“O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry (Porto Editora)
Sinopse:
O narrador da obra é um piloto com um avião avariado no deserto do Sahara, que, tenta desesperadamente, reparar os danos causados no seu aparelho. Um belo dia os seus esforços são interrompidos devido à aparição de um pequeno príncipe, que lhe pede que desenhe uma ovelha. Perante um domínio tão misterioso, o piloto não se atreveu a desobedecer e, por muito absurdo que pareça - a mais de mil milhas das próximas regiões habitadas e correndo perigo de vida - pegou num pedaço de papel e numa caneta e fez o que o principezinho tinha pedido. E assim tem início um diálogo que expande a imaginação do narrador para todo o género de infantis e surpreendentes direcções
Opinião:
Este é o livro que dizem devermos ler em duas alturas diferentes da nossa vida: quando somos crianças e quando somos adultos. Eu se calhar quebrei um pouco as regras porque a primeira vez que o li tinha 13/14 anos e a segunda, agora, tenho 25 anos. Não muito criança e não muito adulta. Batoteira que eu sou!
Na realidade não sei ao certo o que pensei deste livro da primeira vez que o li. Só sei que o li porque tenho a parte dos exercícios sobre a obra totalmente preenchidos (eu era uma aluna aplicada).
A meu ver “O principezinho” não tem mensagens escondidas como ao principio parece ter. É uma história bastante directa que diz tudo o que quer dizer e quando não o diz sugere-o de forma muito óbvia. Ou talvez seja só eu que, não sendo uma criança, não entendo essas subtilezas (é bem capaz de ser isso).
Vou confessar que não consegui ver nenhum elefante dentro da jibóia, pelo menos até o autor assim o descrever. Falta de visão? Talvez! Ou talvez fosse o facto de nem ver os olhos da jibóia, se os tivesse visto provavelmente teria percebido que não era uma chapéu mal desenhado.
Adorei a leitura por tudo aquilo que tenta e consegue transmitir. Há muitas lições a aprender com o pequeno príncipe que deixou o seu planeta para viajar, à boleia dos cometas, universo afora, encontrando as mais bizarras personagens e expondo todas as suas falhas (que não sou poucas). Caricaturas, por vezes nada exageradas, da realidade humana. O bêbedo que bebe para esquecer mas que não pára de o fazer mesmo quando se apercebe que não funciona. O rei sem súbditos. O dono das estrelas que não tem uso nenhum para elas e que passa a vida a fazer contas que não o levam a lado nenhum. E tantos outros. No entanto a melhor história é mesmo a de quando encontra o “autor” e lhe conta todas as pessoas que encontrou na sua viagem. A forma como ele toca a vida de um homem que tinha perdido a fé no mundo, é extraordinária.
Será simbólico que a única pessoa feminina referida no livro é a “rosa”. (a raposa não conta porque eu acho que é “um” raposa). Eu imagino que sim, senão o livro seria demasiado sexista. Para mim a bela e orgulhosa rosa é das personagens mais carismáticas e mais belas do livro.
Em suma, adorei o livro e tudo o que ele demonstra e expõe sobre o mais intimo do ser humano que parece se esquecer do que é mais importante. E só não tem nota 10 porque acho que podia ter-se debatido um pouco mais em algumas das personagens dos outros planetas. Só isso!
Tradução de Annette Botelho & Maria dos Anjos Araújo
Primeiramente publicado no Caneta, Papel e Lápis (2009/03/25).
Sem comentários:
Enviar um comentário