quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Beauty

"Beauty - A retelling of the story of the beauty and the beast", de Robin McKinley (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Quando o negócio  da família entra em colapso, Beauty (Bela) e as suas duas irmãs  começam uma nova vida no campo. Contudo, quando o seu pai aceita a hospitalidade do esquivo e mágico Beast (Monstro/Besta), ele é forçado a fazer uma terrível promessa - enviar a sua filha para o castelo de Beast, sem promessa de que alguma vez a tornará a ver.
Beauty aceita o desafio, e aí começa uma extraordinária história de magia e amor, que ultrapassa todas as barreiras.

Opinião:
Quando se parte para uma leitura deste género, que é praticamente um recontar de uma história já vastamente conhecida pelo público em geral, não esperamos propriamente grandes novidades em termos de enredo, por isso devem ser as personagens e a voz narrativa a trazer algo de inovador e que torne a leitura algo "nova".
A história da "Bela e o Monstro" sempre foi das minha preferidas na infância, e continua a sê-lo até hoje. Talvez por isso mesmo tenha arriscado ler este recontar de algo que sempre me "enfeitiçou", e também por isso, tinha grandes expectativas, especialmente porque a Robin McKinley foi das autores que mais gostei de ler em 2010.
E só para esclarecimento, este livro é muito mais baseado na fábula dos irmãos Grimm, do que no filme da Disney.

Tal como aconteceu com Sunshine, no início tive alguma dificuldade em gostar da leitura, não porque a narração fosse chata (bem pelo contrário), mas porque estava com vontade que a história saltasse logo para a parte romântica. Depois dos primeiros capítulos, comecei a habituar-me à história, onde a autora levou o seu tempo a mostrar-nos como era a vida de Beauty e da sua família antes do Beast aparecer nas suas vidas.
Para começar, gostei muito das "liberdades" que a autora tomou em relação à família, à vida da Beauty e até ao próprio passado do Beast (afinal a culpa não é sempre das bruxas). O facto de ela ter irmãs, e das irmãs serem meigas, ao invés das habituais irmãs invejosas, e também o facto de pai ser dedicado, foram muito bem usados e deram uma lufada de ar fresco á história.
Achei também muita piada à fixação que a Beauty tinha com o deu nickname (Beauty) em prole do seu nome verdadeiro (Honour). Ela ponderava várias vezes sobre isso, sem que nunca parecesse irritante ou exagerado.
No entanto, também achei que a autora se estendeu um pouco demais na parte inicial da história, e embora tudo o que aconteceu tivesse relevância para o resto da história, pareceu-me que em certos momentos poderia ter sido mais sucinta. Felizmente, isto nunca se tornou monótono.

Apesar de tudo isto, e do interesse redobrado que a família dela provocou, a verdade é que quando o Beast entrou em cena é que a história ganhou realmente ânimo. E se até ali os diálogos tinham sido escassos (outro ponto que poderia ter sido melhor conseguido), quando os dois protagonistas começaram a interagir, as conversas mostraram-se muito naturais, mas ao mesmo tempo cuidados e de acordo com a época. Era notória a hesitação inicial e o medo da Beauty, que aos poucos foi desaparecendo.
Cada momento descrito pela autora entre os dois, foi de uma ternura extrema que me aqueceu o coração. Foi mesmo lindo!

Do que não gostei muito, foi do final. Não de como a história acabou (porque isso já sabia à partida, e adorei, claro!), mas de como a autora decidiu incluir alguns detalhes no final que fizeram a história parecer demasiado ... fantasiosa. Ou seja, até ali havia muita magia envolvida (o castelo, o Beast, o espelho, os jardins, etc) e tudo isto era-nos apresentado de forma equilibrada, chegando mesmo a parecer "natural", mas no final, com toda aquela fantasia e magia a "voar" pelos cantos, a coisa desabou um pouco.
Não foi o suficiente para arruinar a história, mas a meu ver, teria ficado a ganhar sem os últimos parágrafos. 

Adorei também a voz narrativa, que é quase o oposto da usada no Sunshine. Mais sucinta, mas fincada nas paisagens e nas pessoas. Adorei as descrições das "redondezas", que não sendo exaustivas, davam bem a entender os locais e a época, sem nunca mencionar um tempo determinado.

Em suma, Beauty é uma homenagem muito bem conseguida, a uma das fábulas mais belas que conheço. Não me arrependo nada de ter lido, e aconselho a quem goste da história e a quem não a conheça assim tão bem, pois com certeza ficará rendido.
Sem dúvida que Robin McKinley passou a fazer parte da lista dos meus autores favoritos e espero que me proporcione muitas mais boas leituras daqui para a frente.

Nota: Eu quero uma biblioteca daquelas, como o Beast tem no castelo! Com os livros que ainda nem foram escritos e tudo. E também quero o Greatheart (cavalo).

Capa:
Esta história tem muitas capas distintas, mas a minha favorita é a da imagem acima. Simples, mas eficaz. Adoro!

5 comentários:

  1. Este livro é mesmo um mimo para quem sempre adorou o conto infantil. Que bom saber que gostaste Ana! :) E sabes, desde que o li, até hoje, ainda pondero se hei-de ler o outro livro da autora baseado neste fairytale, ou não, (o "Rose Daughter"). A princípio pensei que seria uma sequela, mas parece que não, que é a mesma história contada de outra maneira - o que é um bocadinho estranho, vindo da mesma autora *.*

    ~carla

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  2. Realmente, que estranho. Não sabia que ela tinha escrito esse "Rose Daughter", mas se é mesmo como dizes é estranho. Talvez o leia, mas só depois de tentar outros livros dela. O próximo que vou ler, deverá ser o "Deerskin" que me parece interessante. Já leste?

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  3. É muuuito estranho, acho que um dia vou acabar por o ler só para tentar perceber porque ela fez tal coisa.

    Se já li o Deerskin? É um dos meus livros preferidos DE SEMPRE :') mas é um bocadinho...chocante, e nem consigo prever se vais gostar mais ou menos que este. Espero que sim *faz figas*

    Eu daqui a nada também vou permitir-me ler outro livro desta, talvez o Spindle's End, já está ali na estante à espera há algum tempo, é um retelling da Sleeping Beauty. :)

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  4. Agora deixaste-me mesmo com vontade de ir já pegar no "Deerskin", mas vou ter de deixar passar mais um tempinho (talvez no próximo mês). O "Spindle's End" parece giro, depois quero saber a tua opinião. E já vi que a autora faz muitos "recontos" de fábulas e lendas.
    O último livro dela, o "Pegasus", também parece muito bom.
    Ah! E recebi hoje o "Sunshine" em casa (ainda não o tinha comprado) e a capa está linda. É a nova que saiu, douradinha, brilha e tudo. Não parece nada um livro de vampiros, e adoro.. :D (happy)

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  5. Sim, há algo no Beauty and the Beast que nos parece chamar :) Da Robin McKinley só li o Deerskin, que foi ali a Jen que me emprestou. Apesar de não ter adorado o livro como ela, gostei, e acho que devia ler mais desta autora - e este parece-me bem :)

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