Opinião:
Eu tentei, mas tentei com todas as minhas forças, gostar deste livro, só que não havia salvação, estava condenado ao falhanço total e eu dei por mim a adiar a leitura, tantas vezes que acabei por ter de abandoná-la e dar-me por vencida.
A escrita continua igualmente bonita, mas as personagens, que no primeiro livro se tinham mostrado irritantes, tornam-se neste livro, absolutamente insuportáveis. Se fosse só a Giselle, que já tinha a mania desde o início, ainda aguentava, mas a Ruby começou a ter uns procedimentos, que me deixavam a arrancar cabelos.
Nada neste livro se sobressai, tudo vai do medíocre ao muito mau e as novas personagens são odiáveis, quando deveria era ter pena delas. Mas o pior de tudo são mesmo os temas. Voltamos ao incesto, mas pior, agora temos relacionamentos entre mãe e filho, o que é ainda mais horripilante, mas tão mal explorado que se torna apenas um catalisador para odiarmos a vítima (o que é mau).
Depois temos também o drama. Digo DRAMA! É drama a mais. Tudo acontece à Ruby, o mundo está todo contra ela. Meu Deus, ela é uma vítima em tudo. É demasiado DRAMA! Não dá para aguentar. Juro!
Sinceramente, este livro foi uma total decepção. Talvez mais tarde decida terminar a leitura, mas por agora, não tenho estômago para tanto melodrama. Não há paciência!
Nota: Esta opinião baseia-se numa leitura até à página 213 (quase 2/3 do livro).
"Restoration of Faith (Dresden Files 0)" de Jim Butcher (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
Harry é contratado para encontrar uma menina de dez anos que fugiu de casa, mas nem tudo é o que parece.
Opinião:
Esta pequena história é uma excelente introdução ao mundo de Dresden Files. Embora eu ainda não tenho começado a ler a saga, em poucas páginas, o autor conseguiu caracterizar a personagem principal, o mundo e até as personagens secundárias, dando-lhes vida própria, algo que é muito raro se ler num pequeno conto.
Adorei o Harry, com o seu sentido de justiça, o Nick, que apesar de aparecer pouco, já mostrou ser adorável, e a pequena Faith, tão nova e tão sofrida. Já para não falar de todo o ambiente que é descrito e que nos faz sentir como se estivéssemos em Chicago.
Foi uma excelente leitura, que me deixou ansiosa por começar a ler o primeiro número da saga (em Janeiro). Se os livros forem tão bons ou melhores que o conto, então vou tornar-me fã, com certeza.
O Romance Gracinha, decidiu lançar um desafio para 2010. Este consiste em escolher um livro para ler em cada mês do ano, subjogado a um tema pré-definido. Aqui fica a minha lista então:
JANEIRO: Romance de banca (tipo Harlequin, Sabrina, etc.)
Principal: “Uma última noite”, de Nora Roberts (OPINIÃO) Reserva: “Hot Ice”, de Nora Roberts
FEVEREIRO: Contos de fada (livros baseados)
Principal: “Neverwhere – A terra do nada” de Neil Gaiman (OPINIÃO) Reserva: “Fortune’s Folly”, de Deva Fagan
MARÇO: Clássico (Universal) Principal: “A volta ao mundo em 80 dias”, de Jules Verne
Reserva: “Lolita” de Vladimir Nabokov (OPINIÃO)
ABRIL: Autor(a) Latino-Americano(a)
Principal: “A casa dos espíritos”, de Isabel Allende (OPINIÃO) Reserva: “Crónica de uma morte anunciada”, de Gabriel García Márquez
MAIO: Chick-Lit
Principal: “Good in bed”, de Jennifer Weiner (OPINIÃO) Reserva: “Undead and unwed”, de Mary Janice Davidson
JUNHO: Autora Brasileira
Principal: “Ciranda de pedra”, de Lygia Fagundes Telles (OPINIÃO) Reserva: “A obscena senhora D” de Hilda Hilst
JULHO: Adaptado ao cinema
Principal: “O leitor”, de Bernhard Schlink (OPINIÃO) Reserva: “Eu sou a lenda”, de Richard Matheson
AGOSTO: Romance Policial
Principal: “Os homens que odeiam as mulheres”, de Stieg Larsson (OPINIÃO) Reserva: “As dez figuras negras”, de Agatha Christie
SETEMBRO: Romance histórico
Principal: “Meridiano de sangue”, de Cormac McCarthy (OPINIÃO) Reserva: “O romance de Genji 1″, de Murasaki Shikibu
OUTUBRO: Lição de vida Principal: “Uma questão pessoal”, de Kenaburo Öe
Reserva: “Por treze razões” de Jay Asher (OPINIÃO)
NOVEMBRO: Autor(a) Português(a)
Principal: “Sr. Bentley, o enraba-passarinhos”, de Ágata Ramos Simões (OPINIÃO) Reserva: “A última feiticeira”, de Sandra Carvalho
DEZEMBRO: “Coração” (palavra incluída no título) Principal: “Inkheart – Coração de tinta”, de Cornelia Funke
Reserva: “A mecânica do coração”, de Mathias Malzieu (OPINIÃO)
“Vampire Academy″ de Richelle Mead, publicado em Portugal como “Academia de vampiros (1)″, pelas Edições Contraponto Recomendado pela Babs.
Sinopse:
Lissa Dragomir é uma princesa Moroi - um vampiro mortal com um laço inquebrável com a magia da Terra - e deve por isso ser protegida dos Strigoi, os vampiros mais ferozes e mais perigosos - os que nunca morrem. Rose Hathaway, a melhor amiga de Lissa, é uma Dhampir - nas suas veias corre uma poderosa mistura de sangue de ser humano e de vampiro. Rose tem como missão proteger Lissa dos Strigoi, que tentam por todos os meios tornar Lissa uma deles.
Após dois anos de uma liberdade proibida, Rose e Lissa são apanhadas e arrastadas de volta à Academia São Vladimir, escondida nas profundezas da floresta de Montana. Aí, Rose deverá continuar a sua educação de Dhampi, enquanto Lissa será educada para se tornar a rainha da elite Moroi. E ambas voltam a quebrar corações na Academia. No entanto, é dentro dos portões de ferro de São Vladimir que a segurança de Lissa e Rose está mais ameaçada. Os horríveis e sanguinários rituais dos Moroi, a sua natureza oculta e o seu fascínio pela noite criam um enigmático mundo repleto de complexidades sociais. Rose e Lissa vêem-se forçadas a deslizar por este perigoso mundo, resistindo à tentação de romances proibidos e nunca baixando a guarda, ou os Strigoi farão de Lissa um deles para a eternidade...
Opinião:
Rapidamente dei por mim a gostar da história, porque as personagens, embora jovens, tinham personalidade, e, sendo irritantes, eram também muito verdadeiras.
Algo que me interessou muito neste livro, durante toda a leitura, foi o foco na amizade das duas raparigas, que embora pudesse ter caído na mediocridade, acabou sendo muito refrescante, em comparação com os vários romances que iam surgindo, e que, diga-se, não foram assim tão maus (o Dimitri, o Christian = Ai, ai … Que dois pedaços de mau caminho).
Custou-me a habituar à hierarqui da história, e aliás, ainda não estou habituada. Não gosto do sexismo ou do facto de uma raça ter de se sacrificar em prole da outra. Tudo isso me parece estremamente estúpido, mas não menos imaginativo. Toda a comunidade “vampírica” está bem estruturada e pensada, só que eu não consigo concordar com ela, mas isso já é uma questão de opinião pessoal, e nada que impessa que desfrute do mundo criado por Richelle Mead.
Gostei: das personagens principais, que eram verdadeiras, embora cheias de falhas; da história, que era simples, directa e não andava com muitos floreados; do mito vampírico, que foi bem exposto; do facto de haver uma razão por trás de tudo e até mesmo os actos vis serem explicados de forma a que não pareçam improvisados, mas sim pensados e premeditados.
Não gostei: da falta de desenvolvimento das restantes personagens, especialmente os vilões que não foram suficientemente bem expostos, e consequentemente, não tiveram o impacto que seria desejável; da Rose, em certas situações, que se tornava absolutamente insuportável e convencida (mas isso também é bom, no sentido em que não faz dela uma protagonista demasiado perfeita para ser “real”); das conversas iniciais moda e etc. e tal, coisas mesquinhas que a mim não me dizem nada, mas a que os jovens dão tanta importância.
Em suma, foi uma boa leitura, com uma escrita interessantes, diálogos realistas, cenários bem estruturados e personagens independentes. Recomendo a quem queira um livro juvenil sobre vampiros, que não seja um desapontamento total. É uma boa leitura dentro do género, sem grandes aparatos, mas que compensa.
Só tenho a dizer, que este livro funcionaria na perfeição como um stand-alone, e tenho a impressão que essa foi a ideia inicial da autora (ao menos é o que dá a entender) e, embora tenha pretensões de ler o volume seguinte, não vou já partir para a leitura, pois realmente não incita à continuação, embora haja espaço para tal.
"Na sombra da noite (Irmandade da Adaga Negra 1), de J.R. Ward (Casa das Letras)
Sinopse:
Nas sombras da noite da cidade de Caldwell, em Nova Iorque, trava-se uma guerra territorial entre vampiros e seus caçadores. Ali existe um bando secreto de irmãos sem igual - seis guerreiros vampiros, defensores da sua raça. Mas nenhum deseja mais a morte dos seus inimigos que Wrath, o chefe da Irmandade da Adaga Negra.
Único vampiro de puro-sangue que resta no mundo, Wrath tem contas a ajustar com os matadores que lhe levaram os pais, séculos atrás. Mas quando um dos seus mais estimados combatentes é assassinado - deixando órfã uma filha meio-sangue desconhecedora da sua herança e do seu destino - Wrath tem de tratar do acolhimento da bela fêmea no mundo dos não-mortos.
Transformada por uma inquietude no seu corpo que não conhecia, Beth Randall não tem defesas contra o homem perigosamente excitante que vem visitá-la durante a noite, com os olhos encobertos. As suas histórias de irmandade e sangue assustam-na. Mas o seu toque acende uma fonte crescente que ameaça consumir ambos.
Opinião:
Já devem ter reparado que ando numa temporada de romances paranormais e/ou fantasia urbana, que parece querer continuar por uns tempo, por isso aguentem comigo, ok?
Desta vez decidi apostar numa outra autora da qual já me tinham falado e sobre a qual tinha alguma curiosidade. J.R. Ward.
Este livro é o primeiro de uma série sobre os guerreiros da Irmandade da Adaga Negra. Cada livro é dedicada a um destes irmãos vampiros, que dedicam as suas vidas a combater os lessers e a defender a sua raça.
O livro começa de uma forma interessante e consegue cativar, tanto pela escrita, que é simples mas não em demasia, como pela própria história e todas as personagens que vamos conhecendo ao longo do livro.
É escusado dizer que isto está carreguadinho de erotismo, porque basta olhar para a capa e bem, acreditem que está bem servido, sem chegar a ser estranhamente abundante e despropositado. Nesse aspecto é mais moderado, ou antes certeiro, no que expõe (em relação a alguns que tenho lido ultimamente).
Uma das coisas que, ao princípio, me irritou bastante, foi a constante utilização de siglas tipo SOB, SOP, FUBAR, BVD. Eu percebo muito de inglês mas até ficava confusa e cheguei mesmo a ficar irada quando numa página usaram três diferentes. Mas, felizmente, a partir daí deixaram de usar completamente estes termos e eu pude respirar de alívio. Tipo, será que eles dizem mesmo SOB em vez de Son Of a Bitch? É quase o mesmo que dizer LOL, e isso não é nada “kwell“. Se é que me entendem?
Confesso que uma das coisas que mais gostei no livro, foi o mito dos vampiros e dos seus inimigos, os lessers. Toda a história está bem explicada, é extremamente original e convence. Adorei todos os pequenos pormenores sobre os vampiros, as lellans, os hellans, os lesseres, os próprios vampiros, que não são todos fortes ou invencíveis, que têm imensas fraquesas e que estão perto da extinção. Está tudo muito bem criado, e mesmo sem ler o glossário, consegue-se saber todos os pormenores deste mundo.
O ritual do casamento foi bem intenso, interessante, mas algo sádico. Arrepiei-me toda.
As personagens foram surpreendentes, e, se ao princípio achava tanto a Beth como o Wrath, dois insípidos, ao longo da narrativa o amor deles foi crescendo e crescendo, até que nem eu (que sou muito céptica nestas coisas), consegui negar o que os unia. Mas eles, ainda assim, foram das personagens menos interessantes, pois a autora consegue dar vida própria a cada um, mesmo os mais insignificantes, ficando-nos na memória cada personagem, cada gesto, cada tique.
Em suma, gostei muito, mas custou-me um pouco a entranhar na história. Se bem que assim que passei do meio, já não consegui largar até terminar. Excelente construção da história, desenvolvimento narrativo e personagens interessantes, que me deixam com vontade de ler os restantes livros.
Algumas partes que eu gostei:
“Of course you did,” she said gently. “You wanted to live.”
“No,” he shot back. “I was afraid of dying”
E outra que me fez rir:
But come on, could you actually imagine some lethal bloodsucker named Howard? Eugene?
Oh, no, Wallie, please don’t bite my—
Holy Christ, he was totally losing it.
“Marcada (Casa da Noite #1)” de P.C. Cast e Kristin Cast (Saída de Emergência)
Só li as primeiras 20 páginas, mas deu para perceber que não gosto. Nada mesmo!
A escrita é enfadonha, o diálogo, que tenta ser juvenil, soa falso, forçado e monótono. Do tipo: qual é a jovem, de hoje em dia, que trata quem quer que seja por “você”? Especialmente quando a pessoa em questão é um rapaz com quem ela curte à mais de um ano. Não faz sentido!
A personagem principal não é interessante e está rodeada de gente ainda menos interessante.
A acção acontece no compasso errado, sem genica, sem um “quê” de interesse e adrenalina.
Não gostei e não pretendo ler o resto.
Sinopse:
Quem disse que as raparigas não conseguiam ser sensuais e fortes ao mesmo tempo?
Noemi é fã de cinema e séries de acção e aventura. Mas nunca imaginou que ela própria faria o papel de uma dessas personagens que de um momento para o outro vêem a sua vida normal dá uma volta de 180 graus. De uma forma pouco ortodoxa, descobre que é um Anjo, uma Guerreira ancestral renascida e que, numa dimensão paralela à da Terra, existe um mundo mágico regido por uma Deusa – Orbias.
Mas Noemi não terá apenas de lidar com os seus novos poderes e responsabilidades. Terá também de se confrontar com os perigos e emoções aos quais não estava habituada, especialmente um sentimento em relação a Sebastian, um orbiano sedutor… Conseguirá ela superar a sua fragilidade e conflitos interiores para salvar os dois mundos da destruição?
Opinião:
A narrativa começa de forma interessante e no compasso certo. Ao princípio, achei que a Noemi era (estranhamente) parecida comigo, uma ideia que se foi dissipando rapidamente. Começamos com duas raparigas a serem atacadas, praticamente em simultâneo, por duas figuras misteriosas. No meio desse ataque, elas transformam-se, uma em Anjo e outra em Sereia, e é isto que dá início às aventuras das guerreiras. E os problemas começam aqui. As lutas parecem estranhas e pouco “urgentes” e depois de ouvirem as explicações sobre “Orbias”, elas aceitam tudo demasiado bem, demasiado depresa. As dúvidas que têm, dissipam-se demasiado rápido e isso pareceu-me falso, especialmente tendo em conta que nenhuma das duas é especialmente corajosa.
E já agora, não é coincidência a mais que, num mundo tão vasto como o nosso, e de entre 6+4 pessoas especiais 3 delas estejam na mesma cidade? Já sem falar da Riddel e do Richart, que segundo me parece também estavam na mesma cidade. Isso significaria que, dos 10, 5 estavam na mesma cidade que a sede dos inimigos. Ah! E já me esquecia da Eva. Já lá vão 6. Muita coincidência. Isto em contraste com as viagens que elas fizeram em Orbias para descobrir os restantes, parece demasiada coincidência.
Outra das coisas que me deixou algo “irritada” foi o facto de os humanos, na lenda, serem descritos como vis, levados pela ganância, enquanto os orbianos eram bons, puros e só queriam “paz”. Não acredito nesse tipo de divisões e ainda bem que no resto do livro vemos que ambos povos são ganânciosos.
Pontos fortes do livro:
- As descrições de “Orbias” e mesmo da Terra. Quase que conseguimos ver o cenário, as paisagens, as pessoas.
- As personagens secundárias, que as guerreiras encontram nas suas viagens. A Marzanna, a Senhora do Tempo, a Imperatriz dos mares, essas personagens acabam por ficar na memória, mas é estranho que pareçam mais interessantes que as principais.
- Os trocadilhos, os jogos mentais e as reviravoltas que vão ocurrendo são bem aproveitados, especialmente o facto de nunca sabermos ao certo quem são os inimigos e os aliados. Também gostei da ideia da “caixa de ferro”, que foi muito bem aproveitada.
- Toda a invenção do mundo Orbiano, do Deus e da Deusa, da magia e das lendas, foi bem aproveitada e bem exposta aos leitores.
A escrita das primeiras 100 páginas foi mais juvenil, mas a partir daí amadureceu e tornou-se bastante agradável, só que no final do livro, voltou a ficar pior que no início. Sem genica, sem suspense, sem nada que tornasse a batalha final especialmente memorável. Poderia ter sido um momento alto, mas acabou por ser apenas normal.
Gostei muito do “pós-guerra”, que é como quem diz, gostei da forma como amarraram as pontas da história e como a Noemi reagiu. Sofreu, e isso viu-se, mas soube erguer a cabeça e seguir em frente, algo de louvar na personagem dela, que evoluiu bastante ao longo da narrativa.
E depois vieram aquelas últimas páginas.
Sinceramente, acho que eram totalmente desnecessárias.
Parece que só lá estão, para atiçar a curiosidade quanto ao próximo volume, mas a ideia que me dá é que, o autor escreveu isto como um livro único, e depois chegou ao fim, com tudo prontinho, e alguém lhe disse “Faz uma sequela” e ele, de forma a arranjar forma de justificar outro livro, escreveu aquele capítulo, que é surpreende, verdade!, mas que parece falso e totalmente desnecessário.
Na minha humilde opinião, este livro funcionaria perfeitamente sozinho, e embora até goste da nova Noemi (tenho umas boas teorias sobre o que se passou, mas não vou revelar) ela não está ali a fazer nada.
Em suma, gostei da história, do mundo, das crenças, do uso inteligente de “personalidades” portuguesas na história (muito subtil), das personagens, que agiam todas de forma infantil (não posso olhar para elas como adultas), das reviravoltas narrativas e da escrita (na maioria do tempo), mas, não gostei do facto de as personagens, supostamente adultas, serem imaturas; das lutas que, na sua maioria, não tem adrenalina, dos relacionamentos amorosos que pareceram algo forçados (embora no final já estivessem mais coesos), e do final, que era desnecessário.
É uma leitura interessante e compulsiva, mas que peca por falta de maturidade, tanto nas personagens, como nos relacionamentos. Nem os vilões se salvaram.
Noutro ponto, só depois de ler as primeiras 100 páginas é que percebi quão certeiro está o book trailer do livro. Excelente interpretação!
“Wicked Pleasure (Bound Hearts 9)” de Lora Leigh (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
Jaci Wright fugiu dos gémeos Falladay, Chase e Cam, durante sete anos. O medo e desejo que eles provocavam nela, a comprêensão sobre o tipo de relacionamento que queriam, levaram-na a fugir, sempre em viagem pelo globo.
Mas agora Jaci está na mansão dos Sinclair, com o Chase e Cam, e eles estão cansados de esperar.
Opinião:
Bem, começo por dizer que a capa não podia estar mais perfeita. Tem tudo a ver com uma cena bem específica do livro. Boa escolha! *HOT*
Este livro dá exactamente o que promete. Cenas escaldantes do principio ao fim, e mais não podia pedir … e ainda bem. Não fui com grandes expectativas, embora lá no fundo tivesse uma esperança de que este livro, do qual já tinha ouvido falar um pouco, fosse algo mais que simples romance erótico, mas no fim de contas pouco mais trouxe.
Não vou ser injusta. Existe uma história, bastante interessante e até controversa, com muito drama, que até é explorada de forma inteligente, mas, o interesse termina aí. Todos os segredos são facilmente adivinhados, antes de realmente serem revelados, o twist final não foi bem jogado e pareceu muito forçado. Arriscaria até dizer que só lá estava para plantar a semente da curiosidade quanto ao livro sobre o Chase, o irmão gémeo do Cam. Mas essa é só a minha opinião.
Uma coisa é certa, e volto a repetir, as cenas são muito sexys e bem descritas, mas algumas acontecem em má altura. Quase me faz lembrar o “Halfway to the grave“, cujas melhores cenas aconteciam depois de uma qualquer morte. Aqui não é depois de mortes mas é depois de discussões acessas e em momentos despropositados. Mas não são todas. Algumas estão bem colocadas e fazem sentido, só que depois há aquelas que eu não entendo muito bem o que ali estão a fazer.
Em suma, este é um livro que se lê bem, se o que se quer é um romance picante, com um pouco de drama à mistura e com os níveis de testosterona em alta (coisa que eu não gosto, digo já). Não inova, mas também não aborrece (em momento algum, isso é certo). Acaba até por trazer as lágrimas aos olhos nos momentos mais fortes, o que é sempre um bónus.
Nota.: Embora este seja o 9º livro da saga “Bound Hearts“, pode ser lido de forma independente e sem qualquer tipo de conhecimento das obras que o antecederam. Afinal, foi o que fiz e não senti a falta dos anteriores, porque são todos autónomos, embora se desenrolem à volta do Clube.
“O banqueiro anarquista” de Fernando Pessoa (Guimarães Editores)
O “Jornal I” está a publicar uma colecção de obras de Fernando Pessoa, autor Português que, infelizmente, ainda não tinha lido. Como esta foi a primeira obra a que tive acesso, decidi que era um sítio tão bom para começar como qualquer outro.
“O banqueiro anarquista” é um conto do autor português, que se resume basicamente ao monólogo de uma banqueiro que se diz anarquista e que tenta explicar como é um anarquista férreo, que pratica ao invés de se manter na teoria, como os outros fazem (segundo o próprio banqueiro).
O que se segue é um longo e repetitivo diálogo unilateral deste senhor que, por via de lógica e razão, chegou à sua presente situação de banqueiro rico, que se diz anarquista. Se o é ou não, deixo ao critério de cada um.
O conto, embora repetitivo, tem como ponto forte o facto de, mesmo nunca nos sendo descritos quais os gestos do senhor, através dos diálogos conseguirmos “visualizar” este personagem tão peculiar. E, mesmo repetitivo, não se torna nunca chato.
Em suma, é uma boa obra, que não aborrece, mas que também não chega a deslumbrar. Ainda assim deixa-me curiosa de voltar a ler este grande escritor português e sem dúvida que voltarei a fazê-lo.
“No Plot? No Problem!” de Chris Baty (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
O livro oficial do NaNoWriMo, com dicas de como se preparar para o mês de escrita, e como sobreviver à aventura.
Opinião:
Com o NaNoWriMo aí à porta, decidi mandar vir o livro oficial do evento, por mera curiosidade.
Fiz um bocado de batota a ler o livro porque, supostamente, os últimos cinco capítulos deveriam ser lidos durante o NaNoWriMo. Mas eu, como gosto de ler tudo seguido, e afinal também já tinha participado no ano anterior, não achei que houvesse mal em “ignorar” esse aviso e ler tudo de uma vez. E assim fiz.
Este livro não é bem um livro sobre como escrever, mas mais um livro sobre como se preparar e “sobreviver” para o mês de Novembro (para os que se aventuram nestas andanças).
Tem uma escrita divertida, descontraída, mas não banal, por isso foi fácil seguir a leitura e ri-me várias vezes com as sugestões e descrições de situações que o autor lá mencionava. E para mim, este foi o ponto forte do livro, e vou já passar a explicar porque os outros pontos não foram fortes para mim. É que eu, contrariamente a muitos outros que participam no NaNoWriMo (e participam muito bem), não entro nisto sem um plano. Eu vou com uma ideia definida e não escrevo só por escrever. Tudo o que eu escrevo durante Novembro, escrevo com convicção e de cabeça fria.
Este livro foi mais direccionado para àquelas pessoas que entram em Novembro, quase sem saberem muito bem sobre o que vão escrever e que quando não têm “ideias frescas” escrevem coisas um pouco como “enchente” para acumular as 50 00 palavras.
Não me interpretem mal! Não acho que esse método tenha menos valor que o meu, mas como não me integro nesse contexto, senti que o livro não se apropriava muito a mim.
Ainda assim, li umas coisas muito interessantes, ri-me bastante (inclusive quando estava na biblioteca e algumas pessoas devem ter pensado que eu tinha uma panca qualquer) e achei o livro interessante, especialmente os “jogos” interactivos que o Chris Baty inseriu por lá e os testemunhos de outros participantes.
Por estas razões a minha avaliação final do livro é boa, mas não muito boa porque acho que o livro tem um público alvo muito limitado, o que é compreensível, mas ainda assim o faz descer na minha qualificação.
Numa nota um pouco negativa está o facto de algumas coisas estarem um pouco datadas, já que este livro foi escrito há mais de cinco anos. Mas não são muitas as situações (duas ou três) e não incomoda nada à leitura e divertimento que este livro traz.
“Prazeres Inconfessos (Anita Blake, Vampire Hunter 01)” de Laurell K. Hamilton (lançamento a 29 de Junho de 2011, pelas Edições Gailivro)
Sinopse:
Anita Blake pode ser pequena e jovem, mas os vampiros tratam-na por Executioner. Ela é uma Necromancer (ressuscita zombies) e caça-vampiros, numa era em que os vampiros são protegidos pela lei, desde que de comportem. Agora alguém anda a matar vampiros inocentes e a Anita concorda - com alguma persuasão - a ajudar a descobrir quem o fez e porquê. - tradução livre, por mim -
Opinião:
Com todo o vampirismo que por aí anda, achei por bem alargar os meus horizontes no género literário em questão. Mas das duas uma, ou eu tenho gostos muito diferentes dos outros, ou então estou à procura no sítio errado.
“Twilight” foi um decepção total. “Night Huntress” continua assim-assim, não cansa mas também não dá o seu melhor, e agora “Anita Blake” é uma chacha (na minha humilde opinião). Vou mas é virar-me para os clássicos e ver se fico mais satisfeita (se calhar devia ter começado por aí, mas eu sou assim …)
E agora vamos à minha opinião sobre a primeira metade (que significa que é uma opinião parcial) do livro em questão … Anita Blake 1.
Começo por dizer que as descrições das personagens são demasiado exaustivas e consequentemente cansativas. Em contrapartida as descrições dos locais são vagas e nem se dá por elas, o que não é mau de todo porque ficamos com uma imagem dos locais, mas não ficamos a pensar no raio da roupa de cabedal, como acontece com as personagens, e que não serve qualquer tipo de propósito. Ah … esperem … isto foi antes de chegar à parte do gabinete dos Animators, Inc. Aquela descrição foi a gota de água. CHATA! Que horror! Descreve tudo até ao mais ínfimo pormenor. Coisas sem importância. ARGH! STOP!
Já não posso mais com isto. Que me desculpem todos os que dizem que depois de se passar o primeiro livro as coisas melhoram, mas eu nem paciência tenho para passar do meio para a frente.
Outra coisa que me deixou muito frustrada foi a Anita, a personagem principal. Ela é uma medrosa que se esconde por detrás de uma máscara mal encarada, de mal com a vida e irritantemente desafiadora. Se eu fosse os vampiros também a queria degolada, só para não ter de a ouvir mais. Ela é insuportável e aos seus olhos todos são maus, mesmo os humanos. Alguém lhe dê um estalo.
Mas as restantes personagens também não são melhores. Todas são estereótipos chatos e sem vida. Os vampiros parecem todos saídos do filme Drácula. Vivem num mundo moderno mas vestem-se como uns antiquados e agem como uns medievais. Podia até ser giro, se não fosse tão irritantemente chato e repetitivo. Depois temos a cenas de sedução (sensuais), que muito sinceramente a mim não me dizem nada. Os humanos devem ser todos burros para acharem sexy um vampiro a atacar um humano no palco de um clube de striptease onde eles não tiram mais do que a parte de cima. E já agora … se a Anita é tão esperta e sabe tanto sobre os vampiros, porque é que ela foi estúpida o suficiente para, não só deixar a amiga entrar no clube de vampiros, como deixá-la lá sozinha como uma fanática de vampiros, sabendo de ante-mão que eles podiam “escravizá-la”? Se isto não é a decisão mais estúpida que eu já vi para fazer andar a história, então está lá muito perto.
Verdade, verdade é que tudo neste livro me irrita desde o primeiro capítulo. Não vi nada que me cativasse. As personagens são insípidas e irritantes. A acção é descoordenada e muito confusa (no mau sentido), a história parece não ter nexo quase nenhum (no mau sentido, uma vez mais) e a escrita não cativa. Em suma, tudo me levou a abandonar este livro antes de chegar a meio da narrativa, porque já estou cansada de perder tempo com livros que não me cativam.
Nota: Eu li a versão em Inglês (Guilty Pleasures).
“One foot in the grave (Night Huntress 2)” de Jeaniene Frost (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
Cat Crawfield, a meia-vampira, é a agora uma Agente Especial que trabalha para o governo, de forma a livrar o mundo da praga dos mortos-vivos. Ela ainda utilisa tudo o que o Bones - o seu sexy e perigoso ex - lhe ensinou, mas quando Cat fica coma cabeça a prémio, o único homem que a pode ajudar é aquele que ela abandonou.
Opinião:
Depois de ler o primeiro livro, e tendo lido várias críticas que diziam que a sequela era ainda melhor, lá fui eu ler o número dois da saga. E digamos que fiquei desapontada. Bem … desapontada não é bem o termo porque o livro é agradável a leitura é boa, mas não traz praticamente nada de novo e era isso que eu esperava deste livro.
Mas comecemos pelo princípio sim.
Quatro anos passaram desde que Cat e Bones foram separados e o livro começa de uma forma muito semelhante ao seu antecessor. Aliás, estes livros têm uma espécie de “estrutura” muito semelhante, o que não é de todo mau. Dá-nos uma sensação de continuidade e coerência que não chega a ser aborrecida e é até bem vinda. Logo nos primeiros capítulos, um dos “subordinados” da Cat morre, mas eu não senti nada com a morte dele, porque não o conhecíamos assim tão bem, e ao fim de uns tempos nem me lembrava de quem era. Em frente …
É mais ou menos neste momento que somos levados a pensar que o Bones traiu a Cat, mas convenhamos que depois do livro anterior, isso era muito difícil de crer e por isso o suspense perdeu-se.
A Cat envolve-se com um “humano” mas ela própria acha o relacionamento uma perda de tempo. Depois seguem-se uma série de coincidências que terminam no encontro entre Cat e Bones no casamento de amigos mútuos. É aqui que volta aquela velha “chama” da paixão entre ambos, e que, convenhamos, nunca esmoreceu ao longo dos quatro anos e meio em que estiveram separados. É também aqui que começam os problemas …
Todo o sexo parecia estar ali como “serviço” porque em nenhum momento eu senti o “amor” ou sequer o desejo da Cat pelo Bones e vice-versa. Já não havia aquela “faísca”, se é que me entendem. E o pior foram as várias cenas de ciúmes entre os dois, ou melhor, a forma descontraída com que essas cenas de ciume eram resolvidas. Ele perdoava tudo, ela perdoava tudo, depois vinha mais uma personagem fazer ciúmes, mas tudo acabava esquecido. Ou seja, o que poderia ter sido um grande entrave, e consequentemente uma enorme alavanca para o relacionamento dos dois, tornou-se algo monótono, previsível e dispensável. Este foi sem dúvida um dos maiores pontos fracos do livro.
Mas para além disto tivemos ainda outra coisa que me deixou muito desapontada, e que já mencionei acima. O sexo!
Não foi só o facto de não ter a “paixão” desejada, mas pior do que isso foram as “circunstâncias” que levaram aos actos em questão.
Lembram-se de eu dizer que no primeiro livro eles tinham sexo tórrido sempre que alguém morria? Pois, no segundo livro a coisa muda de figura, mas não fica melhor. A primeira vez que voltam à acção é mesmo ao lado de um cadáver, e melhor ainda, em pleno céu aberto, num parque automóvel onde todos os podiam ver (se quisessem). As seguintes ocasiões propensas não são melhores e a Cat e o Bone demonstraram uma enorme aptidão para o exibicionismo, fazendo sexo, propositadamente, onde os amigos e colegas de trabalho os pudessem ouvir.
Isto, para mim, foi um enorme balde de água fria (se é que me entendem). Não gostei, prontos. Aquele comportamento infantil irritou-me e não achei nenhuma das cenas satisfatória, ao contrário de algumas do livro anterior, que acabaram por ser bem conseguidas.
E agora dizem vocês … “Mas estás-te a queixar do sexo? Isso lá é importante?”. E eu respondo “É! Porque é das coisas que mais acontece no livro. Ou seja, supostamente é para terem impacto, digo eu …”
Mas passemos a outros temas.
Gostei muito de algumas das novas personagens, especialmente do Juan, e gostava de ver mais dele. Foi também bom rever algumas outras que já tinham surgido anteriormente, se bem que só em algumas escassas linhas. Quanto ás personagens principais, a Cat permaneceu igual a si mesma, uma heroína forte e destemida, mas desta vez com uma dose extra de confiança e amizade, que foi bem vinda.
Quanto ao Bones … Bones … não sei bem que dizer. Ouve ali uma altura, a meio do livro, que pensei que ele ia virar um controlador como um certo outro vampiro de uma saga começada por “Twi”, mas fiel a si mesmo, o Bones redimiu-se e deixou a Cat tomar as rédeas da situação. Que alívio!
Mais uma coisa que não gostei muito … o novo “condicionamento” na relação dos dois (no fim do livro). É pá! Se calhar sou só eu que acho estúpido um voto de “amor eterno” que grite “Quando tu morreres eu morro também”. Dá-me arrepios (dos maus). Acho isso demasiado lamechas e muito restritivo, mas se calhar sou só. Em frente!
Gostei bastante do processo de nascimento de um “Ghoul” (como se diz isto em PT?). Muito criativo e interessante. Gostei! … mas (e há sempre um mas) não gostei foi da reacção do novo “ghoul” que levou aquilo um pouco bem de mais. Será que sou só eu que não ponderaria sequer uma vida de imortalidade? Não a esse preço, pelo menos.
Uma coisa muito engraçada (ou não) é que me consigo lembrar do nome de quase (mesmo quase) todas as personagens. E isso é muito estranho porque normalmente esqueço-me logo.
Em suma, este foi um livro que seguiu bem as pisadas do seu antecessor, mas que não conseguiu ser mais e isso condicionou-o enquanto sequela com potencial. As personagens principais não pareceram evoluir muito nos quatro anos que se passaram e o que poderia ter feito a relação progredir, acabou apenas por se mostrar infrutífero. Mesmo assim, é um bom livro, que se lê de uma assentada e que não nos deixa gorados. Mas poderia ter sido muito mais.
“Lord of the flies” de William Golding, editado em Portugal como "O Deus das moscas", pelas Publicações Dom Quixote,
Sinopse:
Um avião despenha-se numa ilha deserta, e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. A supervisioná-los está Ralph, um jovem ponderado, e o seu amigo gorducho e esperto, Piggy. Apesar de Ralph tentar impor a ordem e delegar responsabilidades, muitos dos rapazes preferem celebrar a ausência de adultos nadando, brincando ou caçando a grande população de porcos selvagens que habita a ilha. O mais feroz adversário de Ralph é Jack, o líder dos caçadores, que consegue arrastar consigo a maioria dos rapazes. No entanto, à medida que o tempo passa, o frágil sentido de ordem desmorona-se. Os seus medos alcançam um significado sinistro e primitivo, até Ralph descobrir que ele e Piggy se tornaram nos alvos de caça dos restantes rapazes, embriagados pela sensação aparente de poder.
Opinião:
Este e um daqueles clássicos, do qual já tanto tinha ouvido falar que não resisti a lê-lo.
Fiz-lo em Inglês, mas talvez no futuro, caso tenha oportunidade, o volte a ler, em Português. Não tive grandes dificuldades a ler, mas aquelas falas mais rústicas deixaram-me de sobrancelha erguida algumas vezes.
Em frente.
“Lord of the flies” (O Deus das moscas) é uma história realisticamente assustadora. Dá que pensar pois nós sempre queremos acreditar que as crianças são inocentes e por isso incapazes das mesmas crueldades que os adultos. Bem, pelo menos é nisso que queremos acreditar, mas a realidade tem tendência a esbofetear-nos com força nestes campos.
Este livro começa com um grupo de crianças, desde os muito pequeninos aos mais crescidos, que se vêem sós numa ilha deserta, sem meios de contactarem com o exterior, sem comida, bebida, ou outra qualquer coisa que lhes recorde a civilização. Adultos, não existem, e por isso Ralph é nomeado chefe e decide que o mais importante é manter uma fogueira acesa, para poderem ser salvos, e construir cabanas, para estarem protegidos do frio e dos animais da ilha.
As coisas não começam bem porque a maior fasquia dos “big-luns” (as crianças mais velhas) passam os dias a caçar. Um deles, Jack, fica completamente obcecado por cortar a garganta a um porco. Só fala nisso e é graças a ele e ao seu claro ódio por Ralph, que os problemas começam a surgir e as desavenças no grupo começam a ocorrer.
Tudo piora quando eles não mantêm o fogo a arder e por causa disso eles não são avistados por um navio que passava ali perto.
Acidentes, mal entendidos, medos do desconhecido, histórias criadas pelos pesadelos e pura loucura, conduzirão grande parte das crianças a um estado de selvajaria e malícia, sem retorno possível.
E devem reparar que não é comum eu fazer um resumo da história, mas neste caso acho que não há nada melhor.
“Lord of the flies” é assustadoramente realista e deixa-nos com um nó no estômago porque sabemos que em condições assim, com personagens assim, o desfecho não poderia ser outro.
Tudo flui de forma assustadoramente real e embora a principio seja um pouco … lenta, a partir do meio o livro não dá descanso.
Em suma, uma excelente leitura, que descreve o que de pior há em nós, mas também o melhor e como a amizade pode surgir nos mesmos instantes em que surge uma rivalidade que consome até chegar a extremos. Ah! E numa nota. O Piggy foi a melhor personagem de todas. Mesmo sendo rebaixado por todos, insultado e posto de parte, ele era quem tinha mais juízo, mais racionalidade e foi quem manteve a sanidade de algumas personagens intacta até ao fim. E para além disto ele foi um excelente amigo e companheiro.
O Ralph também foi uma excelente personagem. Parecia forte desde o início, mas mostrou que também não passava de uma criança e que tinha muitos receios. Ele teve um desenvolvimento soberbo e embora no início o detestasse um pouco, ao longo da narrativa fui compreendendo melhor e melhor.
Aliás, as personagens são mesmo o ponto forte da história, e menos não seria de esperar.
Só como um à parte … Quando surgiu pela primeira vez aquela dança do “Kill the pig! Spill his blood! Cut his throat!”, eu já sabia o que aí vinha. Pobrezinho …
Nota.: A primeira coisa que eu pensei quando no texto surgiu a “pintura no rosto” foi “Dragon Head”, um excelente manga. Aposto que essa parte do manga foi baseado (ou em homenagem) no livro.
“Halfway to the grave (Night Huntress 1)” de Jeaniene Frost (ainda não publicado em Portugal) Sugestão para leitura do mês (Agosto) no grupo “Who’s your author”.
Sinopse:
Catherine Crawfiel, uma meia-vampira, persegue os mortos-vivos por vingança, esperando encontrar o seu pai - o responsável por arruinar a vida da sua mãe. Isto até que é capturada por Bones, um vampiro caça-cabeças.
Opinião:
Este é um daqueles livros que se lê muito bem nas tardes de Verão, embora eu estivesse longe de estar na praia a apanhar banhos de sol enquanto lia isto.
Um romance de fantasia urbana, um dos géneros com o qual não estou muito familiarizada, mas que tem chamado a minha atenção nos últimos meses, muito graças à sua popularidade nos EUA. Cá em Portugal a fantasia urbana não tem muita expressão, ainda. Esperemos que este cenário mude (pode ser um dos benefícios da febre do “Crepúsculo”). Com sorte não teremos só “vampiros” e poderemos ver as outras vertentes deste género tão vasto.
Mas voltemos ao assunto principal, porque na verdade este é um desses livros sobre vampiros e seria depreciativo estar a falar mal do género nesta altura.
A leitura, como já disse, é fácil. Não demasiado fácil (como uma certa saga que anda na boca de todos), mas o suficiente para eu não me perder (li em Inglês). A narrativa não se arrasta e a acção é rápida, fluída e compassa o leitor na sua velocidade frenética.
As personagens são interessantes, cada qual tendo o seu passado, as suas origens, os seus traumas e os seus objectivos. Não é segredo que gostei do Bones (ele é muito sexy), mas isso não é para aqui chamado.
A história é interessante, se bem que algo previsível. Gostei do tema central, sobre o tráfico humano, se bem com um twist no campo vampírico.
E há que adorar o primeiro encontro entre a Cat e o Bones (não estou a falar da primeira “date” mas essa também foi memorável). Ele não a poupou e deu-lhe tareia até ela cair inconsciente. Por isso é que o Bones me chamou a atenção (e eu sou contra a violência).
Tendo dito isto posso afirmar que é um bom livro. Não aborrece, mas ao mesmo tempo fiquei com a sensação que poderia ter sido um pouco mais.
O relacionamento entre a Cat e o Bones pareceu-me mais uma espécie de “tensão sexual” do que amor puro (não que isto seja mau). Simplesmente não senti aquela faísca. Havia muito desejo, muita química, mas não ao ponto de chegar a ser arrebatador (a menos que partir mobília conte para a equação).
De resto a história foi bem aproveitada.
Havia uns diálogos clichés e uns momentos que pareciam saídos de um filme de Hollywwod, mas eu achei essas ocasiões mais divertidas do que aborrecidas.
Houveram no entanto umas coisas que me deixaram de ‘cabelos em pé‘, e não no sentido de me meterem medo.
Não gostei do facto de a Cat e o Bones terem sexo sempre depois de alguém próximo deles morrer. É pá! Parecia que o faziam como “serviço funerário” ou coisa do género. É que foi sempre! Não uma, não duas, mas três vezes.
Percebem porque digo que havia muita tensão sexual entre os dois?
É claro que eles não tiveram sexo só essas três vezes, mas eu ficava parva sempre que alguém morria e lá iam eles, consolarem-se. Posso ser só eu, mas acho uma falta de respeito pelos defuntos.
Outra coisa que me deixou um pouco de pé trás foi o comportamento da Cat no fim do livro. Esqueçam o modo Kamikaze, mas a forma como ela tratou a mãe, depois de andar o livro todo a dizer que a amava e que a compreendia, soou falso e forçado. Ela, melhor do que ninguém, devia perceber porque a mãe reagiu daquela forma.
Bem, mas para além disto foi uma leitura satisfatória e trouxe umas novidades inteligentes e diferentes ao mito vampírico. Não saio daqui defraudada. Foi o que esperava que fosse e isso é bom, para variar. P.S.: No site da autora há, para leitura online, uma espécie de prólogo do livro (o capítulo 1 original) que explica como a Cat se iniciou nestas andanças. É um bom complemento à leitura deste livro.
Sinopse:
Ao mesmo tempo que Seattle é assolada por uma série de mortes inexplicáveis e um malicioso vampiro continua a sua busca por vingança, mais uma vez Bella encontra-se rodeada por perigo em Eclipse, o terceiro volume da saga de Luz e Escuridão. No centro de tudo, ela é forçada a escolher entre o seu amor por Edward e a sua amizade com Jacob, sabendo que a sua decisão poderá atiçar a luta intemporal entre vampiro e lobisomem. Com o final do liceu a aproximar-se rapidamente, Bella tem mais uma decisão a tomar: vida ou morte. Mas, qual é qual?
Opinião:
Este livro foi despontante e isso é bastante evidente se tivermos em conta que demorei cerca de cinco meses a lê-lo, enquanto o anterior volume li em 3 dias.
O que mais me desapontou?Comecemos pela Bella, que a cada novo volume fica mais insuportável, irritante e lamechas. Tudo é culpa dela, o mundo gira à volta dela e ELA é o mais importante de tudo para todos. Por isso é que ela se deve sentir culpada por TUDO, mesmo TUDO. É que não há paciência!
Eu sou a favor de personagens diferentes, realistas e afins, mas para personagem principal, é a mais detestável que eu conheço.
Passando à frente ...
Outra coisa que começou mal foi o Edward. Ao principio ele era irritantemente ciumento (nenhuma novidade), depois, de repente e sem explicação alguma ganhou juízo e começou a deixar de ser ciumento (como por milagre) e decidiu deixar a Bella fazer o que bem lhe apetecesse e até foi “cavalheiro” (pois sim … *sarcasmo intencional*) o suficiente para dizer à Bella que ela podia escolher entre ele e o Jacob que ele aceitaria a decisão dela. Que querido! (*sarcasmo intencional*) Ao longo do resto do livro ele foi ficando mais e mais mansinho, menos stalker, menos ofensivo, mas nunca menos manipulador (mais dissumulado).
E uma das outras personagens que acabou arruinada neste livro foi a minha preferida: o Jacob Black. Neste livro o Jacob passou de um adorável rapaz simpático, sorridente e bem … caloroso, para uma besta controlada pelas hormonas e tão ou mais manipulador que o Edward. O problema não foi ele mudar, porque isso seria aceitável, se houvesse RAZÃO para tal, coisa que não houve. Ele simplesmente acordou um dia, de cu virado para a lua (imagino eu) e decidiu tornar-se uma besta (não lobisomem)
Tivemos um pouco mais de informação sobre a Rosalie e sobre o Jasper. Foi interessante, mas nada de especial, e certamente a forma como estas iformações foram narradas, contribuiram muito para o facto de não interessar muito o que estava a ser dito.
Outra das coisas que me fez a dita comichão foi o facto de todos serem burros porque só a Bella, quase no fim do livro é que percebeu quem andava a trás deles, e porquÊ. E não era nada difícil perceber, com a escrita pouco intrigante da autora, foi das primeiras coisas que eu percebi no livro, logo no início.
E já que estamos neste tema. Um dos (muitos) pontos fracos desta saga é a falta de carisma dos vilões e a falta de ACÇÃO. Finalmente tivemos um pouco de acção mas foi tão … básica que mais valia não ter tido nada como nos outros livros. Já para não falar na reacção da Bella, quando a Victoria foi morta, mas não vamos falar da Bella outra vez.
Bem, agora fica a lista do (pouco) que gostei:
- A cena em que a Bella foi ter com o Jacob e ficaram ambos esclarecidos sobre quem ela escolhia. Foi uma cena bonita e quase (quase) me levou às lágrimas.
- As histórias dos Quilluettes (nem sei se é assim que se escreve).
- A cena da chacina daquela pequena vampira que se tinha rendido, mas que acabou por sucumbir sob as mãos impiedosas (ou nem tanto) dos Volturi.
E sim, é isto, só, o que não foi o suficiente para salvar um livro de +600 páginas da desgraça.
Em suma, este livro foi uma decepção. O relacionamento entre a Bella e o Jacob, que supostamente desabrochou neste livro, pareceu falso e forçado. Sinceramente os sentimentos da Bella pareceram-me tudo menos reais. As mudanças de comportamento do Edward foram bem vindas, mas estranhas e pouco credíveis, o Jacob ficou reduzido a um manipulador abusivo, coisa que não lhe assenta nada bem.
Ainda não sei ao certo se me vou martirizar ainda mais com a leitura do quarto livro, mas é provável que sim, porque afinal é só mais um livro e já que comecei a saga mais me vale terminar e poder ter uma opinião definitiva. Mas antes disso ainda vou deixar passar uns tempos. Não tenho pressa em pegar num livro que sei que vai-me irritar muito (porque já sei de umas coisas …).
“A fórmula de Deus” de José Rodrigues dos Santos (Gradiva)
Sinopse:
Nas escadarias do Museu Egípcio em pleno Cairo, Tomás Noronha é abordado por uma desconhecida. Chama-se Ariana Pakravan, é iraniana e traz consigo a cópia de um documento inédito, um velho manuscrito com um estranho título e um poema enigmático.
O inesperado encontro lança Tomás numa empolgante aventura, colocando-o na rota da crise nuclear com o Irão e da mais importante descoberta jamais efectuada por Albert Einstein, um achado que o conduz ao maior de todos os mistérios: a prova científica da existência de Deus.
Uma história de amor, uma intriga de traição, uma perseguição implacável, uma busca espiritual que nos leva à mais espantosa revelação mística de todos os tempos.
Baseada nas últimas e mais avançadas descobertas científicas nos campos da física, da cosmologia e da matemática, A Fórmula de Deus transporta-nos numa surpreendente viagem até às origens do tempo, à essência do universo e o sentido da vida.
Opinião:
Este livro foi-me sugerido pelo meu Pai.
Já tinha ouvido falar bastante do autor e da sua obra, mas confesso que nunca me senti inclinada a ler nada dele (sem prejuízo por quem é).
Iniciei a leitura muito céptica, pois por alguma razão quando olhava para a capa e para o resumo da história, a primeira coisa que me vinha a mente era “O Código Da Vinci” de Dan Brown (livro que me desapontou bastante).
Posso agora dizer que este meu receio tinha algum fundamento, mas nada de muito comprometedor. Para além da conspiração internacional, temos também as cifras (ou mensagens escondidas), a bela mulher por quem o protagonista se apaixona mas que no início estava contra si, entre outros.
Claro que não estou a comparar os dois, mas é só para desanuviar a minha tensão.
Agora voltemos ao que interessa e vou ser o mais directa possível. A minha opinião poder-se-ia resumir a isto:
- Como livro académico daria a esta obra um 10/10, pois conseguiu incutir-me todos os conhecimentos científicos, teológicos e religiosos nele contidos, transmitindo-os de forma simples e acessível. Como romance dar-lhe-ia um 2/10 pois falha a todos os níveis. Quer no desenvolvimento da história, na dinâmica da narração ou na profundidade das personagens
Ou seja, gostei e consegui assimilar toda a informação académica nele contida, mas quanto à história, que deveria ter sido o foco central do livro (já que este é um romance e não um ensaio académico), não consegui ficar satisfeita. A química era quase inexistente entre o Tomás e a Ariana. A acção pareceu forçada, falsa e ao mesmo tempo penosamente lenta e sem atractivo de qualquer espécie. Nenhuma das personagens era interessante, pareciam todas clones umas das outras. A mãe era a típica mãe galinha, mas mais chata do que o costume e tem ares de ser coscuvilheira (foi essa a impressão com que fiquei) e ainda para mais parece não saber fechar a matraca. Irritante!
O Pai e a sua morte até poderiam ter sido o ponto forte do livro, mas quando ele, às portas da morte, se pôs a falar que nem uma gralha, bem … perdi-me e esqueci-me de chorar como devia de ser. Aliás, tenho a certeza que a única razão porque até me emocionei um pouco com esta cena foi por causa de, neste preciso momento, o meu Pai estar hospitalizado (Força PAI!).
Já para não falar nos diálogos, meio ingleses, totalmente arábicos, ou noutra qualquer lingua que não o Português e que não fazia mais que irritar-me imensamente. Como já alguém disse: “Fucking genius não soa assim tão mais cool que Um caralho de um génio (Perdoem a linguagem)” OK?
Outra coisa que me deixou algo O.o (à falta de palavra certa para descrever o que sinto) foi mesmo a parte final do livro, como toda aquela FICÇÂO CIENTÍFICA à mistura. A sério! Não estava nada a contar com aquilo.
Convenhamos. Como ser humano orgulhoso e egocêntrico que todos nós no fundo somos (estou a generalizar, mas prontos, perdoem-me), não há forma de me convencerem que a única razão porque existimos é para criar super-computadores que mais tarde, no fim do universo, se vão transformar no “Deus” e pressionar o botão “reset” do universo.
O.O
“On Writing” de Stephen King, editado em Portugal como "Escrever", pela Temas e Debates
Sinopse:
As dicas do autor, sobre a escrita.
Opinião:
Já tinha ouvido falar bastante deste livro, por isso, mesmo não tendo por hábito ler livros sobre “como escrever”, decidi mergulhar neste.
Stephen King começa com uma pequena biografia, que segundo o próprio, relata os momentos que mais o influenciaram enquanto escritor e enquanto homem.
Temos de tudo um pouco e a forma descontraída com o autor expõe as situações é bastante apelativa.
Uma cena em particular arrepiou-me bastante. Refiro-me à visita ao otorrinolaringologista. Só espero nunca precisar ir a um destes especialistas. Pelo menos não pelo mesmo motivo que o pequeno Stephen King (na altura criança).
O autor cometeu muitas falhas na vida e a sua sinceridade é refrescante. Bebeu e drogou-se mas conseguiu recuperar-se, grande parte graças à família. Muitos não poderão dizer o mesmo. Mas já na parte sobre “como escrever” não concordo muito com ele em certas coisas. Especialmente na sua categorização de “bons” e “maus” escritores. Sou da opinião que o talento não nasce connosco. Ele tem de ser regado e nutrido para poder chegar a mostrar todo o seu potencial. Existem génios! Mas estes são a minoria. Os restantes, se se esforçarem, podem chegar muito longe. É preciso é dedicação. Sem esta e uma boa dose de ambição, penso que qualquer escritor ficará para trás. Por mais potencial que tenha.
O escritor do livro fala de muita coisa. Desde a gramática, às musas e até à forma mais comercial do livro. Consegui reconhecer-me em muito do que ele dizia e senti umas pontadas no peito quando ele falou em dedicação (algo que tenho falhado em dispensar).
Em suma foi um bom livro. Com uma escrita suave, directa e ao mesmo tempo rica. Mas por alguma razão senti que podia ter sido mais e que lhe faltava algo … algo de novo.
Aconselho porque nunca é demais ouvir (ler) conselhos e porque se lê muito bem.
“Como água para chocolate” de Laura Esquível (Biblioteca Sábado)
Sinopse:
Toda a trama narrativa roda em torno da cozinha e de um certo número de elementos culinários. Cada capítulo abre com uma receita fora do comum (mas ao mesmo tempo perfeitamente realizável), a pretexto e em volta da qual não apenas se juntam os comensais, mas também se “cozem” e “temperam” amores e desamores, risos e prantos, e se celebra o triunfo da alegria e da vida sobre a tristeza e a morte.
Opinião:
Começo por dar-lhe pontos pela criatividade, pelo retrato da sociedade mexicana do início do século XX, pela paixão, pelo conhecimento de receitas antigas e formas de fazer coisas como fósforo e chocolate (que eu não fazia ideia de como se produzia) e pela originalidade.
Mas os pontos bons param mais ou menos por aí!
Para começar, no início, a escrita é enfadonha, infantil e no caso das receitas absolutamente insuportável. É do tipo: “Coloca isto na bacia e depois isto e depois isto e depois isto e depois isto …”. Percebem onde quero chegar? Sem dinâmica, sem apelo, sem … nada!
Felizmente isto muda nos capítulos seguintes e elas começam a ser mais variadas e a escrita mais razoável, sem nunca deixar de ser algo enfadonha.
As únicas alturas em que a escrita apressa o passo é nas partes em que se descrevem os resultados das receitas. Mais propriamente nas descrições de reacções eróticas.
Mas voltando às receitas … aquelas traduções estão de pôr os cabelos em pé! O que é uma Onça? Colher de quê? Sopa, chá, café, pau? Já para não falar das receitas que nem quantidades têm. Bem … sem comentários…
Mais uma coisa que me deixou de olhos esbugalhados foi o termo “Generala” que aparecia em itálico várias vezes no texto. Que raio é isso? As fêmeas são Generais na mesma, não são Generalas! (Ou eu é que estou confusa?)
Algo que também me fez desgostar do livro foram as personagens.
Odeio o Pedro, de morte! Ele foi um covarde, um estúpido e um abusador de primeira. Já mencionei covarde não já? Medricas!
A Rosaura era outra besta, mas nem tanto como a Tita, personagem da qual eu gostei a maior parte do livro, mas que assim que decidiu começar a ir para a cama com o Pedro, desceu na minha consideração. Ela devia respeitar a irmã, que estava casada com ele, mesmo estando os dois apaixonados. Ele casou-se com a Rosaura e por isso tinha responsabilidades para com ela. A Tita devia ter tido mais juízo e casado-se com o John que era um homem às direitas (e rico por sinal).
Claro que o mal veio de raiz e a culpa principal foi da Mamã Elena que era uma besta quadrada, mas prontos, eles os dois podiam-se ter limitado a fugir (porque afinal não perdiam nada com isso) e escusávamos de andar o livro todo a ver os dois a encornarem a Rosaura e o John.
Desculpem-me lá, mas traição para mim não vai lá, nunca!
Tenho que admitir que o facto de o livro ser “demasiado” fantasioso não me cativou. Sei que a fantasia era uma forma de expressar o amor, a paixão e os sentimentos, mas chegava a ser muito exagerado. Quer dizer … já foi ridículo o facto da Gertrudis “pegar fogo” ao chuveiro e ter de ser prostituta durante uns tempos para apagar o fogo do seu corpo, mas mais ridículo ainda foi o final do livro, em que os dois amantes, literalmente, incendiaram com a sua paixão.
Um livro que, a meu ver, está altamente sobrestimado.
Sinopse: "Era uma vez uma prostituta chamada Maria..."
É assim como um conto de fadas para adultos, que começa este novo romance de Paulo Coelho.
É uma abordagem franca e uma profunda sensibilidade que o autor de O Alquimista conta esta história sobre os mistérios do amor e o poder da sexualidade.
Maria, uma mulher oriunda de uma pequena cidade do Brasil, descobre rapidamente o poder que a sua beleza exerce sobre os homens. Desiludida com o amor romântico e desencantada com a paixão, é levada a trabalhar numa boîte na Suiça, onde aprende a viver do sexo e a utiliza-lo para satisfazer os outros. Mas à medida que se vai aperfeiçoando e criando o distanciamento necessário entre si e o seu corpo, sente cada vez mais que está a deixar morrer uma parte importante de si.
A história de Maria é a história de uma mulher que ousa transgredir e desafiar a estrutura de uma vida banal para descobrir o poder redentor da paixão. O erotismo e a sensibilidade de Onze Minutos constituem uma reflexão profunda sobre a história e a natureza da sexualidade e o papel que desempenha na busca do sagrado.
Opinião:
Anteriormente li “O Alquimista” do mesmo autor e confesso que não gostei. Por essa razão tinha decidido não ler mais nenhuma obra do autor, mas uma amiga disse-me que eu provavelmente iria gostar do “Onze minutos” (não percebi muito bem onde ela foi buscar a ideia de que iria gostar, mas pronto) e como tinha o livro cá em casa (propriedade da minha mãe), decidi dar uma segunda hipótese ao autor. Até porque “O Alquimista” foi o seu primeiro livro e eu poderia estar a ser demasiado cruel tendo em conta a sua vasta obra e a fama do autor.
E agradeço à amiga (que não vou aqui nomear) que me sugeriu a leitura, porque sim, eu acabei por gostar muito desta leitura.
O livro começa logo de forma potente … “Era uma vez uma prostituta chamada Maria.” … e depois o autor prontifica-se a explicar porque inicia o livro desta forma e, convenhamos, começa muito bem.
Acompanhamos Maria desde a infância, enquanto criança que aprende que o amor custa e que uma vez que perdemos uma oportunidade ela está perdida para sempre, até à sua vida adulta em que ela emigra para a Europa e acaba como prostituta na famosa “Rue de Berne” (eu cá não conhecia, mas prontos).
O livro é cru, directo e tão realista que até chega a doer.
Os diálogos, entre a Maria e o Ralf Hart são muito filosóficos, e nesse aspecto tornam-se pouco realistas, mas a mensagem que transmitem é soberba e apaixonei-me pelos dois e pelo seu relacionamento.
Como uma mulher que julgava ter perdido a fé no amor, encontra um homem que (como diz o próprio autor) mudará para sempre a sua vida.
O sexo está presente em cada capítulo desta história, não fosse este o relato da vida sexual e amorosa de Maria, mas no fundo o livro é muito mais que só isso. É certo que o foco no sexo é propositado e muito bem empregue, mas no fundo eu vejo este livro como uma jornada pelo “amor” mais do que pela sua vertente mais carnal. O amor no entanto leva directamente ao sexo, por isso são algo inseparáveis. O livro consegue exemplificar bem o que, na vida de Maria, não passou de sexo, e o que foi amor e terminou em sexo.
Confesso que temia que o livro acabasse mal, tive medo de ler as últimas páginas e descobrir que o autor tinha decidido fazer o que Maria tinha prometido a si mesma fazer, mas que no fundo era muito doloroso de se ver (ler). Felizmente estava enganada e ele fechou o livro como mais merecia.
Confesso que, para mim, Maria fez uma infinidade de escolhas erradas ao longo da sua vida e não concordo com grande parte delas. Mas no fundo a vida é feita disso mesmo.
Só chegando ao final do livro percebi que este era baseado na história verídica de uma mulher brasileira. É bom saber que ainda existem “contos de fadas”, meios deturpados, nos dias que correm.
Onze minutos, além de ter um título certeiro, é um grande livro que entrega muito mais do que esperaria dele. Definitivamente um dos meus favoritos!
Curiosidade: Adorei as lições de “cultura” que o Ralph Hart dava. Tomei conhecimento de uma coisas muito interessantes … (Mitos e lendas. Eu adoro história e mitologia)
“O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry (Porto Editora)
Sinopse:
O narrador da obra é um piloto com um avião avariado no deserto do Sahara, que, tenta desesperadamente, reparar os danos causados no seu aparelho. Um belo dia os seus esforços são interrompidos devido à aparição de um pequeno príncipe, que lhe pede que desenhe uma ovelha. Perante um domínio tão misterioso, o piloto não se atreveu a desobedecer e, por muito absurdo que pareça - a mais de mil milhas das próximas regiões habitadas e correndo perigo de vida - pegou num pedaço de papel e numa caneta e fez o que o principezinho tinha pedido. E assim tem início um diálogo que expande a imaginação do narrador para todo o género de infantis e surpreendentes direcções
Opinião:
Este é o livro que dizem devermos ler em duas alturas diferentes da nossa vida: quando somos crianças e quando somos adultos. Eu se calhar quebrei um pouco as regras porque a primeira vez que o li tinha 13/14 anos e a segunda, agora, tenho 25 anos. Não muito criança e não muito adulta. Batoteira que eu sou!
Na realidade não sei ao certo o que pensei deste livro da primeira vez que o li. Só sei que o li porque tenho a parte dos exercícios sobre a obra totalmente preenchidos (eu era uma aluna aplicada).
A meu ver “O principezinho” não tem mensagens escondidas como ao principio parece ter. É uma história bastante directa que diz tudo o que quer dizer e quando não o diz sugere-o de forma muito óbvia. Ou talvez seja só eu que, não sendo uma criança, não entendo essas subtilezas (é bem capaz de ser isso).
Vou confessar que não consegui ver nenhum elefante dentro da jibóia, pelo menos até o autor assim o descrever. Falta de visão? Talvez! Ou talvez fosse o facto de nem ver os olhos da jibóia, se os tivesse visto provavelmente teria percebido que não era uma chapéu mal desenhado.
Adorei a leitura por tudo aquilo que tenta e consegue transmitir. Há muitas lições a aprender com o pequeno príncipe que deixou o seu planeta para viajar, à boleia dos cometas, universo afora, encontrando as mais bizarras personagens e expondo todas as suas falhas (que não sou poucas). Caricaturas, por vezes nada exageradas, da realidade humana. O bêbedo que bebe para esquecer mas que não pára de o fazer mesmo quando se apercebe que não funciona. O rei sem súbditos. O dono das estrelas que não tem uso nenhum para elas e que passa a vida a fazer contas que não o levam a lado nenhum. E tantos outros. No entanto a melhor história é mesmo a de quando encontra o “autor” e lhe conta todas as pessoas que encontrou na sua viagem. A forma como ele toca a vida de um homem que tinha perdido a fé no mundo, é extraordinária.
Será simbólico que a única pessoa feminina referida no livro é a “rosa”. (a raposa não conta porque eu acho que é “um” raposa). Eu imagino que sim, senão o livro seria demasiado sexista. Para mim a bela e orgulhosa rosa é das personagens mais carismáticas e mais belas do livro.
Em suma, adorei o livro e tudo o que ele demonstra e expõe sobre o mais intimo do ser humano que parece se esquecer do que é mais importante. E só não tem nota 10 porque acho que podia ter-se debatido um pouco mais em algumas das personagens dos outros planetas. Só isso!
Tradução de Annette Botelho & Maria dos Anjos Araújo
"New Moon" de Stephenie Meyer, editado em Portugal como “Lua Nova (Luz e Escuridão 2)”, pelas Edições Gailivro
Sinopse:
Para Bella Swan, existe algo mais importante do que a própria vida: Edward Cullen. Porém, estar apaixonada por um vampiro é ainda mais perigoso do que alguma vez poderia ter imaginado. Edward já salvou Bella das garras de um vampiro maléfico, mas agora, à medida que a sua destemida relação ameaça tudo o que se encontra por perto e todos os que lhes são queridos, eles apercebem-se de que os seus problemas podem estar apenas a começar...
Opinião:
Esta foi provavelmente a leitura mais rápida que já fiz. E eu a achar que tinha lido o primeiro livro rápido … este li-o em menos de 3 dias.
Isso quer dizer que este segundo livro me surpreendeu bastante, na positiva. Foi exponencialmente melhor que o seu antecessor e eu digo-vos o que levou a isso … o Jacob Black.
Comecemos pelo princípio, e fica já aqui a nota que foi a parte menos interessante do livro todo. A Bella começou logo o livro mostrando o quanto infantil, egocêntrica e preconceituosa era, coisa que não foi melhorando ao longo do livro. Gostei de, finalmente, ver os vampiros a agirem como tal e a fugirem quando a Bella sangrou, para evitarem atacá-la, como foi o caso do Jasper. O Edward agiu de forma inteligente ao quebrou todos os laços com ela. Gostei da forma como ele soube calcar com força as feridas que ela própria tinha aberto no seu coração nos últimos tempos., embora sinceramente só mesmo a Bella é que acreditou no que ele disse. A cena que se seguiu, dela a se aventurar na floresta para o tentar encontrar novamente, mostrou o quanto ela mergulhou na depressão que se estenderia por meses.
E aqui chegamos à pior parte do livro. Os meses de agonia da Bella …
Nós todos compreendemos que os adolescentes tendem a ser melodramáticos, mas deixar de viver (ou passar a viver como um robot) mostra como a Bella consegue ser imatura. Passei as linhas a desejar que alguém a esbofeteasse.
E depois chega a redenção, sob a forma de Jacob Black, possivelmente a melhor personagem da saga. Alegre, compreensivo, inteligente e simplesmente adorável, Jacob era o oposto de Bella e conseguiu trazer felicidade à vida da rapariga que parecia ter perdido toda a esperança.
Depois veio a revelação, que todos já adivinhavam, sobre o Jacob, e foi nesta altura que a Bella agiu nos conformes, aceitando o que ele era.
Neste livro, assim como no anterior, os vilões foram apenas um pretexto e achie ridículo o facto de a Victoria só ser mencionada, sem nunca chegar a aparecer em frente à Bella, e depois os Volturi, esses sim eu esperava que tivessem mais tempo-de-antena. O pouco que descobrimos sobre eles deixou-me a curiosidade aguçada, só espero que voltem a surgir, embora duvide um pouco.
O regresso do Edward, pareceu-me forçado, embora tenha de dar pontos pelo facto de a autora ter planeadoas ocurencias.
Não posso deixar de frisar que a imaturidade da Bella me surpreendeu uma vez mais nesta parte da história. Assim que ela soube o que o Edward planeava, saiu de casa para ir atrás dele, deixando apenas atrás de si uma mísera nota a dizer ao pai que ia atrás do amado. Se isto não é falta de responsabilidade, então não sei o que é.
Em suma, o livro foi excelente e só não teve uma nota mais alta porque a Bella foi muito irritante nos primeiros capítulos, melhorando muito quando o Jacob entrou em cena, apenas para voltar a tornar-se imbecil no final. Não há solução para ela.
Agora é avançar para o terceiro livro da saga e esperar que seja ainda melhor (se bem que duvido, sem o Jacob …)
"Twilight" de Stephenie Meyer, editado em Portugal como “Crepúsculo (Luz e Escuridão 1)”, pelas Edições Gailivro
Sinopse: A respeito de três aspectos, eu estava absolutamente segura. Em primeiro lugar, Edward era um vampiro. Em segundo lugar, uma parte dele - e eu não sabia qual era o poder dessa parte - ansiava pelo meu sangue. Por fim, em terceiro lugar, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
Opinião:
Há livros pelos quais me interesso sem grande pressão exterior, mas nos últimos meses o alarido em volta da saga “Twilight” foi tanto que eu me senti quase que na obrigação ética de ler o primeiro livro.
Com tantas críticas positivas quantas negativas, as minhas expectativas eram um pouco flutuantes. Sabia, por alto, do que se tratava, mas felizmente não deixei que ninguém me estragasse a festa contando pormenores da história (detesto spoilers).
Li o livro em pouco mais de uma semana, o que é muito rápido para mim, e para um livro deste tamanho.
Confesso que gostei bastante da primeira metade do livro, tinha todos os ingredientes certos: uma personagem feminina (Bella) desajustada, a típica adolescente rebelde, com a ideia que tudo está contra ela. Um protagonista (Edward) intrigante, com uma personalidade interessante e um pouco de mistério à mistura.
O início do relacionamento dos dois foi brilhante e credível, e o facto de estarmos a ver toda a história sobre a perspectiva da Bella deu-nos muito a saber sobre a vida dela e muitas surpresas quanto ao Edward e à sua família, já que muito nos era escondido até que ela própria o viesse a saber. Acho que esta jogada foi muito bem conseguida pela autora.
Quanto aos vampiros em si, confesso que não achei muita graça ao facto deeles brilharem sob o sol mas é uma escolha da autora.
O problema foi a partir do meio do livro, logo depois de a Bella e o Edward terem assumido o seu amor um pelo outro (a cena do brilho ao sol). A partir daqui tudo ficou lamechas e previsível. O Edward mostrou ser um stalker de 1ª, e ela, em vez de ficar assustada por esse facto, não, até achou muito romântico … pois!
Depois o aparecimento do inimigo, que pareceu um pouco forçada, para avançar o enredo, sem nunca aprofundar as personagens maquiavélicas.
E aquele jogo de basebol … huh … sem comentários!
Mas o que mais me deixou insatisfeita, mesmo, foi o nem sequer nos ser mostrado o confronto final. O boss foi derrotado e nós nem sabemos como.
A história melhora um pouco no último capítulo, mas não o suficiente para fazer esquecer meio livro. A Bella, por mais rebelde que pudesse ser, não foi nada realista no sentido em que aceitou demasiado bem o facto de ele ser um vampiro. Quer dizer, ele passava a a vida a dizer-lhe que era perigoso e ela nada!
Outra coisa que me fez um pouco de “comichão” foi o facto de a Bella, ser uma rapariga vulgar, sem nenhum trato acima do normal (dito pela própria autora) e mesmo assim todos os rapazes andarem atrás dela (dito pelo Edward). Desculpem mas não me parece plausível.
E mais … o Edward tinha confessado que os vampiros não se controlam assim que sentem ou vêem o sangue da vítima. Então como é que todos eles (7) conseguiram se conter quando a Bella estava a sangrar por todos os lados? Não é nada credível!
Quanto à escrita da autora, e ao contrário do que muitos dizem, a mim não me aborreceu. Aela tem uma escrita simples e directa, mas eu até gosto de coisas simples. Não adorei, mas não me incomodou de forma alguma a forma como ela escreveu.
Bem … confesso … até gostei de ler, mas mais por causa da primeira parte que me deu esperanças que talvez o próximo livro se redima. Vou ler, por curiosidade mais do que outra coisa. Só espero não sair desapontada.