"Zona Fantástica", fanzine com vários autores
Depois de ler o Zona Negra, fiquei bastante curiosa por ler as restantes publicações deste projecto,e foi assim que acabei por comprar este Zona Fantástica, que aposta ainda mais que os volumes anteriores, tanto em número de participações, como na qualidade da publicação.
Começamos com um editorial interessante dos dois nomes responsáveis pelo volume, Fil e André Oliveira
Capa, de Carla Rodrigues
Confesso que não sou fã desta capa, pois embora represente várias das histórias incluídas na revista, falta-lhe o dinamismo subjacente ao próprio 'fantástico'. E como apreciadora da arte da Carla Rodrigues, acho que este trabalho ficou aquém do seu potencial.
O Assassino do Martelo, de Carla Rodrigues
Um autêntico mimo, especialmente para quem está 'farto' dos filmes de terror que dizem que vão meter susto e depois é só clichés. Cada vez gosto mais da arte da Carla e, estranhamente, adequa-se bem às histórias.
A Child after the metal, de Eduardo Monteiro
Uma ilustração visualmente apelativa e com uma aura sombria que deu mais valor a um desenho que, doutra forma poderia ser banal.
Lufftwaffe in Distress, de Manuel Morgado
Uma ilustração com um bom enquadramento e até uma certa beleza, no entanto, a gosto pessoal, não gostei muito do design do dragão nem da textura das escamas, que me parecem ter-lhe tirado alguma beleza e naturalidade.
RED, de Quico
Esta ilustração relembra-me um pouco manga, e gostei da 'mensagem', mas o desenho em si está demasiado estático e não tem nada que foque realmente a atenção, apesar de tudo.
Silence, de Bárbara Lourenço
Gostei da ilustração, mas ao mesmo tempo pareceu-me algo incompleta. Um fundo de outra cor talvez lhe tivesse dado mais destaque.
Anda cá florzinha, de Joana Afonso
Uma ilustração que mistura uma dinâmica de traço com algum humor e muita simplicidade. Neste caso o fundo branca foi favorável.
A Anunciação, de André Oliveira / Nuno Frias / Ricardo Reis / Miguel Gabirel / João Vasco Leal / Cristiano Baptista
Um projecto conjunto que funcionou muitíssimo bem. Cada página é distinta e quase se torna independente, mas no todo é que está a fantástica história. Gostei muito e achei que foi um trabalho de equipa muito bem conseguido, especialmente tendo em conta os diferentes estilos de desenho de cada um.
Neutral Zone - At war, de Eduardo Monteiro
Tal como a ilustração anterior (A Child after the metal), esta também é bastante apelativa e tem um certo dinamismo, mas por outro lado nada a faz realmente destacar-se.
Cromo, de Bruno Bispo / Victor Freundt
O estilo, tanto narrativo como artístico, desta BD faz lembrar automaticamente os livros infantis, e as cores também ajudam a que tal mensagem paz. Visualmente este trabalho está impecável, mas vou ser sincera e dizer que não percebi muito bem o porquê da escolha daquele fim (quem leu que me diga se ficou com a mesma sensação) e pareceu-me que a nível de história poderia ter sido um pouco melhor.
Princesa da Ervilha, de Ana Duarte Oliveira
Automaticamente consegue-se perceber o que a ilustração representa, embora seja uma versão mais adulta do 'conto'. No entanto posso dizer que gostei muito, tanto pela composição, como pelo traço da artista, e claro, pela aguarela (sempre adorei trabalhos a aguarela). Embora não seja muito dinâmico nem imaginativo, funciona.
Os Quatro Demónios de Bremen, de André Oliveira / Sónia Carmo / João Ataíde
Brutal e rápido, são certamente palavras que descrevem esta BD. Confesso que nem o estilo, nem a história funcionaram muito bem comigo, mas não foi um mau trabalho, com personagens expressivas e bastante liberdade nas pranchas.
The Dragon Tamer, de João Vasco Leal
Apesar do traço simplista, esta ilustração tem um certo ar harmonioso que realmente capta a atenção e até nos dá um sorriso.
Porteiros, de Filipe Coelho
Adorei o grafismo da BD e o alinhamento das vinhetas. O fim foi bastante bom também, e a história foi interessante o suficiente. Um trabalho bastante interessante, especialmente a nível visual.
The Warrior, de Manuel Morgado
Cheia de belíssimos detalhes e uma composição que funciona, embora seja bastante estática. Não é muito inovadora em termos de alinhamento dos 'elementos', mas as cores e os elementos de fundo dão uma vida quase mágica à imagem.
Sangue Mau e Medusa, de Manuel Alves
A minha opinião do volume anterior mantém-se. Os desenhos são lindos e muito realistas, mas a balonagem intromete-se como um estigma e arruína as ilustrações, especialmente quando é usado o fundo amarelo.
3 Olhos, de Rodolfo Buscaglia / Sebastián Luqué
Arte muito boa e expressiva (com o uso apenas do preto e branco), e uma história interessante e que dá que pensar.Um trabalho muito interessante.
Attic, de Luís Lourenço Lopes
Já no volume anterior tinha gostado da arte deste artista que faz uso de uma técnica muito particular, que se vê poucas vezes. No entanto, desta vez, a história deixou-me confusa (e não no bom sentido).
Ilustração de Joana Afonso
Mais um excelente trabalho desta ilustradora, que funciona extremamente bem com os mínimos detalhes (sem qualquer fundo). Cria um impacto extremo.
Utopia, de Diogo Campos / José Pinto Coelho / Fil
Argumento algo confuso, ou melhor, um pouco mal explicado a meu ver, e que me deixou algo insatisfeita. A arte funciona bem para o tipo de história, mas as cores, demasiado escuras e pouco contrastantes, não ajudaram muito à apreciação das pranchas. Mas ainda assim devo referir que gostei do final, por ser imprevisível mas não inverossímil.
In Memoriam, de Mariana Perry
Adorei! Acho que a sequência da imagem está fenomenal e ri-me com este trabalho.
Descida ao Inferno, de Pedro Nascimento / Nuno Amado
A história central está boa, embora contenha vários clichés. No entanto os diálogos estão demasiado previsíveis e cheios de 'lugares comuns'. A acção não tem a melhor sequência (por vezes estende-se demasiado, outras passa muito depressa. Já a arte está muito boa em partes, e noutras ... nem por isso. O trabalho a aguarela, no entanto, está bastante interessante. O que me intrigou foi o fim.
Ilustração, de Fil
Macabro e visualmente chocante. Foi impossível desviar os olhos e contem pormenores bastante interessantes.
Um Final Feliz, de João Raz / Fil
A arte funcionou bastante bem nesta Bd, mas o argumento estava muito fraco. Carregado de clichés, apressado onde não devia e lento onde poderia ter andado bem mais depressa. Sinceramente acho que perdeu imenso com uma história sem originalidade.
Sedução Carnal, de Diogo Campos / Véte
Certamente algo diferente e completamente inesperado. Mas talvez por isso mesmo não tenha parecido ... natural. No entanto funcionou bem e a arte está bastante interessante.
Catacumba - prólogo, de António Valjean
Este é o tipo de prancha que teria funcionado à mil maravilhas sem uma única palavra no meio. Infelizmente o texto só serviu para me fazer revirar os olhos, pois as vinhetas falavam por si e eram bastante dinâmicas, com uma arte interessante.
A sereia da minha infância, de Vidazinha / Hugo Teixeira
Um argumento bastante original, com um estilo artístico que funcionou muito harmoniosamente com a história, graças à sua simplicidade (tanto nos traços, como nas cores). Um trabalho muito interessante.
Sem Futuro, de Rui Alex
Gostei particularmente desta BD, pois embora o conceito não seja novo, a forma como decidiram ilustrá-la deu-lhe vida.
Dador Universal, de Fil
Bastante chocante, tanto a nível artístico como narrativo. Gostei muito desta BD, epla sua frontalidade e porque ... bem ... acredito que esta realidade não esteja muito longe. A arte funcionou muito bem para a história e vice-versa.
Unrelieved Fairy, de Eduardo Monteiro
Mais uma ilustração muito apelativa do ilustrador. Das três, esta é a minha favorita (embora me pareça que lhe falta ali um pé :)
Uma coisa que notei em várias bd/ilustrações foi o uso de texturas. Bem sei que está em voga, mas há que ter cuidado pois tudo o que é exagerado acaba por aborrecer. Algumas chegavam a ter demasiadas texturas e isso tirava muito aos trabalhos.
No geral esta foi mais uma boa colectânea de BDs e Ilustrações, teve participações muito boas e outras que nem tanto, mas isso é normal acontecer, já que, como é costume dizer-se "não se pode agradar a gregos e a troianos".
Se ficaram interessados, visitem o BLOG do projecto Zona!
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