terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um Crime no Expresso do Oriente

"Um Crime no Expresso do Oriente (Hercule Poirot 10)", de Agatha Christie (RBA Coleccionables

Sinopse: 
Em pleno Inverno, Poirot encontra-se em Istambul, decidido a tomar o Expresso do Oriente. Depois de uma noite mal passada, a sua tranquilidade é perturbada quando uma tempestade de neve obriga o comboio a parar e aparece o cadáver de um passageiro brutalmente apunhalado. Um dos mais famosos casos de Poirot. Pouco depois das doze batidas da meia-noite, um nevão obriga o Expresso do Oriente a parar. Para aquela época do ano, o luxuoso comboio estava surpreendentemente cheio de passageiros. Só que pela manhã havia, vivo, um passageiro a menos. Um homem de negócios americano jazia no seu compartimento, apunhalado até à morte. Poirot aceita o caso, aparentemente fácil, que acaba por se revelar um dos mais surpreendentes de toda a sua carreira. É que existem pistas (muitas!), existem suspeitos (muitos!), sendo que todos eles estão circunscritos ao universo dos passageiros da carruagem. Para ajudar às investigações, o morto é reconhecido como sendo o autor de um dos crimes mais hediondos do século. Com a tensão a aumentar perigosamente, Poirot acaba por esclarecer o caso…de uma maneira a todos os títulos surpreendente!

Opinião: 
Nunca tinha lido nada escrito pela conhecida mestre do crime, daí que tinha decido este ano ler pelo menos um livro da autoria de Agatha Christie.
Também não é segredo que não sou grande leitora de mistério, daí que tive algum receio de não apreciar tanto esta leitura como seria de esperar. No entanto os meus medos foram rapidamente invalidados, À medida que ia entrando na história e adorando a narrativa.

Posso dizer que gostei de praticamente tudo neste livro, desde a voz narrativa, ao enquadramento das cenas, passando pelas personagens e, claro, pelo mistério. Tudo isto fez com que 'devorasse' o livro sempre que tinha um tempinho para tal. E a única razão porque não posso dizer que amei completamente o livro, prende-se com os estereótipos que surgiam um pouco na narrativa. Não que autora a eles recorresse, mas como eram mencionados várias vezes, irritaram-me um pouco. Refiro-me ao facto de terem suspeitado logo de uma mulher porque era um assassinato por facada, depois as suspeitas caíram sobre o italiano, por supostamente serem conhecidos por usar facas também. A princesa e os condes/duques? Nem pensar! Onde já se viu a aristogcracia a cometer crimes? E os ingleses? Demasiado frios para tal.
Ora, isto não me agradou. Está certo que tais assumpções não vieram da parte de Poirot (uma personagem que gostei), mas de outras personagens. No entanto estes pré-conceitos eram apontados tantas vezes que se intrometeram numa leitura, de outro modo, absolutamente fenomenal.
Fora isso, como disse, achei o livro soberbo.

A história, apesar de encadeada de forma bastante linear, manteve o suspense até ao último segundo. Confesso que o final não foi inesperado, mas foi deveras surpreendente. Nunca esperei que a autora o fizesse da maneira que fez.

As personagens foram todas bem apresentadas e através de diálogos muito bons, a autora foi expondo cada um ao 'olhar' do leitor. Gostei especialmente de Poirot, quase tanto (ou mais) que do outro famoso detective (Sherlock Holmes).

A escrita da autora é muito directa e parece-me deveras perfeita para o género do mistério, sendo que apresenta os factos de forma linear, mas deixa tudo ao cargo do leitor, sem falsos pretensiosismos ou moralismos. Tanto a narração como os diálogos estão estupendos e têm o nível de detalhe adequados, sem nunca ser de mais ou de menos.

Em suma, foi uma leitura excelente, com um bom mistério, uma escrita fabulosa e um desfecho surpreendente (não por ser inesperado, mas por ser arrojado). Certamente esta é uma autora que pretendo revisitar em breve e aconselho mesmo a quem, como eu, não é grande apreciador de mistérios policiais.

Tradução (Alberto Gomes): 
Um trabalho excelente, excepto no que muitos outros caem no erro de fazer. Tradução de expressões estrangeiras! Eu bem sei que mantém as farses em francês/outra língua porque tem significado na história, mas umas noats de rodapé com a tradução são, a meu ver, OBRIGATÓRIAS. Os leitores não são obrigados a perceber francês (ou outra língua qualquer).
Fora isso, a tradução está exímia.

Capa, Design e Edição: 
Uma capa atractiva, simples, mas bastante adequada. Afinal, não se trata de um crime que ocorre num comboio? Faz todo o sentido então, ter a estação ferroviária na capa, com aquele ar antigo que lhe dá ainda mais simbolismo.
A edição está muito cuidada e não dei por qualquer erro (neste caso a edição é cortesia da Edições ASA) e o design interior está muito simples mas agradável. Margens generosas e tipo/tamanho de letra bons para a leitura em qualquer ambiente. Também gostei dos desenhos da carruagem e da formatação das listas de Poirot
Como referi na tradução, a única coisa que faltou mesmo foi a tradução, em nota de rodapé, de certas frases que aparecem em francês propositadamente.

---- Links relacionados: Site Oficial - Goodreads - Wook - Fnac - Edições ASA -

2 comentários:

  1. Olá Ana. Fiquei muito satisfeito ao ler o teu comentário :)
    É que eu adoro este livro. Na minha opinião isto é uma obra de arte! Adorei o desfecho do livro!

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