domingo, 28 de fevereiro de 2010

Neverwhere - Na terra do nada

"Neverwhere - Na terra do nada" de Neil Gaiman (Editorial Presença)

Sinopse:
Neil Gaiman leva-nos até à grande metrópole londrina, dividida em dois mundos, a Londres-de-Cima e a Londres-de-Baixo, que coabitam articulados por uma única estrutura ordenada: a rede do metropolitano. Ao mundo de luz da Londres-de-Cima opõe-se o mundo das trevas da Londres-de-Baixo. O protagonista, Richard Mayhew um rapaz vindo da província acaba por acolher em sua casa uma fugitiva. A partir daí, Richard passa a não existir, a não ter lugar na Londres-de-Cima. Só lhe restará descer ao mundo da escuridão, dos túneis, dos esgotos que as pessoas de Cima esqueceram e já não vêem.

Opinião: 
Quando comecei a ler este livro, senti logo que lhe faltava algo. Qualquer coisa que não sabia bem explicar, mas que sabia não estar lá. à medida que fui lendo, e à medida que fui gostando mais da história, esse sentimento nunca desapareceu, como uma sombra sobre o livro.

A estória começa de forma lenta e algo desinteressante, o autor não conseguiu cativar desde o início, embora logo no princípio existissem mistérios. À medida que a estória vai decorrendo, os mistérios adensam-se e, confesso, fiquei surpreendida com as reviravoltas, com os verdadeiros inimigos e o verdadeiro traidor, mas também foi aqui que o autor pecou mais.
Reviravoltas houve muitas, mas foram tão mal empregues, tão mal expostas, que não senti aquele aperto no peito, aquela adrenalina, que seria de esperar quando se descobre algo do qual não se suspeitava.
A escrita do autor, embora rica (não rebuscada), não cativa. Estende-se demasiado, deambula por locais desnecessários e não puxa como outros livros, cujas estórias podem ter menos interesse, mas que ao menos conseguem manter o leitor atento e expectante.
E enquanto falamos da escrita, outro erro foi a forma da narrativa, que se lia como um guião, só que o problema é que eu estava a ler um romance, não um guião de cinema, e por isso muitas cenas pareceram-me desnecessárias, e o foco parecia estar em todo o lado, e, ao mesmo tempo, em lado nenhum, o que tirou muito interesse à trama.

Claro que nem tudo é mau! A história tem muito potencial e gostei muito do "mundo" que o autor criou e da maneira como o conjugou com o "real", também gostei muito do Richard, que não sendo o comum "herói", teve cenas fabulosas (especialmente nas que era um medricas) e mostrou-se muito humano e realista. As outras personagens eram todas medianas, e embora chegassem a ser todas bem exploradas, a forma como o autor as mostrava não deixou que nenhuma delas entrasse verdadeiramente no meu coração (à excepção do mencionado Richard, e talvez da pequena Door, que era um doce).
Outra coisa boa do livro foi o final, que ata todas as pontas soltas, mas não tenta safar-se com um "e viveram todos felizes para sempre", deixando tudo muito em aberto, mas não de forma a necessitar de uma sequela. Mais no estilo "e a vida continua", que é o tipo de final que prefiro, pessoalmente.

Em suma, foi um livro que se leu bem, mas que o autor não conseguiu expor da melhor forma, o que tirou muito mérito à obra. Tenho a certeza que daria um excelente filme, mas como livro, ficou aquém das expectativas, embora não me arrependa de o ler, e tenha gostado especialmente pelo Richard, que certamente merece um lugar na minha memória.

Tradução de Alberto Gomes & Carlos Afonso Lobo
Capa (Ilustração) de Samuel Santos


Nota: Esta leitura foi feita no âmbito do Desafio Literário 2010.  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Compras 11

Como na semana passada não fiz o apanhado das compras, esta semana juntei os dois molhos da dose semanal de livrinhos:
- Jim, o sortudo, de Kingsley Amis (Revista Sábado);
- O Deus das pequenas coisas, de Arundhati Roy (Revista Sábado);
- Estorvo, de Chico Buarque (Revista Visão);
- Kikia Matcho, de Filinto de Barros (Revista Visão);
- Os três casamentos de Camila S., de Rosa Lobato Faria (Revista Visão).

E é só isto, porque estou em contingêscia. Bem queria ter comprado os livros que vem com o Público, mas não dá para tudo. Platão e Santo Agostinho, ficam para outra altura.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Os guardiães da noite

"Os guardiães da noite (Mundo dos Guardiães 1)" de Serguei Lukianenko (Editorial Presença)

Sinopse:
Este é o primeiro volume de uma trilogia cuja trama se desenrola em Moscovo sobre uma raça de seres sobrenaturais, com um tipo de magia necromante, que habita lado a lado com os humanos. Dentro desta raça de feiticeiros podemos distinguir as Forças da Luz e as Forças do Mal que se digladiam na conquista da cidade. Anton, dedicado guardião da Noite, patrulha a capital, tentando protegê-la das trevas e é então que se apaixona por Svetlana, uma jovem médica que vive sob uma maldição. De que lado ficará este jovem com poderes especiais: do lado da luz ou das trevas? Três histórias sequenciais contadas com a mesma personagem principal dão colorido a um texto original, que faz uso do nonsense e de variantes fantásticas que elegeram a obra e o filme ao estatuto de bestseller na Rússia.


Opinião: 
Desde que este livro foi editado em Portugal, que tinha muita vontade de o ler. Felizmente, a simpática e talentosa AnaCSilva (tem um nome muito semelhante ao meu), ofereceu-me o livro durante uma das nossas NaNo-meets. [Obrigada!]

Confesso que no início da leitura senti um certo desconforto que não conseguia perceber na totalidade. Penso que tenha sido da tradução, que nas primeiras páginas era verde e insegura, o que me impediu de gostar logo à partida deste livro. Só que, à medida que a leitura foi avançando, comecei a gostar mais e mais das personagens, do mundo fabuloso que o autor criou, de uma infinidade de pequenas coisas que tornaram a leitura exigente, mas prazerosa.
O que mais gostei neste livro foi sem dúvida a ambiguidade Bem vs Mal. Logo no início percebemos que existem duas facções de Seres Diferentes (pessoas com poderes, capazes de entrar na Penumbra e de viver virtualmente para sempre), mas o que me atraíu foi o facto de o lado do Bem não ser totalmente desprovido de culpa e de, por vezes, parecer mais cruel e sem escrúpulos que o próprio Mal. Posso até dizer que, se tivesse de escolher, possivelmente ia para o lado do Mal, já que o Bem se rege por mentiras e dissmulações.
Adorei as jogadas inteligentes do autor e especialmente as muitas dúvidas que assolam o Anton, que é umas das personagens mais interessantes que já tive oportunidade de ler. A verdade é que ainda não sei se amo ou odeio o Anton. Não consigo justificar muito do que ele faz e pensa, mas ao mesmo tempo consigo entendê-lo e até apoiá-lo. O autor fez um excelente trabalho na personagem dele e nas restantes, que conseguem ser muito bem desenvolvidas e intrigantes.
Uma personagem que que não gostei foi a Svetlana, especialmente durante a terceira estória. Aliás, o relacionamento entre o Anton e a Svetlana não me soou a amor verdadeiro, mesmo depois de tudo o que ele fez por ela (a culpa é dos dois). Diria mesmo que o romance do Guesser e da Olga foi o mais verdadeiro do livro, embora tenha sido pouco desenvolvido.

Noutra nota, há ali no meio um capítulo que fez rebolar a rir. Ri-me tanto que as pessoas que estavam comigo no café ficaram a olhar-me como se eu fosse meia doida. Depois, mais tarde, percebi que aqueles momentos mais relaxantes, augoravam algo de muito mau para o Anton (que foi o centro das situações caricatas: uma envolvendo champanhe e o chefe nu, outra envolvendo uma troca de corpos e o conhecimento dos homens sobre o uso de pensos higiénicos. XD )

É difícil dar uma classificação a este livro, pois deixou-me com sentimentos mistos, no entanto posso dizer que o autor criou um mundo soberbo, dando também a conhecer um pouco da Rússia e dos seus costumes. Com personagens únicas e que marcam, deu voltas e reviravoltas que me surpreenderam uma e outra vez (algo que eu tenho dificuldade em encontrar, recentemente), deu-me que pensar e fez-me amar, odiar e sonhar. Um excelente livro de Fantasia Urbana, que nunca se torna simples nem monótono. Só tenho pena de não ter conseguido desfrutar dele tanto quanto sei que poderia ter feito.

Tradução de Natália Vakhmistrova
Capa de Ana Espadinha



Nota: Será que alguém me pode explicar porqué é que o nome do autor está Serguei (português) e Sergei (inglês), quando o original é Sergey (como comprovado no site do autor)? Qual foi a ideia? Eu muito gosto quando "traduzem" os nomes dos autores ...
Outra coisa ... mas será possível justificarem preços destes? 20€ por livro? Assim nunca mais vou poder ler a sequela (se calhar o remédio é mesmo ler em inglês). E já agora, quando pretendem editar o quarto livro (Last Watch)? É que já lá vão 2 anos desde "Os guardiães do Crepúsculo".

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lista de desejos - Especial

Seguindo as passadas da Book Chick City, decidi colocar aqui a minha lista de desejos, especial para o dia de hoje, S. Valentim (Dia dos namorados).
Assim sendo, são só romances, mais ou menos amorosos, mais ou menos picante.
Tenho muitos mais na minha lista de desejos, mas quis fazer esta lista sem incluir os romances paranormais, proque aí então a lista não acabava nunca, embora tenha incluido alguns com fantasia (poucos).
Aqui fica então:

"A Mecanica do Coração", de Mathias Malzieu
"Amor em minúsculas", de Francesc Miralles
"As coisas que nunca dissemos", de Marc Levi
"As vinhas da ilusão", de Benedetta Cibrario
"Chocolate", de Joanne Harris
"Ghosts And Roses", de Kelley St John
"Ice", de Sarah Beth Durst
"Ladyhawke", de Joan D. Vinge
"More Than Love Letters", de Rosy Thornton
"Nunca te perdi", de Linda Howard
"O dia que faltava", de Fabio Volo
"The Actor and the Housewife", de Shannon Hale
"Vai Aonde Te Leva o Coração", de Susanna Tamaro
"Vai valer a pena", de Joaquim Quintino Aires

Confesso que não sou grande adepta de romances que não incluam fantasia ou o paranormal. Simplesmente não me cativam, mas há excepções, como em tudo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Em Chamas

"Em Chamas (Os Jogos da Fome 2)" de Suzanne Collins (Editorial Presença)

Sinopse (tradução livre):
Contrariando todas as probabilidades, Katniss Everdreen ganhou os Jogos anuais da Fome, juntamente com o companheiro do seu distrito, Peeta Mallack. Mas esta foi uma vitória ganha desafiando a autoridade e regras da Capitol. Katniss e Peeta deviam estar felizes. Afinal de contas eles ganharam, para si mesmos e para as suas famílias, uma vida cheia de conforto e segurança. mas há rumores de rebelião entre o povo, e a Katniss e o Peeta, para terror de ambos, são o rosto da rebelião. A Captitol está furiosa. A Capitol quer vingança.


Opinião: 
Depois de ler o primeiro livro  fiquei com muita vontade de ler a sequela, por isso inquiri a Editorial Presença, para ter uma estimativa do tempo que teria de esperar até ler o resto. Eles responderam-me prontamente, mas a resposta não foi a que eu esperava. A verdade é que não têm previsões da data de publicação e como eu tenho pouca paciência para esperar por algo que não sei se sai este ano ou no próximo (ou nunca), avancei para  leitura em inglês.
Demorei algum tempo a ler o livro, mas não foi por falta de vontade, e sim por falta de tempo. Assim como o primeiro, este livro leu-se muito bem e nem dava pelo tempo a passar. Muito envolvente!
Algo que notei logo no início foi que a autora usou, mais ou menos, a mesma fórmula e estrutura do primeiro volume, o que criou um reconhecimento imediato e uma familiaridade aconchegante, mas também foi aí que o livro pecou um pouco (só um pouquinho). No início tinha tudo o que o primeiro tinha, o que significa que se gostei do primeiro, iria indubiltalvemente gostar deste, mas ao não ter nada de verdadeiramente novo (estou a falar em termos estruturais) ficou o sentimento de que faltava algo e isso fez com que este livro não fosse tão intenso como o seu antecessor.
Não posso dizer que não estivesse à espera da maioria dos acontecimentos e reviravoltas do livro, mas eu dificilmente sou surpreendida (não brinco!), e isso não me impediu de adorar as reacções das personagens a cada novo desafio.
Outra coisa que reparei foi o quão fraco o Peeta é. Está bem que ele é fofo e muito esperto (aquela jogada na entrevista, em que ele mentiu e deixou, tanto audiência como adversários, a simpatizarem com a Katniss, foi de génio), mas não deixa de ser um empecilho na arena. É que ele não fez nada de jeito! E a Katniss não foi muito melhor,. Queria tanto protegê-lo, mas nunca conseguia e eram sempre os outros aliados que faziam de heróis.

Mas, claro, que chegada ao fim, e com um cliffhanger daqueles, eu fiquei de boca aberta. Não é que não estivesse à espera, porque já adivinha um desfecho semelhante, mas houveram factos que me surpreenderam. Louvos à autora que não tem medo de magoar as personagens principais. às vezes é bom ver um final menos feliz, embora com muita esperança envolvida pelo meio, ou não estivesse a sequela prestes a sair.

Em suma, foi uma excelente sequela, que ao princípio pareceu ter falta de algo verdadeiramente inovador, mas que depois mostrou ter tudo para ser tão boa ou melhor que o seu antecessor. Com um final surpreendente (ainda assim) e novas personagens que aprendemos a adorar, já para não falar no excelente desenvolvimento das personagens que já conhecíamos do livro anterior, e especialmente das potencialidades do triângulo amoroso que fica mais interessante a cada capítulo. Também gostei do facto de se desenvolver muito mais a rebelião, algo que faltou no primeiro livro. E claro, ainda mais que o primeiro livro da saga, este deixa um sabor a pouco e o desejo de que o terceiro e último livro saía mais depressa, para não ter de especular tanto e esperar em agonia.
Recomendadíssimo!


E por falar no terceiro livro: Quando estava mesmo a chegar ao fim desta leitura, surgiu na web a capa para o último livro da saga, intitulado Mockingjay, a sair a 24 de Agosto deste ano (em inglês).
Olhem-me bem para esta capa linda, e que já está aberta a várias interpretações. Eu concordo maioritariamente com tudo o que diz o My favourite author. Mal posso esperar para ler o encerramento da saga. (claro que vou a correr ler em inglês)

Capa (Ilustração) de Tim O'Brien


Nota: Este é o terceiro livro que vou submeter como sendo para o Desafio Thriller & Suspense, já que se insere no género.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Compras 10

Hoje passei pelo quisque e abasteci-me da dose semanal de livros:
- Rapariga com Brinco de Pérola, de Tracy Chevalier (Revista Sábado)
- A Origem das Espécies, de Charles Darwin (Jornal Público)
- Parábola do Cágado Velho, de Pepetela (Revista Visão)

Amanhã, quase com toda a certeza, que vou terminar um livro e a opinião virá logo a seguir. Já não era sem tempo!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

::Filme:: Inkheart - Coração de tinta

Baseado no livro de Cornelia Funke, com o mesmo nome, "Inkheart - Coração de tinta" estreou em 2008.
Tive hoje a oportunidade de o ver e embora não tivesse grandes expectativas, posso dizer que o filme não desapontou.
Acima de tudo os actores foram muito bem escolhidos e todos estavam excelentes nos seus papéis. As paisagens eram lindas, todo o ambiente do filme estava bem conseguido, e a história era interessante, embora não chegasse a ser tão cativante como seria de supor. Uma pena que o drama central - um homem que procura pela mulher desaparecida - não tenha conseguido trazer-me verdadeiras lágrimas aos olhos.
Em suma, é um filme que não aborrece e que entretêm muito bem, mas que não se sobressaí dos demais, o que é uma pena, porque tinha tudo para ser mais do que foi.
Se chegarem a adaptar a sequela, vou vê-la com certeza.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Compras 09 & Ofertas 02

Esta semana recebi no correio a antologia "Imaginários, vol. 2", oferta do Jorge Candeias, que fez dois passatempos para oferecer esta publicação. Uma coisa achei muito engraçada: é que tinha a ideia que esta seria uma publicação grande e grossa, mas no fim o livrinho é bem pequenino e fininho. Não consegui evitar rir-me quando o vi. É fofo!
Depois foram as colecções das revistas "Sábado" e "Visão":
- "O físico" de Noah Gordon;
- "A varanda do Frangipani" de Mia Couto
De notar que as capas da nova colecção da revista "Visão" são muito lindas.

E esta semana foi tudo. A partir de agora só farei um post por semana sobre as compras, para não encher tanto o site com isso (já que este é um site de opinião e não de compras), e é só por agora enquanto há estas colecções semanais, pois assim que deixarem de sair vou fazer apenas um post mensal, já que tenho de entrar em contingência.

Não sei se esta semana vou conseguir terminar algum dos livros que estou a ler, pois tenho tido muito pouco tempo para a leitura, já que estou a dedicar quase todo o meu tempo livre à escrita e revisão do meu livro (podem saber mais AQUI). Desculpem esta demora e a falta de actividade. Talvez no fim de semana veja mais um ou dois filmes relacionados com livros, e aí colocarei as opiniões.

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