sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Cão Vermelho

"O Cão Vermelho", de Louis de Bernières (Edições ASA)

Sinopse:
Depois de Milu e Rantanplan, há que integrar o protagonista desta história no panteão canino. Na senda de La Fontaine, Louis de Bernières escreveu uma fábula enternecedora com um protagonista inesquecível: um cão sem morada ou destino fixos, apaixonado pela liberdade e pelos espaços amplos, um nómada louco por aventuras que não gosta de vínculos ou constrangimentos. De facto, O Cão Vermelho está longe de ser um cachorrinho mimado; ele é fedorento, impulsivo, independente… e tem a característica muito especial de tocar as vidas de todos os que encontra no seu caminho. 
 

Opinião:
Logo na primeira página, devo ter-me rido umas três ou quatro vezes.
Este foi, sem dúvida, um livro que me deixou bem disposta desde o início e que ao longo de todas as suas (poucas) páginas me deixou com um sorriso nos lábios.

Para amantes de cães, para amantes da natureza e para quem gosta de um livro bem humorado, esta é uma leitura deliciosa.

A escrita está em total harmonia com o estilo da história, mas também demonstra um certo "distanciamento", que mais para o fim do livro faz com que certas cenas não sejam tão emocionais como poderiam ter sido. O que não quer dizer que seja mau, porque está de acordo com o resto da narrativa, mas pareceu-me que poderia ser melhorado nesse ponto.

Este é um livro com várias personagens, e embora conheçamos certos aspectos curiosos de quase todas elas, tudo fica muito superficial. Apenas o cão vermelho nos é retratado com mais profundidade, o que parece lógico, tendo em conta que ele é o centro da história.

Em suma, um livro que se lê de uma assentada (eu li em duas, mas isso é outra história), com passagens episódicas e baseado em histórias verídicas. com descrições bem conseguidas da Austrália, e que nos deixam com vontade de visitar o continente. Este livro fez-me rir e fez-me chorar, e embora o tinha lido emprestado, assim que tiver oportunidade irei comprá-lo para o ter na minha estante e ler quando estiver a precisar de soltar umas gargalhadas.

Tradução (Isabel Alves):
Impecável! Não notei nenhum erro, nem nenhuma frase que não fizesse sentido no nosso bom português.

Capa (Alan Baker) e Design:
A capa está muito viva e apelativa, evocando todo o ambiente do livro. O interior do livro está um autêntico deleite. Tanto quanto à escolha do papel (amarelado) como pelas maravilhosas ilustrações que acompanhavam todos os capítulos, e as pequenas gravuras no canto superior de cada página. Tudo em tons de preto, vermelho e laranja. Um mimo!

domingo, 21 de novembro de 2010

Dagon 1

"Dagon" nº1, revista lançada pela Edita-me e Correio do Fantástico

"Dormindo com o inimigo", de Luís Filipe Silva
Depois de já ter lido dois contos do autor (e adorando ambos), as minhas expectativas era altas.
A escrita não decepcionou, cativando desde o primeiro parágrafo. A história estava interessante, embora tivesse potencial para mais algumas explicações, e mesmo para tirar certas dúvidas recorrentes do que o protagonista dizia e pensava.
O final foi bastante surpreendente, mas de certa forma inverossímil, pois custa-me a acreditar que o protagonista, sendo tão observador, não tivesse percebido o que realmente se estava a passar.
Mesmo assim, foi uma leitura maravilhosa com um final inesperado.

Festival de Stiges 2009, por Luís Canau
Um artigo detalhado sobre o festival, com opiniões curtas e directas sobre os filmes exibidos. Gostei bastante de ler este artigo, até porque já vi grande parte dos filmes mencionados, e outros tenho planos para ver.

"A Balada do Executor", de Carla Ribeiro
Um conto que peca nos diálogos, que parecem forçados e mecânicos. Com uma história que até foi razoavelmente bem aproveitada, mas que pela forma como foi contada perdeu muito valor. Ao ser-nos narrada de forma tão monótona, perdeu vigor e interesse. Nenhuma das personagens foi exposta bem o suficiente para nos interessarmos. Em suma, esperava muito mais.

"No Bucks, No Bucks Roger", de Pedro Ventura
Este ensaio (pois não o vejo como um conto) fará com que muitos escritores em Portugal se identifiquem com o texto, que reflecte bem o típico escritor português (eu sou só amadora, mas percebo como as coisas funcionam).
Mas embora me tenha revisto neste pequeno texto, que expõe mais do que critica, achei que a prosa poderia estar mais apurada e interessante. (e também fiquei sem perceber a ligação com o título)

Entrevista com Lavie Tidhar
Uma entrevista que pareceu curta, mas que conseguiu reunir algumas questões interessantes, deixando no ar a curiosidade em ler "Tha Apex Book of World SF".

"Brasereiros", de Nir Yanic
Com uma ginástica narrativa muito interessante, este conto pecou pela falta de descrição e foco demasiado extenso no diálogo sem o amparo de qualquer descrição. A ideia original está interessante e foi bem explorada, até um certo nível, mas perdeu pontos pela ineficácia da transmissão visual.

A Ficção Científica Internacional e Problemas de Identidade, por Larry Nolen
Artigo interessante e que levanta questões que gostaria de ver mais exploradas. A verdade é que também desconheço em grande parte a FC que se faz pelo mundo e gostaria de poder ver como as diferenças culturais se transmitem para histórias do género.

Ilustrações por Miguel Ministro
Já tendo conhecimento do trabalho do artista antes desta publicação, posso dizer que gosto, especialmente pela diversidade estética e de influencias. Adoro as cores que ele usa, embora não possa dizer que gosto de todos os seus trabalhos de igual forma, não lhe retiro mérito. É um excelente artista.

"Não há Etcoeteras", de Nuno Fonseca
Um artigo de opinião sobre um dos grandes nomes da FC em Portugal, que nos dá uma visão sobre o trabalho dos escritor, mas que deixa no ar muitas curiosidades.

"Um dia com Júlia na Necrosfera (parte 1)", de João Barreiros
Tendo já lido dois contos deste escritor, confesso que estava à espera de algo muito bom.
Mas antes de mais tenho de dizer que a escolha de dividir o conto em dois foi muito MÁ. A história perdeu momentum, deixando no leitor um sentimento de "traição" e falha em entregar aquilo que prometeu com tanto afinco no artigo "Não há etcoeras" (acima) e não conseguiu, por cortar o conto em dois. Muito má escolha!
E se a escrita do autor conseguiu novamente cativar-me, a história possivelmente só começará a fazer sentido quando terminar de a ler.
O que prometia ser um grande conto (e possivelmente o será). perdeu toda a força ao ser apresentado por partes.

"Glória Perpétua", de Roberto Mendes
Não compreendo se os incessantes pontos de exclamação eram propositados (imagino que sim), mas continuo sem perceber a sua necessidade e digo apenas que o seu uso abusivo me impediu de concentrar devidamente neste curto texto que pareceu, por vezes, perder-se nos seus próprios meandros.

Posfácio, por Roberto Mendes
O homem que criou a Dagon (e também o Conto Fantástico) fala um pouco da jornada e do conteúdo da revista (que a meu ver se tornou inadequado num posfácio).

Em suma, esta foi uma revista interessante de ler, com artigos bem escolhidos, contos variados (que poderão ou não agradar) e muitas promessas, na sequência o desafio que foi este projecto. Contudo, deixo aqui a nota que o preço foi mais que abusivo (8€).
Quanto ao conto do João Barreiros, aconselho os leitores a esperarem até terem a outra parte, antes de se aventurarem na leitura desta primeira parte, mas o problema é que, depois de dez meses o segundo número da revista ainda não saiu.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os Bárbaros - Divulgação

Depois de um comentário do autor, fiquei curiosa em relação ao livro e decidi deixar aqui a mensagem, já que este lançamento me passou totalmente ao lado na altura da publicação.

Título: Os Bárbaros
Autor: Humberto Oliveira
Editora: Chiado Editora
Edição: Agosto de 2010

Sinopse: Lá no alto, sobre os restos caducos daquilo que um dia se chamou "humanidade", paira hoje uma abóbada celeste entabuada.
A chuva cai. Os dias são negros e iguais. Sempre iguais.
As terras estão vazias, despidas de gente. Edificações desabaram. Populações desapareceram. Povos extinguiram-se, como sementes queimadas, como vento passageiro de prazo expirado.
O ano? Há muito tempo atrás. Numa era esquecida.
Contudo, para Alexx Kajih, um sobrevivente desse holocausto que resiste no limite das forças, um sonho ainda é força motriz que o instiga avante.
E enquanto esse sonho perdurar... a esperança viverá nele.

Preço: 17€
Onde é que o livro pode ser adquirido?  Na FNAC, WOOK, Bulhosa, Bertrand, entre outros.


Visitem também o site do autor.

Bang! 8

"Bang!" nº8, revista lançada pela Saída de Emergência e FNAC

Quando fui ao Porto na semana passada, aproveitei para agarrar um exemplar do mais recente número da revista Bang!. Distribuída agora gratuitamente nas lojas da rede FNAC.
Abaixo seguem breves comentários sobre grande parte do conteúdo:

Ilustrador (Alejandro Dini):
Gostei bastante da capa, mas confesso que as escolhas que colocaram na página dedicada ao artista não me cativaram tanto. Mas como não conheço a obra do artista não sei se foram bem ou mal escolhidas. No entanto gostei do facto de dedicarem uma secção a isso.

Colecção Bang:
Faz todo  sentido que uma revista preparada pela SdE, tenha uma secção para os seus livros de fantasia e ficção científica, e é isso mesmo que fazem nesta parte da revista. Não se estendem demasiado, o que é bom. Traz também algumas novidades para os que seguem os lançamentos da colecção, especialmente para os fãs de Anne Bishop e do David Soares, assim como lançarem novos nomes na colecção.
Também é nesta parte que fazem uma breve menção ao Fórum Fantástico deste ano (a a decorrer entre 12 e 14 de Novembro), mas poderiam ter sido mais detalhados (incluir a agenda, por exemplo), já que a editora da revista (Safaa Dib) é a mesma que organiza o evento.

"M, de Malária", de José Eduardo Agualusa:
Eu já tinha lido este conto na antologia Contos de Vampiros.
Podem ler a minha opinião aqui.

A minha história de Duna (Jorge Candeias):
É sempre interessante ler os artigos do Jorge Candeias (sigo o blog), e este, feito na perspectiva de tradutor, foi igualmente curioso, especialmente porque falava de um livro que ele, enquanto leitor, não gostava particularmente. Compreendo perfeitamente quando diz que não se tem de gostar de um livro para perceber o porquê de este ser um clássico.

"Com a manhã chega a neblina", de George R.R. Martin:
Sendo este o meu contacto com o escrita do autor, confesso que tinha as expectativas um pouco altas.
Gostei da narração do autor, mas não me pareceu que o conto fosse algo de extraordinário, ou sequer as descrições fossem tão bélicas como poderiam ter sido (já que ele mencionava a beleza ímpar do planeta, mas não a conseguia transcrever convenientemente).
Ainda assim gostei muito do conceito, até porque é um com o que identifico. Esta necessidade que o ser humano tem para querer respostas a tudo, cortando o mistério que torna tudo mais interessante. Sou apologista da imaginação e do desconhecido porque se soubermos tudo, a vida perde a graça.

Os livros da minha vida (Afonso Cruz):
Já tinha lido um qualquer artigo onde o autor falava dos livros que o marcaram e dos autores que mais gostava, mas não achei repetitivo, embora pudesse ter sido mais abrangente e talvez mais focado, tendo em conta o tema.

Távola Redonda (David Soares, Bruno Martins, Ana Vicente Ferreira, Ineês Botelho e Telmo Marçal):
Uma rubrica muito interessante, que reuniu vários autores em volta de uma mesma questão: O caminho da publicação.
Foi interessante ler, mas pareceu-me que a participação dos autores foi mal aproveitada, sendo estes apenas mencionados uma ou duas vezes ao longo da rubrica. Havia potencial para mais debate.
Gostei, mas também achei que poderia ter ido mais longe. Ainda assim espero que esta rubrica se mantenha.

A boa gente de Sodoma (Mathew Rossi):
Este pequeno ensaio divertiu-me imenso e colocou várias questões no meu subconsciente. Gostei muito pela sua pertinência e especialmente pela forma como o autor expõe as suas "teorias".

Os mundos imaginários do Fantástico Português (António de Macedo):
Um artigo que adorei, tanto por me mostrar um lado o "fantástico" (aqui esta uma palavra que eu pouco uso) português como por ter um, enquadramento histórico que eu ainda não havia lido (tenho de colmatar esta lacuna).
Só espero que este artigo tenha continuação, pois tem muito ainda por desvendar sobre a escrita fantástica em Portugal, se bem que o que já foi desvendado foi extremamente interessante.

"Os Cascos e o Casebre de Abdell Jameela", de Saladin Ahmed:
Sem dúvido o conto que mais gostei nesta edição. As personagens foram muito bem expostas e embora a história não fosse o ponto forte, também não foi má e adorei toda a controvérsia em causa. O final foi previsível, mas não sem um toque algo especial.

Légolas: rói-te de inveja [o nascimento de uma lenda] (R.A. Salvatore):
Nunca fui muita fã de elfos, nem sequer quando chegou o o fenómeno do "Senhor dos anéis", mas confesso que me parece mais interessante este lado mais aventureiro do elfo negro, do qual já ouvi histórias, sem sequer saber que fazia parte do jogo D&D ou de uma trilogia como esta.
O texto do autor foi interessante de ler, mas poderia ter sido bem mais cativante.

"Felicidade", de Inês Botelho:
Tendo apenas lido, desta autora, o "A filha dos mundos", notei claramente uma evolução narrativa e a nível da escrita (também já lá vão uns bons anos). Gostei bastante da escrita dela, mas pareceu-me que se perdeu por divagações morais exageras, o que não impediu de expor bastante bem a sociedade que retratava.

Nova Vaga, Novas Capas (Pedro Piedade Marques):
Um excelente artigo sobre um tema que sempre me fascinou, as capas de livros. Muito interessante e bem organizado, espero que nas próximas edições continuem com algo dentro do tema, pois há muito que dizer, no campo da SF&F.

Fantasia Urbana ou Romance Paranormal (Saffa Dib):
Um artigo muito bem exposto, com vários exemplos, sempre apropriados e que poderá esclarecer aqueles que ainda não conseguem perceber muito bem a distinção entre estes dois sub-géneros da fantasia. Especialmente porque são dois que costumam mesclar-se em muitas obras.

"As cidades do segundo esquerdo", de Afonso Cruz:
Depois de ler Os livros que devoraram o meu Pai, do mesmo autor, fiquei decepcionada com este conto, que mais se lê como um ensaio. Baseado num conto de Sigizmund Krzhizhanovsky, este curtíssimo texto só surpreendeu realmente no último paragrafo, deixando um sabor amargo após a leitura. Como se faltasse muita coisa.

Críticas:
As três primeiras críticas lera-se mais como sinopses (longas ...) do que qualquer outra coisa, pois por norma só o último parágrafo era realmente crítica.
Já a crítica ao "Se acordar antes de morrer", foi interessante e dinâmica, mas perdeu-se um pouco nas suas próprias teias.
As restantes duas foram mais bem conseguidas e interessantes, focando-se no que cada livro tem de melhor para oferecer, e também no pior (excepto a última, que apenas disse o bom).

De A a BD (João Miguel Lameiras):
SPOILERS MUCH?!? O João Lameiras não teve o mínimo cuidado e colocou um spoiler enorme bem no meio do texto. Até eu, que já li quatro volumes, fiquei parava a olhar para o texto. Que raio?
Supostamente este texto é para quem ainda não leu a BD, então porque é que ele meteu aquilo ali no meio?
Mau. Muito mau!
Até ali estava tudo bem com um resumo conciso e foco nos pontos fortes da história, e depois ... depois estragou tudo.

Conclusão (opinião final):
Com uma apresentação impecável, este projecto parece ter pernas para andar. Gostei do facto de a SdE não se focar somente nos seus livros (embora haja sempre espaço para mais) e ter colaborado com outras editoras nesta edição. Esperamos que isso se mantenha nas próximas (que se espera serem muitas).
Também gostei do facto de abranger outras vertentes da fantasia, como a ilustração e a banda desenhada. Ficou a ideia que o cinema também marcará presença num próximo número, o que outra mais valia ao projecto.

E embora me parecesse que os exemplos de ficção curta aqui mostrados não tivesse sido os melhores exemplares do género, posso dizer que a diversidade dos mesmos foi grande.

Em suma, uma aposta ganha, que tem ainda alguns pontos que poderão ser melhorados, mas que num todo está mais que bem conseguido. Espero que se mantenham por muito tempo.

Nota: Podem fazer  download da versão ebook (pdf) AQUI.

domingo, 14 de novembro de 2010

::Filme:: Como treinares o teu Dragão

Baseado no livro homónimo de Cressida Cowell, este filme animado é uma delicia.
foi depois de ver o trailer, já no ano passado, que tive uma enorme vontade de ver o filme, porque parecia super-fofo (adoro dragões). E o filme foi tudo o que eu esperava.
Divertido, com boa animação, muita amizade, muitos "bons valores" e, acima de tudo, um final satisfatório, mas não sem um toque de surpresa (todos os actos têm consequências).

Era mesmo o tipo de filme que eu precisava ver num dia relaxado. Adorei!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Lançamento de "A Luz Miserável"

Amanhã, dia 13 de Novembro, às 17:30 horas, o David Soares (autor de " Lisboa Triunfante", "A Conspiração dos antepassados", "O Evangelho do Enforcado, entre outros), vai estar no Fórum Fantástico (Biblioteca Municipal de Telheiras) para o lançamento do seu mais recente livro.

"A Luz Miserável" é uma nova colectânea de contos do autor, dentro do horror, publicada pela Saída de Emergência.

Podem visitar aqui o blog do autor: Cadernos de Daath.


Nota: Eu não vou sequer poder estar no Fórum Fantástico por isso não vou assistir, mas quem estiver por lá tem essa oportunidade.

domingo, 7 de novembro de 2010

Haven 1

Estive recentemente a assistir a toda a primeira temporada da série original do canal SciFi, "Haven", que é baseada num livro de Stephen King de nome "The Colorado Kid".

Haven é uma pacata cidade à beira mar, onde estranhos incidentes começam a acontecer. Audrey, uma agente do FBI e Nathan, um polícia local, vão aos poucos descobrindo o que se passa na cidade e nos seus habitantes, encontrando semelhança com algo que ocorreu em 1983 na mesma cidade.

O ponto forte da série nem é a história, que embora seja interessante e tenha novas abordagens a criaturas sobrenaturais, pouco traz de realmente inovador (o conceito não chega aos calcanhares do "Fringe"), mas sim as personagens que são únicas e muito intrigantes. Não são os típicos protagonistas, embora sejam um polícia e uma agente de FBI, conseguem destacar-se, assim como Duke que é um mimo.
Também o leque de actores está exemplar e não há um que eu não goste. Muito bem escolhidos.

O único verdadeiro senão desta série é o último episódio, que teve uma carga emocional bastante forte, mas que não teve o impacto que poderia ter alcançado por ter sido abrupto. Quiseram deixar tudo para o último epidódio e acabaram por apressar as coisas.
Felizmente vai haver uma segunda temporada que, esperemos, recupere os momentos áureos dos primeiros episódios, ou consiga ainda ser melhor.

sábado, 6 de novembro de 2010

Sr. Bentley, o Enraba-Passarinhos

"Sr. Bentley, o Enraba-Passarinhos ", de Ágata Ramos Simões (Saída de Emergência)

Sinopse: 
Sr. Bentley, o Enraba-Passarinhos, irá provocar incontroláveis convulsões aos amantes das ditas avezinhas e a qualquer incauto que ainda não tenha compreendido as verdades do mundo. É um clister moral, uma purga mal-pensante, um insulto ao bom-gosto, um gosto pelo insulto, um compêndio de palavras feias e um espelho do Portugal politicamente correcto em que o leitor habita. O Sr. Bentley não conhece travão e nada tem de sagrado. Mais do que uma pedrada no charco, é um verdadeiro pontapé nas penduricalhas miudezas deste pântano à beira mar encalhado; Portanto, leitor, acomode a coquilha sobre as jóias da família, proteja os dentes, e prepare-se para a porrada, porque o Sr. Bentley é um peso-pesado. Um Atlas que carrega com alegria sobre os ombros tudo o que de mais abjecto, medonho, mesquinho, estúpido e medíocre os portugueses têm… e, por isso, é um verdadeiro encanto. Pensando bem, caro leitor, tire daí a mãozinha; este livro não é para si!

Opinião:
Não sendo eu muito versada em sátiras, ou mesmo em humor negro (só me lembro de ler um livro que adorei, "A Loja de Suicídios"), parti para este livro com um misto de expectativa e cautela.
anteriormente expressei o meu total desagrado com os palavrões (seja na forma literário, como ainda mais na verbal), mas este desagrado acontece quando os impropérios não são justificados e estão lá simplesmente por estar. O que, certamente, não acontece neste livro, em que tal acto faz parte integrante da fabulosa personalidade do Sr. Bentley.

Nem sei bem o que dizer sobre ele (livro), mas a verdade é que a crítica à sociedade, aos portugueses e à forma como lidamos com o dia-a-dia, está intrínseco em cada página, em cada palavra e em caga acto.

Este livro fez-me pensar, muito. O que raramente acontece em livros deste género. Tudo o que o Sr. Bentley dizia tinha um fundo de verdade tão amargo que simplesmente não dava para rir, mas percebia-se perfeitamente a vertente humor negro, só que de tanto ser clara a sua mensagem, era contra-natura rir com o texto.

Adorei cada uma das personagens, todas distintas e com algo de muito certeiro a transmitir ao leitor.

O final deixou-me algo desnorteada, ao princípio, mas depois até este encarei pelo que realmente era, um retirar do protagonismo ao odiado e abandonado Sr. Bentley, que de alguma forma se resignou ao seu infortúnio e foi deixado de parte, até pelo chapéu-de-chuva. É algo que faz lembrar o que acontece muitas vezes aos nossos idosos. Ficam sós e perdem tudo o que anteriormente parecia fazer sentido, limitando-se a deixar a vida correr, por não terem mais escolhas.

Em suma, foi um livro que me deu prazer ler, mas que não conseguiu deixar-me realmente arrebatada apesar da sua astúcia e uso inteligente e nada rebuscado do português. Aliás, posso dizer que adorei a escrita da autora. Certeira, sem exageros, mas bem versada, sem chegar a ser monótona. Um deleite!
Por isso recomendo a quem goste de sátiras e críticas algo "abusivas" da nossa sociedade e forma de viver.
Fiquei também com muita vontade de ler algo mais da autora (que é também uma das participantes assíduas do NaNoWriMo).

Capa, Edição e Design:
Esta edição está impecável! Capa dura, separador embutido, ilustrações em quase todas as páginas. Design que capta a atenção, sem distrair dos textos. A capa está fabulosa e adoro o facto da cor ser tão arrojada. Só não compreendi porque as ilustrações interiores estavam dispersas e não nos locais mais apropriados (ao lado do texto referente). Não sei se foi propositado ou não, mas também isto não estragou a fantástica edição.
Como ponto negativo à edição, só tenho um a apontar, que me parece indesculpável. E é o facto de o nome do ilustrador não ser mencionado UMA só vez no livro inteiro. O que é uma lacuna do pior. Nos créditos mencionam um site (ao invés de um nome), mas este nem sequer está operacional por isso fica a dúvida sobre quem fez este trabalho de excelência.
A Saída de Emergência apostou forte na edição deste livro, e a obra ficou a ganhar muito com isso.

Nota: A autora tem um blog que podem visitar AQUI.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

As Terras de Corza - Booktrailer

Foi hoje revelado o booktrailer (muito especial) que a Gailivro preparou, juntamente com a Madalena Santos, relativo a toda a Saga das Terra de Corza.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Fórum Fantástico 2010

Foi hoje (finalmente) divulgada a agenda para o Fórum Fantástico deste ano. Abaixo segue a programação (retirada do blog oficial)

12 de Novembro, Sexta-Feira:
14:30 – Abertura.
15:00 – Painel “Clássicos da Ficção Científica Portuguesa”, com Luís Filipe Silva, António de Macedo, João Barreiros e João Seixas.
16:00 – Painel “Nova Fantasia Portuguesa para Novos Leitores”, com Fábio Ventura, Bruno Martins Soares e Bruno Matos.
17:00 – Painel “Arte Fantástica”, moderado por Ana Maria Baptista.
18:00 – Intervalo.
18:30 – Lançamento “A Simbólica do Espaço em O Senhor dos Anéis”, com a autora Maria do Rosário Monteiro.
19:00 – Painel “Fantasia Portuguesa no Feminino”, com Madalena Santos, Inês Botelho e Susana Almeida.

13 de Novembro, Sábado:
10:30 – A Mecânica da Escrita Fantástica (I) – “Worldbuilding”, por Ricardo Pinto.
11:15 – A Mecânica da Escrita Fantástica (II) – “Invented Technology and Atmosphere”, por Stephen Hunt.
12:00 – A Mecânica da Escrita Fantástica (III) – “Characters and Characterization”, por Peter V. Brett.
14:30 – “Fórum Fantástico: 5 anos, e agora?”, à conversa com Rogério Ribeiro e Safaa Dib.
15:00 – Painel “Lisboa Fantástica”, moderado por Rui Tavares, com João Barreiros, David Soares e Octávio dos Santos.
16:00 – Cinema Fantástico Português – Curtas.
17:00 – Intervalo.
17:30 – Lançamento “A Luz Miserável”, com o autor David Soares.
18:00 – À Conversa com Ricardo Pinto, por João Seixas.
18:30 – À Conversa com Stephen Hunt, por Luís Corte-Real.
19:00 – À Conversa com Peter V. Brett, por Pedro Reisinho.
19:30 – Sessão conjunta de autógrafos.

14 de Novembro, Domingo:
10:00 – Kafeeklatsch – Blogues Nacionais do Fantástico (em local a combinar).
11:30 – A Mecânica da Escrita Fantástica (IV) – “Quando a Realidade se mistura com o Fantástico”, por David Soares.
12:15 – A Mecânica da Escrita Fantástica (V) – “Noções de Guionismo Cinematográfico para Contistas e Romancistas”, por Luís Pereira (Monomito Argumentistas).
15:00 – Sugestões de Leitura, com Ana Cristina Alves e João Barreiros.
15:30 – Painel “Banda-Desenhada”, com Filipe Melo, Nuno Duarte, Osvaldo Medina, Rui Ramos, Fil, André Oliveira e Diogo Carvalho.
17:00 – Painel “Fantástico como forma literária”, moderado por João Morales, com Afonso Cruz e João Pedro Duarte.
18:00 – Intervalo.
18:30 – Cinema Fantástico Português – Curtas.
20:00 – Encerramento.

Para mais informações visitem o blog oficial do evento.

Eu tenho intenções de ir, embora Lisboa esteja mais que um pouco fora de mão. Só não sei ainda se vou na 6ª feira e no sábado, ou só no sábado (poupar na estadia). Mas pelo programa deve valer a pena ficar nos três dias e se pudesse ... ai se pudesse ...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Apresentação de "Heros - O Escolhido"

No próximo dia 6 de Novembro, o Samuel Pimenta, autor de " Heros - O Escolhido", vai estar no Porto (na Fnac do Norte Shopping, pelas 17 horas) para apresentação do seu primeiro livro.
E no dia 8 de Novembro, estará novamente no Porto, mas dessa vez na Fnac de Sta. Catarina, pelas 18 horas, para nova apresentação do livro acima mencionado.

Ainda não sei se poderei estar presente, mas é possível que se acontecer seja no Sábado.

Para os curiosos, segue o booktrailer do livro. E podem ainda visitar o blog oficial do livro.

A Cidade das Cinzas

"A Cidade das Cinzas (Caçadores de Sombras 2)", de Cassandra Clare (Planeta Manuscrito)

Sinopse:
Clary Fray só que­ria que a sua vida vol­tasse ao nor­mal. Mas o que é nor­mal quando se é um Caça­dor de Som­bras? A mãe em estado de coma indu­zido por artes mági­cas, e de repente começa a ver lobi­so­mens, vam­pi­ros, e fadas? A única hipó­tese que Clary tem de aju­dar a mãe é pedir ajuda ao dia­bó­lico Valen­tine que, além de louco, sim­bo­liza o Mal e, para pio­rar o cená­rio, tam­bém é o seu pai. Quando o segundo dos Ins­tru­men­tos Mor­tais é rou­bado o prin­ci­pal sus­peito é Jace, que a jovem des­co­briu recen­te­mente ser seu irmão. Ela não acre­dita que Jace de facto possa estar dis­posto a aban­do­nar tudo o que acre­dita e aliar-​se ao dia­bó­lico pai Valen­tine… mas as apa­rên­cias podem iludir.

Opinião:
Tendo gostado muito do primeiro livro desta saga, era inevitável que partisse para esta leitura com algumas expectativas, que, mais uma vez saíram defraudadas (está a tornar-se hábito).

Se no primeiro livro um dos pontos fortes era a forma como a autora nos "mostrava" o mundo pelos seus olhos, seguido de perto pelos fluentes diálogos e personagens perspicazes, neste segundo livro foi como se tudo isso ficasse perdido.
O mundo de "Os caçadores de sombras" tornou-se previsível e aborrecido; os diálogos, que até começaram excelentes, passaram rapidamente a uma falta de coerência e naturalidade difícil de digerir; e a grande maioria das personagens perderam o seu carisma, salvo raras excepções.

Mas o pior mesmo foi a história, que neste segundo volume perdeu toda a sua força. Houve apenas um acontecimento digno de menção, e esse foi relacionado com o Simon e nem chegou a ser imprevisível porque já desde o primeiro livro sabia que ia acontecer.

Logo no Prólogo deparamos-nos com uma sequência que é completamente dispensável. E a autora testa a nossa inteligência (mais paciência que outra coisa) a descrevê-la envolta numa neblina de mistério (que de misterioso nada tem). Foi o primeiro insulto deste livro à minha inteligência, mas não parou por aí.
A mais estranha e bizarra sequência deste livro foi toda a situação na corte das fadas. Aquela que poderia ter sido uma reviravolta interessante na história e a introdução de algumas personagens caricatas, tornou-se uma junção de cenas que não lembram a ninguém (a não ser que seja uma adolescente com a hormonas aos saltos). Foi ridículo! Eu cheguei a revirar os olhos.
Já para não falar que, se olharmos para aquela situação como deve de ser *Spoiler* (o Jace e a Clary pensam ser irmãos)*Fim de Spoiler*, ainda ficamos com o estômago a dar voltas. Nah-nah!

Outra situação foi que, em todo o livro, a autora andou a engonhar e engonhar, tentando esconder segredos que são tão óbvios que quase nos batem na cara, e que são um autêntico insulto à inteligência de qualquer leitor. Eu já consigo adivinhar tudo o que se vai passar no terceiro livro. TUDO! Porque a autora não sabe dar pistas subtis, ao invés espeta lá tudo, mas espera que, de alguma forma, o leitor não perceba e por isso leia o terceiro livro. É um insulto! (e só peço para estar muuuuito enganada)
E já para não falar que em todo o livro havia uma sombra reconhecível na trama, de nome "Harry Potter". Notei muito mais do que no primeiro livro (que havia sido "comparado" com o mesmo). Há muitas "semelhanças narrativas" que não abonam a favor da história de Cassandra Clare

Outro ponto negativo foi as personagens. Quase todas as novas personagens foram muito pouco interessantes, embora a autora lhes tenha tentado dar alguma profundidade, falhou miseravelmente. A pior delas todas foi mesmo a Imogen, que para Inquisidora era demasiado emotiva, e para adulta era demasiado imbecil e ingénua. E também a rainha das fadas não passou de uma personagem bidimensional que não adicionou NADA à história.
Das personagens já nossas conhecidas, as piores foram mesmo a Clary, que pareceu não fazer nada no livro todo (e logo ela que no primeiro era tão "arrojada"), mas menos mal que não virou emo. Outra personagem que decepcionou muito foi o Valentine. A autora passou estes dois livros todos a tentar convencer-nos que o Valentine era muito carismático e conseguia convencer toda a gente com palavras ponderadas e argumentos assertivos. Mas onde está a prova? Ele falou muito neste segundo volume, mas nada do que ele disse foi convincente. NADA! E mesmo assim a autora tentou convencer-nos que ele estava a conseguir demover o Jace e, pior que isso, a própria Clary. Não funcionou e não me convenceu.

E outra coisa muito má, foi o facto de a autora tornar, não uma, nem sequer duas, mas TRÊS personagens especiais. Não achou que estava a exagerar um bocadiiiinho?

Mas nem tudo foi mau. (estou a ser mázinha, não estou?)
Algumas das personagens conseguiram salvar este livro da destruição total, e foram elas:
- Jace, e nunca pensei dizer isto mas o Jace surpreendeu-me pela positiva. Não só se mostrou uma personagem com carácter, como se mostrou imprevisível. E se no principio me apeteceu esmurrá-lo (como aconteceu no livro anterior), ele rapidamente se mostrou o pólo que segurava a história neste volume.
- Magnus Bane, o magnificente mago que eu imagino como um velho, mas que na verdade tem aspecto de 19 anos (a culpa não é minha, mas da forma como ele fala). Fiquei a amar este centenário que não só é todo à frente, como tem um humor e perspicácia que adorei.
- Alec, que infelizmente teve muito pouco tempo de antena, mas que me conseguiu fazer-me rir às gargalhadas algumas vezes, e que se mostrou uma personagem bem interessante.
- Simon, que se manteve fiel a si mesmo e que, assim sendo, ainda continua a ser das minhas personagens favoritas. Acho que no meio deste bando de improváveis personagens, ele acaba por ser a mais normal de todas.
- Maya, a única nova personagem que realmente me interessou e que, convenhamos, já se sabia desde o início com quem ela ficaria. Menos mal que a autora não a tenha matado (não ia gostar disso).

E outra coisa de bom (não sei se conta, mas bem ...), foi uma cena muito particular, entre a Clary e o Simon, em que a autora fez o favor de me fazer corar quando "indiciou" que a Clary estava a convidar o Simon para ir ao quarto dela e ... bem ... adivinhem lá.  Juro que fiquei de boca aberta a olhar para o texto. Tipo "She did not just say that?", mas claro que, três páginas mais tarde, a autora fez o favor de ruir o castelo e tirar as ideias menos próprias do cérebro.
Foi brilhante!

Em suma, esperava muito mais deste segundo volume da saga, mas o que tive foi uma desculpa esfarrapada de história e uma série de plot-twists que não lembram a ninguém com dois palmos de testa.  A leitura valeu por algumas das personagens, mas pouco mais. E confesso que não estou muito entusiasmada em relação ao terceiro livro, mas vou lê-lo assim que puder para terminar a saga (ou aliás, a trilogia, porque a autora agora decidiu fazer uma outra trilogia que é o seguimento directo desta. Espremer a vaca até ela não ter mais leite, hem?)

Capa (Cliff Nielsen) e Design:
Ainda fico abismada com a (já mencionada) troca de capas que os editores portugueses decidiram fazer, até porque é na ordem certa que faz mais sentido (Jace, Clary e Simon).
Não sou grande fã destas capas, mas já gostei menos e agora estou simplesmente habituada a elas. Não as acho especiais, mas também não as acho más de todo.
O interior do volume está simples, sem grandes apetrechos e só não percebi porque no final do volume temos mais de 50 páginas de ante-visão do volume seguinte. Não acham que é um exagero?

Nota: Li o livro na versão original, em inglês

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