Sinopse:
Marco Polo fala a Kublai Kan das cidades do Ocidente, maravilhando o imperador mongol com as suas descrições. Estas cidades, no entanto, existem apenas na imaginação do mercador veneziano: a sua vida encontra-se apenas destro das suas palavras, uma narrativa capaz de criar mundos, mas que não tem forças para destruir «o inferno dos vivos».
Este livro tem o lirismo dos livros de poemas, poemas que por vezes descrevem cidades e outras vezes a forma de pensar e de ser dos seus habitantes. Invertendo os papéis do Livro das Maravilhas, através do qual Marco Polo revelou o Oriente ao mundo ocidental, Calvino arquitectou o livro que o estabeleceria como uma das referências incontornáveis da literatura pós-moderna.
Este livro tem o lirismo dos livros de poemas, poemas que por vezes descrevem cidades e outras vezes a forma de pensar e de ser dos seus habitantes. Invertendo os papéis do Livro das Maravilhas, através do qual Marco Polo revelou o Oriente ao mundo ocidental, Calvino arquitectou o livro que o estabeleceria como uma das referências incontornáveis da literatura pós-moderna.
Opinião:
Sinto necessidade de começar este meu comentário, dizendo que fiquei fascinada com este livro desde as primeiras páginas, por isso perdoem-me se a opinião for curta e cheia de elogios, mas é mesmo isso que penso deste livro fascinante.
Ancorado em descrições fantásticas e sucintas, que nos conseguem em poucas palavras transmitir toda a imponência e unicidade de cada cidade que sai da mente de Marco Polo, esta obra está cheia de segundas intenções e mensagens escondidas (ou nem tanto).
Cada cidade imaginada é única, mesmo quando repesca certos detalhes de outras já descritas, nunca entramos pelos portões da mesma urbe, onde o passado e o futuro se encontram e nos perdemos nas ruelas, nos esgotos, nos telhados de cada local imaginado.
A escrita do autor chega a ser poética, em certos momentos, e é assertiva, sem ser exagerada, embalando o leitor nas suas palavras e nos seus fraseamentos.
Questionando a realidade e a ficção; o passado, o presente e o futuro; a soberba e a ganância; a esperança e a capacidade de mudança; assim como também o ser humano, no meio do que criou, do que almeja e do que já foi.
O único senão deste livro, é o não ter mais cidades, mais conversas entre Kublai Kan e Marco Polo, o de não nos dar mais maravilhosas descrições para onde viajamos com cada palavra.
Parece-me quase ridículo dar uma opinião final, pois tudo o que disse acima o explica sem lugar para dúvidas. Adorei este pequeno grande livro. Perdi-me nas suas páginas e nas suas palavras, e anseio o momento em que revisitarei cada uma das muitas cidades imaginadas por Marco Polo e vividas por Kublai Kan. Este é um livro que vai directamente para a minha lista de favoritos.
Tradução (José Colaço Barreiros):
Embora notasse ocasionalmente certas pequeníssimas incorrecções, nada disso foi prejudicial ao texto completo. No geral houve lugar uma trabalho de tradução exemplar, que parece ter captado toda a essência da obra.
Capa, Design e Edição:
Embora não seja das minhas capas favoritas, não posso deixar de notar que é exemplarmente representativa do texto contido no seu interior. Não só no uso das peças de xadrez, como do reflexo nas peças e a cidade no céu (futuro ou ascensão). Uma muito boa representação que enaltece o texto.
Parece-me bem ;)
ResponderEliminarEu estou há anos atrás de Italo Calvino! Mas, na hora H nunca me decido qual livro trazer. Tenho medo de sofrer uma desilusão.Bem, parece ue estava enganada. Obrigada Ana!:P
ResponderEliminarJojo, eu pelo menos adorei, e acredito que também vás gostar. Foi pena não teres adquirido esta edição, que veio com a revista sábado, mas o livro não deve ser muito caro pois é bastante pequeno.
ResponderEliminarOuvi falar muito bem deste autor. Tenho cá em casa "Se numa noite de inverno um viajante" que penso ler recentemente. Este não conhecia mas vou espreitar a colecção Sábado do meu pai. Pode ser que ele tenha lá.
ResponderEliminarBoas leituras!
Agora fiquei curiosa, mas simultaneamente confusa. A história passa toda à volta das tais "cidades invisíveis"? Ou é apenas um mote para uma outra história? Peço desculpa, mas é que tinha a ideia de que Italo Calvino seria algo do género de Kafka, se bem que nunca me dei ao trabalho de saber o que Calvino escrevia (sou tão ignorante... enfim).
ResponderEliminarLaura, sim é sobre as cidades. Sobre estas e sobre o homem que as 'vista' e o rei que as escuta. Pode parecer monótono (ou estranho), mas a forma como está escrito faz com que não seja.
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