"Beauty - A retelling of the story of the beauty and the beast", de Robin McKinley (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
Quando o negócio da família entra em colapso, Beauty (Bela) e as suas duas irmãs começam uma nova vida no campo. Contudo, quando o seu pai aceita a hospitalidade do esquivo e mágico Beast (Monstro/Besta), ele é forçado a fazer uma terrível promessa - enviar a sua filha para o castelo de Beast, sem promessa de que alguma vez a tornará a ver.
Beauty aceita o desafio, e aí começa uma extraordinária história de magia e amor, que ultrapassa todas as barreiras.
Opinião:
Quando se parte para uma leitura deste género, que é praticamente um recontar de uma história já vastamente conhecida pelo público em geral, não esperamos propriamente grandes novidades em termos de enredo, por isso devem ser as personagens e a voz narrativa a trazer algo de inovador e que torne a leitura algo "nova".
A história da "Bela e o Monstro" sempre foi das minha preferidas na infância, e continua a sê-lo até hoje. Talvez por isso mesmo tenha arriscado ler este recontar de algo que sempre me "enfeitiçou", e também por isso, tinha grandes expectativas, especialmente porque a Robin McKinley foi das autores que mais gostei de ler em 2010.
E só para esclarecimento, este livro é muito mais baseado na fábula dos irmãos Grimm, do que no filme da Disney.
Tal como aconteceu com
Sunshine, no início tive alguma dificuldade em gostar da leitura, não porque a narração fosse chata (bem pelo contrário), mas porque estava com vontade que a história saltasse logo para a parte romântica. Depois dos primeiros capítulos, comecei a habituar-me à história, onde a autora levou o seu tempo a mostrar-nos como era a vida de Beauty e da sua família antes do Beast aparecer nas suas vidas.
Para começar, gostei muito das "liberdades" que a autora tomou em relação à família, à vida da Beauty e até ao próprio passado do Beast (afinal a culpa não é sempre das bruxas). O facto de ela ter irmãs, e das irmãs serem meigas, ao invés das habituais irmãs invejosas, e também o facto de pai ser dedicado, foram muito bem usados e deram uma lufada de ar fresco á história.
Achei também muita piada à fixação que a Beauty tinha com o deu
nickname (Beauty) em prole do seu nome verdadeiro (Honour). Ela ponderava várias vezes sobre isso, sem que nunca parecesse irritante ou exagerado.
No entanto, também achei que a autora se estendeu um pouco demais na parte inicial da história, e embora tudo o que aconteceu tivesse relevância para o resto da história, pareceu-me que em certos momentos poderia ter sido mais sucinta. Felizmente, isto nunca se tornou monótono.
Apesar de tudo isto, e do interesse redobrado que a família dela provocou, a verdade é que quando o Beast entrou em cena é que a história ganhou realmente ânimo. E se até ali os diálogos tinham sido escassos (outro ponto que poderia ter sido melhor conseguido), quando os dois protagonistas começaram a interagir, as conversas mostraram-se muito naturais, mas ao mesmo tempo cuidados e de acordo com a época. Era notória a hesitação inicial e o medo da Beauty, que aos poucos foi desaparecendo.
Cada momento descrito pela autora entre os dois, foi de uma ternura extrema que me aqueceu o coração. Foi mesmo lindo!
Do que não gostei muito, foi do final. Não de como a história acabou (porque isso já sabia à partida, e adorei, claro!), mas de como a autora decidiu incluir alguns detalhes no final que fizeram a história parecer demasiado ... fantasiosa. Ou seja, até ali havia muita magia envolvida (o castelo, o Beast, o espelho, os jardins, etc) e tudo isto era-nos apresentado de forma equilibrada, chegando mesmo a parecer "natural", mas no final, com toda aquela fantasia e magia a "voar" pelos cantos, a coisa desabou um pouco.
Não foi o suficiente para arruinar a história, mas a meu ver, teria ficado a ganhar sem os últimos parágrafos.
Adorei também a voz narrativa, que é quase o oposto da usada no
Sunshine. Mais sucinta, mas fincada nas paisagens e nas pessoas. Adorei as descrições das "redondezas", que não sendo exaustivas, davam bem a entender os locais e a época, sem nunca mencionar um tempo determinado.
Em suma,
Beauty é uma homenagem muito bem conseguida, a uma das fábulas mais belas que conheço. Não me arrependo nada de ter lido, e aconselho a quem goste da história e a quem não a conheça assim tão bem, pois com certeza ficará rendido.
Sem dúvida que
Robin McKinley passou a fazer parte da lista dos meus autores favoritos e espero que me proporcione muitas mais boas leituras daqui para a frente.
Nota: Eu quero uma biblioteca daquelas, como o Beast tem no castelo! Com os livros que ainda nem foram escritos e tudo. E também quero o Greatheart (cavalo).
Capa:
Esta história tem muitas capas distintas, mas a minha favorita é a da imagem acima. Simples, mas eficaz. Adoro!