segunda-feira, 18 de abril de 2011

Golfinho de Júpiter

"Golfinho de Júpiter", de Mary Rosenblum (Antagonista Editora)

Sinopse:
Anton Kraj é um repórter de investigação especializado em documentários dramatizados, o melhor da sua área, cujo filho faleceu vítima de uma epidemia que assolou a Terra há anos. Atormentado pela prematura morte deste, consequência de uma fraude farmacêutica, dedica-se a elaborar docudramas acerca das investigações de fundo que leva a cabo.
Jonah é uma Inteligência Artificial, uma sonda destinada a explorar os oceanos gasosos de Júpiter, em busca de vida inteligente. Concebida na forma de um golfinho mecânico, possui a personalidade de uma criança de 13 anos - precisamente a idade em que faleceu o filho de Anton Kraj.
Da convivência entre os dois surge uma verdadeira cumplicidade, num turbilhão de eventos que ligam na perfeição o estilo da ficção científica com o do romance policial, será Jonah uma máquina ou um individuo? Num futuro, mesmo aqui à porta, como será a nossa relação psicológica com máquinas programadas para terem sentimentos?

Opinião:
Já há muito que não me recordava da história central da história, e, de forma consciente, decidi não ler a sinopse antes de começar, para desta forma a narrativa me poder captar a atenção logo de início.

Confesso, fiquei rendida à voz narrativa desde as primeiras páginas e achei a história uma pequena delícia, de tocar o coração.
As personagens estão muito bem construídas e expostas, a acção decorre de forma bastante regular (não é apressada, nem lenta) e temos momentos descritos que nos levam a sonhar. Há uma excelente caracterização e suspense narrativo em toda a história.

No entanto, há duas coisas de que não gostei particularmente. A cena do 'culminar' da história pareceu não fazer justiça ao resto da narrativa, porque voltou o ritmo para uma prosa de espionagem.
Por outro lado, a não separação das cenas confundiu-me imenso, especialmente porque o texto era todo corrido (nem sequer um parágrafo extra existia) e a história ficava a perder com a momentânea desnorteação do leitor, quando mudava de cena sem pré-aviso (ou seja, sempre).

Em suma, adorei esta noveleta e fiquei com muita curiosidade de ler mais alguns trabalhos da autora. Percebe-se porque foi nomeada para o Prémio Hugo, pois é uma história profunda, cheia de significado, com uma excelente caracterização e uma prosa bela. Recomendo!

Tradução:
Na minha perspectiva a tradução está bastante boa e 'invisível'. Não notei muitas palavras estranhas, nem traduções forçadas, por isso acho que está um muito bom trabalho.
Fica também uma nota à editora: Deviam ter referido o nome do/s tradutor/es, ao invés de colocarem apenas o nome da editora.


Capa (Todd Lockwood), Design e Edição:
Adorei esta capa, não só porque retrata bastante fielmente a imagem transmitida pelas palavras da autora, como pelas cores e simetria. No entanto esta edição peca pela fraca qualidade da imagem (nota-se que a imagem não tinha a resolução necessária para a impressão) e isso tirou alguma beleza à capa.
Em termos de edição, mantenho o que disse quanto ao Pela Sombra Morrerão. Deverão. talvez, nos próximos volumes da colecção, ter mais atenção à colagem das páginas, para que não aconteça de o leitor ser impedido de ler o texto por ter duas páginas coladas nas extremidades interiores.

Nota: Esta história foi publicada num edição conjunta com o Pela Sombra Morrerão da Carla Ribeiro.

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