante para o resto do livro mas infelizmente este conflito/aliança não foi o foco principal da narrativa. Isto porque a autora decidiu que no último livro, em vez de fechar todas as linhas narrativas que já tinha criado nos livros anteriores, iria introduzir mais uma nova trama, um quinto lado da luta, um novo inimigo vindo do nada! Não havia, nos livros anteriores, qualquer indicador de que pudesse haver mais uma força em jogo. Como se a guerra entre Nephilins, Quimeras, Misbegottens e Stallions não fosse já  dramática o suficiente ainda tinham de vir meter os Leviathan ao barulho? E ainda por cima esse 'problema' não fica resolvido no fim da trilogia.
A única explicação que me ocorre é que autora fez isto em preparação para uma nova série mas a execução foi péssima, apressada e estragou o fim desta série.
A dita personagem que abriu o livro teve alguns momentos curiosos, mais no início e depois quando estava com a Zuzanna, mas fora isso não foi de grande interesse e quando foi revelado o seu propósito eu revirei os olhos à sua insipidez. E já que falamos em coisa insípidas ... os Stellions! Estes apesar de fazerem sentido neste livro forma na verdade tão mal explorados e tão metidos à pressão, enquanto personagens individuais, que a sua presença só funcionou no sentido de mostrar o povo e não os indivíduos.

Falando agora das personagens, gostei muito do desenvolvimento do Akiva, da sua irmã, do Ziri e até da Karou mas, por outro lado achei algumas cenas com a Zuzanna um embuste. Houve uma em especial, na recepção de um hotel onde basicamente temos um capítulo a falar de como a Zuzanna fez um concurso de erguer a sobrancelha com a recepcionista. Não estou a brincar! Revirei os olhos vezes sem conta e a partir daí ouvia a história mas estava afastada dela.
Nota-se que a autora ou gosta muito da Zuzanna ou percebeu que os fãs a adoram e decidiu dar-lhe mais espaço nos livros mas, na grande maioria das vezes, o esforço não funcionou.
Por outro lado, personagens como a falsa avó Karou deram outra dimensão à narrativa, mesmo quando a sua estadia foi tão curta na trama. Por seu lado, o vilão principal, o Seraphin, mostrou-se fraco e sem 'chama' (pun intend). O desfecho foi concluído com demasiada facilidade e ele transpareceu como insípido, mais uma vez.
Voltado ao Akiva, aí as coisas mudam de figura porque o vimos crescer ao longo da trilogia e neste livro em particular as mudanças são notórias. A Karou também, mas mais no sentido romântico do que em termos de personalidade. E já que falamos no casalinho, eu gostei do romance entre os dois ao longo do livro mas detestei o final. Foi demasiado arrastado e tragicamente incerto, quando na verdade já não precisava ser tão complicado.
Em relação aos outros romances é quase escusado dizer que a Zuzanna e o Mik são o mais fofinho de toda a trilogia. São duas personagens que funcionam bem em conjunto. Por outro lado o relacionamento entre a Liraz e o Ziri foi um pouco forçado: ela estava interessada nele porque ele tinha um corpo muito belo e ele precisava de carinho urgentemente (ou não estivesse ainda destroçado por não ter ficado com a Karou). Não que eu não perceba que eles funcionem, e até achei algumas cenas bem fofas, mas precisavam de mais tempo para que a sua relação amadurecesse, primeiro como amigos e depois, quem sabe...

Em termos de escrita, eu senti uma degradação crescente na prosa. Nos volumes anteriores havia uma beleza inegável na forma como a autora escrevia mas neste volume, especialmente a partir do meio, a prosa tornou-se banal e por vezes mesmo preguiçosa, especialmente quando o tema dos Leviathans começou a surgir.

Em suma, Dreams of Gods and Monsters teve alguns bons momentos, especialmente no início, e aproveitou bem as personagens principais e várias outras que já tinha usado nos volumes anteriores, mas esforçou-se demasiado por desvendar segredos demais, sub-tramas excessivas e trouxe à luta personagens que não tiveram tempo de brilhar. Isto acabou por minorar o que já havia sido feito . Os Leviathan foram uma adição de última hora que não funcionou e foram deixadas demasiadas pontas soltas para o que diz ser o volume final de uma trilogia. Não satisfaz!


Nota: Esta opinião tem como base a versão audiolivro em inglês publicado por Blackstone Audiobook e narrada por Khristine Hvam.

Sinopse:
Dois mundos estão à beira de uma guerra cruel. Através de um assombroso ardil, Karou assumiu o controlo da rebelião das quimeras e tem a intenção de as desviar do caminho da vingança extrema. O futuro depende dela.
Quando o brutal imperador serafim traz o seu exército para o mundo humano, Karou e Akiva estão finalmente juntos - se não no amor, ao menos numa aliança provisória contra um inimigo comum. É uma versão alterada do seu antigo sonho, mas ambos começam a ter esperança de que será possível forjar um destino alternativo para os seus povos e, talvez, para si próprios.
Porém, com ameaças ainda maiores a desenharem-se, serão Karou e Akiva fortes o suficiente para se erguerem entre anjos e demónios?
Das cavernas dos Kirin às ruas de Roma, humanos, quimeras e serafins lutam, amam e morrem num cenário épico que transcende o bem e o mal, nesta impressionante conclusão da trilogia bestseller Entre Mundos.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Night of Cake & Puppets

"Night of Cake & Puppets (Daughter of Smoke & Bone 2,5)", de Laini Taylor

Zuzana é uma das personagens mais adoradas pelos fãs da série Daughter of Smoke & Bone, por isso não é de estranhar que a autora tenha escolhido escrever um spin-off (história paralela) com foco nela e no seu fofinho romance com o Mik, descrevendo a noite em que os dois se conheceram formalmente e começaram a namorar. Cena que, aliás, havia sido mencionada nos dois últimos livros da série.
Dito isto, este conto (quase noveleta) foi super-fofinho e tenho a certeza que agradará a quem já gostava das duas personagens em questão. Zuzana é uma personagem muito caricata e que dá gosto ler pelo seu humor satírico e piadas certeiras.
Eu confesso que esperava um pouco mais de amor no início, mas tendo em conta que eles ainda não se conheciam, também seria pedir demais. E depois quando eles finalmente se cruzaram foi super-fofo (sim, eu estou a repetir-me neste ponto).
E não vale a pena falar muito da história porque é bastante simples mas para quem de vez em quando quer algo curto e fofo, esta é uma boa leitura para se fazer em frente à lareira.

Em suma, Night of Cake and Puppets é uma curta história com personagens com as quais é fácil o leitor se relacionar, com uma boa pitada de romance e um cheirinho a magia. Uma leitura muito aconchegante.

Sinopse (inglês):
In Night of Cake & Puppets, Taylor brings to life a night only hinted at in the Daughter of Smoke & Bone trilogy—the magical first date of fan-favorites Zuzana and Mik. Told in alternating perspectives, it’s the perfect love story for fans of the series and new readers alike. Petite though she may be, Zuzana is not known for timidity. Her best friend, Karou, calls her “rabid fairy,” her “voodoo eyes” are said to freeze blood, and even her older brother fears her wrath. But when it comes to the simple matter of talking to Mik, or “Violin Boy,” her courage deserts her. Now, enough is enough. Zuzana is determined to meet him, and she has a fistful of magic and a plan. It’s a wonderfully elaborate treasure hunt of a plan that will take Mik all over Prague on a cold winter’s night before finally leading him to the treasure: herself! Violin Boy’s not going to know what hit him.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Dias de Sangue e Glória

"Dias de Sangue e Glória (Daughter of Smoke and Bone 2)", de Laini Taylor (Porto Editora)


Talvez se lembrem que o primeiro livro da série (A Quimera de Praga - Daughter of Smoke and Bone) deixou-me com suficiente curiosidade para querer ler a sequela, apesar de não o ter adorado.

O mais interessante (e irritante), para mim, foi o facto de, neste segundo livro eu ter odiado uma personagem de quem gostei muito no primeiro (Karou) e passado a gostar mais de uma que detestava (Akiva). A parte de eu ficar a gostar do Akiva até está bem, agora conseguir que eu passasse a detestar a Karou é obra.

Este segundo livro começa praticamente onde o primeiro terminou. Depois do massacre das Quimeras e da revelação de quem tinha causado a sua morte, Karou volta ao mundo onde teve a sua vida anterior e luta para perceber o seu lugar nesse mundo, bem longe do Akiva. Mas a forma como ela decide fazer isto é a mais estúpida possível: une-se ao Thiago (o homem que a mandou matar na vida anterior) e remete-se à clausura, passando os dias todos a criar novos corpos para as Quimeras. Mas pior que isso: Ela leva os Quimera para a Terra! Que parte deste plano genial poderia correr mal?
Por seu lado o Akiva começa a tomar medidas para alterar as coisas no seu reino, com a juda dos irmãos. E nos intervalos vamos lendo histórias sob o ponto-de-vista de personagens completamente aleatórias: Quimeras pacíficas que fogem dos Seraphins; soldados Seraphim destacados para lugares bem longínquos; coisas que, no final de contas, acabam por não ter grande impacto na trama mas dá para perceber que com isto a autora queria dar a conhecer outros lados da batalha e a maioria dessas histórias paralelas acabaram por até ser bastante curiosas.

A história teve os seus altos e baixos, mas no caso da Karou eu acho que a personagem serviu a trama e não  contrário (e o facto de ela estar constantemente a culpar-se por tudo e por nada, mesmo sabendo que a culpa não é dela foi muito irritante), o que fez com que ela estivesse quase todo o livro num estado irreconhecível do espírito do volume anterior. Só quando a Zuzana voltou a aparecer é que as coisas mudaram.
O Akiva, como disse, finalmente saiu da sua apatia e fez alguma coisa de útil. E bastante até. Os seus irmãos também estão bem retratos neste volume. Em termos de vilões, sem dúvida que o Thiago é o com mais presença e, sinceramente, foi das personagens que mais gostei no livro porque foi das  poucas que se manteve consistente. Já o Jael também teve os seus momentos, especialmente na cena do banho. Outra personagem que se destacou foi o Ziri, como não podia deixar de ser. Coitadinho (e mais não digo)!

Quanto à escrita, é inegável que Laini Taylor sabe escrever muito bem. Ela sabe usar as palavras e cativar mas também sabe irritar com a sua escolha de batotices. Eu explico: todo o livro é contado de forma linear: cena 1, cena 2, cena 3 e por aí fora; mas, por qualquer motivo, a autora decidiu, em dois momentos trocar as cenas de lugar. Ou seja, em vez de ser 10, 11, 12, punha 10, 12, 11, numa tentativa ridícula de criar suspense. Mas não funcionava! Não funcionava mesmo!
Ou noutras situações em que usava artimanhas como: «Mais tarde, ao pensar no que se passou, Karou iria perceber que se tivesse prestado mais atenção teria  desconfiado que algo estava prestes a acontecer.» E isto é a forma perfeita de retirar todo o suspense de uma cena. Mas o pior é que a autora não precisava disto com uma escrita tão boa. Então porquê? Vá se lá saber ...

Em suma, Dias de Sangue e Glória (tradução imbecil e desajustada de "Days of Blood and Starlight") tem uma escrita muito bonita e cativante, algumas personagens fortes e um final muito bom, mas o início e o meio são fracos e algumas das artimanhas literárias usadas funcionaram contra a trama e não a seu favor. Ainda assim, e só porque sou teimosa, vou ler o terceiro livro e terminar a série. Aguardem a opinião.

Esta opinião tem como base a versão audiolivro ("Days of Blood and Starlight" publicado por Hachette Audio) narrada por Khristine Hvam.

Sinopse:
Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. Sabe quem é e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.
Repleto de desgosto e beleza, segredos e escolhas impossíveis, Dias de Sangue e Glória encontra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra tão antiga como o tempo.

domingo, 1 de março de 2015

A Quimera de Praga (Daughter of Smoke and Bone) - divulgação

Numa altura em que preparo a opinião para o segundo volume da saga "Daughter of Smoke and Bone", da Laini Taylor, a Porto Editora anunciou o lançamento do primeiro livro da trilogia em Portugal.


Com o título "A Quimera de Praga", este livro foi lançado na passada sexta-feira, dia 27 de Fevereiro, pela já mencionada Porto Editora.

Podem ler a minha opinião sobre o livro A Quimera de Praga (Daughter of Smoke and Bone) AQUI.

Fica a sinopse em português:
«Pelos quatro cantos do mundo, marcas de mãos negras começam a aparecer nas portas, gravadas a fogo por estranhos seres alados, saídos de uma fenda no céu.
Numa loja escura e empoeirada, o abastecimento de dentes humanos de um demónio começa a ficar perigosamente reduzido. E nas ruelas labirínticas de Praga, uma jovem está prestes a embarcar numa jornada sem retorno.
O seu nome é Karou. Karou não sabe quem é, nem porque vive dividida entre o mundo humano e a sua família de demónios, mas crê que as respostas podem estar para lá de uma porta nos recantos sombrios de uma loja, ou no confronto com um completo desconhecido, de olhar abrasador e aparência divina - o anjo que queimou as entradas para o seu mundo, deixando-a só.
Primeiro lugar de vendas da Amazon na categoria de «Jovens Adultos» em 2011.»
Uma nota final para deixar a minha opinião quanto a esta publicação:
- Para começar já há muito que estranhava esta trilogia ainda não estar no nosso mercado, por isso são boas notícias;
- No entanto o título escolhido é bastante infeliz e nem sequer traduziram o nome da série como deve de ser (em português é "Entre Mundos", quando no original é "Daughter of Smoke and Bone"). Se não me tivessem informado que se tratava do mesmo livro, eu nunca adivinharia. Isto, infelizmente, acontece muito em Portugal. Depois torna-se difícil ao já fãs notarem que os seus livros favoritos finalmente foram publicados no nosso mercado.
- Por fim a capa é tanto ou mais infeliz que o título. Não é apelativa, não evoca o fantástico do livro e porquê a capa negra a encobrir a personagem? E o que raio é aquele bastão? Não tem nada a ver com a Karou!

Mais uma vez não se esqueçam que podem ler a minha opinião AQUI, se estiverem interessados em conhecer um pouco mais sobre esta trilogia. Brevemente publicarei a opinião ao segundo volume: "Days of Blood and Starlight".

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Daughter of Smoke and Bone

"Daughter of Smoke and Bone (Daughter os Smoke and Bone 1)", de Laini Taylor (publicado em Portugal pela Porto Editora, com o título "A Quimera de Praga")

Sinopse (inglês):
Pelos quatro cantos do mundo, marcas de mãos negras começam a aparecer nas portas, gravadas a fogo por estranhos seres alados, saídos de uma fenda no céu.
 Numa loja escura e empoeirada, o abastecimento de dentes humanos de um demónio começa a ficar perigosamente reduzido. E nas ruelas labirínticas de Praga, uma jovem está prestes a embarcar numa jornada sem retorno.
O seu nome é Karou. Karou não sabe quem é, nem porque vive dividida entre o mundo humano e a sua família de demónios, mas crê que as respostas podem estar para lá de uma porta nos recantos sombrios de uma loja, ou no confronto com um completo desconhecido, de olhar abrasador e aparência divina - o anjo que queimou as entradas para o seu mundo, deixando-a só.
Primeiro lugar de vendas da Amazon na categoria de «Jovens Adultos» em 2011.

Opinião (audiolivro):
Daughter of Smoke and Bone combina vários credos e mitologias, criando um fabuloso mundo novo que se mistura bem com o nossos moderno (dando origem a uma fantasia urbana credível) que me prendeu desde a primeira página. Temos quimeras, magia, anjos e estes, por sua vez, crêem em deuses diferentes.
A mitologia que a autora criou para estes livros é bela, se bem que também cruel, como qualquer mitologia que se preze, e está muito bem explorada. Isso torna-a credível. Este é, sem dúvida, o ponto forte do livro e aquilo que mais me despertou o interesse.

A trama revela-se por camadas, tipo cebola. A princípio conhecemos a normalidade, ou o que se pode considerar rotineiro na vida de Karou (a protagonista). E, depois, vem o caos. Por isso ... típico!
A autora tenta manter o suspense constante ao longo do livro mas, a maior parte das vezes, acaba por falhar, pelo simples facto de todos os mistérios serem imensamente previsíveis e banais. O suposto grande segredo da trama (*ATENÇÃO: SPOILER*) O facto de a Karou ser a reencarnação da Madrigal, que é o grande amor de Akiva, é do mais sobre-usado que existe e, para mim, foi um murro no estômago. Esperava, desejava mesmo, que a autora tivesse escolhido uma rota diferente e se revelasse, no fim,que a Karou era antes filha da Madrigal com o Akiva. Isso sim seria diferente, inovador! Isso sim me faria gostar da história a um nível completamente diferente. (*FIM DE SPOILER*)
Contudo, fora isto, o restante desenrolar da trama foi interessante. A guerra entre quimeras e anjos seria ainda mais impressionante se soubéssemos realmente mais sobre ela. Assim sendo, apenas parece prometer intensidade, pois dela nada vemos, só escutamos relatos destituídos de intensidade, de drama, de veracidade.
Do que realmente gostei foi da vida de Karou em Praga, e da sua família quimera. Esses sim foram momentos memoráveis e com bastante desenvolvimento.

E, já que menciono a família, falo seguidamente das personagens: a minha favorita foi, sem sombra de dúvida, o Brimstone, a personagem mais intrigante de todo o livro; a menos favorita foi o Akiva, que é um estereótipo ambulante (o bad-boy com um passado traumático e problemas parentais profundos). Podia ser mais cliché?
Karou, por sua vez, mostrou-se uma protagonista interessante e com quem foi fácil me relacionar, especialmente por ser artista. Como adolescente tinha os seus momentos, mas estes eram mais divertidos que outra coisa, (*ATENÇÃO: SPOILER*) já que a sua vida anterior, ou melhor dizendo, a sua personalidade anterior (Madrigal), aborreceu-me. Se por um lado parecia mais madura, ou não fosse o caos de ela lidar com a morte todos os dias, por outro era uma garota parva, que fazia o que os outros queriam que ela fizesse (ex: aquela cena das amigas a vestirem como uma ... prostituta (ou pelo menos foi isso que a descrição deu a entender) e ainda por cima a cobrirem de açúcar, foi ridícula! Mas o pior é que não condizia nada com o que sabíamos da sua personalidade até aí. (*FIM DE SPOILER*)
Por outro lado, a relação da Madrigal com o Akiva até me pareceu moderadamente credível, se bem que demasiado rápida e demasiado estúpida. Afinal será que eles acreditavam mesmo que podiam continuar assim muito tempo? No entanto não consegui, de forma alguma, encaixar o relacionamento da Karou com o Akiva, já que, da primeira vez que se conheceram ele quase a matou, e só não o fez porque ela conseguiu fugir. Como é que a autora quer que o relacionamento dos dois pareça credível? (Faz-me lembrar a Eona e o Ido, no "Eona" da Alison Goodman) Depois, assim do nada, o Akiva vai à procura da Karou e, quando a encontra parece um cachorrinho, contando-lhe sobre a sua infância infeliz. Por favor! Menos mal que a Karou lhe deu porrada quando o viu novamente.
Resumindo: Brimstone, Issa e Karou estão aprovados: Akiva, Thiago e Madrigal não estão aprovados.

Em termos de escrita, a autora é suficientemente  descritiva para que o leitor se sinta transportado para Praga, Paris, para o outros mundo. Muito bom! No entanto a obsessão da autora com a beleza física das personagens é irritante! A atracção entre elas baseia-se unicamente na beleza descomunal do Akiva, da Karou, da Madrigal e do Thiago. Os comentários eram tão frequentes que enjoavam. Por outro lado, o grotesco de outras personagens era descrito até à exaustão.
Num pequeno à parte eu teria ficado muito mais interessada se o interesse amoroso da Madrigal, por exemplo, fosse o Brimstone. Tanto potencial!

Em suma, The Daughter of Smoke and Bone apresenta um mundo rico e cheio de potencialidades, tem algumas personagens intrigantes e um enredo que pode vir a ser muito bom, se for explorado convenientemente. No entanto, este primeiro volume cai em facilidades e, na segunda metade do livro, debruça-se demasiado sobre um romance  desinteressante e cliché, apoiado-se num interesse amoroso genérico e previsível demais.
Foi uma leitura que entreteve, com belíssimas descrições de cidades europeias e inventadas, mas que, no seu final, não surpreendeu. Tenho alguma curiosidade quanto à sequela mas não faz parte das minhas prioridades de leitura, de momento.

Narração (Khristine Hvam):
Gostei muito da narradora e da voz que deu às personagens e à história, em especial a voz do Brimstone que tinha uma cadência brilhante.
A narradora, Khristine Hvam, fez um bom trabalho nesta adaptação para audiolivro. Recomendo!

Booktrailer:


Pequenos trailers (oficiais) das personagens: Brimstone, Akiva, Issa, Zuzana.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails