segunda-feira, 31 de maio de 2010

::Conto:: A Fotografia - a história do vampiro de Belgrado

"A Fotografia (a história do vampiro de Belgrado)" de Gonçalo M. Tavares, na antologia "Contos de Vampiros" (Porto Editora)

Sinopse:
Vujik, surdo-mudo, afirma na sua própria linguagem: gosto de sangue, sangue do século XXI. Colecciona imagens de beleza e perfeição, que come como tinta e alimento para a sua insaciabilidade. Fotografias e mais fotografias. O homem que devora imagens.

Opinião:
Escrito de uma forma diferente, por vezes repetitiva, mas sempre interessante, este conto cativa com as suas palavras, a sua história e as suas ambiguidades. Pena foi o final, que não gostei, embora entendesse o porquê de assim ser.
Confesso que gostaria de ler mais um pouco sobre Vujik e o seu gosto pelo sangue do séc. XXI e talvez por isso não tenha gostado mais deste conto.


Curiosidade:
Este conto parece ter sido adaptado ao teatro.

domingo, 30 de maio de 2010

::Conto:: O Mistério da Rua da Missão

"O Mistério da Rua da Missão" de Ana Paula Tavares, na antologia "Contos de Vampiros" (Porto Editora)

Sinopse:
Na Rua da Missão não existe a casa nº 77.

Opinião:
Com escrita bélica e muito bem ponderada, autora leva-nos ao enredo que criou, enraizado na cultura popular portuguesa, que todos reconhecemos.
Não se lê a palavra vampiro em lado nenhum do conto, nem nos é descrito qualquer ritual que reconheçamos à partida. A autora parece ter ido buscar um significado mais rural e ancestral desta criatura mitológica, dando-nos pistas, mas não chaves.
Foi uma leitura interessante mas que perdeu alguns pontos por pouco desenvolver qualquer uma das personagens, quando todas tinham muito potencial.

sábado, 29 de maio de 2010

Castle 2

Castle (Temporada 2 [fim])

Posso só dizer WOW!
Castle é das poucas séries que vi (e já vi muitas) que conseguiu melhorara a 400% de uma temporada para outra.
Quando comecei a ver os primeiros episódios, era mais naquela de "entretém, mas não brilha", mas durante a segunda temporada eu mal podia esperar uma semana por um novo episódio.
Fantástica!
Não posso deixar de recomendar a série a quem gosta de comédia, mistério, policiais, ou simplesmente algo que entretenha a sério.
A evolução das personagens, a maturidade crescente dos crimes (ainda com aquilo estilo característico de uma série que quer "brincar" com todos os estilos de séries policiais, filmes e livros do género, que existem e que marcaram eras).
O último episódio desta segunda temporada foi ... perfeito! E inesperado, o que é sempre bom.
Mais uma vez, se ainda não viram, vejam! Assim que passarem para a segunda temporada vão perceber o que digo (se bem que a primeira não foi má de todo, mas não tinha o carisma desta). Só aviso que não devem levar isto muito a sério, ok?
Agora vou agonizar até que a terceira temporada comece a dar. Ai, ai ...

Uma curiosidade: Editaram mesmo os livros mencionados na série. O Heat Wave já saiu no ano passado (se não estou em erro) e podem ler os primeiros 10 capítulos online AQUI. Já o segundo livro, Naked Heat, deve sair este ano. Os livros tem mesmo na capa a autora de Richard Castle, e pelo que percebi o estilo relembra mesmo o autor fictício da série. Um dia vou ler por curiosidade.

Legend of the Seeker 2

Legend of the Seeker (Temporada 2)

Depois de uma primeira temporada exemplar, foi com muita pena minha que esta série caiu num buraco sem fundo.
Logo no primeiro episódio percebemos o quão diferente a série está. Não sei se mudaram os escritores, os coreógrafos, o director e o realizador, mas sinceramente foi isso que pareceu.
As lutas deixaram de ser danças maravilhosas, para passarem a ser repetitivas e sem graça. Felizmente, no meio da segunda temporada, as lutas voltaram a ser belas como na primeira, o que de um novo alento à série.
A escrita e forma de mostrar a história, arrastou-se e arrastou-se por tempos infinitos, perdendo-se com tramas que nada faziam avançar a história e que só tiravam valor à série.
Os próprios actores, que na primeira temporada se mostraram fantásticos, nesta pareceram perder o carisma, talvez por culpa da direcção ou mesmo porque não houve nenhum desenvolvimento substancial nas personagens nesta temporada. Aliás, as personagens mais bem exploradas na segunda temporada foram a Kara (que eu gosto muito) e o Darken Rahl (que, espantosamente, teve mais tempo de antena na segunda que na primeira temporada, onde ele era o vilão principal).
Uma coisa que gostei foram as Sisters of the light, mais pelos combates bélicos a que deram lugar, do que por outra qualquer razão.

Em suma, a segunda temporada deixou muito a desejar, e embora no final tenha conseguido recuperar um pouco, isso não chegou para apagar o que veio de trás e que em  muito enegreceu o potencial desta série.
Só espero mesmo que na terceira temporada se recomponham e não arrastem a história indefinidamente, e não percam de vista o que realmente é interessante nesta série: as Personagens!

P.S: O Richard ficava muito melhor com o corte de cabelo que tinha na primeira série. XD

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Imaginários vol. 2

"Imaginário, vol. 2" de João Barreiros, Saint-Clair Stockler, Jorge Candeias, Alexandre Heredia, Eric Novello, Sacha Ramos, Luís Filipe Silva, Tibor Moricz, André Carneiro (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Uma antologia que reúne vários contos dentro dos géneros da fantasia e da ficção científica, com autores brasileiros e portugueses reunidos neste que é o segundo volume da colecção Imaginários.

Opinião: 
Escrevi uma opinião distinta para cada conto, e podem lê-las aqui:
- "Se acordar antes de morrer...", de João Barreiros (7 valores);
- "Às vezes eu os vejo", de Saint-Clair Stockler (6 valores);
- "Flor do Trovão", de Jorge Candeias (7 valores);
- "O toque invisível", de Alexandre Heredia (4 valores);
- "O cheiro do suor", de Eric Novello (8 valores);
- "A Rosa Negra", de Sacha Ramos (4 valores);
- "A casa de um homem", de Luís Filipe Silva (8 valores);
- "Eu te amo, Papai", de Timor Moricz (8 valores)
- "Uma questão de língua", de André Carneiro (5 valores)

Edição: 
Alguns erros foram encontrados durante a leitura, que poderiam ter sido evitados, mas que não foram em número suficiente para se tornarem incomodativos.
A selecção das obras pareceu-me coesa e numa variedade significativa de géneros e sub-géneros da fantasia e ficção científica.

Capa (Roko) & Design: 
A capa está muito apelativa, mas fiquei um pouco desapontado porque nada tem a ver com o conteúdo do livro. parece-me que ao colocarem ilustrações originais na capa, seria de maior vantagem ilustrarem contos retratados no interior da antologia.
De resto achei a organização interior simples mas muito boa e a paginação estava bastante boa, e, embora os textos estivessem em letra pequena, não senti dificuldade em ler nenhum dos contos.


Em suma esta é uma excelente antologia, com contos bem interessantes e diversificados, que mostram sem dúvida que o talento está em todas as vertentes da língua portuguesa, e com isto fiquei também a perceber que não tenho de ter receio de ler livros em português do Brasil, porque se percebe bem melhor do que eu pensava.
Uma aposta ganha da Editora Draco e espero ter oportunidade de ler e ver mais iniciativas do género.

Nota: Este livro foi-me oferecido pelo Jorge Candeias num passatempo promovido no blog do autor.

::Conto:: Uma questão de língua

"Uma questão de língua" de André Carneiro, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Observando, seguindo, estudando, espionando, chantageando e amando a mulher que quer para si.

Opinião:
Talvez eu não seja tão inteligente quanto penso, ou talvez não esteja nos meus dias, mas tive de reiniciar a leitura deste conto porque os meus olhos já davam voltas nas respectivas cavidades oculares. E, mesmo depois de reler, continuei sem saber muito bem o que achar deste conto rebuscado que se perde nas suas próprias palavras.
A escrita é quase poética, mas a forma narrativa é um pouco confusa de mais o que tira muito do gosto da leitura.
A ideia está fascinante, e em certo ponto relembrou-me a "Lolita" de Vladimir Nabokov, posso até dizer que encontrei várias semelhanças no relacionamento doentio das duas personagens principais.
Gostei do final e dos segredos que toda a trama escondia, mas confesso que não gostei especialmente de nenhuma das personagens, e como disse (talvez por ignorância minha) não consegui desfrutar a escrita.

::Conto:: Eu te amo, Papai

"Eu te amo, Papai" de Tibor Moricz, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Num tempo em que as crianças são uma fonte de energia, os adultos perderam a responsabilidade de ser pais.

Opinião:
Aquilo que começou de forma estranha, sem indicar onde iria, tornou-se no fim um conto cheio de segundas intenções, escrito e pensado com génio.
Não fosse o início, teria gostado ainda mais deste conto, mas também não foi isso que estragou a leitura.
Adorei a ideia por detrás da história e o realismo das reacções das personagens, tanto crianças como adultos. Os diálogos também estavam fantásticos e a narrativa apelou. Em suma, um conto de ficção científica que caiu bem e que poderia ainda ter pano para mangas, mas que ainda assim não deixa o leitor insatisfeito.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

::Conto:: A Casa de um Homem

"A Casa de um Homem" de Luís Filipe Silva, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Um homem entra na Zona, cidade sem lei, para recuperar a sua casa.

Opinião:
Com um início que choca e agarra o leitor, este conto está recheado de acção e consegue manter um ambiente negro e cru em toda a história, este conto consegue fazer com que as imagens passem em frente ao leitor a uma velocidade fenomenal, sugando-nos para a trama.
Só foi mesmo pena ficarem algumas coisas por esclarecer que deixaram vontade de saber mais sobre o Samuel.

::Conto:: A Rosa Negra

"A rosa Negra" de Sacha Ramos, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Djogo planeia partir para o Brasil, atrás da sua amada, mas antes disso terminará a sua criação; a rosa negra.

Opinião:
Esta história tinha todo o potencial para ser muito boa, mas devido à forma como a autora a contou, acabou por tornar-se medíocre.
A voz narrativa é estranha, mas onde perde mais pontos é mesmo nas personagens, pois enquanto o narrador nos diz uma coisa, as personagens agem de forma totalmente oposta, como que para mover rapidamente o enredo, mas sem fazer sentido ou sequer parecer natural. os diálogos também são fracos, o que piora ainda mais a situação.
Neste conto a história é boa e a ideia fantástica, mas tudo o resto arruína a possibilidade de poder gostar do resultado final.

::Conto:: O cheiro do suor

"O cheiro do suor" de Eric Novello, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
White entra no bar de Liam, propositadamente ignorando o facto de Noel andar a atrás dele e do seu dom.

Opinião:
Adorei a escrita do autor, crua e directa, sem rodeios nem floreados, desvendando no compasso certo o que se passa, quem está na história e o porquê de estes se cruzarem. A ideia do dom do White também está fantástica e gostava de ver mais histórias com estes personagens.
Em poucas páginas o autor conseguiu desenvolver muito bem as personagens e o ambiente que os rodeia, sem nos dizer tudo, mas deixando que o leitor chegasse às suas próprias conclusões.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

::Conto:: O toque invisível

"O toque invisível" de Alexandre Heredia, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
Miguel, um técnico informático, invoca uma reunião urgente na empresa, onde apresenta Phoebe, uma estranha que fala só pelo telefone.


Opinião:
Uma história de ficção científica, apoiada quase totalmente no diálogo e embora este seja fluído e interessante, é também por escolher esta forma de contar a história que o autor peca mais. Ao invés de mostrar a história, ele relata-nos em incontáveis monólogos e breves interacções que não maçam, mas também não convidam ao divertimento que a literatura deveria incutir.
Outro ponto menos a favor é a pouca originalidade do enredo. Certo é que poucas coisas são verdadeiramente originais nos dias que correm, mas o facto é que este conto não inova em aspecto nenhum, o que lhe tira muito mérito.


Gosto da forma como autor escreve, embora o português (do Brasil) deste autor seja mais notório do que o do Saint-Clair Stockler (onde pouco notei a diferença) mas isso não incomodou.
Acredito que noutro tipo de história o autor consiga cativar, mas neste caso, perdeu-se numa rede de clichés.

::Conto:: Flor do Trovão

"Flor do trovão" de Jorge Candeias, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
A profecia ditava que um dia nasceria uma fêmea tuu quando um só sol pairasse sobre o horizonte e o trovão se enrolasse nos picos das montanhas.


Opinião:
Este pequeno conto lembra as fábulas, com as suas criaturas animadas, as profecias, os mãos da fita e os obstáculos que a heroína, neste caso, tem de ultrapassar pelo bem do seu povo.
A história está bem conseguida e o final é diferente, se bem que não totalmente imprevisível, mas ao menos deixa-nos com a sensação de não estar a seguir parâmetros pré-definidos.
O ponto fraco do conto foi mesmo a falta de descrição dos seres nele mostrados, e que prometiam ser tão mais interessantes quanto fossem expostos. Fisicamente as criaturas praticamente não são descritas, e eu que nem sou de gostar de descrições pormenorizadas, senti a falta de algo que me dissesse o que eram os tuu, os kráá e demais criaturas mencionadas. Claro que a minha imaginação funcionou neste caso, mas não posso afirmar se será de todo fiel à ideia que o autor tem das espécies.

Um conto curto que termina mais que satisfatoriamente, mas que poderia ter sido ainda mais desenvolvido, a nível de personagens, mas que aparte disso está muito bom.

terça-feira, 25 de maio de 2010

::Conto:: Às vezes eu os vejo

"Às vezes eu os vejo" de Saint-Clair Stockler, na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
«São criaturas altas e louras, pálidas, sempre silenciosas.»


Opinião: 
Esta pequena história começou por parecer semelhante a muitas outras, indicando a possibilidade de elfos, mas o autor conseguiu surpreender ao revelar a verdadeira natureza dos estranhos e só foi pena a forma como o contou e demonstrou.
Gostei muito da escrita do autor, que é simples mas não não simplista, contando o que faz falta, sem floreados ou extras desnecessários. Também a forma como ele conta o conto está bem conseguida, deixando o leitor a ponderar até à sequência final.
Infelizmente foi também o final que desapontou pois pelo que lemos das personagens até aí, as suas acções não coincidem, parece que de um momento para o outro mudam radicalmente sem explicação lógica e o que fica implícito no final também não ajudou a que este conto passasse de mediano. Uma pena, pois os primeiros dois terços da história estavam excelentes.

Classificação: 6/10 (Interessante)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

::Conto:: Se acordar antes de morrer ...

"Se acordar antes de morrer ..." de João Barreiros na antologia "Imaginários 2" (Editora Draco - Brasil)

Sinopse:
O Funcionário desperta, pronto a desempenhar a sua função: Colocar a pele do Pai Natal (São Nicolau) e distribuir amostras grátis dos produtos da CC.

Opinião: 
Mais uma vez o autor conseguiu transportar-me para um dos seus mundos pós-apocalípticos onde o envolvente me sugou numa descrição fantástica do redor, deixando ainda assim muito para a imaginação do leitor, não se tornando por isso cansativa.
Adorei a forma como o Funcionário e as suas acções foram descritas e especialmente a sua naturalidade em querer ajudar os clientes, sem se dar conta que na verdade os estava a condenar (muito realista tendo em conta que falamos de uma máquina apenas programada para uma tarefa e nada mais).
Está certo que muito pouco nos é explicado sobre como o mundo chegou ao estado descrito, mas as pistas são suficientes para satisfazer as necessidades do conto, sem que tenha de haver recurso a (possíveis) esclarecimentos maçadores sobre as duas semanas que antecederam o despertar do Funcionário.
Acho que o único ponto fraco do conto foi mesmo a praga zombie, com a típica "Gah ... miolos", que poderá fazer o delírio de alguns, mas que me pareceu, se bem que compreensível, algo incongruente, mas a ideia dos insectos e demais animais zombies, estava muito interessante e é certamente algo que eu não me importaria de ver mais aprofundado.
Também o último capítulos (de apenas um parágrafo) me pareceu desnecessário, mas não foi isso que estragou o conto.


Sendo este o segundo conto que leio do autor, posso afirmar agora que gosto bastante da escrita do autor e sem dúvida que vou ler mais trabalhos dele.


Curiosidade: Este é o conto que dá nome e inspira a ilustração da colectânea do autor "Se acordar antes de morrer" (podem ver a imagem à direita)

sábado, 22 de maio de 2010

Compras 19

Esta semana recebi umas encomendas que fiz no site da Editorial presença, que, ao comemorar os 50 anos, decidiu durante 50 dias colkocar 50 livros com 50% de desconto.
E eu claro, mesmo estando em contenção, lá fui comprar estes trtês:
- "Coraline", de Neil Gaiman (não gostei particularemente do filme, mas como o livro é pequenito vou dar-lhe uma hipótese);
- "Vai onde te leva o coração", de Susanna Tamaro  (um livro que já quero ler há mais de 10 anos, e que aguaradava ter uma descida de preço);
- "A rapariga que roubava livros", de Markus Zusak (outro livro que queria há muito tempo, mas que pelo preço carregado não comprei antes);

Estas promoções são fantásticas mas dão cabo dos planos de poupança.

E ainda, na minha visita semanal ao quiosque, trouxe:
- "O dia dos Prodígios", de Lídia Jorge (Visão);
- "Ecoturismo e Natureza" (Visão);
- "Dia B" (Sábado).

Os útltimos dois têm a ver com a natureza, em Portugal, algo que eu gosto de explorar, daí que os tenha compardo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Floresta de Mãos e Dentes

"A Floresta de Mãos e Dentes" de Carrie Ryan (a ser publicado pela Edições Gailivro em Junho de 2010)

Sinopse:

No mundo de Mary há verdades muito simples:
A Irmandade é quem sabe o que é melhor.
Os Guardiões irão sempre servir e proteger.
Os desconsagrados nunca descansam

Opinião: 
Primeiro, deixem-me tirar algo do sistema, sim?
Em que terra é que isto é um título juvenil? Quer dizer, eles têm tantos problemas com descrever sexo em livros para jovens, mas não há problemas em decapitar cabeças, matar dezenas de pessoas, e etcetra e tal?
Não me entendam mal. Eu acho que a maioria dos jovens tem maturidade suficiente para ler estas coisas, assim como acho que poderiam muito bem ler sobre sexo sem que fizessem uma algazarra disso. E o problema está aí! Se são suficientemente maduros para ler umas coisas, porque não as outras também?
E agora que já disse isto, continuemos ao que verdadeiramente interessa ... o LIVRO!

Quando comecei este livro tinha algumas expectativas, por já ter ouvido falar muito bem dele e também porque adoro histórias de zombies. E talvez por ter expectativas, fiquei desapontada com o início. Custou-me imenso adaptar à voz narrativa da história, falada na primeira pessoa e no tempo presente, algo que me deixava com os nervos à flor da pele, talvez por não estar habituada a ler livros narrados desta forma, mas a verdade é que o texto parecia forçado e a acção não fluía com o compasso certo.
Depois dos primeiros capítulos, esta minha inquietação (ou birra) começou a desaparecer, à medida que me habituava, até que no fim já não me chateava.
A acção deste livro corre, literalmente. Tudo nos é mostrado pela perspectiva da Mary, que questiona tudo e todos à sua volta, o que é bom pois, sem parecer ser forçado, ficamos a conhecer o mundo em que ela vive, as suas regras e a forma como as pessoas agem.
Embora possa dizer que todas as personagens eram únicas e muito distintas, também posso dizer que não gostei de nenhuma delas, à excepção do Argos (o cão) que era um fofo e muito corajoso. Sinceramente, não percebo muito bem porque isto aconteceu pois todas as personagens são muito realistas, com falhas e virtudes. Há alturas em que as quis abraçar e outras em que só quis ter uma mão literária para lhes dar um enxerto de porrada, e mesmo assim, nenhuma me marcou o suficiente para poder dizer que gostaria de ler outro livro com elas.
Mas, numa coisa este livro ganha pontos. A autora poderia ter levado isto para o lado romântico. Havia muitas hipóteses para tal, mas ela decidiu focar-se no sonho da Mary, mostrando assim que não devemos abdicar daquilo em que acreditamos por um amor que pode ser fugidio. Isto é algo que não se vê muito nestes livros para jovens. Só no fim consegui entender totalmente o porquê das escolhas e acções de certas personagens, o que é bom porque o leitor gosta que as coisas se desenrolem aos poucos e não que tudo seja mostrado ao molho (e fé em Deus?).

Posso dizer que foi um livro que entreteve bem, cuja acção escorreu num compasso certo, com personagens tridimensionais, um mundo exuberantemente explorado, que não poupa na violência, não avisa antes da morte bater à porta (porque a vida também é assim) e que consegue convidar à leitura compulsiva, depois dos primeiros capítulos. No entanto falhou na descrição morosa, que não teve profundidade, na voz narrativa que chegou a ser monótona e, principalmente, falhou na Mary, que é das personagens mais fortes e ainda assim chatas que eu já li. Podia amá-la pela sua tenacidade, mas ao invés odeio-a pela sua mentalidade "só vê aquilo que está à frente". Por mais que concorde com o facto de ela querer chegar onde deseja, não posso ainda assim aceitar o facto de ela não pensar nos outros quando age de forma irracional. podia ser uma característica da personagem, mas se assim é, então a autora não podia esperar que gostássemos verdadeiramente dela.
Só tive pena foi de não apanhar verdadeiros sustos. A história não era totalmente previsível mas não cheguei a ficar com verdadeiro receio.


Edição: 
Infelizmente a edição de capa dura que eu tenho traz um defeito muito mau: o miolo do livro está mal colado, o que faz com que o livro pareça partir-se ao meio a cada página.Mau, mau, mau! Uma pena ...

Capa (Hony Werner) & Design: 
Confesso que adoro a capa. Talvez seja o contraste vermelho com preto, mas também digo que a capa não tem muito sentido. Quero dizer, eu pelo menos não vejo o sentido. Aliás! Eu percebo que queriam (possivelmente, e corrijam-me se estiver enganada) retratar a veste vermelha de uma certa personagem que corria como o vento. Também imagino que ainda tentassem com essa veste vermelha, fazer o pano assemelhar-se a uma mão predatória, mas a meu ver falharam. Eu olho para a capa e não sei bem o que aquilo simboliza. Gosto dela, mas continuo sem perceber o significado.



Nota:  Este é o sexto livro que vou submeter como sendo para o Desafio Thriller & Suspense, já que se insere no género.

Já quase me esquecia que este livro tem um booktrailer fabuloso. Vejam:



Também podem ver o booktrailer da sequela AQUI.

Selos

Este post será o único relegado aos selos que possa vir a receber no futuro. Todos serão adicionados aqui, para que não haja uma imensidão de posts com selos. Assim ficam todos no mesmo local, sem perturbar o blog que se pretende, maioritariamente, sobre livros e literatura.
Aceito, agradeço e difundo todos os que recebo, mas tudo ficará juntinho e aconchegadinho neste post.


A Jojo deu-me mais dois selinhos (Blog Coroado & Prémio Blog VIP) em 2010/05/23, mas desta vez não vou atribuir a ninguém específico. Quem quiser está à vontade para ficar com eles (mais todos os descritos no selos anteriores).






O Leituras de A a B atribui-me este selo (Este blog é um charme) em 2010/05/19.
As regras ditam que devo noemar 10 blogs para receber o selo, por isso aqui ficam:
- Quero um livro
- Entre páginas
- Às 23h
- Bookshelf da Betita
- As leituras da Fernanda
- Livreo
- Esmiuçar os livros
- Livros e Leituras
- Conta-me Histórias
- Papeis e Letras

A Laura atribui-me este selo (Beautiful Blogger) em 2010/02/01:
As regras são dizer 7 coisas sobre mim mesma e repassar para 7 blogueiros.
7 coisas sobre mim (que eu escolhi serem relacionadas com os livros e que podem ser consideradas como excentricidades):
- Não gosto de parar a leitura a meio de um capítulo, por isso esforço-me para ler sempre até ao fim de um e prefiro livros com capítulos menos extensos.
- Antes de 2009 nunca tinha lido um livro de vampiros.
- Sou incapaz de dobrar as páginas ou escrever nos meus livros e fico furiosa quando, por descuido, sujo um livro.
- Sou uma babada por livros antigos, especialmente os que já nem têm capa.
- Um dos eventos que aguardo com mais ânsia todos os anos é a (pequena e quase insignificante) Feira do Livro da minha cidade. Adoro juntar dinheiro para depois poder comprar todos os livros que me apetecer. Infelizmente não o posso fazer todos os anos.
- Sou incapaz de dar mais de 20€ por um livro, e das poucas vezes que o fiz, fiquei a matutar nisso durante semanas.
- Odeio que coloquem os números da colecção nas lombadas (estou a falar de ti, Editorial Presença, e de outros). Mancham a imaculada lombada que me sorri todos os dias. Que crime!

7 blogs:
- Viajar pela leitura
- Quero um livro
- My imaginarium
- Folha de rascunho
- Entre páginas
- Lydo e Opinado
- Às 23h

Selo Liebster Blog, significa querido, amado, favorito, em alemão.
Regras:
1 – Link de volta com o blogger que lho deu - Pensar nos Livros e Cuidado com o Dálmata;
2 – Cole o selinho no seu blogue;
3 – Escolha 5 blogues para repassá-lo, que tenham menos de 200 seguidores;
4 – Deixar um comentário avisando que estão recebendo o selinho.
Os blogs a quem 'cedo' o selinho :) são:
- O Labirinto dos Livros;
- Spoilers and Nuts;
- Tales of Gondwana;

*2012-03-10*
Recebi mais um selo, pela mão de dois grandes blogers: Atmosfera dos Livros e Página a Página. Obrigada!
"O Prémio Dardos reconhece os valores que cada blogueiro mostra em cada dia no seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais... que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras, entre as suas palavras."

A aceitação deste reconhecimento implica três regras:
1- Se aceitar, exibir a imagem;
2- Linkar o blog do qual recebeu o prémio (Atmosfera dos Livros e Página a Página);
3- Escolher 15 blogs para entregar o Prémio Dardos (15?!? Ai Credo!):
- O Labirinto dos Livros;
- Spoilers and Nuts;
- Tales of Gondwana;
- Viajar pela leitura
- Quero um livro
- My imaginarium
- Folha de rascunho
- Entre páginas
- Lydo e Opinado
- Às 23h
- Esmiuçar os livros
- Livros e Leituras
- Conta-me Histórias
- Bookshelf da Betita

*2013-05-05*

Da Kel (A Rapariga dos Livros) recebi o selo "Blog de Outro Mundo".
As regras são:
1. Colocar o selo no blog;
2. Referir o link de quem o enviou;
3. Dizer as três coisas que mais gostas num livro e as três que menos gostas;
4. Passar o selo a cinco (ou mais) que consideres de outro mundo.

3 Coisas que mais gosto num Livro:
- Personagens interessante e diversas, que pareçam reais e que não sejam estereótipos;
- Diálogos fluídos e interessantes;
- Surpresas! Gosto de ser surpreendida.

3 Coisas que menos gosto num Livro:
- Info-dumps, ou seja, quando o autor se lembra de despejar informação sobre a forma de diálogo, sermão ou narração corrente e aborrecida;
- Quando o autor sente necessidade de explicar tudo ao leitor, e contar-lhe tudo, e não deixa nada à sua imaginação, ou assume que o leitor é inteligente o suficiente para perceber certas coisas;
- Previsibilidade da história;

E quem quiser pode levar o selo. :)

sábado, 15 de maio de 2010

Meme de Hábitos de Leitura

Vi este Meme no blog do Estante de Livros e não resisti a responder a estas perguntas que não interessam a muita gente. (Entretanto já muita gente respondeu, mas eu tirei o original da Estante de Livros)
Perdoem-me estes momentos.

Petiscas enquanto lês? Se sim, qual é o teu petisco favorito?
Normalmente não, pois tento sempre comer antes de ler, com medo de besuntar o livro (aconteceu-me uma vez e agora quando olho para o livro quase que choro por o ter sujo (perdoa-me Harry Potter)), mas de vez em quando, quando a fome aperta, sou capaz de meter qualquer coisa à boca enquanto leio, tendo sempre muito cuidado com os dedos que uso. XD

Qual é a tua bebida preferida enquanto lês?
Leite, simples e frio, ou então água, mas sempre postos bem longe do livro para não haverem acidentes. E quase me esquecia do chocolate quente no Inverno.

Costumas fazer anotações enquanto lês, ou a ideia de escrever em livros horroriza-te?
As únicas coisas que escrevo nos livros é o meu nome, a data de compra ou oferta e o preço, mas sempre a lápis.
Salvo  raras excepções, não tiro apontamentos, porque como anoto o meu progresso no goodreads, não preciso ter um sítio físico só para isso, mas quando quero anotar algo específico (como uma citação ou outro), pego num bloco de papel e aponto a lápis.
Gosto de ter os meus lviros quase imaculados.

Como é que marcas o local onde ficaste na leitura? Um marcador de livros? Dobras o canto da página? Deixas o livro aberto?
Sempre com um marcador, pois colecciono-os. E, mais uma vez, nunca poderia dobrar os cantos de um livro, parecer-me-ia que os estava a mutilar (ideias minhas).

Ficção, não-ficção, ou ambos?
Prefiro ficção porque, sinceramente, a minha vida já é demasiado realista, o que não quer dizer que não desfrute de um livro de não-ficção de vez em quando.

És do tipo de pessoa que lê até ao final do capítulo, ou páras em qualquer sítio?
Faço sempre o que posso para ler até ao final de um capítulo, porque sinto que se não o fizer, quando voltar a pegar no livro vou-me perder. É uma questão de conforto, parece-me.

És leitor para atirar um livro para o outro lado da sala ou para o chão quando o autor te irrita?
Nunca! Por mais mau que o livro seja, sou incapaz de o estragar.

Se te deparares com uma palavra desconhecida, páras e vais procurar o seu significado?
Depende. Se não conseguir adivinhar o significado pelo contexto, então sim, procuro o significado num dicionário ou na internet (caso não haja dicionário ao pé), mas normalmente pelo contexto chego lá.

O que é que estás a ler actualmente?
Presentemente é o "The Forest of Hands and Teeth" de Carrie Ryan, que não está a ser tão bom como eu esperava. Pena ...

Qual foi o último livro que compraste?

"Nação Crioula" de José Eduardo Agualusa, um autor do qual ainda só li um pequeno conto.

Lês só um livro de cada vez, ou consegues ler mais que um ao mesmo tempo?
Normalmente leio dois livros em simultâneo. Um em papel (para andar com ele para trás e para frente, ler no intervalo do lanche, ou onde tiver possibilidade para tal), e um em formato digital, para quando estou no computador. Normalmente estes últimos são em Inglês e não estão publicados em Portugal.

Tens um lugar/altura do dia preferido para ler?

Preferido não diria, pois leio quando há hipóteses para tal, que normalmente é entre as 16 e as 17 (hora do lanche) e antes de ir para a cama (embora o meu colchão e a parede fria me dêem dores na espinha se ficar a ler muito tempo). De resto, como ando sempre com um livro na bolsa, sempre que há uma vaga, lá estou eu de nariz enfiado no livro, mas não tenho muito tempo e como sou uma leitora lenta, ainda pior é.

Preferes livros incluídos em séries ou independentes?
É-me indiferente. Não estou mais inclinada para uns ou outros, tudo vai de se gosto ou não do que leio da obra e se esta me cativar o suficiente para seguir uma saga, melhor.

Existe algum livro ou autor específico que estejas sempre a recomendar?
Como ainda me considero muito verde no campo literário, não tenho um só autor ou uma só obra que possa dizer que recomendo a toda a gente ou que recomendo muitas vezes. Mas quando leio um novo livro, normalmente lembro-me sempre de alguém que possivelmente gostaria dele, e aí sim, sugiro.

Como é que organizas os teus livros?

Para começar, tenho-os separados por lidos e não-lidos (os não-lidos estão em maioria), depois estão agrupados pelo primeiro nome do autor. Eu sei que nas bibliotecas é pelo último nome, mas eu lembro-me é do Vladimir Nabokov e não do Nabokov, Vladimir. Faz-me confusão. Se bem que, por motivos estéticos, gostaria de alinhar os livros por alturas, mas isso nunca farei porque, bem ... como é que eu ia decorar a altura do livro do Justin Evans? Ficava mais bonito, mas ia ser uma salsada e eu gosto é de descomplicar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Compras 18

Esta quinta-feira passei no quiosque do costume e trouxe o seguinte:
- Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa (Visão);
- Revista Os meus Livros, que regressa este mês depois de um cancelamento que não durou mais de um mês. O interior sofreu algumas (poucas) modificações e o que reparei logo foi a capa, cujo papel é diferente (suponho que para poupar no fabrico, mas que a meu ver não incomoda nada.

E esta semana foi tudo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Bons na Cama

"Bons na Cama" de Jennifer Weiner (Editorial Presença)

Sinopse:
A conselho de uma colega e amiga, Cannie, jornalista do Philadelphia Examiner, compra a revista feminina Moxie. E o inesperado acontece!… O colunista de «Bons na Cama» é, nada mais nada menos, que o seu namorado dos últimos três anos, de quem se encontra temporariamente afastada. Mas o que Cannie não podia, de todo, suspeitar era que a sua vida íntima estivesse ali publicada. E pior, com o título «Uma Mulher de Peso»! Candice Shapiro é uma heroína inovadora, generosa, emocionalmente sólida, com uma enorme alegria de viver e um magnífico sentido de humor, que consegue preservar mesmo nos momentos mais difíceis. Nunca recuperada do abandono paterno e atormentada por uns quilos a mais, Cannie lida surpreendentemente com essas circunstâncias, tal como lida com os seus acessos de gula, o seu simpático cachorro, os amigos, e uma vida profissional de sucesso.

Opinião: 
Não sei muito bem o que esperava quando comecei a ler este livro. O título é bem enganador, e ainda bem que o que me levou a lê-lo foi a sinopse, porque senão bem que ia sair da leitura gorada.  Mesmo assim o título faz sentido, não literal, mas porque tudo começa com a publicação da dita coluna, de nome duvidoso, já que o dito jornalista e ex-namorado de Cannie, falava de tudo menos de sexo (pelo menos do que foi mostrado).

Mas voltando ao que interessa. A história é realista, mas com aquele toque de chick-lit que eu tendo a não apreciar muito, e confesso que foi esse um dos motivos porque não gostei mais deste livro, embora confesse que não era tão proeminente como temia. Aliás, a única coisa que me enervou um pouco foi mesmo a constante menção de marcas e personalidades semi-famosas. Acho que isso data muito um livro (como já alguém muito mais inteligente que eu disse, mas que não sei quem foi) e também acho que nem toda a gente tem de conhecer as marcas, as estrelas e mais não sei quantas centenas de referências que o livro nos dá.
Mas como disse, isto até não incomodou por aí além.
A Cannie tem uma voz muito própria e consegui reconhecer-me imenso nela, como sendo uma "mulher de peso", mas também tive muita vontade de lhe dar um bom par de estalos porque ela tem a auto-estima de uma formiga (e não me refiro em termos proporcionais, porque as formigas devem ter muita auto-estima para trabalhar daquela forma). Não me vou pôr aqui a falar de mim, mas a verdade é que posso afirmar que a autora fez um bom trabalho a retratar a verdade dura de ser uma "mulher de peso" (e longe de mim de me achar uma coitadinha).
Já no campo afectivo, não me revi, mas juro que a Cannie, nesse aspecto, é a cópia chapada de uma pessoa que me é próxima, por isso passei muito tempo a rir-me com o seu sofrimento, porque já tinha visto aquele filme. O que, obviamente, é mais um ponto a favor da autora. Posso não ser assim (viva!) mas não posso deixar de achar que as situações eram bem prováveis de serem reais porque convivo com isso.

Assim sendo, o livro ganha pontos pela realidade narrativa, embora em certas alturas aquilo parecesse um pouco "bom demais" para ser verdade, mas mesmo na vida todos temos momentos em que tudo nos corre bem, e outros (como acontece no livro) em que tudo corre mal e parece que nos afundamos num poço escuro e sem fundo à vista.

Em suma, este livro é uma boa leitura, descontraída, realista, mas que não chateia e com a qual acho que grande parte das mulheres se conseguirá identificar. E porque não os homens também? Sim porque a autora também consegue trazer à vida algumas figuras masculinas bem diferentes e  tridimensionais. Uns odiosos e outros amorosos (como acontece com as mulheres).

Recomendo com algumas reservas, pois é uma leitura de verão, com os seus momentos mais intensos, algum drama e lágrimas, mas acima de tudo é um livro que nos pode deixar com uma sensação boa de que nem tudo é mau e que depois da tempestade vem sempre a bonança.

Tradução (Maria Clara Mira Capitão): 
A tradução, tanto quanto percebi, muito boa. Não dei por nenhum erro ortográfico (pode-me ter escapado claro) e não notei nenhuma frase que estivesse mal estruturada, mas confesso que fiquei um pouco à tona com tanto "pigarrear" e achei que faziam falta algumas notas de rodapé onde explicasse algumas referências ao judaísmo. ou talvez seja só eu eu que não percebo muito disso e por isso me senti perdida. Mas como só foi uma ou duas vezes também não posso dizer que tenha incomodado muito.
Capa (Hony Werner) & Design: 
A ilustração da cama está muito fofa, com cores vivas e é apelativa, só tive pena que a impressão em português estivesse aquém do desejado. A qualidade não é igual à original e por isso tira-lhe um pouco da beleza.

Nota: Esta leitura foi feita no âmbito tema do mês de Maio do Desafio Literário 2010.  

  

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Compras 17 & Ofertas 6

Hoje voltei ao quiosque e trouxe mais dois livrinhos. É de louvar o regresso da colecção "Autores Lusófonos" da Visão, que nos traz mais uns títulos de autores de língua portuguesa pelo mundo.
- O País do Carnaval, de Jorge Amado (Visão);
- Divina Comédia, de Dante Alighieri (Público).

Também recebi, cortesia da revista Ler e da editora Cavalo de Ferro, o promissor livro:
- A raposa azul, de Sjón.
Sabe tão bem vencer passatempos e receber livros grátis ...

sábado, 1 de maio de 2010

Fable - Legends in Exile

"Fable - Legends in Exile (Fables 1)" de Bill Willingham (ainda não editado em Portugal)

Opinião: 
Tendo como base as fábulas e contos de fadas que quase todos conhecemos de cor, esta novela gráfica transporta-nos para um mundo onde estes seres eternos (como as suas histórias e o que estas nos ensinam) convivem no mundo dos mortais, por necessidade, pois as suas terras foram conquistadas por um inimigo comum sem nome definido, e apenas conhecido como o Adversary (Adversário).
A partir desta premissa encontramo-nos face à investigação, pela parte do Big Bad Wolf (Lobo Mau), da morte ou rapto de Red, irmã de Snow White (Branca de Neve).
Todos são suspeitos, desde o João Pé de Feijão, que é o namorado da Red, o Bluebeard, até à própria Branca-de-neve e o seu ex-marido, Príncipe Encantado, que teve um caso com a própria Red, e que é um galã dos diabos.
Esta história tee alguns momentos fabulosos, como a carta que o Príncipe Encantado deixou à empregada de mesa com quem passou uma noite, ou a personalidade da Branca-de-neve, ou mesmo a paixoneta do Lobo mau.
Só não gostei mais deste livro porque achei que tinha demasiadas personagens e quase todas foram pouco desenvolvidas, algo que acredito que será resolvido nos próximos volumes. Também não gostei muito da forma como o crime foi resolvido, pois senti que nos esconderam algumas evidências, propositadamente, para tentarem surpreender-nos no final, mas na verdade não foi assim tão surpreendente, o que lhe tirou alguma piada.

Ainda assim, este é um bom volume, que alia originalidade com personagens que todos conhecemos, mas que são reinventadas com destreza.
Sem dúvida que vou ler o segundo volume.

Arte (James Jean, Alex Maleev, Lan Medina):
As capas (James Jean & Alex Maleev) estão fantásticas, com um estilo mais clássico, mas ao mesmo tempo fazendo brotar o sentimento das fábulas de antigamente, onde nem tudo terminava com um "E viveram felizes para sempre".
A arte interior (Lan Medina) está também bastante boa, mais ao típico estilo americano, com cores suaves e sem sombras na pintura (apenas na arte final), o que lhe dá um certo ar mais rude, mas ainda assim fantástico.

Podem ler o primeiro capítulo grátis AQUI.

A casa dos Espíritos

"A Casa dos Espírito" de Isabel Allende (Biblioteca Sábado)

Sinopse:
Clássico indiscutível da literatura contemporânea, este romance relata a turbulenta história de uma poderosa família de latifundiários, os Trueba, ao longo de quase cem anos. A dura realidade da terra e o mundo espiritual e mágico entrelaçam-se através das diferentes gerações do romance, forjado à volta do forte carácter do patriarca, Esteban Trueba, e da sensibilidade de Clara, capaz de tocar o mundo dos espíritos com a sua mente. Envolvidos numas dramáticas relações familiares, as suas personagens encarnam as tensões sociais e espirituais da sua época até configurar uma espécie de parábola sobre o destino colectivo da América Latina.

Opinião: 
Mais do que a história de um homem, mais do que a história de uma família, ou de várias gerações, esta é a história de um povo e de um país cuja mentalidade amadurece com o passar do anos, numa era de mudanças e radicalismos.
A forma como esta história é contada é muito cativante, e a autora tem uma voz muito própria, que envolve o leitor e o faz viajar pelas páginas do livro e pela história do país. Confesso que ao princípio não gostei tanto porque me parecia que a narrativa se movia demasiado depressa, mas cedo percebi que não era bem assim e agora vejo que esta andou ao compasso mais acertado.
Alturas houve também, em que me pareceu que os outros (que não da família) eram mais explorados que os da própria família, mas também isso cedo se dissipou pois todos faziam parte do ciclo da história e nenhuma personagem estava lá ao acaso, algo que a autora usou com mestria.

Tive pena que Clara fosse tão pouco explorada, pareceu-me que sempre a mostravam apenas superficialmente, o que não deveria contecer já que ela é um dos pilares da família de da história. Ao contrário de Estéban, que foi bem retratado e analisado ao pormenor, Clara ficou-se numa superfície de avaliações que deixaram mais questões que respostas.

Depois de todo o livro, não consegui ter pena do Estéban, pois ele irritou-me e enojou-me desde a primeira vez que apareceu. pareceu-me que a intenção da autora era fazer-nos ter alguma piedade por esta personagem, mas comigo não funcionou, embora perceba como tal poderia ocorrer a outros leitores, já que vemos tanto o seu pior como o seu melhor, e ele não deixa de ser um homem preso à sua geração, quase totalmente incapaz de evoluir com os tempos, algo que no fim acabou por lhe trazer muitos dissabores.

Gostei de como todas todas as personagens foram retratadas e dos sentimentos que cada uma delas me fez sentir, quer fosse ódio, desprezo, amor, piedade ou outro.
Como romance histórico está fantástico! Não sei ao certo quão fiel é à realidade, embora tenha impressão que o é muito, mas mesmo não sendo, a autora conseguiu embrenhar-nos da história geracional de uma nação e sentir por um povo oprimido.

Em suma, este é sem dúvida um clássico que recomendo a todos que leiam. Não é perfeito, mas é uma boa leitura.

Tradução (Carlos Martins Pereira): 
Maioritariamente não tenho nada de grave a apontar, mas no meio da narrativa encontrei alguns poucos erros ortográficos que saltaram à vista. Mas não foram nada que incomodasse realmente.

Capa & Design: 
A capa é uma imagem da adaptação cinematográfica (que pretendo ver em breve). Não é fabulosa, mas acho que mostra bem o carinho familiar que está presente no livro.
Já o design interior, está simples, e confesso que por vezes as margens reduzidas me incomodaram, mas não o suficiente para me cansar a vista ou estragar o prazer da leitura.

Nota: Esta leitura foi feita no âmbito tema do mês de Abril do Desafio Literário 2010 

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