quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
A Bela Americana
"A Bela Americana", de Jess Walter (Edições Asa)
Opinião:
Ao pegar neste livro, por culpa de ser uma das leituras escolhidas para o Clube de Leitura de Braga, eu não sabia o que me esperava. A premissa parecia-me aborrecida e estava convencida de que ia ser uma leitura banal mas Oh, como me enganei!
Este livro começa quando uma actriz americana (de um filme que realmente existiu) fica uns dias hospedada numa pequena pensão na pequena costa remota de Porto Vergogna, em Itália. A sua visita alterará para sempre a vida dos poucos habitantes deste local, em especial a do Pasquale.
A história tem um pouco de romance mas não é de todo esse o foco. Esta assenta-se em personagens muito fortes e com quem me identifiquei muito, não porque fossem parecidos comigo mas porque as suas vidas, erros e sonhos eram tão reconhecíveis. E para mim foram as personagens que fizeram o livro. O Pasquale com o seu desejo de ter o melhor hotel da região e a sua adoração pela Dee, a Claire com a sua tentativa de conformidade numa vida que detesta, o Michael com a sua atitude mirabolante e o nariz empinado, o Shane com o seu sonho que chega a ser ridículo, e até o Pat que foi uma das personagens que mais detestei quando apareceu. Mas claro que foi Pasquale que fez o livro. Ele que é igualmente ingénuo e genial. Adorei-o! Mas por outro lado a Dee, que é o pilar de toda a história, não deixa de ser também uma grande personagem, embora ela seja das que menos entra nas cenas acabando por estar sempre presente como pano de fundo.
Por outro lado também adorei a prosa e a forma como a narrativa decorreu, andando para trás e para a frente no tempo com muita calma e esperteza. Pois tanto estamos focados na actriz, como depois já lemos uma divagação sobre a família e isto funciona tudo a favor da história que de outro modo seria menos dinâmica. Também adorei a forma como o autor misturou a realidade com a ficção, especialmente no que dizia respeito ao filme "Cleópatra".
Noutra nota: o fim foi perfeito mas não menos doloroso.
Em suma, A Bela Americana foi uma bela surpresa. Adorei a caracterização das personagens, a prosa e a história em si. Talvez tenha sido um pouco fruto da pouca expectativa que tinha mas sem dúvida que quero ler mais deste autor. Recomendo!
Sinopse:
Pasquale é um italiano sonhador. Tem 20 anos, vive numa aldeia costeira no mar da Ligúria, é dono do hotel local. Está na praia no dia em que uma inesperada hóspede chega de barco. É uma americana alta, frágil, de uma beleza aparentemente banal. Vai caminhando hesitante pelo cais, aproxima-se, até que se vira e o olha de frente. E o seu rosto, visto no ângulo certo, é o rosto perfeito. E o momento, aquele momento - perceberá Pasquale mais tarde -, vai durar uma vida inteira. Desde a primeira página, percebemos que A Bela Americana é um romance invulgar. Porque nos dá a ler um diário perdido, de cortar o coração. Porque nos fala de um músico vergado ao álcool e desesperado por se reencontrar. Porque nos revela um Richard Burton torturado pelo amor de Elisabeth Taylor nas filmagens de Cleópatra. E porque todas essas personagens, tão imperfeitas, tão impossivelmente românticas, estão misteriosamente ligadas umas às outras. E todas elas existem apenas porque, um dia, a bela americana desapareceu sem deixar rasto. E porque um italiano sonhador, passado meio século, cruzou o Atlântico na esperança de a reencontrar.
Jess Walter assina aqui o seu melhor romance até à data. Traduzido em 28 países, A Bela Americana foi incluído na selecção de Melhores Livros do Ano.
Opinião:
Ao pegar neste livro, por culpa de ser uma das leituras escolhidas para o Clube de Leitura de Braga, eu não sabia o que me esperava. A premissa parecia-me aborrecida e estava convencida de que ia ser uma leitura banal mas Oh, como me enganei!
Este livro começa quando uma actriz americana (de um filme que realmente existiu) fica uns dias hospedada numa pequena pensão na pequena costa remota de Porto Vergogna, em Itália. A sua visita alterará para sempre a vida dos poucos habitantes deste local, em especial a do Pasquale.
A história tem um pouco de romance mas não é de todo esse o foco. Esta assenta-se em personagens muito fortes e com quem me identifiquei muito, não porque fossem parecidos comigo mas porque as suas vidas, erros e sonhos eram tão reconhecíveis. E para mim foram as personagens que fizeram o livro. O Pasquale com o seu desejo de ter o melhor hotel da região e a sua adoração pela Dee, a Claire com a sua tentativa de conformidade numa vida que detesta, o Michael com a sua atitude mirabolante e o nariz empinado, o Shane com o seu sonho que chega a ser ridículo, e até o Pat que foi uma das personagens que mais detestei quando apareceu. Mas claro que foi Pasquale que fez o livro. Ele que é igualmente ingénuo e genial. Adorei-o! Mas por outro lado a Dee, que é o pilar de toda a história, não deixa de ser também uma grande personagem, embora ela seja das que menos entra nas cenas acabando por estar sempre presente como pano de fundo.
Por outro lado também adorei a prosa e a forma como a narrativa decorreu, andando para trás e para a frente no tempo com muita calma e esperteza. Pois tanto estamos focados na actriz, como depois já lemos uma divagação sobre a família e isto funciona tudo a favor da história que de outro modo seria menos dinâmica. Também adorei a forma como o autor misturou a realidade com a ficção, especialmente no que dizia respeito ao filme "Cleópatra".
Noutra nota: o fim foi perfeito mas não menos doloroso.
Em suma, A Bela Americana foi uma bela surpresa. Adorei a caracterização das personagens, a prosa e a história em si. Talvez tenha sido um pouco fruto da pouca expectativa que tinha mas sem dúvida que quero ler mais deste autor. Recomendo!
Sinopse:
Pasquale é um italiano sonhador. Tem 20 anos, vive numa aldeia costeira no mar da Ligúria, é dono do hotel local. Está na praia no dia em que uma inesperada hóspede chega de barco. É uma americana alta, frágil, de uma beleza aparentemente banal. Vai caminhando hesitante pelo cais, aproxima-se, até que se vira e o olha de frente. E o seu rosto, visto no ângulo certo, é o rosto perfeito. E o momento, aquele momento - perceberá Pasquale mais tarde -, vai durar uma vida inteira. Desde a primeira página, percebemos que A Bela Americana é um romance invulgar. Porque nos dá a ler um diário perdido, de cortar o coração. Porque nos fala de um músico vergado ao álcool e desesperado por se reencontrar. Porque nos revela um Richard Burton torturado pelo amor de Elisabeth Taylor nas filmagens de Cleópatra. E porque todas essas personagens, tão imperfeitas, tão impossivelmente românticas, estão misteriosamente ligadas umas às outras. E todas elas existem apenas porque, um dia, a bela americana desapareceu sem deixar rasto. E porque um italiano sonhador, passado meio século, cruzou o Atlântico na esperança de a reencontrar.
Jess Walter assina aqui o seu melhor romance até à data. Traduzido em 28 países, A Bela Americana foi incluído na selecção de Melhores Livros do Ano.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Girl of Nightmares
"Girl of Nightmares (Anna 2)", de Kendare Blake (ainda não publicado em Portugal)
Opinião:
Depois do que aconteceu à Anna no primeiro livro, o Cas passa-se um bocadinho dos carretos e começa a correr perigos desnecessários.
Este segundo e último livros da duologia Anna não me entusiasmou tanto quanto o primeiro apesar de ter todos os ingredientes para ser fantástico faltou-lhe algo extra: umas quantas camadas mais de profundidade de trama e arrojo narrativo.
O que não faltou mesmo foi o desenvolvimento das personagens, pois tanto Cas como os seus amigos foram postos à prova e tiveram de superar-se e erguer-se. São personagens com defeitos, como todas devem ter mas, por outro lado, as novas personagens não me cativaram, apesar de algumas serem interessantes acabaram por não se destacar nas situações em que se viam envolvidas. Excepção feita ao Gideon que não é bem uma personagem nova mas quase.
Por outro lado não gostei da evolução (ou regressão) da Anna, nem do Obeahman, apesar de aquela luta final ter sido muito boa. No caso da Anna a minha insatisfação prende-se com a sua fraqueza, tão contrastante com a personalidade no primeiro livro, o que me deixa desapontada mesmo dando-se o caso de eu ter gostado do final que calhou a esta personagem.
E tratando-se este de um livro de terror eu achei que o autor se conteve mais neste volume que no anterior, que foi menos grotesco ao longo do livro, excepção feita a um ou duas cenas (o altar do sacrifício, por exemplo, está de meter medo). Outra cena que gostei particularmente foi toda a interacção na Floresta dos Suicídios. Aí achei que o autor usou bem as suas 'armas'.
A prosa manteve-se semelhante ao livro anterior, apesar de tudo o que já disse e de eu não ter achado o Cas um protagonista tão fascinante neste volume.
Em suma, Girl of Nightmares foi uma sequela competente, com excelente desenvolvimento das personagens já conhecidas dos leitores do primeiro livro e um desfecho que me agradou, apesar de achar que tudo ficou um pouco bem demais. No entanto o livro falhou em dar vida às novas personagens e de mais um pouco do terror presente em Anna Dressed in Blood, o que não ajudou a que se tornasse um livro marcante. Vale a pena ler apenas por quem tenha lido já o primeiro.
Sinopse:
It's been months since the ghost of Anna Korlov opened a door to Hell in her basement and disappeared into it, but ghost-hunter Cas Lowood can't move on.
His friends remind him that Anna sacrificed herself so that Cas could live—not walk around half dead. He knows they're right, but in Cas's eyes, no living girl he meets can compare to the dead girl he fell in love with.
Now he's seeing Anna everywhere: sometimes when he's asleep and sometimes in waking nightmares. But something is very wrong...these aren't just daydreams. Anna seems tortured, torn apart in new and ever more gruesome ways every time she appears.
Cas doesn't know what happened to Anna when she disappeared into Hell, but he knows she doesn't deserve whatever is happening to her now. Anna saved Cas more than once, and it's time for him to return the favor.
Booktrailer:
Opinião:
Depois do que aconteceu à Anna no primeiro livro, o Cas passa-se um bocadinho dos carretos e começa a correr perigos desnecessários.
Este segundo e último livros da duologia Anna não me entusiasmou tanto quanto o primeiro apesar de ter todos os ingredientes para ser fantástico faltou-lhe algo extra: umas quantas camadas mais de profundidade de trama e arrojo narrativo.
O que não faltou mesmo foi o desenvolvimento das personagens, pois tanto Cas como os seus amigos foram postos à prova e tiveram de superar-se e erguer-se. São personagens com defeitos, como todas devem ter mas, por outro lado, as novas personagens não me cativaram, apesar de algumas serem interessantes acabaram por não se destacar nas situações em que se viam envolvidas. Excepção feita ao Gideon que não é bem uma personagem nova mas quase.
Por outro lado não gostei da evolução (ou regressão) da Anna, nem do Obeahman, apesar de aquela luta final ter sido muito boa. No caso da Anna a minha insatisfação prende-se com a sua fraqueza, tão contrastante com a personalidade no primeiro livro, o que me deixa desapontada mesmo dando-se o caso de eu ter gostado do final que calhou a esta personagem.
E tratando-se este de um livro de terror eu achei que o autor se conteve mais neste volume que no anterior, que foi menos grotesco ao longo do livro, excepção feita a um ou duas cenas (o altar do sacrifício, por exemplo, está de meter medo). Outra cena que gostei particularmente foi toda a interacção na Floresta dos Suicídios. Aí achei que o autor usou bem as suas 'armas'.
A prosa manteve-se semelhante ao livro anterior, apesar de tudo o que já disse e de eu não ter achado o Cas um protagonista tão fascinante neste volume.
Em suma, Girl of Nightmares foi uma sequela competente, com excelente desenvolvimento das personagens já conhecidas dos leitores do primeiro livro e um desfecho que me agradou, apesar de achar que tudo ficou um pouco bem demais. No entanto o livro falhou em dar vida às novas personagens e de mais um pouco do terror presente em Anna Dressed in Blood, o que não ajudou a que se tornasse um livro marcante. Vale a pena ler apenas por quem tenha lido já o primeiro.
Sinopse:
It's been months since the ghost of Anna Korlov opened a door to Hell in her basement and disappeared into it, but ghost-hunter Cas Lowood can't move on.
His friends remind him that Anna sacrificed herself so that Cas could live—not walk around half dead. He knows they're right, but in Cas's eyes, no living girl he meets can compare to the dead girl he fell in love with.
Now he's seeing Anna everywhere: sometimes when he's asleep and sometimes in waking nightmares. But something is very wrong...these aren't just daydreams. Anna seems tortured, torn apart in new and ever more gruesome ways every time she appears.
Cas doesn't know what happened to Anna when she disappeared into Hell, but he knows she doesn't deserve whatever is happening to her now. Anna saved Cas more than once, and it's time for him to return the favor.
Booktrailer:
A Delicadeza da Volta
O Clube de Leitura de Braga começa o ano a ler "A Delicadeza", de David Foenkinos (já adaptadao ao cinema); e "Volta - O Segredo do Vale das Sombras", de André Oliveira e André Caetano.
Convido-vos a juntarem-se a nós no próximo sábado, dia 2 de Janeiro, às 15h00 ("A Delicadeza") e/ou às 17h30 ("A Volta").
Vamos estar, como habitualmente, na Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade).
Convido-vos a juntarem-se a nós no próximo sábado, dia 2 de Janeiro, às 15h00 ("A Delicadeza") e/ou às 17h30 ("A Volta").
Vamos estar, como habitualmente, na Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade).
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
300 Seguidores
O blog já tem 300 seguidores!
Obrigada a todos!
Prometo mais opiniões para breve. Elas já estão escritas no papel e só falta passá-las para o computador. :)
Boas leituras para todos! E Boas Festas!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Anna Dressed in Blood
"Anna Dressed in Blood (Anna 1)", de Kendare Blake (ainda não publicado em Portugal)
Opinião:
Eu já li alguns livros considerados YA (Young Adult) com um tom negro mas nada que se compara a Anna Dressed in Blood. Pelo menos em termos gráficos. O autor não tinha papas na língua quando chegava o momento de descrever as cenas mais violentas do livro, exactamente como seria de esperar de um livro de horror que se preze.
Anna Dressed in Blood conta-nos a história de Cas, um rapaz fora do normal que, além de ver espíritos, viaja pelo país (USA) em busca dos espectros vingativos, pronto para se livrar deles de uma vez por todas. Não tenta mudá-los com conversas, ele simplesmente espeta-os com o Athame (um punhal ancestral) e está feito! Mas tudo muda quando ele vai viver para uma nova cidade e encontra o fantasma da Anna.
Apenas uma outra série literária me tinha feito torcer pelo romance entre um humano (vivo) e um fantasma: Mediadora da Meg Cabot, mas Anna Dressed in Blood também o conseguiu e de uma forma bem subtil.
O resto do enredo, que na verdade toma bem mais espaço que o romance (e ainda bem) está bem construído com momentos arrepiantes e situações que eu não esperava. A revelação do vilão, por exemplo, foi um dos momentos altos da trama. Mas também há espaço para algumas pausas com um toque de humor e alguma normalidade.
Além disto as personagens são todas muito boas (tirando os bullies), O Cas é um protagonista um pouco difícil no início mas rapidamente isso muda. Mas as minhas personagens favoritas neste livro foram a Anna, o Thomas. A Anna é uma personagem super-interessante, meia psicótica mas ao mesmo tempo é fácil sentir empatia com ela.
A prosa é eficiente, não é extraordinária mas é boa de se ler (ou escutar, como foi o meu caso). E nessa nota tenho de dizer que a versão audiolivro está muito competente e aconselho-a.
Em suma, Anna Dressed in Blood é um livro capaz de dar alguns sustos ao leitor, com um vilão realmente impiedoso, um romance improvável e um leque de personagens com quem o leitor facilmente se identifica, apesar das muitas peculiaridades de cada uma delas. E apesar de o livro poder ter sido um pouco mais rápido em certas cenas, acaba por ser uma boa leitura que traz algumas boas horas de diversão arrepiante.
Sinopse:
Cas Lowood has inherited an unusual vocation: He kills the dead.
So did his father before him, until he was gruesomely murdered by a ghost he sought to kill. Now, armed with his father's mysterious and deadly athame, Cas travels the country with his kitchen-witch mother and their spirit-sniffing cat. They follow legends and local lore, destroy the murderous dead, and keep pesky things like the future and friends at bay.
Searching for a ghost the locals call Anna Dressed in Blood, Cas expects the usual: track, hunt, kill. What he finds instead is a girl entangled in curses and rage, a ghost like he's never faced before. She still wears the dress she wore on the day of her brutal murder in 1958: once white, now stained red and dripping with blood. Since her death, Anna has killed any and every person who has dared to step into the deserted Victorian she used to call home.
Yet she spares Cas's life.
Booktrailer:
Opinião:
Eu já li alguns livros considerados YA (Young Adult) com um tom negro mas nada que se compara a Anna Dressed in Blood. Pelo menos em termos gráficos. O autor não tinha papas na língua quando chegava o momento de descrever as cenas mais violentas do livro, exactamente como seria de esperar de um livro de horror que se preze.
Anna Dressed in Blood conta-nos a história de Cas, um rapaz fora do normal que, além de ver espíritos, viaja pelo país (USA) em busca dos espectros vingativos, pronto para se livrar deles de uma vez por todas. Não tenta mudá-los com conversas, ele simplesmente espeta-os com o Athame (um punhal ancestral) e está feito! Mas tudo muda quando ele vai viver para uma nova cidade e encontra o fantasma da Anna.
Apenas uma outra série literária me tinha feito torcer pelo romance entre um humano (vivo) e um fantasma: Mediadora da Meg Cabot, mas Anna Dressed in Blood também o conseguiu e de uma forma bem subtil.
O resto do enredo, que na verdade toma bem mais espaço que o romance (e ainda bem) está bem construído com momentos arrepiantes e situações que eu não esperava. A revelação do vilão, por exemplo, foi um dos momentos altos da trama. Mas também há espaço para algumas pausas com um toque de humor e alguma normalidade.
Além disto as personagens são todas muito boas (tirando os bullies), O Cas é um protagonista um pouco difícil no início mas rapidamente isso muda. Mas as minhas personagens favoritas neste livro foram a Anna, o Thomas. A Anna é uma personagem super-interessante, meia psicótica mas ao mesmo tempo é fácil sentir empatia com ela.
A prosa é eficiente, não é extraordinária mas é boa de se ler (ou escutar, como foi o meu caso). E nessa nota tenho de dizer que a versão audiolivro está muito competente e aconselho-a.
Em suma, Anna Dressed in Blood é um livro capaz de dar alguns sustos ao leitor, com um vilão realmente impiedoso, um romance improvável e um leque de personagens com quem o leitor facilmente se identifica, apesar das muitas peculiaridades de cada uma delas. E apesar de o livro poder ter sido um pouco mais rápido em certas cenas, acaba por ser uma boa leitura que traz algumas boas horas de diversão arrepiante.
Sinopse:
Cas Lowood has inherited an unusual vocation: He kills the dead.
So did his father before him, until he was gruesomely murdered by a ghost he sought to kill. Now, armed with his father's mysterious and deadly athame, Cas travels the country with his kitchen-witch mother and their spirit-sniffing cat. They follow legends and local lore, destroy the murderous dead, and keep pesky things like the future and friends at bay.
Searching for a ghost the locals call Anna Dressed in Blood, Cas expects the usual: track, hunt, kill. What he finds instead is a girl entangled in curses and rage, a ghost like he's never faced before. She still wears the dress she wore on the day of her brutal murder in 1958: once white, now stained red and dripping with blood. Since her death, Anna has killed any and every person who has dared to step into the deserted Victorian she used to call home.
Yet she spares Cas's life.
Booktrailer:
All you need is Soberba
O Clube de Leitura de Braga prepara-se para fechar o ano em grande. E contamos que se juntem a nós!
Somos um grupo muito simpático e adoramos ter novas pessoas a visitarem-nos e, quem sabe, a ficarem como membros do clube mensal. Neste próximo sábado vamos falar de:
- "Soberba Ilusão", de Andreia Ferreira;
- "All You Need is Kill - Volumes 1 e 2", de Hiroshi Sakurazaka e Takeshi Obata (no Clube de BD)
O Clube é dividido em duas vertentes: Romance e Banda Desenhada e qualquer pessoa pode vir a um e/ou a outro. Não são forçados a ficar para os dois mas convidamo-vos a fazê-lo. talvez se surpreendam.
Já para não falar que vamos contar com a presença da autora de "Soberba Ilusão", a bracarense Andreia Ferreira. Não percam a oportunidade de estarem connosco, a falar de literatura, e também com a autora.
Vamos estar, como habitualmente, na Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade), às 15 horas e depois também às 17h30 para a sessão de BD. Convido-vos a fazerem-nos companhia e a divulgarem o Clube!
Somos um grupo muito simpático e adoramos ter novas pessoas a visitarem-nos e, quem sabe, a ficarem como membros do clube mensal. Neste próximo sábado vamos falar de:
- "Soberba Ilusão", de Andreia Ferreira;
- "All You Need is Kill - Volumes 1 e 2", de Hiroshi Sakurazaka e Takeshi Obata (no Clube de BD)
O Clube é dividido em duas vertentes: Romance e Banda Desenhada e qualquer pessoa pode vir a um e/ou a outro. Não são forçados a ficar para os dois mas convidamo-vos a fazê-lo. talvez se surpreendam.
Já para não falar que vamos contar com a presença da autora de "Soberba Ilusão", a bracarense Andreia Ferreira. Não percam a oportunidade de estarem connosco, a falar de literatura, e também com a autora.
Vamos estar, como habitualmente, na Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade), às 15 horas e depois também às 17h30 para a sessão de BD. Convido-vos a fazerem-nos companhia e a divulgarem o Clube!
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Fairest
"Fairest (The Lunar Chronicles 3,5)", de Marissa Meyer (ainda não publicado em Portugal)
Este livro é na verdade uma prequela à série The Lunar Chronicles (por isso não entendo como a listara como sendo o livro entre o terceiro e o quarto visto que os acontecimentos narrados, quase na totalidade, acontecem bem antes do primeiro). Nele ficamos a saber um pouco mais sobre Levana, a grande vilã da história, e também da sua irmã, raínha Channary, assim como temos um vislumbre das origens da Winter e da Cinder. Winter é também a personagem que dá nome ao último livro da série, lançado recentemente, e que eu estou agora a ler (por isso a opinião deve sair antes do final do ano, se tudo correr bem).
Tenho no entanto de confessar que fiquei um pouco decepcionada quando percebi que o livro começava logo com uma Levana adolescente, sem que tenhamos grandes vislumbres da sua infância, tirando duas situações muito marcantes da dita. Contudo, visto que a história se inicia num dos momentos mais marcantes da sua vida, o leitor consegue acompanhar ao longo das páginas a degradação gradual da personalidade de Levana, apesar de já antes disso ela ter muitos traços de egocentrismo extremo e absolutismo lunático (pun intended * trocadilho intencional). Consegui inclusivé sentir pena dela e do ambiente em que ela cresceu, o que já é dizer muito visto que se leram algum livro da série vão perceber que ela é uma personagem completamente detestável.
Toda a história entre ela e o pai da Winter, o Evret, foi dolorosa de se ler e impressionante de seguir porque havia ali amor mas era um amor tão cego e unilateral que só podia acabar mal. Uma cena em particular ficou-me gravada na memória.
*Spoilers* Foi aquela em que a Levana usou os seus poderes para ficar a aparência da mãe da Winter, Solstice, enquanto ela estava grávida, e é depois apanhada pelo Evret e ganha-lhe gosto. *fim de Spoilers* Essa, para mim, foi uma das cenas que mais definiu a personalidade da Levana e o que ela seria daí para a frente, sendo que a cada nova situação ela ficava pior.
Impressionantemente a Channary no início era bem pior que a Levana mas quando a Cinder nasceu tudo mudou.
Em suma, Fairest é um bom complemento ao universo de The Lunar Chronicles, mostrando-nos o passado que moldou a Levana e também as raízes da Cinder e da Winter. Um bom pequeno livro que traz muito de novo à série, com personagens fortes e cenas intensas, mais a nível psicológico que propriamente de acção. Vale a pena ser lido por quem já segue a série,
Sinopse:
In this stunning bridge book between Cress and Winter in the bestselling Lunar Chronicles, Queen Levana’s story is finally told.
Mirror, mirror on the wall,
Who is the fairest of them all?
Fans of the Lunar Chronicles know Queen Levana as a ruler who uses her “glamour” to gain power. But long before she crossed paths with Cinder, Scarlet, and Cress, Levana lived a very different story – a story that has never been told . . . until now.
Marissa Meyer spins yet another unforgettable tale about love and war, deceit and death. This extraordinary book includes full-color art and an excerpt from Winter, the next book in the Lunar Chronicles series.
Booktrailer:
Este livro é na verdade uma prequela à série The Lunar Chronicles (por isso não entendo como a listara como sendo o livro entre o terceiro e o quarto visto que os acontecimentos narrados, quase na totalidade, acontecem bem antes do primeiro). Nele ficamos a saber um pouco mais sobre Levana, a grande vilã da história, e também da sua irmã, raínha Channary, assim como temos um vislumbre das origens da Winter e da Cinder. Winter é também a personagem que dá nome ao último livro da série, lançado recentemente, e que eu estou agora a ler (por isso a opinião deve sair antes do final do ano, se tudo correr bem).
Tenho no entanto de confessar que fiquei um pouco decepcionada quando percebi que o livro começava logo com uma Levana adolescente, sem que tenhamos grandes vislumbres da sua infância, tirando duas situações muito marcantes da dita. Contudo, visto que a história se inicia num dos momentos mais marcantes da sua vida, o leitor consegue acompanhar ao longo das páginas a degradação gradual da personalidade de Levana, apesar de já antes disso ela ter muitos traços de egocentrismo extremo e absolutismo lunático (pun intended * trocadilho intencional). Consegui inclusivé sentir pena dela e do ambiente em que ela cresceu, o que já é dizer muito visto que se leram algum livro da série vão perceber que ela é uma personagem completamente detestável.
Toda a história entre ela e o pai da Winter, o Evret, foi dolorosa de se ler e impressionante de seguir porque havia ali amor mas era um amor tão cego e unilateral que só podia acabar mal. Uma cena em particular ficou-me gravada na memória.
*Spoilers* Foi aquela em que a Levana usou os seus poderes para ficar a aparência da mãe da Winter, Solstice, enquanto ela estava grávida, e é depois apanhada pelo Evret e ganha-lhe gosto. *fim de Spoilers* Essa, para mim, foi uma das cenas que mais definiu a personalidade da Levana e o que ela seria daí para a frente, sendo que a cada nova situação ela ficava pior.
Impressionantemente a Channary no início era bem pior que a Levana mas quando a Cinder nasceu tudo mudou.
Em suma, Fairest é um bom complemento ao universo de The Lunar Chronicles, mostrando-nos o passado que moldou a Levana e também as raízes da Cinder e da Winter. Um bom pequeno livro que traz muito de novo à série, com personagens fortes e cenas intensas, mais a nível psicológico que propriamente de acção. Vale a pena ser lido por quem já segue a série,
Sinopse:
In this stunning bridge book between Cress and Winter in the bestselling Lunar Chronicles, Queen Levana’s story is finally told.
Mirror, mirror on the wall,
Who is the fairest of them all?
Fans of the Lunar Chronicles know Queen Levana as a ruler who uses her “glamour” to gain power. But long before she crossed paths with Cinder, Scarlet, and Cress, Levana lived a very different story – a story that has never been told . . . until now.
Marissa Meyer spins yet another unforgettable tale about love and war, deceit and death. This extraordinary book includes full-color art and an excerpt from Winter, the next book in the Lunar Chronicles series.
Booktrailer:
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Night of Cake & Puppets
"Night of Cake & Puppets (Daughter of Smoke & Bone 2,5)", de Laini Taylor
Zuzana é uma das personagens mais adoradas pelos fãs da série Daughter of Smoke & Bone, por isso não é de estranhar que a autora tenha escolhido escrever um spin-off (história paralela) com foco nela e no seu fofinho romance com o Mik, descrevendo a noite em que os dois se conheceram formalmente e começaram a namorar. Cena que, aliás, havia sido mencionada nos dois últimos livros da série.
Dito isto, este conto (quase noveleta) foi super-fofinho e tenho a certeza que agradará a quem já gostava das duas personagens em questão. Zuzana é uma personagem muito caricata e que dá gosto ler pelo seu humor satírico e piadas certeiras.
Eu confesso que esperava um pouco mais de amor no início, mas tendo em conta que eles ainda não se conheciam, também seria pedir demais. E depois quando eles finalmente se cruzaram foi super-fofo (sim, eu estou a repetir-me neste ponto).
E não vale a pena falar muito da história porque é bastante simples mas para quem de vez em quando quer algo curto e fofo, esta é uma boa leitura para se fazer em frente à lareira.
Em suma, Night of Cake and Puppets é uma curta história com personagens com as quais é fácil o leitor se relacionar, com uma boa pitada de romance e um cheirinho a magia. Uma leitura muito aconchegante.
Sinopse (inglês):
In Night of Cake & Puppets, Taylor brings to life a night only hinted at in the Daughter of Smoke & Bone trilogy—the magical first date of fan-favorites Zuzana and Mik. Told in alternating perspectives, it’s the perfect love story for fans of the series and new readers alike. Petite though she may be, Zuzana is not known for timidity. Her best friend, Karou, calls her “rabid fairy,” her “voodoo eyes” are said to freeze blood, and even her older brother fears her wrath. But when it comes to the simple matter of talking to Mik, or “Violin Boy,” her courage deserts her. Now, enough is enough. Zuzana is determined to meet him, and she has a fistful of magic and a plan. It’s a wonderfully elaborate treasure hunt of a plan that will take Mik all over Prague on a cold winter’s night before finally leading him to the treasure: herself! Violin Boy’s not going to know what hit him.
Zuzana é uma das personagens mais adoradas pelos fãs da série Daughter of Smoke & Bone, por isso não é de estranhar que a autora tenha escolhido escrever um spin-off (história paralela) com foco nela e no seu fofinho romance com o Mik, descrevendo a noite em que os dois se conheceram formalmente e começaram a namorar. Cena que, aliás, havia sido mencionada nos dois últimos livros da série.
Dito isto, este conto (quase noveleta) foi super-fofinho e tenho a certeza que agradará a quem já gostava das duas personagens em questão. Zuzana é uma personagem muito caricata e que dá gosto ler pelo seu humor satírico e piadas certeiras.
Eu confesso que esperava um pouco mais de amor no início, mas tendo em conta que eles ainda não se conheciam, também seria pedir demais. E depois quando eles finalmente se cruzaram foi super-fofo (sim, eu estou a repetir-me neste ponto).
E não vale a pena falar muito da história porque é bastante simples mas para quem de vez em quando quer algo curto e fofo, esta é uma boa leitura para se fazer em frente à lareira.
Em suma, Night of Cake and Puppets é uma curta história com personagens com as quais é fácil o leitor se relacionar, com uma boa pitada de romance e um cheirinho a magia. Uma leitura muito aconchegante.
Sinopse (inglês):
In Night of Cake & Puppets, Taylor brings to life a night only hinted at in the Daughter of Smoke & Bone trilogy—the magical first date of fan-favorites Zuzana and Mik. Told in alternating perspectives, it’s the perfect love story for fans of the series and new readers alike. Petite though she may be, Zuzana is not known for timidity. Her best friend, Karou, calls her “rabid fairy,” her “voodoo eyes” are said to freeze blood, and even her older brother fears her wrath. But when it comes to the simple matter of talking to Mik, or “Violin Boy,” her courage deserts her. Now, enough is enough. Zuzana is determined to meet him, and she has a fistful of magic and a plan. It’s a wonderfully elaborate treasure hunt of a plan that will take Mik all over Prague on a cold winter’s night before finally leading him to the treasure: herself! Violin Boy’s not going to know what hit him.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Contos ASSESTA - divulgação
Contos ASSESTA
Está agendada para a tarde do dia 14 de novembro (16 horas), integrada no programa oficial dos ELA (Encontros Literários do Alentejo), a decorrer em São Teotónio (Odemira) entre os dias 13 e 14 deste mês, a apresentação pública do livro «Contos ASSESTA», a primeira produção literária da recém-criada Associação de Escritores do Alentejo.
Trata-se de uma obra na modalidade de conto, escrita por 12 dos 15 autores fundadores da ASSESTA. Cada um dos textos, para além de dar vazão à identidade literária do seu criador, reflete o Alentejo, as suas gentes e tradições, narrado de uma forma viva, envolvente e sedutora, ora com o drama, ora com a comédia, ora com a aventura, ora com a desventura que caracterizam tão bem esse pedaço de terra desafogada que se espraia além do Tejo.
Escrevem: Carlos Campaniço, Dora Nunes Gago, Fernando Évora, Fernando Guerreiro, Joaninha Duarte, José Teles Lacerda, Luís Contente, Luís Miguel Ricardo, Maria Ana Ameixa, Napoleão Mira, Olinda P. Gil e Vitor Encarnação.
E porque cada conto tem uma ilustração, ilustram: Alexandra Prieto, Anita, Beatriz Lacerda, Danuta Wojciechowska, Flávio Horta, Hugo Lucas, Igor Nunes Silva, Joaquim Rosa, João Brilhante, Paulo Monteiro, Pilar Puyana e Rita Cortez.
A capa é da autoria de Joaquim Rosa.
A ASSESTA – Associação de Escritores Alentejo (sediada na Casa da Cultura de Beja) nasceu da vontade de um grupo de escritores naturais do Alentejo ou com fortes vínculos à região em promover a literatura nas terras que se estendem para além do Tejo.
Para além da edição pontual de obras alusivas à região que lhe dá identidade, a ASSESTA tem por principais objetivos: dinamizar apresentações de livros e autores, promover tertúlias temáticas, desenvolver oficinas de escrita, organizar eventos de promoção da literatura, estabelecer parcerias culturais, criar concursos literários para novos valores da escrita e dinamizar espetáculos da palavra.
Saibam mais no blog Alentejo Literário.
Está agendada para a tarde do dia 14 de novembro (16 horas), integrada no programa oficial dos ELA (Encontros Literários do Alentejo), a decorrer em São Teotónio (Odemira) entre os dias 13 e 14 deste mês, a apresentação pública do livro «Contos ASSESTA», a primeira produção literária da recém-criada Associação de Escritores do Alentejo.
Trata-se de uma obra na modalidade de conto, escrita por 12 dos 15 autores fundadores da ASSESTA. Cada um dos textos, para além de dar vazão à identidade literária do seu criador, reflete o Alentejo, as suas gentes e tradições, narrado de uma forma viva, envolvente e sedutora, ora com o drama, ora com a comédia, ora com a aventura, ora com a desventura que caracterizam tão bem esse pedaço de terra desafogada que se espraia além do Tejo.
Escrevem: Carlos Campaniço, Dora Nunes Gago, Fernando Évora, Fernando Guerreiro, Joaninha Duarte, José Teles Lacerda, Luís Contente, Luís Miguel Ricardo, Maria Ana Ameixa, Napoleão Mira, Olinda P. Gil e Vitor Encarnação.
E porque cada conto tem uma ilustração, ilustram: Alexandra Prieto, Anita, Beatriz Lacerda, Danuta Wojciechowska, Flávio Horta, Hugo Lucas, Igor Nunes Silva, Joaquim Rosa, João Brilhante, Paulo Monteiro, Pilar Puyana e Rita Cortez.
A capa é da autoria de Joaquim Rosa.
A ASSESTA – Associação de Escritores Alentejo (sediada na Casa da Cultura de Beja) nasceu da vontade de um grupo de escritores naturais do Alentejo ou com fortes vínculos à região em promover a literatura nas terras que se estendem para além do Tejo.
Para além da edição pontual de obras alusivas à região que lhe dá identidade, a ASSESTA tem por principais objetivos: dinamizar apresentações de livros e autores, promover tertúlias temáticas, desenvolver oficinas de escrita, organizar eventos de promoção da literatura, estabelecer parcerias culturais, criar concursos literários para novos valores da escrita e dinamizar espetáculos da palavra.
Saibam mais no blog Alentejo Literário.
A Alvorada dos Deuses - divulgação
Título: A Alvorada dos Deuses
Autor: Filipe Faria
Edição: Novembro de 2015
Sinopse: No inverno de 1477, Berardo de Varatojo, padre franciscano estigmatizado, viaja para a distante Thule (Islândia) em busca de respostas para a sua crise de fé. Contudo, acaba raptado por desconhecidos antes de as conseguir encontrar, e os seus captores afirmam ser deuses, os sete destinados a sobreviver a um Crepúsculo dos Deuses de que nunca ouvira falar. Aqueles que Berardo toma por feiticeiros pagãos confessam-se numa encruzilhada, culpando o Deus cristão pelo seu dilema, e, segundo eles, o franciscano é precisamente a chave para a sua salvação, embora ele não consiga sequer conceber como.
Sobre o autor (retirado da Bertrand): Filipe Faria nasceu em 1982, em Lisboa. Frequentou a Escola Alemã de Lisboa desde o jardim de infância até completar o 12º ano de escolaridade. O contacto e convívio com aquela cultura de origem germânica, tão diferente da nossa, possibilitou a abertura de novos horizontes. Impulsionado pelo forte interesse demonstrado pelo período negro da Idade Média, e pela descoberta algo fortuita de uma verdadeira relíquia na biblioteca escolar - a Tolkien Bestiary -, cultivou, desde cedo, a paixão pela literatura fantástica. As «Crónicas de Allaryia» assinalam a sua estreia no mundo literário. Uma obra que nasceu de uns esboços de uma aventura, iniciados hà cerca de quatro anos, que lentamente ganharam corpo e forma e evoluíram para um livro de quase 600 páginas. Em 2001 foi o vencedor do Prémio Branquinho da Fonseca, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian e Jornal Expresso. Em 2002 ganhou o Prémio Matilde Rosa Araújo - Revelação na Literatura Infantil e Juvenil. Actualmente encontra-se a frequentar o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. E o resto é uma história ainda por escrever…
Visitem o site oficial do autor.
Autor: Filipe Faria
Edição: Novembro de 2015
Sinopse: No inverno de 1477, Berardo de Varatojo, padre franciscano estigmatizado, viaja para a distante Thule (Islândia) em busca de respostas para a sua crise de fé. Contudo, acaba raptado por desconhecidos antes de as conseguir encontrar, e os seus captores afirmam ser deuses, os sete destinados a sobreviver a um Crepúsculo dos Deuses de que nunca ouvira falar. Aqueles que Berardo toma por feiticeiros pagãos confessam-se numa encruzilhada, culpando o Deus cristão pelo seu dilema, e, segundo eles, o franciscano é precisamente a chave para a sua salvação, embora ele não consiga sequer conceber como.
Sobre o autor (retirado da Bertrand): Filipe Faria nasceu em 1982, em Lisboa. Frequentou a Escola Alemã de Lisboa desde o jardim de infância até completar o 12º ano de escolaridade. O contacto e convívio com aquela cultura de origem germânica, tão diferente da nossa, possibilitou a abertura de novos horizontes. Impulsionado pelo forte interesse demonstrado pelo período negro da Idade Média, e pela descoberta algo fortuita de uma verdadeira relíquia na biblioteca escolar - a Tolkien Bestiary -, cultivou, desde cedo, a paixão pela literatura fantástica. As «Crónicas de Allaryia» assinalam a sua estreia no mundo literário. Uma obra que nasceu de uns esboços de uma aventura, iniciados hà cerca de quatro anos, que lentamente ganharam corpo e forma e evoluíram para um livro de quase 600 páginas. Em 2001 foi o vencedor do Prémio Branquinho da Fonseca, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian e Jornal Expresso. Em 2002 ganhou o Prémio Matilde Rosa Araújo - Revelação na Literatura Infantil e Juvenil. Actualmente encontra-se a frequentar o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. E o resto é uma história ainda por escrever…
Visitem o site oficial do autor.
Os Melhores Romances Escritos em Língua Portuguesa - divulgação
Desta vez vou divulgar um projecto/sondagem que me parece muito interessante. Visitem AQUI o local oficial. Esta é uma iniciativa do Projecto Adamastor.
Nos dias que correm a proliferação das listas é um facto incontornável, e a literatura não escapa a essa tendência.
Apesar do seu carácter muitas vezes redutor, as listas são um óptimo pretexto para uma discussão acerca de livros, assim como uma forma de divulgar boa literatura, algo que não poderia estar mais de acordo com os objectivos do Projecto Adamastor.
Assim sendo, resolvemos elaborar uma lista dos melhores romances em língua portuguesa, com base numa votação que decorrerá ao longo dos próximos meses, e em que qualquer leitor poderá contribuir com a sua opinião.
As regras são simples:
A votação decorrerá até ao final do presente ano e os respectivos resultados serão anunciados em Janeiro de 2016.
Desde já agradecemos o vosso contributo.
A lista é a origem da cultura. Ela faz parte da história da arte e da literatura. O que a cultura quer? Tornar a infinitude compreensível. Ela também quer criar ordem — nem sempre, mas com frequência. E como, enquanto seres humanos, lidamos com a infinitude? Como é possível entender o incompreensível? Através de listas, através de catálogos, através de colecções em museus e através de enciclopédias e dicionários.
Umberto Eco, em entrevista para o Der Spiegel (trad. de Eloise De Vylder)
Nos dias que correm a proliferação das listas é um facto incontornável, e a literatura não escapa a essa tendência.
Apesar do seu carácter muitas vezes redutor, as listas são um óptimo pretexto para uma discussão acerca de livros, assim como uma forma de divulgar boa literatura, algo que não poderia estar mais de acordo com os objectivos do Projecto Adamastor.
Assim sendo, resolvemos elaborar uma lista dos melhores romances em língua portuguesa, com base numa votação que decorrerá ao longo dos próximos meses, e em que qualquer leitor poderá contribuir com a sua opinião.
As regras são simples:
- Podem ser indicados quaisquer romances originalmente escritos em português.
- Não serão considerados títulos de menor extensão, como contos ou novelas, assim como os casos cuja classificação é mais problemática, de que é exemplo O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
- Não existe qualquer restrição no que diz respeito ao número de obras por autor, isto é, podem ser indicados múltiplos romances escritos pelo mesmo autor.
A votação decorrerá até ao final do presente ano e os respectivos resultados serão anunciados em Janeiro de 2016.
Desde já agradecemos o vosso contributo.
sábado, 31 de outubro de 2015
Sete Minutos Depois da Meia-Noite
"Sete Minutos Depois da Meia-Noite", de Patrick Ness, a partir da ideia original de Siobhan Dowd, com ilustrações de Jim Kay
Opinião:
Este foi o terceiro livro que li de Patrick Ness, e o primeiro que não faz parte da Trilogia Chaos Walking. Como os outros dois livros me deixaram com sentimentos muito opostos, tentei então este para tentar equilibrar a balança.
"Sete Minutos Depois da Meia-Noite", ou "A Monster Calls" no original, é uma história que o autor desenvolveu a partir de uma ideia da autora Siobhan Dowd, que eu não conhecia. Além disso este pequeno livro é acompanhado de fascinantes ilustrações de Jim Kay.
A história em si é bastante fácil de adivinhar logo no primeiro capítulo. o autor não tenta esconder o tema soturno que é um dos pilares da história: o cancro da mãe de Conor. Mas falemos então do que dá nome a livro: o Monstro! E aqui Patrick Ness consegue evocar uma criatura tão fascinante quanto arrepiante; muito sábia e que traz uma grande profundidade à história. A interacção do Conor com o monstro cria algumas cenas poderosas, que nos fazem pensar.
Conor, a personagem principal, foi contudo uma personagem com a qual tive alguma dificuldade em me identificar, pois embora as suas acções acabassem por fazer sentido no final do livro, a verdade é que no início do livro o seu comportamento me afastou um pouco: o seu ódio para com a antiga amiga e a sua placidez com os que o magoavam. Percebia-se que ele achava que merecia ser castigado e aquela cena na sala da/a director da escola, depois de ele ter feito algo verdadeiramente atroz, foi muito poderosa e, no fundo, foi uma das cenas que mais abertamente mostrou o Conor e os seus receios. Mas mesmo assim a reacção das outras pessoas aos actos dele foram muito anormais. Depois de tudo aquilo tinha de haver castigo, mesmo tendo em consideração que a mãe dele estava doente. Não é verossímil que não houvesse consequências.
Tirando isso eu gostei muito da forma como o tema do cancro foi falada e de como a evolução do Conor se foi desenrolando, de como no fim tudo se compôs. Não que tudo ficasse bem, mas passaram a fazer sentido e aquela cena final foi bastante poderosa.
Contudo eu tenho plena noção que teria gostado ainda mais do livro se há uns meses atrás não tivesse lido "I Kill Giants - Eu Mato Gigantes" (opinião aqui), de Joe Kelly e JM. Ambos livros retratam o mesmo tema de forma mais ou menos similar, através dos filhos de mulheres que sofrem de uma doença. Ambos jovens sofrem de bullying e ambos vêem criaturas sobrenaturais que os ajudam a lidar com a situação.
Dito isto nenhum dos dois é perfeito mas ambos são muito bons, ambos merecem ser lidos.
Noutra nota, senti que talvez Patrick Ness tenha tentado homenagear demasiado a ideia original porque sinceramente a escrita não se sobressaiu muito, ao contrário do que me aconteceu quando li "The Knife of Never letting Go (opinião aqui)". Não é que tenha feito um mau trabalho, mas a sua prosa não me surpreendeu.
Em suma, Sete Minutos Depois da Meia-Noite é uma história bem contada, para leitores de quase todas as idades, com um grafismo fabuloso e que retrata de forma muito directa um flagelo que afecta muitas famílias. O final é agridoce mas perfeito e este é um livro que se lê de uma assentada mas que pode marcar.
Num última nota tenho de dizer que a edição e tradução portuguesas estão excelentes, têm muita qualidade e o livro vale a pena ser adquirido na nossa língua.
Sinopse:
Passava pouco da meia-noite quando o monstro apareceu.
Inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Dowd, que morreu de cancro em 2007, Patrick Ness criou uma história de uma beleza tocante, que aborda verdades dolorosas com elegância e profundidade, sem nunca perder de vista a esperança no futuro. Fala-nos dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para os ultrapassar. Fantasia e realidade misturam-se num livro de exceção, com ilustrações soberbas que complementam e expandem a beleza do texto.
Booktrailer (inglês):
Opinião:
Este foi o terceiro livro que li de Patrick Ness, e o primeiro que não faz parte da Trilogia Chaos Walking. Como os outros dois livros me deixaram com sentimentos muito opostos, tentei então este para tentar equilibrar a balança.
"Sete Minutos Depois da Meia-Noite", ou "A Monster Calls" no original, é uma história que o autor desenvolveu a partir de uma ideia da autora Siobhan Dowd, que eu não conhecia. Além disso este pequeno livro é acompanhado de fascinantes ilustrações de Jim Kay.
A história em si é bastante fácil de adivinhar logo no primeiro capítulo. o autor não tenta esconder o tema soturno que é um dos pilares da história: o cancro da mãe de Conor. Mas falemos então do que dá nome a livro: o Monstro! E aqui Patrick Ness consegue evocar uma criatura tão fascinante quanto arrepiante; muito sábia e que traz uma grande profundidade à história. A interacção do Conor com o monstro cria algumas cenas poderosas, que nos fazem pensar.
Conor, a personagem principal, foi contudo uma personagem com a qual tive alguma dificuldade em me identificar, pois embora as suas acções acabassem por fazer sentido no final do livro, a verdade é que no início do livro o seu comportamento me afastou um pouco: o seu ódio para com a antiga amiga e a sua placidez com os que o magoavam. Percebia-se que ele achava que merecia ser castigado e aquela cena na sala da/a director da escola, depois de ele ter feito algo verdadeiramente atroz, foi muito poderosa e, no fundo, foi uma das cenas que mais abertamente mostrou o Conor e os seus receios. Mas mesmo assim a reacção das outras pessoas aos actos dele foram muito anormais. Depois de tudo aquilo tinha de haver castigo, mesmo tendo em consideração que a mãe dele estava doente. Não é verossímil que não houvesse consequências.
Tirando isso eu gostei muito da forma como o tema do cancro foi falada e de como a evolução do Conor se foi desenrolando, de como no fim tudo se compôs. Não que tudo ficasse bem, mas passaram a fazer sentido e aquela cena final foi bastante poderosa.
Contudo eu tenho plena noção que teria gostado ainda mais do livro se há uns meses atrás não tivesse lido "I Kill Giants - Eu Mato Gigantes" (opinião aqui), de Joe Kelly e JM. Ambos livros retratam o mesmo tema de forma mais ou menos similar, através dos filhos de mulheres que sofrem de uma doença. Ambos jovens sofrem de bullying e ambos vêem criaturas sobrenaturais que os ajudam a lidar com a situação.
Dito isto nenhum dos dois é perfeito mas ambos são muito bons, ambos merecem ser lidos.
Noutra nota, senti que talvez Patrick Ness tenha tentado homenagear demasiado a ideia original porque sinceramente a escrita não se sobressaiu muito, ao contrário do que me aconteceu quando li "The Knife of Never letting Go (opinião aqui)". Não é que tenha feito um mau trabalho, mas a sua prosa não me surpreendeu.
Em suma, Sete Minutos Depois da Meia-Noite é uma história bem contada, para leitores de quase todas as idades, com um grafismo fabuloso e que retrata de forma muito directa um flagelo que afecta muitas famílias. O final é agridoce mas perfeito e este é um livro que se lê de uma assentada mas que pode marcar.
Num última nota tenho de dizer que a edição e tradução portuguesas estão excelentes, têm muita qualidade e o livro vale a pena ser adquirido na nossa língua.
Sinopse:
Passava pouco da meia-noite quando o monstro apareceu.
Inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Dowd, que morreu de cancro em 2007, Patrick Ness criou uma história de uma beleza tocante, que aborda verdades dolorosas com elegância e profundidade, sem nunca perder de vista a esperança no futuro. Fala-nos dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para os ultrapassar. Fantasia e realidade misturam-se num livro de exceção, com ilustrações soberbas que complementam e expandem a beleza do texto.
Booktrailer (inglês):
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Soberba Ilusão - lançamento
Andreia Ferreira irá lançar brevemente o terceiro e último livro da trilogia "Soberba": "Soberba Ilusão"
O lançamento será no dia 25 de Outubro de 2015, pelas 15h00 na FNAC de Braga (Braga Parque).
O evento no facebook * O livro no goodreads * Blog oficial da Trilogia.
Sobre a obra:
«O fim está próximo, mas Carla não sabe. Concentra-se no próximo passo: expulsar o demónio Rita da sua vida de uma vez por todas. Porém, o anjo tem um plano, os demónios querem-na morta, amigos aliam-se com inimigos, e até aqueles em quem ela mais confia escondem segredos. Ela é o alvo.
Na excitante conclusão da trilogia, iniciada com Soberba Escuridão, Carla enfrenta o seu destino - as hordas do Céu e do Inferno parecem determinadas a utilizá-la quer ela queira quer não.»
O lançamento será no dia 25 de Outubro de 2015, pelas 15h00 na FNAC de Braga (Braga Parque).
O evento no facebook * O livro no goodreads * Blog oficial da Trilogia.
Sobre a obra:
«O fim está próximo, mas Carla não sabe. Concentra-se no próximo passo: expulsar o demónio Rita da sua vida de uma vez por todas. Porém, o anjo tem um plano, os demónios querem-na morta, amigos aliam-se com inimigos, e até aqueles em quem ela mais confia escondem segredos. Ela é o alvo.
Na excitante conclusão da trilogia, iniciada com Soberba Escuridão, Carla enfrenta o seu destino - as hordas do Céu e do Inferno parecem determinadas a utilizá-la quer ela queira quer não.»
sábado, 5 de setembro de 2015
Heranças e Sombras - divulgacao
Hoje o Clube de Leitura volta a reunir-se na Bertrand de Braga. Juntem-se a nós! Mesmo que não tenham lido nenhum dos livros a conversa é sempre animada e diversificada.
Já sabem que é no sítio do costume: Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade).
Já sabem que é no sítio do costume: Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion - Avenida da Liberdade).
domingo, 30 de agosto de 2015
As Velas Ardem até ao Fim
"As Velas Ardem até ao Fim", de Sandór Márai (Dom Quixote)
Já há uns anos que tinha vontade de ler este livro, pois tinha escutado muito boas opiniões acerca dele. E como foi uma das escolhas do Clube de Leitura de Braga acabei por ter a desculpa perfeita para finalmente o ler.
As Velas Ardem até ao Fim conta-nos a história, ou trechos da vida de um homem que esperou anos para confrontar o seu antigo melhor amigo sobre o que se passou no dia que marcou a vida de ambos e as mudou para sempre.
O melhor e, ao mesmo tempo, o pior deste pequeno romance é a sua narrativa unilateral e focada, que nos mostra somente o que o narrador uno sabe, sente e assume. Não temos acesso às outras personagens, às suas circunstâncias, aos seus sentimentos, senão através dos olhos do próprio narrador. E apesar de o narrador parecer querer esclarecer o que realmente se passou tantos anos antes, o que realmente se desenrola acaba por ser uma espécie de chapada virtual na cara do leitor, pois nunca sabemos a verdade. Apenas sabemos a verdade dele.
Por esta razão o narrador é a única personagem que realmente o leitor conhece a fundo, conhece bem, entende, ama ou odeia. Mas apesar de não nos conseguirmos ligar a outras personagens, a verdade é que a narração nos leva a querer conhecê-las, a querer saber o que as move, o que realmente se passou.
O leitor é então levado a imaginar o que terá acontecido e acredito que cada pessoa vá imagina uma coisa diferente.
A prosa é muito boa e este livro tem trechos lindíssimos, que merecem ser relembrados, e só tenho pena de não ter uma cópia minha (requisitei o livro na biblioteca). Certas linhas fazem-nos realmente reflectir sobre a vida. Algumas das minhas partes favoritas do livro foram a divagação e o diálogo sobre a amizade e o seu significado. No entanto também existem momentos mais maçadores e por vezes o narrador divaga demais, mesmo para um livro tão curto.
Em suma, é-me difícil dizer se adorei o livro pois se é verdade que amei certos trechos e a forma como o autor geriu a narrativa e a sua visão unilateral, também é verdade que eu estava desejosa de saber a verdade da boca do amigo, e que algumas partes narrativas se esticavam demasiado. Por isso gostei e recomendo mas estou dividida, ao contrário do protagonista que sabia muito bem qual era a sua verdade. :)
Podem ver a minha opinião em vídeo AQUI.
Sinopse:
Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...
Já há uns anos que tinha vontade de ler este livro, pois tinha escutado muito boas opiniões acerca dele. E como foi uma das escolhas do Clube de Leitura de Braga acabei por ter a desculpa perfeita para finalmente o ler.
As Velas Ardem até ao Fim conta-nos a história, ou trechos da vida de um homem que esperou anos para confrontar o seu antigo melhor amigo sobre o que se passou no dia que marcou a vida de ambos e as mudou para sempre.
O melhor e, ao mesmo tempo, o pior deste pequeno romance é a sua narrativa unilateral e focada, que nos mostra somente o que o narrador uno sabe, sente e assume. Não temos acesso às outras personagens, às suas circunstâncias, aos seus sentimentos, senão através dos olhos do próprio narrador. E apesar de o narrador parecer querer esclarecer o que realmente se passou tantos anos antes, o que realmente se desenrola acaba por ser uma espécie de chapada virtual na cara do leitor, pois nunca sabemos a verdade. Apenas sabemos a verdade dele.
Por esta razão o narrador é a única personagem que realmente o leitor conhece a fundo, conhece bem, entende, ama ou odeia. Mas apesar de não nos conseguirmos ligar a outras personagens, a verdade é que a narração nos leva a querer conhecê-las, a querer saber o que as move, o que realmente se passou.
O leitor é então levado a imaginar o que terá acontecido e acredito que cada pessoa vá imagina uma coisa diferente.
A prosa é muito boa e este livro tem trechos lindíssimos, que merecem ser relembrados, e só tenho pena de não ter uma cópia minha (requisitei o livro na biblioteca). Certas linhas fazem-nos realmente reflectir sobre a vida. Algumas das minhas partes favoritas do livro foram a divagação e o diálogo sobre a amizade e o seu significado. No entanto também existem momentos mais maçadores e por vezes o narrador divaga demais, mesmo para um livro tão curto.
Em suma, é-me difícil dizer se adorei o livro pois se é verdade que amei certos trechos e a forma como o autor geriu a narrativa e a sua visão unilateral, também é verdade que eu estava desejosa de saber a verdade da boca do amigo, e que algumas partes narrativas se esticavam demasiado. Por isso gostei e recomendo mas estou dividida, ao contrário do protagonista que sabia muito bem qual era a sua verdade. :)
Podem ver a minha opinião em vídeo AQUI.
Sinopse:
Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...
Drácula
"Drácula", de Bram Stoker (Europa-América)
Opinião:
Já não era a primeira vez que começava a ler Drácula mas a experiência foi totalmente diferente, o que, de certa forma, prova que o nosso estado de espírito e a experiência são determinantes para o quão desfrutamos de um livro, ou não.
Acredito que outra situação que beneficiou também esta segunda leitura foi o facto de ter lido o livro bastante devagar, entre outras leituras que ia fazendo. Creio que se o tivesse lido todo de uma vez o fosse achar mais maçador.
Provavelmente quase toda gente conhece a premissa base para este livro, mas para quem possa não saber Drácula começa quando Jonathan é enviado à Transilvânia para tratar de facilitar a mudança de um riquíssimo e temido conde para Londres. Dito conde esconde muitos mistérios e a vida de Jonathan e amigos nunca mais será a mesma. Ora, nem preciso mencionar que existem vampiros, pois não? :)
A história deste clássico é bastante fácil de adivinhar, embora certos momentos, como a perseguição do Conde de volta a casa, tenham sido diferentes do que esperava, assim como também o cativeiro de Jonathan e o jogo psicológico que o antecedeu. Esta parte, em especial, foi muito do meu agrado pois transmitiu verdadeiro terror e fascínio. Depois a história muda-se para Londres e é aí onde a repetitividade se começa a assentar e os erros de algumas das personagens chegam a irritar. Quando Lucy começa a ficar doente e Van Hellsing finalmente faz a sua entrada triunfal, os homens são tão imbecis que, uma e outra vez, deixam a rapariga sozinha de noite, ou nas mãos de gente incapaz de permitir que ela fique pior. Isto irritou-me sobejamente porque não foram duas mas três vezes que isto aconteceu e como é possível o leitor acreditar na inteligência de Van Hellsing quando ele comete erros tão básicos? Esta foi, sem dúvida, a parte que menos gostei do livro.
Fora isso gostei de quase tudo, especialmente da amizade da Lucy com a Mina, o amor entre Mina e Jonathan, a amizade dos cavalheiros e o desfecho da história.
E apesar do excessivo machismo presente na obra, sem dúvida fruto da sua época, a verdade é que adorei a obra e esse machismo apenas me fez rir, porque quando Van Hellsing se vira para a Mina e lhe diz que vai ter de lhe pedir para se manter afastada deles, mantendo-a fora dos seus segredos, porque ela é demasiado frágil para toda aquela aventura, só me apeteceu rir.
E compensação o elo de amizade que nasceu entre os quatro homens foi uma coisa bonita de se ver.
Já o Drácula foi uma personagem muito misteriosa ao longo de todo o livro. Frio e distante, manipulador e menos carismático do que esperava, mas cruel ao ponto certo. os seus poderes realmente apanharam-me de surpresa, mas foi uma boa surpresa. Realmente temos no livro um Drácula bem diferente do do filme Drácula de Bram Stoker o que é estranho, tendo em conta o título do filme (permissão para revirar olhos).
Quanto à prosa devo dizer que a abordagem tipo diário conseguiu cativar-me e funcionou bem para a história. o autor descreve as paisagens e locais, em especial, funciona muito bem e não chega a aborrecer. As diferentes abordagens nos diferentes diários também estavam bem conseguidos.
Em suma, para mim Drácula é um clássico inconstestável, que me trouxe algumas surpresas, apesar de alguns trechos serem demasiado descritivos e haver lugar a muitas repetições que poderia ter sido eliminadas sem que nada de importante se perdesse da história.
Com personagens muito interessantes e um grande foco nas relações entre elas, Drácula traz-nos uma personagem sobre quem já tanto se escreveu (nos séculos que seguiram a publicação deste mesmo), e que ainda assim tanto tem para nos mostrar. Recomendo!
Opinião em vídeo pode ser vista AQUI.
Sinopse:
Drácula é um dos
melhores clássicos de terror de sempre. Bram Stoker maravilha com a sua
descrição dos lugares e dos pontos de vista de cada uma das personagens.
O livro está estruturado na forma de vários diários escritos pelos
protagonistas (à excepção do próprio Drácula), oferecendo uma
perspectiva única da experiência individual.
Links Relacionados: Ebook no Project Gutenberg - Livro na Wook 1 - Livro na Wook 2 - Ebook no Bookdepository - Ebook na Amazon.com
sábado, 1 de agosto de 2015
A Guerra dos Mundos
"A Guerra dos Mundos", de H.G. Wells (publicado por várias editoras em Portugal)
A Guerra dos Mundos é um clássico por boas razões. Apesar de ter sido escrito em finais do século XIX, a verdade é que o livro não está nada datado. Nada mesmo!
Esta opinião vai ser curtinha porque, sinceramente, não tenho quase nada de mal a apontar ao livro e são só coisas boas. :)
A história, como devem saber, retrata uma invasão alienígena, pelos olhos de um homem que presencia tudo desde o início, na primeira pessoa.
A imaginação por detrás desta história é excelente, mesmo agora quando se pode dizer que já vimos de quase tudo. As descrições do autor são muito visuais e é fácil o leitor sentir que está lá, ao lado do narrador. E pode-se dizer que o livro é tanto sobre a guerra e as suas consequências, como sobre um homem que apenas quer reencontrar a família. Há um equilíbrio entre os dois.
As personagens que o protagonista vais conhecendo acabam por perder-se no mar de caos, mas todas têm suficiente 'polpa' para serem mais que figuras perdidas no texto. E o protagonista, claro, é o mais bem explorado de todos e os seus sentimentos pela família são quase palpáveis.
Por seu lado a prosa consegue dar uma imagem muito boa ao leitor e o texto é muito acessível e cheio de energia, mesmo na versão original (que podem ler gratuitamente através do Project Gutenberg). A única falha que tenho a apontar é que, apesar de o livro estar todo contado na 1ª pessoa, e por isso só devermos ter acesso ao que o protagonista vê e sente, existem algumas cenas que o protagonista claramente não presenciou mas que são ainda assim narradas com todos os detalhes. Mesmo que alguém lhe tivesse contado o sucedido, nunca seria com tanto pormenor, e isso distraiu-me um pouco, mas não muito.
Em suma, A Guerra dos Mundos é um clássico rico, acessível e que merece ser lido por todos. Recomendo!
Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1898, essa obra-prima de ficção especulativa de H.G. Wells aterrorizou e divertiu gerações de leitores, gerou inúmeras imitações e serviu de inspiração a mestres como Orson Welles e Steven Spielberg.
Por tempos, os homens foram estudados à distância pelos marcianos, que nos observavam como quem analisa micróbios por um microscópio. No final do século XIX, entretanto, eles partem para a Terra e aterrissam nos arredores de Londres. À primeira vista, os marcianos parecem risíveis: mal conseguem se mover, e não saem da cratera criada pelo pouso de sua espaçonave. Mas, conforme seus corpos começam a se acostumar com a gravidade terrestre, eles revelam também seu verdadeiro poder. Os marcianos são máquinas biomecânicas assassinas com mais de 30 metros de altura, que destroem tudo a sua volta. Aniquilando toda tentativa de retaliação do exército britânico, eles rapidamente eles chegam à capital britânica, que é evacuada às pressas por uma população desesperançada.
A Guerra dos Mundos é um clássico por boas razões. Apesar de ter sido escrito em finais do século XIX, a verdade é que o livro não está nada datado. Nada mesmo!
Esta opinião vai ser curtinha porque, sinceramente, não tenho quase nada de mal a apontar ao livro e são só coisas boas. :)
A história, como devem saber, retrata uma invasão alienígena, pelos olhos de um homem que presencia tudo desde o início, na primeira pessoa.
A imaginação por detrás desta história é excelente, mesmo agora quando se pode dizer que já vimos de quase tudo. As descrições do autor são muito visuais e é fácil o leitor sentir que está lá, ao lado do narrador. E pode-se dizer que o livro é tanto sobre a guerra e as suas consequências, como sobre um homem que apenas quer reencontrar a família. Há um equilíbrio entre os dois.
As personagens que o protagonista vais conhecendo acabam por perder-se no mar de caos, mas todas têm suficiente 'polpa' para serem mais que figuras perdidas no texto. E o protagonista, claro, é o mais bem explorado de todos e os seus sentimentos pela família são quase palpáveis.
Por seu lado a prosa consegue dar uma imagem muito boa ao leitor e o texto é muito acessível e cheio de energia, mesmo na versão original (que podem ler gratuitamente através do Project Gutenberg). A única falha que tenho a apontar é que, apesar de o livro estar todo contado na 1ª pessoa, e por isso só devermos ter acesso ao que o protagonista vê e sente, existem algumas cenas que o protagonista claramente não presenciou mas que são ainda assim narradas com todos os detalhes. Mesmo que alguém lhe tivesse contado o sucedido, nunca seria com tanto pormenor, e isso distraiu-me um pouco, mas não muito.
Em suma, A Guerra dos Mundos é um clássico rico, acessível e que merece ser lido por todos. Recomendo!
Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1898, essa obra-prima de ficção especulativa de H.G. Wells aterrorizou e divertiu gerações de leitores, gerou inúmeras imitações e serviu de inspiração a mestres como Orson Welles e Steven Spielberg.
Por tempos, os homens foram estudados à distância pelos marcianos, que nos observavam como quem analisa micróbios por um microscópio. No final do século XIX, entretanto, eles partem para a Terra e aterrissam nos arredores de Londres. À primeira vista, os marcianos parecem risíveis: mal conseguem se mover, e não saem da cratera criada pelo pouso de sua espaçonave. Mas, conforme seus corpos começam a se acostumar com a gravidade terrestre, eles revelam também seu verdadeiro poder. Os marcianos são máquinas biomecânicas assassinas com mais de 30 metros de altura, que destroem tudo a sua volta. Aniquilando toda tentativa de retaliação do exército britânico, eles rapidamente eles chegam à capital britânica, que é evacuada às pressas por uma população desesperançada.
I am the Messenger
"I am the Messenger", de Markus Zusak (ainda não publicado em Portugal)
Depois de ler A Rapariga que Roubava Livros do mesmo autor, mesmo sabendo que I am the Messenger tem uma premissa completamente diferente, a vontade de ler mais do autor era muita e esta livro tinha-me sido já muitas vezes recomendado (especialmente a Carla do Cuidado com o Dálmata).
Este livro conseguiu cativar-me logo no primeiro capítulo, que adorei. Tanta personalidade e uma prosa sarcástica e divertida que me agarrou logo nos primeiros instantes e me manteve envolvida até ao fim.
I am the Messenger conta a história de Ed, um rapaz normal, taxista, incapaz de se confessar à rapariga de quem gosta, com uns amigos fantásticos e um cão adorável. Mas Ed não está contente com a vida que tem, ele quer alo mais, mas quando algo inesperado lhe acontece, será que ele está preparado para fazer que for necessário?
É-me difícil falar deste livro porque não posso falar muito sem fazer spoilers, mas vou tentar.
A trama é inesperada a cada viragem. O tema geral pode até ser previsível mas a forma como nos é entregue surpreende e testa tanto o Ed como o leitor. por exemplo, na primeira missão que o Ed tem, ele vacila e não faz nada, numa situação que é limite e que o leitor sente que deveria haver intervenção. Mas isso apenas serve para mostrar-nos do que o Ed é feito e como ele pode mudar e agir, quando assim tem de ser.
Há muitas cenas poderosas no livro, muitas lições que se podem tirar daqui, mas o autor nunca dá sermões, nunca espeta as lições na cara do leitor. Elas são óbvias, mas não impostas. Cada um tira delas o que bem entender.
Só houve uma coisa que não gostei assim muito no livro todo: o final. Não gostei da revelação de quem estava por detrás de tudo. Não gosto quando os autores fazem este tipo de revelações intrusivas. Mas não posso dizer que foi isso que me fez gostar menos do livro.
As personagens são todas fenomenais e cheias de camadas. Especialmente o Ed, o Marvin e o Ritchie. A Audrey, talvez por ser o alvo da maior atenção do Ed, a mim pareceu-me mais insípida. Mas gostei mesmo foi da Milla e da sua história comovente e da sua interacção com o Ed. Também achei muito interessante a interacção do Ed com a família. Afinal todas as famílias são complicadas.
A escrita do autor é sarcástica, acutilante e por vezes bem divertida. Mas também séria e realista. Gostei muito!
Em suma, I am the Messenger foi uma bela surpresa de um autor cujo trabalho pretendo seguir com atenção daqui para a frente. Uma história com muitas histórias, muitas emoções e personagens marcantes. Recomendo!
Nota: Esta opinião baseou-se na versão audiolivro (listening Library), narrada por Marc Aden Grayy, que eu recomendo especialmente pelo sotaque do narrador que dá um toque ainda mais especial ao livro.
Sinopse (edição brasileira, pela Intrínseca):
Venha conhecer Ed Kennedy. Dezenove anos. Um perdedor.
Seu emprego: taxista. Sua filiação: um pai morto pela birita e uma mãe amarga, ranzinza. Sua companhia constante: um cachorro fedorento e um punhado de amigos fracassados.
Sua missão: algo de muito importante, com o potencial de mudar algumas vidas. Por quê? Determinado por quem? Isso nem ele sabe.
Markus Zusak, autor do best-seller A Menina que Roubava Livros, nos fornece essas respostas bem aos poucos neste incomum romance de suspense, escrito antes do seu maior sucesso. O que se sabe é que Ed, um dia, teve a coragem de impedir um assalto a banco. E que, um pouco depois disso, começou a receber cartas anônimas. O conteúdo: invariavelmente, uma carta de baralho, um ou mais endereços e... só. Fazer o que nesses lugares? Procurar quem? Isso ele só saberá se for. Se tentar descobrir. E, com o misto de destemor e resignação dos mais clássicos anti-heróis, daqueles que sabem não ter mesmo nada a perder nesse mundo, é o que ele faz.
Ed conhecerá novas pessoas nessa jornada. Conhecerá melhor algumas pessoas nem tão novas assim. Mas, acima de tudo, a sua missão é de autoconhecimento. Ao final dela, ele entenderá melhor seu potencial no mundo e em que consiste ser um mensageiro.
Booktrailer:
Depois de ler A Rapariga que Roubava Livros do mesmo autor, mesmo sabendo que I am the Messenger tem uma premissa completamente diferente, a vontade de ler mais do autor era muita e esta livro tinha-me sido já muitas vezes recomendado (especialmente a Carla do Cuidado com o Dálmata).
Este livro conseguiu cativar-me logo no primeiro capítulo, que adorei. Tanta personalidade e uma prosa sarcástica e divertida que me agarrou logo nos primeiros instantes e me manteve envolvida até ao fim.
I am the Messenger conta a história de Ed, um rapaz normal, taxista, incapaz de se confessar à rapariga de quem gosta, com uns amigos fantásticos e um cão adorável. Mas Ed não está contente com a vida que tem, ele quer alo mais, mas quando algo inesperado lhe acontece, será que ele está preparado para fazer que for necessário?
É-me difícil falar deste livro porque não posso falar muito sem fazer spoilers, mas vou tentar.
A trama é inesperada a cada viragem. O tema geral pode até ser previsível mas a forma como nos é entregue surpreende e testa tanto o Ed como o leitor. por exemplo, na primeira missão que o Ed tem, ele vacila e não faz nada, numa situação que é limite e que o leitor sente que deveria haver intervenção. Mas isso apenas serve para mostrar-nos do que o Ed é feito e como ele pode mudar e agir, quando assim tem de ser.
Há muitas cenas poderosas no livro, muitas lições que se podem tirar daqui, mas o autor nunca dá sermões, nunca espeta as lições na cara do leitor. Elas são óbvias, mas não impostas. Cada um tira delas o que bem entender.
Só houve uma coisa que não gostei assim muito no livro todo: o final. Não gostei da revelação de quem estava por detrás de tudo. Não gosto quando os autores fazem este tipo de revelações intrusivas. Mas não posso dizer que foi isso que me fez gostar menos do livro.
As personagens são todas fenomenais e cheias de camadas. Especialmente o Ed, o Marvin e o Ritchie. A Audrey, talvez por ser o alvo da maior atenção do Ed, a mim pareceu-me mais insípida. Mas gostei mesmo foi da Milla e da sua história comovente e da sua interacção com o Ed. Também achei muito interessante a interacção do Ed com a família. Afinal todas as famílias são complicadas.
A escrita do autor é sarcástica, acutilante e por vezes bem divertida. Mas também séria e realista. Gostei muito!
Em suma, I am the Messenger foi uma bela surpresa de um autor cujo trabalho pretendo seguir com atenção daqui para a frente. Uma história com muitas histórias, muitas emoções e personagens marcantes. Recomendo!
Nota: Esta opinião baseou-se na versão audiolivro (listening Library), narrada por Marc Aden Grayy, que eu recomendo especialmente pelo sotaque do narrador que dá um toque ainda mais especial ao livro.
Sinopse (edição brasileira, pela Intrínseca):
Venha conhecer Ed Kennedy. Dezenove anos. Um perdedor.
Seu emprego: taxista. Sua filiação: um pai morto pela birita e uma mãe amarga, ranzinza. Sua companhia constante: um cachorro fedorento e um punhado de amigos fracassados.
Sua missão: algo de muito importante, com o potencial de mudar algumas vidas. Por quê? Determinado por quem? Isso nem ele sabe.
Markus Zusak, autor do best-seller A Menina que Roubava Livros, nos fornece essas respostas bem aos poucos neste incomum romance de suspense, escrito antes do seu maior sucesso. O que se sabe é que Ed, um dia, teve a coragem de impedir um assalto a banco. E que, um pouco depois disso, começou a receber cartas anônimas. O conteúdo: invariavelmente, uma carta de baralho, um ou mais endereços e... só. Fazer o que nesses lugares? Procurar quem? Isso ele só saberá se for. Se tentar descobrir. E, com o misto de destemor e resignação dos mais clássicos anti-heróis, daqueles que sabem não ter mesmo nada a perder nesse mundo, é o que ele faz.
Ed conhecerá novas pessoas nessa jornada. Conhecerá melhor algumas pessoas nem tão novas assim. Mas, acima de tudo, a sua missão é de autoconhecimento. Ao final dela, ele entenderá melhor seu potencial no mundo e em que consiste ser um mensageiro.
Booktrailer:
O Último Adeus
"O Último Adeus", de Lí Marta (Edições Vieira da Silva)
Este livro é uma espécie de memória recontada, não da autora, mas de seus familiares, num tempo em que ela ainda não era nascida. Histórias passadas recontadas em família e alteradas na ficção apenas o suficiente para não ferirem susceptibilidades. E, parece-me, aí reside o maior problema do livro, no seu cuidado por não ferir os sentimentos das pessoas nele retratadas. O que de certa forma se entende, por serem família, mas não se compreende pois o leitor procura verdade não editada em memórias (mesmo quando estas se assumem como semi-ficção).
O romance conta-nos a história de um casal apaixonado que vive muitas dificuldades para sobreviver e criar os filhos, mas que são felizes até ao momento em que uma trágica doença leva o marido para longe.
O romance é bastante bonito e não demasiado lamechas, o que é bom. Há sentimento, tanto entre as personagens como, claramente, no próprio modo de prosa que o conta. No entanto achei que aquelas cenas que aconteceram, quando o homem já estava doente e a mulher o foi visitar, foram demasiado inverossímeis. Julgo que esta foi uma das partes ficcionais do livro e se não o foi peço desculpas mas a improbabilidade de a mulher não ter ficado com a doença (altamente contagiosa) depois de tudo aquilo era bastante improvável e pareceu muito onírica. Bela, sem dúvida. Romântica, com certeza. Verossímil, dificilmente.
Quanto às personagens, fora o casal principal e mais uma ou outra, a maioria passou-me ao lado. As mulheres normalmente eram definidas primariamente pela sua beleza física (da qual elas nunca estavam conscientes), mas os poucos homens pareceram ter mais consistência. Outra coisa que senti, especialmente no fim do livro, foi que a autora tinha receio de dizer mal das personagens. Todas elas eram razoavelmente boazinha. Não havia conflito!
A prosa é bonita mas usa muito da exposição narrativa e deixa pouco ao leitor para descobrir por si mesmo. É muito literal, quase jornalística, o que será bom para quem goste mais desse tipo de escrita.
Também usa muito de diálogos para se fazer explicar, para desenrolar os momentos, para mostrar as personagens, o que é excelente, mas alguns diálogos não são fluídos e mais parecem mecanizados.
Em suma, O Último Adeus é um leitura leve, com um tema pesado e um grande respeito pelas pessoas nele retratadas. O romance é tocante e o leitor preocupa-se com as personagens centrais. No entanto o respeito da autora pelas personagens fez com que a prosa se tornasse demasiado simples, sem camadas, e a história falhasse em mostrar conflito. Dito isto, julgo que o livro irá agradar a fãs de memórias e de romances.
Este livro foi a leitura de Outubro 2014 do Clube de Leitura de Braga.
Sinopse:
Baseado numa história verídica, vivida entre os distritos de Viseu e Aveiro. Passamos por localidades como Tondela, Caramulo, Sernancelhe, Moimenta da Beira e Águeda. Três gerações de primogénitas vivem grandes histórias de amores inesquecíveis.
Dionora vive pobremente mas feliz com António. Até ao dia em que descobrem a doença fatal vivida nos anos cinquenta, a tuberculose. Com a morte do marido, Dionora deixa de ter forças para viver.
Luzita, a primogénita de Dionora, terá de lutar pelo primeiro amor da sua vida, um homem de classe ligeiramente superior à dela. Só que o destino salpicou-lhe a vida de negro.
Lídia, a primogénita de Luzita, vive também um grande amor. Mas fica nas suas mãos dar continuidade ao último adeus. Será que é capaz?
Este livro é uma espécie de memória recontada, não da autora, mas de seus familiares, num tempo em que ela ainda não era nascida. Histórias passadas recontadas em família e alteradas na ficção apenas o suficiente para não ferirem susceptibilidades. E, parece-me, aí reside o maior problema do livro, no seu cuidado por não ferir os sentimentos das pessoas nele retratadas. O que de certa forma se entende, por serem família, mas não se compreende pois o leitor procura verdade não editada em memórias (mesmo quando estas se assumem como semi-ficção).
O romance conta-nos a história de um casal apaixonado que vive muitas dificuldades para sobreviver e criar os filhos, mas que são felizes até ao momento em que uma trágica doença leva o marido para longe.
O romance é bastante bonito e não demasiado lamechas, o que é bom. Há sentimento, tanto entre as personagens como, claramente, no próprio modo de prosa que o conta. No entanto achei que aquelas cenas que aconteceram, quando o homem já estava doente e a mulher o foi visitar, foram demasiado inverossímeis. Julgo que esta foi uma das partes ficcionais do livro e se não o foi peço desculpas mas a improbabilidade de a mulher não ter ficado com a doença (altamente contagiosa) depois de tudo aquilo era bastante improvável e pareceu muito onírica. Bela, sem dúvida. Romântica, com certeza. Verossímil, dificilmente.
Quanto às personagens, fora o casal principal e mais uma ou outra, a maioria passou-me ao lado. As mulheres normalmente eram definidas primariamente pela sua beleza física (da qual elas nunca estavam conscientes), mas os poucos homens pareceram ter mais consistência. Outra coisa que senti, especialmente no fim do livro, foi que a autora tinha receio de dizer mal das personagens. Todas elas eram razoavelmente boazinha. Não havia conflito!
A prosa é bonita mas usa muito da exposição narrativa e deixa pouco ao leitor para descobrir por si mesmo. É muito literal, quase jornalística, o que será bom para quem goste mais desse tipo de escrita.
Também usa muito de diálogos para se fazer explicar, para desenrolar os momentos, para mostrar as personagens, o que é excelente, mas alguns diálogos não são fluídos e mais parecem mecanizados.
Em suma, O Último Adeus é um leitura leve, com um tema pesado e um grande respeito pelas pessoas nele retratadas. O romance é tocante e o leitor preocupa-se com as personagens centrais. No entanto o respeito da autora pelas personagens fez com que a prosa se tornasse demasiado simples, sem camadas, e a história falhasse em mostrar conflito. Dito isto, julgo que o livro irá agradar a fãs de memórias e de romances.
Este livro foi a leitura de Outubro 2014 do Clube de Leitura de Braga.
Sinopse:
Baseado numa história verídica, vivida entre os distritos de Viseu e Aveiro. Passamos por localidades como Tondela, Caramulo, Sernancelhe, Moimenta da Beira e Águeda. Três gerações de primogénitas vivem grandes histórias de amores inesquecíveis.
Dionora vive pobremente mas feliz com António. Até ao dia em que descobrem a doença fatal vivida nos anos cinquenta, a tuberculose. Com a morte do marido, Dionora deixa de ter forças para viver.
Luzita, a primogénita de Dionora, terá de lutar pelo primeiro amor da sua vida, um homem de classe ligeiramente superior à dela. Só que o destino salpicou-lhe a vida de negro.
Lídia, a primogénita de Luzita, vive também um grande amor. Mas fica nas suas mãos dar continuidade ao último adeus. Será que é capaz?
sexta-feira, 31 de julho de 2015
A Culpa é das Estrelas
"A Culpa é das Estrelas", de John Green (Edições Asa)
O tema desta livro, ou pelo menos a enfermidade que ataca a protagonista, não deve ser surpresa para ninguém: cancro. Aliás, quase todas as personagens mais centrais sofrem dele ou foram de alguma forma afectadas por ele. E quem não foi? Devem ser muito poucas (infelizmente) as pessoas que podem dizer que não têm ninguém na família que tenha lutado contra ou morrido de cancro, por isso a qualquer leitor será fácil relacionar-se a esse nível com o livro.
Assim temos Hazel, uma rapariga que não consegue respirar sem ajuda e que é forçada a ir a um grupo de terapia para tentar curar a sua suposta depressão. Lá ela conhece Augustus que é um rapaz que já teve cancro mas que naquele dia só vai acompanhar o seu amigo, Isaac, que em breve vai ficar cego por causa de uma operação.
Muito optimista, certo? Mas o que mais gostei foi a forma directa como o autor contou a história e não se perdeu na melancolia. Oh, ela estava lá presente nas personagens, especialmente na Hazel, mas não era o elemento dominante da trama. As personagens tinham algo em comum e gozavam com esse mal que acabava por os unir, mas não era só isso que os unia e a amizade (e o resto) foi bonito de se ler. E o romance também foi uma coisa muito linda!
Por outro lado também achei muito improvável que um rapaz da idade do Augustus, mesmo com a sua experiência de vida, alguma vez falasse daquela maneira tão ... Shakesperiana (digamos assim). Muito pouco natural e demasiado adulto para um rapaz de 18 anos. Mas eu até poderia deixar passar isso, se não fosse o facto de a Hazel falar da mesma maneira. Uma personagem? Eu creio. Duas? Não.
E falando de personagens: estão todas bastante bem delineadas, não só a Hazel e o Augustus, mas também a família dela e o autor que a Hazel tanto admirava (um autêntico imbecil, mas um imbecil credível).
A trama em si não é propriamente surpreendente pois adivinhava-se o fim a milhas, mas também não é essa a parte mais interessante do livro, por isso não me incomodou que fosse algo previsível. E independente disso o livro está cheio de momentos sentidos e cheios de emoção. É quase impossível lê-lo sem sentir apertos no coração e talvez até chorar.
A escrita do autor é muito bonita e, como já disse, acho que mostrou bastante respeito pelo tema, escolhendo não se banhar no possibilidade de melancolia que por vezes é muito exagerado noutros livros. E os seus diálogos também estavam bastante fluídos apesar de, como já disse, as frases em si parecerem demasiado rocambolescas para as personagens.
Em suma, A Culpa é das Estrelas é um livro emotivo, bem escrito, com personagens com as quais é muito fácil o leitor se relacionar, com um humor próprio e uma história que acaba por ser complexa na sua simplicidade. Vale a pena ler!
Podem também escutar um pouco mais sobre a minha opinião neste vídeo.
Nota: Esta opinião é com base na versão audiolivro inglesa (Brilliance Audio Inc.) narrada por Kate Rudd.
Nota II: Também já tive oportunidade de ver o filme e recomendo-o, para quem leu e para quem não leu o romance. Está uma adaptação muito boa, e as alterações foram poucas. Vale a pena!
Sinopse:
Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.
PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.
O tema desta livro, ou pelo menos a enfermidade que ataca a protagonista, não deve ser surpresa para ninguém: cancro. Aliás, quase todas as personagens mais centrais sofrem dele ou foram de alguma forma afectadas por ele. E quem não foi? Devem ser muito poucas (infelizmente) as pessoas que podem dizer que não têm ninguém na família que tenha lutado contra ou morrido de cancro, por isso a qualquer leitor será fácil relacionar-se a esse nível com o livro.
Assim temos Hazel, uma rapariga que não consegue respirar sem ajuda e que é forçada a ir a um grupo de terapia para tentar curar a sua suposta depressão. Lá ela conhece Augustus que é um rapaz que já teve cancro mas que naquele dia só vai acompanhar o seu amigo, Isaac, que em breve vai ficar cego por causa de uma operação.
Muito optimista, certo? Mas o que mais gostei foi a forma directa como o autor contou a história e não se perdeu na melancolia. Oh, ela estava lá presente nas personagens, especialmente na Hazel, mas não era o elemento dominante da trama. As personagens tinham algo em comum e gozavam com esse mal que acabava por os unir, mas não era só isso que os unia e a amizade (e o resto) foi bonito de se ler. E o romance também foi uma coisa muito linda!
Por outro lado também achei muito improvável que um rapaz da idade do Augustus, mesmo com a sua experiência de vida, alguma vez falasse daquela maneira tão ... Shakesperiana (digamos assim). Muito pouco natural e demasiado adulto para um rapaz de 18 anos. Mas eu até poderia deixar passar isso, se não fosse o facto de a Hazel falar da mesma maneira. Uma personagem? Eu creio. Duas? Não.
E falando de personagens: estão todas bastante bem delineadas, não só a Hazel e o Augustus, mas também a família dela e o autor que a Hazel tanto admirava (um autêntico imbecil, mas um imbecil credível).
A trama em si não é propriamente surpreendente pois adivinhava-se o fim a milhas, mas também não é essa a parte mais interessante do livro, por isso não me incomodou que fosse algo previsível. E independente disso o livro está cheio de momentos sentidos e cheios de emoção. É quase impossível lê-lo sem sentir apertos no coração e talvez até chorar.
A escrita do autor é muito bonita e, como já disse, acho que mostrou bastante respeito pelo tema, escolhendo não se banhar no possibilidade de melancolia que por vezes é muito exagerado noutros livros. E os seus diálogos também estavam bastante fluídos apesar de, como já disse, as frases em si parecerem demasiado rocambolescas para as personagens.
Em suma, A Culpa é das Estrelas é um livro emotivo, bem escrito, com personagens com as quais é muito fácil o leitor se relacionar, com um humor próprio e uma história que acaba por ser complexa na sua simplicidade. Vale a pena ler!
Podem também escutar um pouco mais sobre a minha opinião neste vídeo.
Nota: Esta opinião é com base na versão audiolivro inglesa (Brilliance Audio Inc.) narrada por Kate Rudd.
Nota II: Também já tive oportunidade de ver o filme e recomendo-o, para quem leu e para quem não leu o romance. Está uma adaptação muito boa, e as alterações foram poucas. Vale a pena!
Sinopse:
Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.
PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Dias de Sangue e Glória
"Dias de Sangue e Glória (Daughter of Smoke and Bone 2)", de Laini Taylor (Porto Editora)
Talvez se lembrem que o primeiro livro da série (A Quimera de Praga - Daughter of Smoke and Bone) deixou-me com suficiente curiosidade para querer ler a sequela, apesar de não o ter adorado.
O mais interessante (e irritante), para mim, foi o facto de, neste segundo livro eu ter odiado uma personagem de quem gostei muito no primeiro (Karou) e passado a gostar mais de uma que detestava (Akiva). A parte de eu ficar a gostar do Akiva até está bem, agora conseguir que eu passasse a detestar a Karou é obra.
Este segundo livro começa praticamente onde o primeiro terminou. Depois do massacre das Quimeras e da revelação de quem tinha causado a sua morte, Karou volta ao mundo onde teve a sua vida anterior e luta para perceber o seu lugar nesse mundo, bem longe do Akiva. Mas a forma como ela decide fazer isto é a mais estúpida possível: une-se ao Thiago (o homem que a mandou matar na vida anterior) e remete-se à clausura, passando os dias todos a criar novos corpos para as Quimeras. Mas pior que isso: Ela leva os Quimera para a Terra! Que parte deste plano genial poderia correr mal?
Por seu lado o Akiva começa a tomar medidas para alterar as coisas no seu reino, com a juda dos irmãos. E nos intervalos vamos lendo histórias sob o ponto-de-vista de personagens completamente aleatórias: Quimeras pacíficas que fogem dos Seraphins; soldados Seraphim destacados para lugares bem longínquos; coisas que, no final de contas, acabam por não ter grande impacto na trama mas dá para perceber que com isto a autora queria dar a conhecer outros lados da batalha e a maioria dessas histórias paralelas acabaram por até ser bastante curiosas.
A história teve os seus altos e baixos, mas no caso da Karou eu acho que a personagem serviu a trama e não contrário (e o facto de ela estar constantemente a culpar-se por tudo e por nada, mesmo sabendo que a culpa não é dela foi muito irritante), o que fez com que ela estivesse quase todo o livro num estado irreconhecível do espírito do volume anterior. Só quando a Zuzana voltou a aparecer é que as coisas mudaram.
O Akiva, como disse, finalmente saiu da sua apatia e fez alguma coisa de útil. E bastante até. Os seus irmãos também estão bem retratos neste volume. Em termos de vilões, sem dúvida que o Thiago é o com mais presença e, sinceramente, foi das personagens que mais gostei no livro porque foi das poucas que se manteve consistente. Já o Jael também teve os seus momentos, especialmente na cena do banho. Outra personagem que se destacou foi o Ziri, como não podia deixar de ser. Coitadinho (e mais não digo)!
Quanto à escrita, é inegável que Laini Taylor sabe escrever muito bem. Ela sabe usar as palavras e cativar mas também sabe irritar com a sua escolha de batotices. Eu explico: todo o livro é contado de forma linear: cena 1, cena 2, cena 3 e por aí fora; mas, por qualquer motivo, a autora decidiu, em dois momentos trocar as cenas de lugar. Ou seja, em vez de ser 10, 11, 12, punha 10, 12, 11, numa tentativa ridícula de criar suspense. Mas não funcionava! Não funcionava mesmo!
Ou noutras situações em que usava artimanhas como: «Mais tarde, ao pensar no que se passou, Karou iria perceber que se tivesse prestado mais atenção teria desconfiado que algo estava prestes a acontecer.» E isto é a forma perfeita de retirar todo o suspense de uma cena. Mas o pior é que a autora não precisava disto com uma escrita tão boa. Então porquê? Vá se lá saber ...
Em suma, Dias de Sangue e Glória (tradução imbecil e desajustada de "Days of Blood and Starlight") tem uma escrita muito bonita e cativante, algumas personagens fortes e um final muito bom, mas o início e o meio são fracos e algumas das artimanhas literárias usadas funcionaram contra a trama e não a seu favor. Ainda assim, e só porque sou teimosa, vou ler o terceiro livro e terminar a série. Aguardem a opinião.
Esta opinião tem como base a versão audiolivro ("Days of Blood and Starlight" publicado por Hachette Audio) narrada por Khristine Hvam.
Sinopse:
Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. Sabe quem é e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.
Repleto de desgosto e beleza, segredos e escolhas impossíveis, Dias de Sangue e Glória encontra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra tão antiga como o tempo.
Talvez se lembrem que o primeiro livro da série (A Quimera de Praga - Daughter of Smoke and Bone) deixou-me com suficiente curiosidade para querer ler a sequela, apesar de não o ter adorado.
O mais interessante (e irritante), para mim, foi o facto de, neste segundo livro eu ter odiado uma personagem de quem gostei muito no primeiro (Karou) e passado a gostar mais de uma que detestava (Akiva). A parte de eu ficar a gostar do Akiva até está bem, agora conseguir que eu passasse a detestar a Karou é obra.
Este segundo livro começa praticamente onde o primeiro terminou. Depois do massacre das Quimeras e da revelação de quem tinha causado a sua morte, Karou volta ao mundo onde teve a sua vida anterior e luta para perceber o seu lugar nesse mundo, bem longe do Akiva. Mas a forma como ela decide fazer isto é a mais estúpida possível: une-se ao Thiago (o homem que a mandou matar na vida anterior) e remete-se à clausura, passando os dias todos a criar novos corpos para as Quimeras. Mas pior que isso: Ela leva os Quimera para a Terra! Que parte deste plano genial poderia correr mal?
Por seu lado o Akiva começa a tomar medidas para alterar as coisas no seu reino, com a juda dos irmãos. E nos intervalos vamos lendo histórias sob o ponto-de-vista de personagens completamente aleatórias: Quimeras pacíficas que fogem dos Seraphins; soldados Seraphim destacados para lugares bem longínquos; coisas que, no final de contas, acabam por não ter grande impacto na trama mas dá para perceber que com isto a autora queria dar a conhecer outros lados da batalha e a maioria dessas histórias paralelas acabaram por até ser bastante curiosas.
A história teve os seus altos e baixos, mas no caso da Karou eu acho que a personagem serviu a trama e não contrário (e o facto de ela estar constantemente a culpar-se por tudo e por nada, mesmo sabendo que a culpa não é dela foi muito irritante), o que fez com que ela estivesse quase todo o livro num estado irreconhecível do espírito do volume anterior. Só quando a Zuzana voltou a aparecer é que as coisas mudaram.
O Akiva, como disse, finalmente saiu da sua apatia e fez alguma coisa de útil. E bastante até. Os seus irmãos também estão bem retratos neste volume. Em termos de vilões, sem dúvida que o Thiago é o com mais presença e, sinceramente, foi das personagens que mais gostei no livro porque foi das poucas que se manteve consistente. Já o Jael também teve os seus momentos, especialmente na cena do banho. Outra personagem que se destacou foi o Ziri, como não podia deixar de ser. Coitadinho (e mais não digo)!
Quanto à escrita, é inegável que Laini Taylor sabe escrever muito bem. Ela sabe usar as palavras e cativar mas também sabe irritar com a sua escolha de batotices. Eu explico: todo o livro é contado de forma linear: cena 1, cena 2, cena 3 e por aí fora; mas, por qualquer motivo, a autora decidiu, em dois momentos trocar as cenas de lugar. Ou seja, em vez de ser 10, 11, 12, punha 10, 12, 11, numa tentativa ridícula de criar suspense. Mas não funcionava! Não funcionava mesmo!
Ou noutras situações em que usava artimanhas como: «Mais tarde, ao pensar no que se passou, Karou iria perceber que se tivesse prestado mais atenção teria desconfiado que algo estava prestes a acontecer.» E isto é a forma perfeita de retirar todo o suspense de uma cena. Mas o pior é que a autora não precisava disto com uma escrita tão boa. Então porquê? Vá se lá saber ...
Em suma, Dias de Sangue e Glória (tradução imbecil e desajustada de "Days of Blood and Starlight") tem uma escrita muito bonita e cativante, algumas personagens fortes e um final muito bom, mas o início e o meio são fracos e algumas das artimanhas literárias usadas funcionaram contra a trama e não a seu favor. Ainda assim, e só porque sou teimosa, vou ler o terceiro livro e terminar a série. Aguardem a opinião.
Esta opinião tem como base a versão audiolivro ("Days of Blood and Starlight" publicado por Hachette Audio) narrada por Khristine Hvam.
Sinopse:
Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. Sabe quem é e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.
Repleto de desgosto e beleza, segredos e escolhas impossíveis, Dias de Sangue e Glória encontra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra tão antiga como o tempo.
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