Depois de uma longa pausa, o A Vida aos Quadradinhos volta com um apanhado do primeiro trimestres deste ano (e preparem-se que vai ser longo). Espero que descubram muitas BDs e Mangas interessantes. E se tiverem sugestões, deixem-nas num comentário. :)
"A Pior Banda do Mundo (1 a 3 - volume 1)", de José Carlos Fernandes
Esta leitura surgiu no seguimento do primeiro encontro do Clube de Leitura de Braga - BD.
Há uns bons anos atrás, quando a Devir estava no seu auge de publicações, soube do lançamento do primeiro número de A Pior Banda do Mundo e, apesar de curiosa pelo seu conteúdo, esta BD nunca me veio parar às mãos. O tempo foi passando e só agora, com o relançamento em volumes de capa-dura, é que a oportunidade ressurgiu.
A Pior Banda do Mundo conta várias histórias, contidas em duas pranchas cada. As personagens são múltiplas mas repetem-se, por vezes, em histórias distintas. Tentar fixá-las pelo nome é difícil, mas pelas suas personalidades e manias já é mais fácil.
O melhor destas pequenas grandes histórias de duas páginas é que todas são críticas socias e, de certa forma, bem actuais, conseguindo pôr o dedo na ferida. Algumas são mesmo fascinantes e ficamos a pensar nelas durante uns tempos.
Uma pequena lista das minhas favoritas: O Triunfo da Entropia, As preocupações Metafísicas, O Condensador de Livros, A Última Palavra, As Estatísticas Vitais, O Lexicógrafo Implacável, Escola Superior de Faláca e Diletância, A Escrita Criativa, entre outros.
Passando então à arte propriamente dita, ou não se tratasse isto de uma banda desenhada, o que mais gostei foi a palete de cores, os tons sépia que dão mais vida às vinhetas. Por outro lado, o que menos gostei foi da inexpressividade das personagens, cujos rostos não transmitiam quaisquer emoções, salvas raríssimos casos. E, se por uma lado, isto é compreensível pela melancolia da própria história, acabava por tornar difícil distinguir as personagens pelos seus traços desenhados e não lhes percebíamos as intenções e ideias senão pelas palavras.
Em suma, gostei dos três volumes, em especial do segundo ( O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante) e espero em breve ler os restantes três.
"You Can't Disappear from Me - Vol. 1 a 4 (Boku kara Kimi ga Kienai)", de Saki Aikawa
Este manga cai no erro de usar demasiados clichés , especialmente na última metade. Tem boas personagens e uma excelente química entre o casalinho principal, assim como uma arte apelativa, no entanto a história não acompanhou essa qualidade, o que foi uma pena.
Podem ler a opinião completa no Nekko-Mimi.
"The Circumstances of Our Strange Love (Boku to Watashi no Henai Jijou), de Shiro Amano
Este manga é pura diversão! Os personagens são adoráveis, o romance é super-fofo e o final é perfeito. Curtinho mas bom!
Podem ler a opinião completa no Nekko-Mimi.
"Undead", de Kazurou Inoue
Conhecendo já vários dos trabalhos deste mangaka, eu esperava algo mais. Undead tem algumas cenas engraçadas e a premissa é interessante, mas as histórias não são muito boas e não me consegui ligar a nenhuma das personagens em especial, tirando na primeira história.
Podem ler a opinião completa no Nekko-Mimi.
"X-Men: Days of Future Past", de Chris Claremont e John Byrne
A razão porque esta é uma história clássica do Universo Marvel é óbvia, ou não fossem as repercursões enormes, no entanto custou-me muito a adaptar ao estilo comic dos anos 80, com diálogos e balões super-descritivos e repetitivos. E o mais engraçado é que mais de metade do álbum nem sequer é sobre o "Days of Future Past", mas até gostei mais da aventura no Canadá, com o regresso do Wendigo.
Foi bom conhecer esta história em BD, mas continuo a preferir a aventura no Wolverine: Dias de um Futuro Passado (publicado pela Devir no Wolverine 8 e 9, em 2000).
“I Kill Giants – Eu mato Gigantes”, de Joe Kelly e JM (Kingpin Books)
Eu Mato Gigantes conta-nos a história de uma rapariga que, a princípio, pode parecer muito estranha: Usa orelhas de animais na cabeça, não tem amigos, passa muito tempo debaixo da mesa, recusa-se a subir ao primeiro andar de sua casa, e diz-se caçadora de Gigantes (tem inclusive um saco onde diz guardar a sua maior arma, e este está sempre fechado).
A protagonista está belissimamente bem apresentada e a história está construída de tal forma que, apesar de não ser inesperada, a revelação sobre o que se passa no 1º andar da sua casa acaba por ser surpreendente.
Houveram, no entanto, duas coisas que não gostei no enredo: o desfazamento entre os primeiros dois capítulos e os restantes; e a violência desmedida que ocorria entre a Barbara Thorson e a sua ‘rival’ na escola. Era demais!
Fora isso, adorei tudo, desde as personagens (excepto a ‘vilã’) até à forma como a história é contada. Tem o tamanho certo e desenrola-se ao bom ritmo.
Quanto à arte, tenho opiniões divergentes. Por um lado adoro o traço nas cenas mais dinâmicas: nos combates com gigantes, na representação das coisas que a Barbara vê no mundo, e melhor ainda nas cenas de medo e terror que ela sente. Mas por outro lado acho que o traço não funciona bem nos restantes casos, ou seja, nas cenas mais normais; parece apressado e descuidado.
Por exemplo, na cena do combate com o titã, o estilo brilha. Está fenomenal! Mas na escola … bem, digamos que não causa o mesmo impacto.
Em suma, I Kill Giants – Eu mato Gigantes é uma novela gráfica com uma história com a qual é fácil nos relacionarmos, que explora bem as suas potencialidades e nos dá uma protagonista bem interessante. A arte, nas cenas de acção, está fabulosa, mas nas cenas mais corriqueiras acaba por não funcionar bem. Mas não se deixem enganar por isso, pois I Kill Giants – Eu mato Gigantes é um trabalho que merece ser lido e apreciado. Recomendo!
"Black God (Kurokami) vol. 11 a 15", de Dall-Young Lim e Sung-Woo Park
Adorei a interecção entre a Excel e a Mikami no volume 11. Outra coisa boa foi a evolução do relacionamente entre o Keita, a Kuro e a Akane. Por outro lado começa a aparecer ali um romance onde até agora este era muito frágil, por isso ainda é muito cedo para saber se gosto ou não. Uma coisa que não gostei foi do facto de mais uma rapariga ir viver com o Keita. O harem não pára de crescer e esta rapariga é especialmente irritante. Fora isso, continua a vontade de saber como isto vai terminar.
"Sword of the Dark Ones", de Yasui Kentaro e Tsukasa Kotobuki
Um bom manga de acção, com excelententes personagens e páginas duplas estonteantes. Podem ler a opinião completa no Nekko-Mimi.
"The Wallflower (Yamato Nadeshico Shingi Henge) vol. 24 a 32), de Tomoko Hayakawa
Já há muito que esta série está demasiado cansativa e repetitiva. Testa constantemente a minha vontade de ler o final, que supostamente está tão próximo. Isto porque embora seja uma história super-engraçada, com personagens hilariantes, as piadas repetem-se até ao infinito, já tivemos pelo menos 4 Halloweens e 3 Natais desde o volume 1 e mesmo assim a autora quer-nos fazer acreditar que eles continuam todos com a mesma idade.
A verdade é que ao longo destes últimos volumes houve algum desenvolvimento das personagens mas foi tão ténue que eu estive quase para desistir. Só se aproveita 1 ou 2 capítulos por volume, o que é francamente mau. Mas eu persistirei! Quero ver o fim!
"Ressentiment vol. 4", de Kengo Hanazawa
Este manga é bastante obscuro, mas a premissa é bastante interessante: o mundo virtual sendo mais importante para o protagonista que o mundo real. A reviravolta dada no último volume é mirabolante e foi bem usada. Não posso dizer que amei a série, mas foi muito interessante e se conseguirem adaptar-se ao facto de a maiora das personagens não serem de uma beleza convencional, são capazes de dar umas boas gargalhadas, como eu fiz. O protagonista é em igual parte irritante e alguém com quem se pode empatizar facilmente, e foram realmente as personagens que fizeram o manga.
"Empowered 3", de Adam Warren
Tirando três ou quatro histórias, este volume foi bastante insignificante. A história do passado do Thugboy foi muito boa, e a da Ninjette também estava bem, assim como uma ou duas no início do volume. Mas a Emp foi a que menos desenvolvimento teve neste volume e passou o tempo quase todo em situações ridículas e repetitivas. Imagino que este volume seja de transição, porque até agora foi o mais fraco.
Mesmo assim a arte, como sempre, está absolutamente fabulosa. Linda! Tanto em cenas normais como, especialmente, as de acção. E até os capítulos arte-finalizados (coisa nova nesta BD, já que todos os desenhos são finalizados a graffite/lápis) estã muito bons.
"Três Sombras", de Cyril Pedrosa
Apesar de desconhecer por completo o trabalho deste artista, foi desde as primeiras páginas que "Três Sombras" me impressionou.
A história começa por mostrar-nos a vida corriqueira de uma pequena família que vive isolada na sua pequena quinta, na paz e harmonia do lar. Tudo isto muda quando, uma noite, três figuras surgem no horizonte e a partir daí nunca mais se afastam muito da família. As suas presenças assustam os membros da família, que se vêem impotentes perante as mesmas. E a história progride a partir daí.
E que história! Eu adorei! Fala da perda, da despedida, do amor e de como cada pessoa lida com estas coisas de forma bem diferente. A reacção da mãe é totalmente oposta à do pai e isso enriquece a história. Até mesmo as pessoas que eles vão conhecendo ao longo da viagem, para o bem e para o mal, e depois a parte final em que o pai conhece-se a si mesmo, aos seus medos e sentimentos e estes são exprimidos nas páginas de forma tão cruel. Está muito bom!
A única parte que não gostei particularmente no livro foi quando se revelou o vilão e saltamos de cena sem pré-aviso, de forma completamente abrupta e confusa. Depois a exposição do passado do 'vilão' foi um pouco extensa demais para o papel que ele teve na trama. Mas fora isso, não tenho nada a apontar.
Por seu lado a arte é lindíssima! O artista já trabalhou para os estúdios Disney e isso percebe-se na sequência de imagens, na fluidez dos desenhos e na composição geral das páginas. Este é um álbum que merece ser lido lentamente e apreciado vinheta a vinheta. Certas partes, como a no pantanal, com o velho que salva o pai e o filho, estão incrivelmente bem conseguidas, e então a cena do naufrágio ... Uau! Sem palavras! E para denotar a mestria do desenho, basta dizer (tanto quanto eu reparasse) nunca foram usados onomatopeias (sons escritos) e isso nem se notou, porque o próprio desenho evocava o som.
Um livro feito par ser visto e apreciado uma e outra vez.
Em suma, Três Sombras é uma obra magnífica, com desenhos maravilhosos e uma história tocante que resultam num álbum que vale a pena ser lido e apreciado devagarinho.
"The Waking Dead - vol. 17", de Robert Kirkman, Charlie Adlard
Há uns tempos li muitos volumes desta série de uma assentada, de tal forma que fiquei saturada e tive de fazer uma pausa bem grande. Para dizer a verdade estava convencida que nunca mais lhe iria pegar, mas recentemente decidi que ia tentar mais uma vez e ver como corria. Realmente esta BD, para mim, não pode ser consumida em grandes doses, ou corre o risco de tornar-se nociva. É pelo facto de ser tão propensa a mortes grotescas e por seguir um ciclo vicioso de: Conflito inicial, conflito extremamente violento, vitória, pequeno rescaldo de 1 ou 2 capítulos, Conflito Incial, conflito extremamente violento, vitória, pequeno rescaldo de 1 ou 2 capítulos, e por aí em diante.
Esta última história, em especial, foi difícil de engolir, talvez porque uma das minhas personagens favoritas morreu de uma forma absolutamente estúpida e desnecessariamente gráfica (mas nesta BD tudo é gráfico até ao extremo).
"Gantz - vol. 30 a 37", de Hiroya Oku
Gantz é, desde o início, um manga bastante gráfico e com uma boa dose de violência. estes últimos volumes não trouxeram grandes surpresas mas a sequência de acção está muito boa e a ligação com as personagens cresce ainda mais à medida que os capítulos vão avançando. A exploração de divindade e religião que é mostrada nos últimos volumes é bastante interessante e o efeito dos rostos de 'Deus' = Wow!
No geral gostei muito do desfecho. A arte está soberba, como já é habitual, e a batalha final foi bem conseguida. o final propriamente dito, ou melhor dizendo: o rescaldo, foi um pouco facilitado demais, mas sinceramente se fosse outro os leitores iam ficar zangados, por isso eu vou deixar passar o cliché em branco.
"Y - The Last Man - vol. 2 a 10", de Brian K. Vaughan e Pia Guerra
A premissa para esta BD é muito intrigante: uma epidemia qualquer mata todos os mamíferos machos do planeta, incluindo todos os homens. Apenas Yorick Brown sobrevive. Ele e o seu símio.
Seguir as desventuras do Yorick pelo mundo, foi uma aventura em pêras. O rapaz atraía sarilhos que era uma coisa louca.
Esta BD tem boas personagens e sabe usá-las para avançar a trama, mas ao mesmo tempo achei que, dadas as circunstâncias, as coisas estavam um pouco facilitadas em certas ocasiões.
O que realmente mais gostei de ver nesta BD foi a degradação da sociedade assim que a calamidade ocorreu. E o seu posterior regresso a um certo nível de normalidade.
Uma coisa engraçada que reparei é que, nesta BD, toda a gente que leva um tiro ou desmaia por outro motivo, acaba por falar no seu sono e dizer coisas que as outras personagens nunca descobririam de outra forma. Achei essa tática muito fraca, sinceramente.
Por outro lado o final romântico foi muito climático e estava, fracamente, excelente, mas a consequente resolução da vida das outras personagens deixou muito a desejar. No entanto depois as últimas 3/4 páginas realmente brilharam e foram perfeitas.
**
E foram estas as muitas leituras bedéfilas do primeiro trimestre de 2015. E vocês, qual foi a melhor BD que leram este ano?
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segunda-feira, 20 de abril de 2015
A Vida aos Quadradinhos - 1º Trimestre 2015
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Nova Iorque e Gigantes?
Em Fevereiro os gigantes vão saltar das páginas de "I Kill Giants - Eu Mato Gigantes" (Joe Kelly e Jm Ken Nimura) e quem sabe se não percorrerão as ruas de NY em "A Trilogia de Nova Iorque" (Paul Auster)?
7 de Fevereiro é a data marcada para mais um encontro do Clube de Leitura de Braga. Às 15h00 vamos falar de "A Trilogia de Nova Iorque" (Paul Auster) e, após um pequeno intervalo, falaremos de "I Kill Giants - Eu Mato Gigantes" (Joe Kelly e Jm Ken Nimura).
As sessões são independentes e a presença numa não obriga à presença na outra mas convidamo-vos a ficarem para as duas discussões e temos a certeza que gostarão.
Já sabem, no sítio do costume:
Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade)
E já agora peço a vossa ajuda para divulgar. Usem a banner acima e partilhem o evento no Facebook.
7 de Fevereiro é a data marcada para mais um encontro do Clube de Leitura de Braga. Às 15h00 vamos falar de "A Trilogia de Nova Iorque" (Paul Auster) e, após um pequeno intervalo, falaremos de "I Kill Giants - Eu Mato Gigantes" (Joe Kelly e Jm Ken Nimura).
As sessões são independentes e a presença numa não obriga à presença na outra mas convidamo-vos a ficarem para as duas discussões e temos a certeza que gostarão.
Já sabem, no sítio do costume:
Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade)
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