terça-feira, 10 de maio de 2011

A Verdadeira Invasão dos Marcianos

"A verdadeira Invasão dos Marcianos ", de João Barreiros (Editorial Presença)

Sinopse:
Estamos em 1902, cinco anos depois da Invasão Marciana, que quase destruiu por completo o nosso planeta. Para responder ao assalto, a Europa, Rússia e Estados Unidos esqueceram as divergências ideológicas, étnicas e económicas, e formaram o mais gigantesco complexo militar-industrial da história da humanidade. Missão: ocuparem Marte e mostrarem aos marcianos sobreviventes quanto custa atacar traiçoeiramente a espécie humana. Num dos assaltos, os jornalistas Jules Verne e H. G. Wells, pacifistas por natureza, sonhadores de uma utopia não sabem o que fazer. Ainda por cima naufragaram no hemisfério sul do planeta a milhares de quilómetros do local de poiso do exército terrestre. As perguntas parecem não ter resposta: Que criaturas são essas, os Priiiiik, espécie de avestruzes inteligentes que parecem ter sido escravizadas pelos polvos? Verne e Wells vão tentar em vão resolver o mistério. Infelizmente a resposta só virá cento e cinquenta anos mais tarde. Misto dos géneros ciberpunk e steampunk, este livro revela uma nova faceta de João Barreiros no seu humor mais negro.

Opinião:
Como iniciei a leitura sem imaginar sobre o que seria o livro (nem a sinopse li), fui apanhada um pouco de surpresa quando reconheci certas figuras na narrativa. Talvez por isso mesmo me tivesse custado um pouco a ler os primeiros capítulos, mas assim que me habituei à ideia, a escrita de João Barreiros tornou a surpreender-me. 

H.G. Wells, Jules Verne, Dr. Mureou (personagem de H.G. Wells). Edgar Rice Burroughs, John Carter (criação de Edgar Rice Burroughs), são algumas personagens que nos acompanham durante a primeira parte, embora haja menção de outros nomes igualmente familiares.
A forma como o autor usou destas personagens,e  conseguiu torná-las bastante reais, foi bastante interessante. Não sei até que ponto foi fiel à personalidade dos verdadeiros, mas acredito que sejam bastante fiéis, se é que as personagens imaginárias 'emprestadas' são algum indicativo
Também gostei bastante da personagem de Herbert Goodfellow, que me fascinou ao mesmo tempo que irritou.

A forma como João Barreiros misturou realidade com ficção, surpreendeu-me imenso, e fui apanhada um pouco de surpresa pelo desenvolvimento. Gostei particularmente da forma como escolheu contar a história, pois parece-me que teria perdido muita 'vitalidade' se o fizesse ao contrário.
Pareceu-me no entanto que, apesar de o autor detalhar muito certas 'tecnologias' e aparatos, noutras situações não o fazia, o que deixava um vazio na história. Refiro-me particularmente ao que Herbert Goodfellow fez na viagem para Marte. Sou a favor de deixar certas coisas à imaginação do leitor, mas quando em outras circunstâncias o autor nos descreveu tão pormenorizadamente como as coisas aconteceram, neste caso particular ficou-se muito pelas 'arestas'.

A história em si está muito bem explorada e a escrita do autor volta a surpreender, captando a atenção do leitor e mantendo-o agarrado à narrativa. Embora para mim o paradoxo das viagens temporais seja bastante limitativo, deixei esses meus 'pré-conceitos' de lado desta vez, pois a história não me deixou enveredar por essas dúvidas.

A única coisa que não gostei neste livro, foi o uso dos diálogos em francês. Já o disse muitas vezes, mas detesto quando os autores portugueses (ou não) colocam expressões em línguas estrangeiras nos seus textos, e depois não colocam uma tradução. Nem toda a gente sabe falar outras línguas, e continuo a achar uma falta de respeito pelo leitor. Percebo que as usem, mas depois coloquem a tradução em nota de rodapé. Acho que não é pedir muito, pois não?

Em suma, esta foi a minha primeira leitura de João Barreiros em algo mais longo de que um conto, e devo dizer que fiquei rendida. Certamente este já é um dos meus autores portugueses favoritos. 
Esta é uma excelente obra de ficção científica, que surpreende e que consegue ter personagens muito interessantes. Recomendo!


Capa, Design e Edição:
O João Barreiros, no blog Montag (By their covers) já se manifestou quanto ao que pensa desta capa, e eu concordo com ele, embora não ache a capa muito má (só que prefiro quando respeitam a opinião dos autores, afinal a obra é deles). Está bastante genérica, mas as cores chamam bastante a atenção.
A edição está dentro dos parâmetros normais, sem nada que a destaque, mas num estilo limpo e bem aprumado.
Já quanto ao prefácio, confesso que nunca fui muito fã destas 'introduções' porque, tal como diz o prefaciador, acabam por estragar um pouco a leitura, especialmente quando dizem um pouco de mais (que não é bem o caso deste, mas que ainda assim se aplica).

5 comentários:

  1. mmm, mais um para a wishlist :D Pela tua review pareceu-me bastante na onda do Mapa do Tempo do Félix Palma. Se ainda não leste este recomendo-te vivamente

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hihi...como houve uma edição espanhola deste meu livro, o Felix Palma leu-a antes de começar a escrever o dele. A sério. Foi o próprio Felix que me contou isso.

      Eliminar
    2. Hihi...como houve uma edição espanhola deste meu livro, o Felix Palma leu-a antes de começar a escrever o dele. A sério. Foi o próprio Felix que me contou isso.

      Eliminar
  2. Quigui, é um livro muito interessante. Depois diz-me se gostaste.

    Quanto À tua sugestão, já ouvi falar muito bem do livro e sempre tive curiosidade, mas ainda não o comprei. :)

    ResponderEliminar
  3. Passatempo cuja prémio será a oferta deste livro:
    http://jvernept.blogspot.com/2011/08/passatempo-os-pais-da-ficcao-cientifica.html

    ResponderEliminar

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails