quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Memória de elefante

“Memória de elefante (edição ne varietur)" de António Lobo Antunes (Publicações Dom Quixote)

Sinopse:
Um dia na vida de um psiquiatra que esteve na guerra colonial de Angola. Este médico está separado da mulher e das filhas.O livro divide-se em capítulos que não têm título. A narrativa é feita quase sempre na terceira pessoa, mas surge por vezes uma primeira pessoa — por exemplo, um monólogo do psiquiatra, no carro, à noite.

Opinião:
Comecemos do principio, sim ….
Odeio palavrões! Odeio de morte a falta de educação, e este livro começa muito mal, nesse aspecto. Não sabia se rir ou chorar com a quantidade de baboseiras das primeiras páginas. Depois a coisa lá amainou e eu tentei focar-me noutras coisas … até descobrir que não havia muitos pontos a favor.
Fiquei a saber que o autor é muito culto, o protagonista sabia muito de literatura, pintura e cultura em geral. Mas convenhamos que não deviam assumir que toda a gente percebe inglês e francês, afinal é para isso que são as traduções e as notas de rodapé.
Uma coisa que me irritou bastante foram as metáforas absurdamente abundantes. Quero dizer, eu perdia-me no texto e isto nunca me tinha acontecido (a falta de vontade de ler esta obra também não ajudou). Eles estavam a falar de uma coisa dali a nada estavam de outra. Percebem onde quero chegar? Não tinha lógica. Era irritante. Muito irritante.
Convenhamos também que a edição ne varietur que o autor parece exigir, não traz nada de bom à leitura. A ausência de parágrafos, a omissão de pontos finais e o exagero ou falta de vírgulas, era, por vezes, muito incomodativo.
Depois o protagonista era detestável. Lamento mas não consegui simpatizar com ele em nada. Um covarde nojento que parecia um stalker das filhas e que passava o dia a sonhar em sexo com a (ex)mulher, para no fim ir para a cama com a primeira mulher gorda e disponível que lhe apareceu à frente. Se tivesse decidido ir masturbar-se para casa, tinha feito melhor escolha (desculpem a linguagem).
Mas o pior de tudo foi o fim. Sinceramente, qual foi a ideia do livro? Fazer o leitor perder o seu tempo a ler uma coisa que começa praticamente da mesma maneira que acabou

Em suma, não gostei. Não chegou a lado nenhum deixou-me algo frustrada com a leitura.

Primeiramente publicado no Caneta, Papel e Lápis (2009/03/04).

1 comentário:

  1. Puxa! Este artigo não abona nada a favo de Lobo Antunes. Confesso, já peguei por várias vezes num dos livros dele e nunca consegui passar das primeiras páginas... é muito descritivo e entra em divagações difíceis de acompanhar (falo do livro "Os Cus de Judas"). Penso que preciso de mais background literário para o começar a ler... penso que é um escritor complicado.

    Clara do Queirosiana

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