Sinopse:
Numa luta entre deuses e homens, só os verdadeiros heróis poderão fazer a diferença. Chegou o tempo há muito anunciado em que os deuses deverão partir e deixar o destino da Terra entregue aos homens. Mas nem todos os deuses aceitam fazê-lo, e um terrível conflito entre homens e divindades é inevitável. É neste cenário que dois jovens guerreiros, Anio e Camal, percorrem a Lusitânia em busca do guardião da joia da Deusa-mãe - uma pedra capaz de aniquilar as próprias divindades. Inspirado nos povos pré-romanos da Península Ibérica, "O Veneno de Ofiúsa" é uma viagem para um tempo mágico há muito esquecido. Estás preparado para a guerra com os deuses?
Opinião:
Mesclando História com Mitologia e Fantasia, este livro leva-nos a explorar um tempo antigo da nossa herança. Passado numa época da história ibérica, que eu praticamente desconheço, este livro conseguiu transmitir com bastante interesse a vida dos povos na era pré-romana da nossa terra.
Com personagens interessantes e diversificadas, mas que poderiam ter sido alvo de ainda maior desenvolvimento, acabo por não achar que tal falha seja muito notória, até porque este é apenas o primeiro livro de uma saga. O maior problema que vi, foi a forma como as mulheres foram retratadas, quase todas elas estereótipos (a bruxa má, a donzela em perigo, a deusa boazinha (ficamos sem perceber porque é que ela deixou que "aquilo" acontecesse à Lupia, quando passava a vida a salvar os dois rapazes)), sendo que a única que escapa a isto é a Castécis.
Já os homens, embora todos guerreiros com o orgulho quase a entupir-lhes o raciocínio, conseguiram criar um leque coeso e diversificado, de onde se destacam Camal, Anio, Lancio e Cileu (não esquecendo o fofinho Zimbro, lobo de serviço).
Gostei também de como o autor fez uso das divindades, que embora não tivessem um papel central, estiveram em grande destaque.
Infelizmente certas personagens sofreram de pouca atenção, já que a maior parte da narrativa estava focada nas batalhas. E neste ponto, que na verdade não chegou a tornar-se monótono mas, que pecou pela exaustiva representação, achei que o autor poderia e deveria ter cortado descrições em prole de um ainda maior desenvolvimento das personagens, as suas motivações e as suas vidas antes da guerra. Certamente que o livro teria ganho com isso.
A escrita do autor consegue ser cativante, e rica, sem ser monótona ou abusiva. Está ao alcance do público-alvo (infanto/juvenil), mas não descura o público mais adulto. Não recorrendo a facilitismos e por isso sendo uma leitura em agradável.
Em suma, um livro que demonstra bem o público-alvo (quanto mais não seja por ter personagens principais adolescentes, e pelo foco nas batalhas), mas que não se fica por aí, conseguindo entreter. Peca por se focar demasiado nas batalhas, mesmo assim não descuidando um certo nível de desenvolvimento das personagens. Gostei muito do uso da história Ibérica, e do uso das divindades. Recomendo aos mais jovens, e aos adultos que gostem da nossa história e que não pretendam que estas leitura seja de uma extrema complexidade, mas que a vejam como um livro interessante.
Capa e Edição:
Embora a edição já não seja em capa dura, como aconteceu com os números anteriores da colecção, a capa mole é bem mais resistente do que as comuns, e por isso continua a destacar-se. Ambas capas (frontal e traseira) estão bem conseguidas, retirando vários elementos que conseguimos identificar da narrativa. Mas, mais uma vez, a Saída de Emergência falhou em nos dar o nome do designer da capa, limitando-se a dizer que foi a SdE. Que foi a editora, já eu sei, quero é NOMES. Porque é que eles insistem em não os dar?
O design interior, seguindo o estilo das restantes da colecção (e passadas as primeiras páginas mais trabalhadas), é simples mas extremamente eficaz.
Fora um ou dois erros que encontrei ao longo do texto, não há grandes problemas de edição a apontar.
Visitem o site oficial: Terras Encantadas.
Podem ver o trailer abaixo:
P.S.: Porque é que este livro, da colecção TEEN, não teve quase publicidade nenhuma e acabou com uma tiragem tão ... minúscula? Isto é de estranhar quando todos os outros receberam muito mais atenção. Claro que posso estar enganada, mas foi esta a ideia com que fiquei.
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