quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Nona Chave

"A Nona Chave (Mediator 2)", de Meg Cabot (Bertrand Editora)

Sinopse:
«Os fantasmas não existem». Pelo menos, é o que pensa a comunidade científica. A estudante do 10º ano Susannah Simon adorava poder concordar com isso. Ela só vive na solarenga Califórnia há duas semanas, mas a sua vida já é um turbilhão de festas de piscina, dias maravilhosos e novos amigos. Oh, sim... e os seus meios-irmãos. Mas, de resto, tudo corre fabulosamente bem. Até o fantasma de uma mulher lhe aparecer à cabeceira, a gritar e a suplicar a Suze que encontre "Red" e lhe diga que não foi ele o responsável pela sua morte. Investigar um homicídio não é exactamente fácil, especialmente quando as pistas que Suze vai juntando apontam directamente para o pai de Tad Beaumont, o rapaz mais giro e mais rico da escola... e o primeiro rapaz que alguma vez convidou Suze para sair.

Opinião:
Há livros que lemos pelo conceito, outros que lemos pela escrita, e outros ainda que lemos pela diversão. este, definitivamente, encaixa-se na última.
Tendo lido o primeiro volume (Terra Sombria) já no final de 2008, ainda tinha bem presente na memória a personagem principal desta história, assim como alguns dos outros envolvidos. A autora torna muito fácil lembrarmos-nos deles, mesmo depois de todo este tempo.

As personagens mais constantes (que surgem de volume para volume) são muito interessantes, mas em contrapartida, as restantes personagens (que surgem num só volume), não têm qualquer dimensionalidade, sendo apenas banais no meio das restantes.

Ainda assim, a Suze, com o seu sarcasmo e vontade de ser normal, conseguiu tornar a narrativa bastante divertida. O Jesse, coitado, pouco apareceu, mas ainda assim marcou presença. Agora, uma personagem que gostei imenso foi o Padre, pois qualquer pessoa com mais de 40 anos que ouve: «Aquele homem foge da luz do sol, diz ter matado pessoas e olhou para pescoço», e pensa imediatamente VAMPIRO, merece um prémio. Especialmente quando é um Padre. :DE pensava eu que seria a Suze a sugerir isso (ela sendo a jovem no meio disto tudo), mas Não!, foi o Padre. Épico!
Outras cenas muito boas foram: a parte em que a Suze finalmente deu a mensagem ao Red, foi bem emotiva; já para não falar de toda a situação com o Spike; e claro, a cena no carro entre a Suze, o Tad e o Jesse. Rebolei-me a rir.


O mistério central até foi bem conseguido, com várias reviravoltas e cenas realmente hilariantes no meio da confusão que a vida da Suze acaba por ser. As pistas foram bem colocadas (embora não se entenda porque nenhum dos fantasmas na vida da Suze lhe deram mais ajuda). No entanto, o vilão principal era muito ... banal. Não é que soubesse logo à partida quem ele era, mas faltou-lhe carisma. Já o pai do Tad, esse homem com falta de certos parafusos, fez-me rir várias vezes. Mas bem, não podemos chamar aquilo de vilão, pois não?

Já quanto à escrita da autora, mantenho a opinião do volume anterior. é simples, acessível, mas não simplista em demasia. Claro que, como a história é contada do ponto-de-vista da Suze, é de esperar que seja um pouco juvenil e, por vezes, mesmo irritante («Ai que ele tem uns peitorais tão giros! Não me importava nada de pousar a cabeça no peito dele» - VERÍDICO). Compreendem onde quero chegar, certo?
Já agora, alguém me explica como é que uma rapariga, que diz ser de família média, consegue vestir Armani e Betsy Johnson? Mas mais que isso ... o que me interessa a marca de roupa que ela usa? Era nesses momentos que  me relembrava que estava a ler um livro para jovenzinhas, que só pensam em moda e namorados. *sigh* Este tipo de coisa datam tanto os livros. Oh, Meg, os seus livros podiam muito bem sobreviver sem este tipo de referências pop.

Uma coisa não gosto nada na escrita da autora, e que na verdade me irrita um pouco, é o facto de ela interromper a fluidez dos diálogos para nos dizer algo óbvio sobre o que as personagens estão a fazer. Exemplo:  «Tem cuidado - continuou - com esta mulher. A mulher que esteve aqui.» - ou seja, interrompeu a fala para dizer algo tão óbvio como «continuou». Qualquer um percebia isso ao ler. Pessoalmente adoro a escrita da autora, mas isto ... isto irrita-me! É quase como «João disse, Marta disse, Paula disse, etc.». Não faz sentido? Mais vale não pôr texto nenhum a acompanhar os diálogos, pois se não conseguirem, através do próprio diálogo, dar a entender quem é a personagem a falar, então é mau sinal. Claro que quando é algo significativo, como «João passou um dedo pelo nariz, embaraçado«, ou coisa semelhante, então é bem vindo. Fora isso, não!


Em suma, foi uma delícia voltar a ler sobre a Suze, mesmo apesar de todas as referências pop que surgem no livro, a escrita da autora é muito boa e envolve o leitor, tornando impossível pousar o livro e não querer saber o que vem a seguir.
Tenho até vontade de pegar já nos volumes seguintes, mas para meu desagrado, a Bertrand deixou de publicar esta saga a partir do nº 4 (vai até ao 6) e ainda por cima trocou as capas a partir do nº3 (já para não falar que este está esgotado). Assim sendo, devo antes comprar os restantes em Inglês (com pena minha) e espero lê-los em breve.

Tradução (Sandra Esteves):
Não dei por grandes falhas, e, tendo em conta o tipo de narração em causa, acho que a tradutora fez um trabalho excelente e mal dei pela diferença entre o inglês (em que li o primeiro volume) e o português (deste 2º). Um bom trabalho de tradução (embora não tenha percebido porque teimava em meter o "Spike" em itálico. É só o nome de um gato! Mas, se calhar já vinha do original inglês, por isso não considero um 'erro').

Capa, Design e Edição:
Ao princípio não era grande fã destas capas, mas habituei-me a elas e agora até gosto. O problema é que é demasiado genérica. Nada indica sobre o que é o livro, e isso é mau para o comprador menos conhecedor, ou mesmo para angariar novos leitores.
O design, como é habitual, está bastante simples, mas é eficiente. A edição está bastante boa. Nada a assinalar. Só não gostei, mais uma vez, de o nome do ilustrador não ser mencionado em parte nenhuma do livros. Agora virou moda não dar crédito a quem é devido?

2 comentários:

  1. Esta foi a primeira série paranormal juvenil que li e lembro-me de ter gostado bastante. Quanto às referências "pop" é algo com que temos de viver se vamos ler YA. LOL. No geral gostei bastante da série. :)

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  2. Ahhh que saudades disto... Lembro-me que o padre era muito engraçado. E sempre gostei muito de Meg Cabot, referências populares e adolescentes tolinhas à parte. xD Mas foi com estes livros que a Bertrand me começou a desapontar, estiveram imenso tempo sem publicar Meg Cabot e o último que publicaram foi, adivinhem, o Insaciável, que é sobre vampiros. :|

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