"Sono", de Haruki Murakami, com ilustrações de Kat Menschik (Casa das Letras)
Este pequeno livro pode ser lido numa manhã ou numa tarde, e isto vindo de alguém que até lê bastante devagar. No entanto, o tempo que demora a ler não afecta a qualidade do texto.
Sono é uma espécie de conto ilustrado (ou será melhor chamá-lo de noveleta?), narrado na primeira pessoa por uma mulher muito normal. Dona-de-casa, mãe e esposa dedicada, ela vive uma vida pacata até que começam as insónias e, mais tarde, a total ausência de sono.
A premissa é esta!
O que eu mais gostei em Sono, foi o texto. Não é particularmente belo ou poético mas funciona maravilhosamente bem. A narrativa ao mesmo tempo íntima e distante, a descrição tão normal da vida e dos pensamentos da protagonista, chocam directamente com o que se está a passar. E isso comigo funcionou.
Adorei o simbolismo, a máscara de nomalidade e dissimulação do fantástico que na verdade não o era.
O fim, confesso, apanhou-me desprevenida. Acabei o texto sem perceber que tinha chegado ao desfecho e quando virei a página e me dei conta que não havia mais nada, tive de voltar atrás. Reli o último parágrafo e fez-se luz. Mais não digo!
Por outro lado as ilustrações são uma história por si só. Cheias de simbolismo e de uma aparente simplicidade que me deixou a estudar os desenhos bem depois de terminar. No entanto uma coisa que não entendi foi o facto de as ilustrações não acompanharem o texto. A maioria estava fora de ordem, mas nem todas, o que para mim não fez sentido. Ou haviam de estar todas, ou nenhuma.
Em suma, esta foi uma daquelas histórias que mexeu comigo e nem sei explicar bem porquê; talvez por tocar no assunto da depressão e do veneno da rotina. Só posso mesmo é recomendar que o leiam.
Sinopse:
«Há dezassete dias que
não durmo.» Assim tem início a história que Haruki Murakami imaginou e
escreveu sobre uma mulher que, certo dia, deixou de conseguir dormir.
Pela calada da noite, enquanto o marido e o filho dormem o sono dos
justos, ela começa uma segunda vida. E, de um momento para o outro, as
noites tornam-se de longe mais interessantes do que os dias... mas
também, escusado será dizer, mais perigosas.
Nota: Tenho de agradecer ao Ângelo Marques, do Destante, que foi quem me emprestou o livro.
:) Ainda bem que alguém gostou :) eu que costumo gostar dos trabalhos do Murakami, deste... enfim. Se calhar foi o tema (insónias - atenção nunca as sofri). Mas achei as imagens espectaculares - aliás, acho que mesmo que não se goste da história, o livro mais que vale pelas imagens :)
ResponderEliminarCristina, talvez o segredo resida aí, porque eu não vi este livro como sendo sobre insónias, mas sim sobre depressão e o aborrecimento provocado pela rotina.
EliminarMas sim, as ilustrações são dignas de nota.