Talvez se lembrem que o primeiro livro da série (A Quimera de Praga - Daughter of Smoke and Bone) deixou-me com suficiente curiosidade para querer ler a sequela, apesar de não o ter adorado.
O mais interessante (e irritante), para mim, foi o facto de, neste segundo livro eu ter odiado uma personagem de quem gostei muito no primeiro (Karou) e passado a gostar mais de uma que detestava (Akiva). A parte de eu ficar a gostar do Akiva até está bem, agora conseguir que eu passasse a detestar a Karou é obra.
Este segundo livro começa praticamente onde o primeiro terminou. Depois do massacre das Quimeras e da revelação de quem tinha causado a sua morte, Karou volta ao mundo onde teve a sua vida anterior e luta para perceber o seu lugar nesse mundo, bem longe do Akiva. Mas a forma como ela decide fazer isto é a mais estúpida possível: une-se ao Thiago (o homem que a mandou matar na vida anterior) e remete-se à clausura, passando os dias todos a criar novos corpos para as Quimeras. Mas pior que isso: Ela leva os Quimera para a Terra! Que parte deste plano genial poderia correr mal?
Por seu lado o Akiva começa a tomar medidas para alterar as coisas no seu reino, com a juda dos irmãos. E nos intervalos vamos lendo histórias sob o ponto-de-vista de personagens completamente aleatórias: Quimeras pacíficas que fogem dos Seraphins; soldados Seraphim destacados para lugares bem longínquos; coisas que, no final de contas, acabam por não ter grande impacto na trama mas dá para perceber que com isto a autora queria dar a conhecer outros lados da batalha e a maioria dessas histórias paralelas acabaram por até ser bastante curiosas.
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A história teve os seus altos e baixos, mas no caso da Karou eu acho que a personagem serviu a trama e não contrário (e o facto de ela estar constantemente a culpar-se por tudo e por nada, mesmo sabendo que a culpa não é dela foi muito irritante), o que fez com que ela estivesse quase todo o livro num estado irreconhecível do espírito do volume anterior. Só quando a Zuzana voltou a aparecer é que as coisas mudaram.
O Akiva, como disse, finalmente saiu da sua apatia e fez alguma coisa de útil. E bastante até. Os seus irmãos também estão bem retratos neste volume. Em termos de vilões, sem dúvida que o Thiago é o com mais presença e, sinceramente, foi das personagens que mais gostei no livro porque foi das poucas que se manteve consistente. Já o Jael também teve os seus momentos, especialmente na cena do banho. Outra personagem que se destacou foi o Ziri, como não podia deixar de ser. Coitadinho (e mais não digo)!
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Ou noutras situações em que usava artimanhas como: «Mais tarde, ao pensar no que se passou, Karou iria perceber que se tivesse prestado mais atenção teria desconfiado que algo estava prestes a acontecer.» E isto é a forma perfeita de retirar todo o suspense de uma cena. Mas o pior é que a autora não precisava disto com uma escrita tão boa. Então porquê? Vá se lá saber ...
Em suma, Dias de Sangue e Glória (tradução imbecil e desajustada de "Days of Blood and Starlight") tem uma escrita muito bonita e cativante, algumas personagens fortes e um final muito bom, mas o início e o meio são fracos e algumas das artimanhas literárias usadas funcionaram contra a trama e não a seu favor. Ainda assim, e só porque sou teimosa, vou ler o terceiro livro e terminar a série. Aguardem a opinião.
Esta opinião tem como base a versão audiolivro ("Days of Blood and Starlight" publicado por Hachette Audio) narrada por Khristine Hvam.
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Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. Sabe quem é e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.
Repleto de desgosto e beleza, segredos e escolhas impossíveis, Dias de Sangue e Glória encontra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra tão antiga como o tempo.
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