"Amante de Sonho (Predador da Noite 0.5)" de Sherrilyn Kenyon (Edições Chá das Cinco (Grupo Saída de Emergência))
Sinopse:
Grace Alexander, uma bonita terapeuta sexual de Nova Orleães, julgava estar destinada a uma vida sem paixão. Até ao dia em que a amiga Selena a convence de que, por artes mágicas, poderá convocar um escravo de amor durante um mês. Certa de que a magia da amiga irá falhar, Grace deixa-se levar pela brincadeira.
Opinião:
Como amante (*pun intended*) que sou da mitologia (de todo o tipo) não pude deixar de adorar essa parte da história, que me pareceu ter sido bem aproveitada pela autora, especialmente aquando a personificação das divindades. E esta vertente tem, definitivamente, pano para mangas e acredito que a autora o explore nos restantes livros da saga.
Quanto à história em si, a ideia é interessante e foi bem apresentada e explorada. Quem nunca imaginou "o que aconteceria se uma personagem saltasse para fora de um livro"? E melhor, quem nunca quis ver um autêntico "Deus grego"?
Tudo isso está incluído neste livro, e muito bem.
As duas personagens principais são divertidas e ambas têm virtudes e defeitos, o que as torna um pouco mais "amistosas". Achei também que o facto de o Julian ser o amante perfeito, foi bem explorado. Aliás, dir-se-ia mesmo, perfeito demais, mas isso já é outra história.
O amor dos dois não surgiu do nada, o que foi uma mudança agradável já que normalmente neste tipo de romance apaixonam-se mal se vêm. Com a Grace e o Julian, as coisas foram progredindo à medida que se foram conhecendo melhor, o que pareceu muito mais natural.
Só achei um pouco "chata" a parte da história relacionada com a Grace. Tanto o antigo namorado (que miraculosamente encontraram uma noite num bar, e que em seguida levou uma tareia), como o caso do paciente
stalker. Simplesmente tudo isso me pareceu estar lá para encher palha, embora nos mostrasse um lado mais protector do Julian, achei que estes dois foram momentos mal aproveitados. O mesmo já não aconteceu com a história dos pais da Grace, que achei um toque bem interessante.
Houve bastante desenvolvimento de personagens, o que permitiu que acabasse por gostar da Grace e do Julian, apesar das coisas que ele fez no passado (e que não têm perdão nem desculpa).
Em suma, foi uma leitura divertida, mas que não me cativou como outras do género. As cenas mais "escaldantes" não estavam "quentes" o suficiente (ver
tradução) e algumas pareciam mesmo vindas do nada, o que era algo estranho.
Gostei muito do uso das mitologias e da introdução de vários e diferentes divindades que deram um gostinho subliminar à narrativa.
Gostava de ler o segundo livro, mas possivelmente fá-lo-ei em Inglês (ver
tradução), com muita pena minha.
Tradução (Eduardo Fernandes):
Infelizmente acho que muita da razão porque não desfrutei mais deste livro foi pela tradução. Muitas das palavras pareciam-me desadequadas e as cenas de sexo não eram escaldantes, muitas vezes, graças à escolha do vocabulário. E bem sei que o português é traiçoeiro, mas não era só nestas cenas que eu sentia uma certa "irritabilidade" com a tradução.
Em termos gerais está correctamente traduzido, mas talvez esteja demasiado fiel ao original, o que lhe tira um certo "lirismo" e cria um entrave na leitura.
Também achei que fizeram falta umas quantas notas de rodapé, especialmente para esclarecer sobre as várias figuras mitológicas que foram surgindo. Eu por acaso conhecia-os quase todos, mas nem toda a gente é igual e uma notinha de rodapé vinha bem a calhar (pelo menos para os deuses menos conhecidos).
Capa & Design:
O design interior está simples mas bem conseguido. Já a capa, embora envolvente e cativante, cedo se torna desleal pois não representa em absoluto a personagem que a autora tão bem descreve. Julian, o personagem principal, deveria ter cabelo loiro, olhos azuis celeste e a barba feita; enquanto que o homem na capa tem cabelos escuros, barba e olhos de um verde azulado. E também não percebi o porquê da mansão. Na história não é referida nenhuma mansão. Já a lua cheia foi um toque interessante.
Gostei muito foi da encadernação que não se deformou nem um bocadinho mesmo depois de eu escancarar o livro (não devia fazê-lo, eu sei).