segunda-feira, 21 de abril de 2014

Daughter of Smoke and Bone

"Daughter of Smoke and Bone (Daughter os Smoke and Bone 1)", de Laini Taylor (publicado em Portugal pela Porto Editora, com o título "A Quimera de Praga")

Sinopse (inglês):
Pelos quatro cantos do mundo, marcas de mãos negras começam a aparecer nas portas, gravadas a fogo por estranhos seres alados, saídos de uma fenda no céu.
 Numa loja escura e empoeirada, o abastecimento de dentes humanos de um demónio começa a ficar perigosamente reduzido. E nas ruelas labirínticas de Praga, uma jovem está prestes a embarcar numa jornada sem retorno.
O seu nome é Karou. Karou não sabe quem é, nem porque vive dividida entre o mundo humano e a sua família de demónios, mas crê que as respostas podem estar para lá de uma porta nos recantos sombrios de uma loja, ou no confronto com um completo desconhecido, de olhar abrasador e aparência divina - o anjo que queimou as entradas para o seu mundo, deixando-a só.
Primeiro lugar de vendas da Amazon na categoria de «Jovens Adultos» em 2011.

Opinião (audiolivro):
Daughter of Smoke and Bone combina vários credos e mitologias, criando um fabuloso mundo novo que se mistura bem com o nossos moderno (dando origem a uma fantasia urbana credível) que me prendeu desde a primeira página. Temos quimeras, magia, anjos e estes, por sua vez, crêem em deuses diferentes.
A mitologia que a autora criou para estes livros é bela, se bem que também cruel, como qualquer mitologia que se preze, e está muito bem explorada. Isso torna-a credível. Este é, sem dúvida, o ponto forte do livro e aquilo que mais me despertou o interesse.

A trama revela-se por camadas, tipo cebola. A princípio conhecemos a normalidade, ou o que se pode considerar rotineiro na vida de Karou (a protagonista). E, depois, vem o caos. Por isso ... típico!
A autora tenta manter o suspense constante ao longo do livro mas, a maior parte das vezes, acaba por falhar, pelo simples facto de todos os mistérios serem imensamente previsíveis e banais. O suposto grande segredo da trama (*ATENÇÃO: SPOILER*) O facto de a Karou ser a reencarnação da Madrigal, que é o grande amor de Akiva, é do mais sobre-usado que existe e, para mim, foi um murro no estômago. Esperava, desejava mesmo, que a autora tivesse escolhido uma rota diferente e se revelasse, no fim,que a Karou era antes filha da Madrigal com o Akiva. Isso sim seria diferente, inovador! Isso sim me faria gostar da história a um nível completamente diferente. (*FIM DE SPOILER*)
Contudo, fora isto, o restante desenrolar da trama foi interessante. A guerra entre quimeras e anjos seria ainda mais impressionante se soubéssemos realmente mais sobre ela. Assim sendo, apenas parece prometer intensidade, pois dela nada vemos, só escutamos relatos destituídos de intensidade, de drama, de veracidade.
Do que realmente gostei foi da vida de Karou em Praga, e da sua família quimera. Esses sim foram momentos memoráveis e com bastante desenvolvimento.

E, já que menciono a família, falo seguidamente das personagens: a minha favorita foi, sem sombra de dúvida, o Brimstone, a personagem mais intrigante de todo o livro; a menos favorita foi o Akiva, que é um estereótipo ambulante (o bad-boy com um passado traumático e problemas parentais profundos). Podia ser mais cliché?
Karou, por sua vez, mostrou-se uma protagonista interessante e com quem foi fácil me relacionar, especialmente por ser artista. Como adolescente tinha os seus momentos, mas estes eram mais divertidos que outra coisa, (*ATENÇÃO: SPOILER*) já que a sua vida anterior, ou melhor dizendo, a sua personalidade anterior (Madrigal), aborreceu-me. Se por um lado parecia mais madura, ou não fosse o caos de ela lidar com a morte todos os dias, por outro era uma garota parva, que fazia o que os outros queriam que ela fizesse (ex: aquela cena das amigas a vestirem como uma ... prostituta (ou pelo menos foi isso que a descrição deu a entender) e ainda por cima a cobrirem de açúcar, foi ridícula! Mas o pior é que não condizia nada com o que sabíamos da sua personalidade até aí. (*FIM DE SPOILER*)
Por outro lado, a relação da Madrigal com o Akiva até me pareceu moderadamente credível, se bem que demasiado rápida e demasiado estúpida. Afinal será que eles acreditavam mesmo que podiam continuar assim muito tempo? No entanto não consegui, de forma alguma, encaixar o relacionamento da Karou com o Akiva, já que, da primeira vez que se conheceram ele quase a matou, e só não o fez porque ela conseguiu fugir. Como é que a autora quer que o relacionamento dos dois pareça credível? (Faz-me lembrar a Eona e o Ido, no "Eona" da Alison Goodman) Depois, assim do nada, o Akiva vai à procura da Karou e, quando a encontra parece um cachorrinho, contando-lhe sobre a sua infância infeliz. Por favor! Menos mal que a Karou lhe deu porrada quando o viu novamente.
Resumindo: Brimstone, Issa e Karou estão aprovados: Akiva, Thiago e Madrigal não estão aprovados.

Em termos de escrita, a autora é suficientemente  descritiva para que o leitor se sinta transportado para Praga, Paris, para o outros mundo. Muito bom! No entanto a obsessão da autora com a beleza física das personagens é irritante! A atracção entre elas baseia-se unicamente na beleza descomunal do Akiva, da Karou, da Madrigal e do Thiago. Os comentários eram tão frequentes que enjoavam. Por outro lado, o grotesco de outras personagens era descrito até à exaustão.
Num pequeno à parte eu teria ficado muito mais interessada se o interesse amoroso da Madrigal, por exemplo, fosse o Brimstone. Tanto potencial!

Em suma, The Daughter of Smoke and Bone apresenta um mundo rico e cheio de potencialidades, tem algumas personagens intrigantes e um enredo que pode vir a ser muito bom, se for explorado convenientemente. No entanto, este primeiro volume cai em facilidades e, na segunda metade do livro, debruça-se demasiado sobre um romance  desinteressante e cliché, apoiado-se num interesse amoroso genérico e previsível demais.
Foi uma leitura que entreteve, com belíssimas descrições de cidades europeias e inventadas, mas que, no seu final, não surpreendeu. Tenho alguma curiosidade quanto à sequela mas não faz parte das minhas prioridades de leitura, de momento.

Narração (Khristine Hvam):
Gostei muito da narradora e da voz que deu às personagens e à história, em especial a voz do Brimstone que tinha uma cadência brilhante.
A narradora, Khristine Hvam, fez um bom trabalho nesta adaptação para audiolivro. Recomendo!

Booktrailer:


Pequenos trailers (oficiais) das personagens: Brimstone, Akiva, Issa, Zuzana.

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