Sinopse:
Derek Sherbourne é o último vampiro. É também uma sombra atormentada pelo passado e pela forma cruel como passou de humano influente a criatura das trevas.
Agora, a sua mente conserva uma única determinação: procurar vingança nos descendentes do ser que o transformou. E será, pois, desta forma que Elisa Northwood e a sua filha Christabel serão alvo da tenebrosa vontade do vampiro, caminhando na senda da vingança do imortal, à medida que ele próprio revive o seu passado.
Uma obra que recupera o vampiro como personagem histórico brutal e violento, quase despojado de quaisquer sentimentos e noções de humanidade.
Opinião:
Esta noveleta (permitam-me o termo, à falta de algo melhor) tenta recuperar o terror, a violência e uma certa sensualidade que sempre estiveram ligados ao mito dos vampiros. Com uma atmosfera claramente negra, do início ao fim, não é uma história que tenha, nas suas entrelinhas, qualquer tipo de esperança. Isto é algo amargo de se sentir, especialmente quando no meio está uma criança. Claro que não vou desvendar o final, mas a autora faz o que precisa com a história, sem meias medidas, e com isso a narrativa ganha uma intensidade que se faz sentir em quase todas as cenas.
Contudo, existem momentos que parecem supérfluos, ou melhor, demasiado expostos. No entanto o verdadeiro ponto fraco deste livro, são as várias explicações que os personagens nos vão dando, sobre as suas motivações e decisões que nos aparecem sempre na forma de diálogos, que pouco têm de natural, e que saturam pela sobre-exposição e sobre-explicação. Sou veementemente a favor do "show, don't tell" e aqui sente-se a falta disso.
Outra coisa que não gostei particularmente, prende-se com o início da narrativa, que soou algo estranho e ambíguo em demasia. Felizmente rapidamente o compasso muda.
Em contrapartida o final foi estranhamente surpreendente e está a aberto a variadas interpretações, o que foi uma jogada interessante da parte da autora.
Em suma, foi uma história que entreteve e que trouxe consigo um intrínseco sentimento de desespero (que os antigos mitos vampíricos provocavam), presente em todas as páginas. No entanto parece-me que os diálogos ganhariam em não ser tão 'expositórios', e sim mais fluentes. Por vezes menos palavras funcionam melhor do que o maior dos textos, especialmente se falados.
Foi uma boa noveleta, que se leu bem, embora, pessoalmente tenha gostado mais do conto da autora que li no Conto Fantástico. No entanto este foi, certamente, bastante mais bem conseguido que um outro conto que li da autora na Dagon.
Capa (Miguel Santos), Design e Edição:
A capa está bastante apelativa e em consonância com o estilo da narrativa, trazendo memórias de outros tempos, outras histórias e medos. A predominância do vermelho também lhe dá um ambiente bastante reconhecível.
O design interior está bastante simples, mas funciona. Apenas tenho de apontar que as margens estão muito mal pensadas, e mais que uma vez tive de escancarar o livro para poder ler.
Também tenho de dizer que a encadernação deixou muito a desejar, na medida em que, pelo menos o meu exemplar, apresentou-se com várias folhas coladas no meio, o que fez com que tivesse de usar a imaginação para decifrar certas partes do texto. De resto a grossura da capa estava bastante boa e o volume consistente, são só mesmo estas falhas com as margens e a encadernação que precisam de mais atenção.
Sem comentários:
Enviar um comentário