segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Boas Festas - 2018



Desejo a todos vocês, e aos vossos familiares, umas boas festas, caso celebrem esta quadra. Senão, um bom início de ano!


P.S.: Caso não reconheçam as personagens na imagem, trata-se da Lina, o Zanzan, a Momutte e a Garnath, do meu projecto “Alma”

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Tor.com: Selected Original Fiction 2008-2012

"Tor.com: Selected Original Fiction 2008-2012", antologia com contos de Ken Macleod, Sylvia Day, John Scalzi, Charles Stross, Brandon Sanderson, Brit Mandelo, Meghan McCarron, e Rachel Swirsky (ainda não publicado em Portugal)

Opinião:
Já li vários contos disponíveis no site Tor.com, que nos dá a conhecer o trabalho de ficção curta de muitos bons autores da actualidade, bem como o lindíssimo trabalho dos muitos ilustradores que colaboram destas histórias.
Reunidos numa edição audiolivro estão alguns desses contos, de autores bem conhecidos meus, e de outros com quem tive agora o primeiro contacto.
No geral gostei de todos e aconselho-os a lerem estes e a explorarem também as centenas de outros contos que em Tor.com.
Abaixo segue a minha opinião de cada um dos contos nesta antologia:


“Earth Hour” by Ken Macleod
Esta história toca em temas actuais e pertinentes: o clima, o desenvolvimento científico, a dependência digital e a corrupção, entre outros. Temas sobre os quais me interesso bastante e que foram uma das razões porque gostei do conto. No entanto a escrita em si não em agarrou, nem a escolha da sequência de acções. 
Nota: 6,5/10

“Eve of Sin City” by Sylvia Day
Eu queria tanto gostar disto, sendo que a série (Marked) já me tinha chamado a atenção. no entanto, e apesar de a escrita ser cativante e carismática, senti que estava a ler mais do mesmo. A premissa, do Caim e do Abel e dos Marcados, está interessante mas depois caímos no romance habitual com o "bad boy" e ... já não tenho muita paciência para isso. Este conto, por si só, tem alguns pontos de interesse.Ficamos a conhecer relativamente bem as personagens e as suas personalidades, mas a acção em si é mediana.
Nota: 5,5/10

“The President’s Brain is Missing” by John Scalzi
Este conto foi tão divertido! A premissa, por si só, é hilariante, mas a execução ainda mais o é porque as personagens se levam bastante a sério mas as circunstâncias são de rir. O único senão deste conto é mesmo o abuso de "he said/she said" logo após cada trecho de diálogo. Acho que, muitas vezes, era desnecessário. Fora isso, está excelente.
Nota: 8/10

“Overtime” by Charles Stross
Mais um conto que se leva muito a sério mas cujas situações são divertidas demais para isso. Temos um funcionário (público?) que se esqueceu de pedir as férias para a época de Natal e acaba a ter de trabalhar sozinho. O lado burocrático do paranormal, aqui no seu melhor. Adorei o "mundo alternativo" em que se passa esta história e fiquei muito curiosa por ler mais aventuras de "The Laundry Files". O único senão é que o sistema paranormal, ou mágico, não é muito explicado, mas também não o é de tal forma que ficamos sem perceber nada.
Nota: 7/10

“Firstborn” by Brandon Sanderson
Este é o tipo de história que dava um livro. Não que não esteja contado de forma interessante, mesmo no formato conto, mas nota-se que havia muito mais para contar, muito mais para explorar das personagens. Brandon Sanderson consegue manter o leitor interessado mas eu não consegui apreciar realmente esta narrativa porque estava sempre a notar o que faltava. o que move o vilão? Quais os reais laços entre o protagonista e o seu comandante?
Não costumo dizer isto muitas vezes mas esta história não funciona como conto.
Nota: 5,5/10

“Down on the Farm” by Charles Stross
Esta personagem, a mesma de "Overtime" é super-divertida. Gosto do tom destas histórias e tenho muita vontade de ler os livros da série.
Aqui somos apresentados a uma instituição psiquiátrica onde estão internados apenas pessoas que trabalham com o paranormal e cujos conhecimentos poriam em perigo a "segurança nacional" se fossem deixados numa instituição comum.
As personagens são todas super-interessantes e o início da narrativa é muito interessante e as curvas e contra-curvas também. Embora não seja grande fã da conclusão, o divertimento é garantido.
Nota: 6,5/10

“After the Coup” by John Scalzi
A sério, este autor tem uma ideias para contos que são o máximo! Adorei! Um técnico informático que é obrigado a confrontar-se com um alienígena, porque este combate em arena é vantajoso politicamente. É tão engraçado como cheio de acção. Muito bom equilíbrio de personagens espectaculares, história cativante, acção e comédia.
Nota: 8,5/10

“The Finite Canvas” by Brit Mandelo
Focado em duas personagens, este é um conto profundo, que questiona valores, de acordo com as circunstâncias. Uma médica na terra, abordada por uma assassina mafiosa que vem dos espaço (da parte rica da sociedade) mas que esconde mais segredos do que apresenta à primeira vista.
Gostei muito deste contos, pelas personagens e pelas questões morais, embora a narrativa me parecesse lenta, me certos momentos
Nota: 7/10

“Swift, Brutal Retaliation” by Meghan McCarron
Uma história sobre uma família que acabou de perdeu um membro, e como cada um deles lida com isso. Juntem a isto um fantasma raivoso e rancoroso e é este conto que resulta. Adorei as irmãs! Levavam as brincadeiras sempre longe demais mas nada que não seja ate compreensível aos olhos de como a mãe e o pai gerem a família (ou não gerem).
Nota: 7,5/10

“Portrait of Lisane da Patagnia” by Rachel Swirsky
Conceito muito interessante, o de se conseguir passar a essência de algo directamente para a tinta e para uma tela. Muito "Dorian Gray".
Esat não é a história de Lisana, embora ela seja o grande foco e a grande obsessão da vida da nossa protagonista. Esta é uma história rica, com personagens interessantes e um sistema de magia muito curioso. Gostei!
Nota: 7,5/10

domingo, 19 de agosto de 2018

The Best American Short Stories of the Century (parcial)

"The Best American Short Stories of the Century", de Sherwood Anderson, Ann Porter, F. Scott Fitzgerald, James Alan McPherson, Jean Stafford, Bernard Malamud, Cynthia Ozick, Rosellen Brown,  Thom Jones, Gish Jen, Grace Stone Coates, Dorothy Parker, Robert Penn Warren, Eudora Welty, E.B. White, John Updike, Donald Barthelme, Tom O'Brien, Raymond Carver, Lorrie Moore, Carolyn Ferrell, Pam Houston


Opinião:
Antes de mais, acho que devo dizer que esta opinião não abrange todos os contos da antologia original. Li a versão audiolivro que, só mais tarde percebi, não continha todos os contos. Tem cerca de metade. No entanto penso que será igualmente interessante dar a minha opinião sobre os contos que li.


Alguns dos contos que li são verdadeiramente interessantes e percebo porque terão sido considerados de entre "os melhores". No entanto, e isto é tudo uma opinião pessoal, poucos me marcaram de tal forma que possa dizer que ficaram sendo dos meus contos favoritos de todos os tempos. Além disso parece-me impossível não notar que, de todos os contos que li, nenhum era de ficção especulativa (ou pelo menos não o era de forma clara). Por isso seria mais correcto chamar esta uma antologia de ficção geral/normal e não simplesmente uma antologia dos melhores contos americanos, sendo que vários géneros foram deixados de fora (incluindo a não ficção). Será que os contos que não li da antologia abrangem outros géneros que não a ficção geral/história? Se algum de vocês souber digam nos comentários.


Mas deixando de lado estas questões a verdade é que gostei de alguns dos contos e recomendo esses. Não recomendo no entanto a versão áudio deste livro (Isto é raro acontecer!). A versão audiolivro conta com narradores muito variados, alguns dos quais talentoso mas a maioria dos quais parecem amadores sem grande interesse pelo trabalho que estão a fazer ou pelas histórias que estão a narrar. Foi-me, por vezes, realmente difícil abstrair do narrador e forcar na história. E isso é o pior que um narrador de audiolivros pode fazer.


Os meus contos favoritos foram: "The German Refugee", Bernard Malamud; "The Shawl", Cynthia Ozick; "How To Win", Rosellen Brown; "Proper Library", Carolyn Ferrell


Ficam abaixo as minhas opiniões conto a conto, com uma classificação que vai de 0 a 10 pontos.


"The Other Woman", Sherwood Anderson
Uma ideia simples, sobre um homem que parece ter tudo para ser feliz, mas que mina a sua própria felicidade por razões que nem ele entende. Gostei da auto-negação presente em todo o texto mas a história em si não teve nada de original. 
Nota: 5,5

"Theft", Catherine Ann Porter
A narradora audio deste conto não o favoreceu nada.
Gostei do texto, de todo o visual narrativos e dos diálogos. Aquele final foi tão surreal quanto natural, no contexto do resto da história.
Nota: 6

"Crazy Sunday", F. Scott Fitzgerald
A prosa é lindíssima, bem como o ambiente glamouroso em que as personagens se inserem. no entanto as personagens não me cativaram. Em uma ou outra situação gostei mas no geral achei-as plácidas demais.
Nota: 5

"Gold Coast", James Alan McPherson
No início tive mesmo muita dificuldade em entender o que o narrado estava a dizer. Tem um ... bem ... não sei se é sotaque ou se é mesmo a sua forma de falar, mas parecia que comia sílabas e era muito difícil seguir o que estava a dizer. Depois de me habituar foi fácil mas ... foi um início confuso.
Tirando isso, acho que temos aqui o caso de uma personagem que floresce e prospera no formato conto. Uma história banal que nos narra uma parte da vida de um homem que começa a trabalhar com todo o entusiasmo do mundo e que depois, aos poucos, se vai deixando afectar pelo negativismo dos outros e quando termina pouco resta do seu eu inicial. Temos também aqui umas críticas sociais muito interessantes e dolorosas.
Nota: 6,5

"The Interior Castle", Jean Stafford
Auch! Só de pensar em algumas das descrições desta narrativa já fico com dores no nariz. Este conta-nos a história de uma mulher, que ninguém sabe muito bem quem é, e que sofreu um terrível acidente automobilístico que a desfigurou. Ela não recebe visitas e mostra-se apática durante toda a sua estadia no hospital. E se isso a princípio levava a que muitos tivessem pena dela, cedo isso se alterou. A relação dela com o médico que lhe vai operar o nariz é linda de se ler. Não é que fiquemos a saber muito sobre ela, a acidentada, mas é impossível largar o conto. Gostei!
Nota: 7

"The German Refugee", Bernard Malamud
Um conto envolvente, que nos leva a conhecer um jovem que sobrevive dando explicações linguísticas a recém-chegados aos Estados Unidos da América, e a sua vivência com um refugiado alemão, durante a segunda guerra mundial. O conto não se foca na guerra, mas sim na deterioração do personagem do refugiado, sozinho, longe de tudo o que conhece, e consumido por uma culpa que não é perceptível até quase o final. Adorei a escrita e as personagens.
Nota: 8

"The Shawl", Cynthia Ozick
Uma história que me deixou angustiada, tanto porque, ao longo de todo o texto, realmente não sabemos ao certo onde as personagens estão nem o que realmente se está a passar (podemos pressupor, mas há tantas opções), como pela escrita que sufoca. É muito directa, curta, simples, acutilante. Gostei muito!
Nota: 8

"How To Win", Rosellen Brown
Um dos melhores contos da antologia. Com umas reflexões muito interessantes sobre a parentalidade e o matrimónio, o que realmente faz com este conto se destaque é o facto de, no início parecer que nos vai levar numa direcção (a mãe que não suporta mais o temperamento louco do filho) e no fim ... BAM ... levamos um estalo na cara, tal e qual como ela. Adorei!
Nota: 8,5

"I Want To Live", Thom Jones
As descrições dos processos da doença tocaram-me profundamente, bem como a solidão que a personagem sentia, embora estivesse sempre rodeada de amigos. Há aqui momentos muito intensos e com os quais qualquer pessoa se poderá relacionar, mas também achei que, por vezes, se estendia demasiado numa direcção menos interessante e o final desiludiu-me. Ainda assim, acho que toca o tema do cancro, do seu tratamento e da sua angústia, de uma forma crua e que vale a pena ler.
Nota: 6,5

"Birthmates", Gish Jen
Uma lindíssima história sobre um homem cujo casamento terminou após vários abortos. Um homem que trabalha numa indústria em extinção e que, parece também ele, pronto a extinguir-se. A sequência de acção desta história e a forma como ele vai-se recordando da vida com a esposa, dos momentos da gravidez, e de tudo o que poderia ter feito de diferente, é impossível não sentir uma ligação com ele. Gostei muito!
Nota: 7,5

"Wild Plums", Grace Stone Coates
Nem sei bem o que diga deste conto. Tão depressa começa como acaba e, no fim, fiquei sem perceber se ele tem algo a dizer. É suposto ser uma metáfora a alguma coisa? É que se sim não foi nada perceptível.
Nota: 4

"Here We Are", Dorothy Parker
Neste conto seguimos as primeiras horas (ou minutos) da vida de casados de um homem e uma mulher que não se entendem nem por nada. Ela, a típica mulher que nunca sabe se quer uma coisa ou outra (estereótipo ao extremo), ele o típico homem que concorda com ela só para a calar. Gostei da dinâmica dos diálogos mas não da história nem dos estereótipos. 
Nota: 4

"Christmas Gift", Robert Penn Warren
Há tanto por dizer nesta história! Adorei a escrita, as personagens, e os mistérios que rodeiam a vida do rapaz que foi à vila, a meio da noite, em busca do médico para assistir ao parto da sua "prima". Muito é dito. Muito fica por dizer. E o final é tão aberto mas o mesmo tempo tão acertado para a história, que não sei se fiquei satisfeita ou não.
Nota: 7,5

"The Hitch-Hikers" Eudora Welty
Eu gostei deste conto sobre o encontro entre um condutor que já conhece meio mundo, por viajar tanto, e dois "hitch-hikers" a quem ele dá boleia e sobre quem ele pouco ou nada sabe, o que torna a tragédia que acontece ainda mais intensa.
Nota: 7

"The Second Tree From The Corner", E.B. White
Esta história segue a sequência de pensamentos de um paciente numa (e várias) consultas de psiquiatria. Este conto consegue ter uma prosa interessante, mas a história em si não me agarrou.
Nota: 5


"Gesturing", John Updike
Este conto cativou-me de uma forma estranha. Fala-nos de um homem que se separa da esposa, com quem mantinha um relacionamento liberal que lhe permitia ter amantes e que dava à sua esposa a possibilidade de fazer o mesmo. A forma como os dois encaram esta relação, de forma plácida, quase automática, é o mais estranho de tudo, e por isso mesmo cativante. A obsessão dele com um edifício feito totalmente de espelhos, e a apatia com que segue com a vida, é também fascinante.
Nota: 7,5

"A City Of Churches", Donald Barthelme
Uma história estranha que parece meia ficção científica meia alucinação. É bastante curta mas nem fi pela sua dimensão que não me interessei pelo conto, mas antes porque além do cenário, não havia muito de interessante no texto ou na história.
Nota: 4

"The Things They Carried", Tom O'Brien
Um texto bem diferente, que nos narra histórias de guerra acompanhadas de intensas listas de itens que os soldados carregam consigo e que, em última instância, nos dizem muito sobres esses soldados. Foi uma leitura muito interessante mas, mais uma vez, o final deixou bastante a desejar.
Nota: 6

"Where I'm Calling From", Raymond Carver
Cheio de personagens super-interessantes cujas histórias de vida o protagonista absorve e quase que torna suas. A vida dele confunde-se, ao longo da narrativa, com a dos outros homens internados para tratamento de alcoolismo, muitos deles reincidentes que arruinaram as vidas familiares à custa da bebida, e não só. Gostei muito deste texto, excepto pelo final.
Nota: 7

"You're Ugly Too", Lorrie Moore
Uma história muito estranha, que parece mundana e que segue a linha de pensamento de uma protagonista muito pessimista e que parece não ver nada de bom no mundo, mas que na verdade parece nem ter grandes razões para ser assim. Só parece, a principio, porque depois vamos conhecendo um pouco melhor. No entanto não gostei do tom da história nem dos diálogos que ele teve com outras personagens. Pareceu tudo bizarro demais.
Nota: 5

"Proper Library", Carolyn Ferrell
Esta é uma das melhores histórias deste livros. Começa de uma forma muito estranha e, sinceramente, deixou-me bastante confusa quanto ao género da personagem principal bem até meio do conto (o facto de o narrador audio ser do sexo oposto também não ajudou muito a dissipar as dúvidas). É uma história crua, directa, sem mais palavras, que fala da vida de uma personagem que parece deixar-se levar pela corrente dos acontecimentos, a quem nada parece afectar de verdade, mas que no fundo se deixa afectar por tudo. Em poucas palavras aborda temas como o bullying, o racismo e preconceito e a homossexualidade.
Nota: 8

"The Best Girlfriend You Never", Pam Houston
Este conto foca-se em duas personagens que têm tido, ao longo da vida, experiências de romance e "amor" bastante doentias. A intensidade das memórias da personagem principal é fantástica, especialmente pela calma com ela as transmite, apesar de serem situações muito abusivas, por vezes. Gostei bastante deste conto.
Nota: 7,5

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Book TAG: 50% - 2018

Encontrei na web uma TAG que me pareceu perfeita para fazer agora, visto que não tenho dado muitas opiniões aqui no blog. Chama-se TAG 50%, e é suposto a meio do ano falarmos dos melhores livros que lemos até então. Não consegui descobrir quem foi o/a inventor/A original desta TAG. Se souberem por favor deixem num comentário para eu poder dar os devidos créditos.

TAG 50%



1. O melhor livro que li até agora


2. A melhor continuação que li até agora


3. Um livro, lançado no primeiro semestre, que ainda não li mas que quero muito ler

https://imaginauta.net/2017/12/15/crazy-equoides/25319959_2312795192280124_915649259_o-copia/#main


4. Lançamento que aguardado com mais entusiasmo no segundo semestre


5. O livro que mais me decepcionou em 2017 (até agora)


6. O livro que mais me surpreendeu (até agora)


7. Novo autor favorito
marjoriemliu.com
(Marjorie M. Liu)


8. Paixoneta mais recente, por um personagem fictício
(nada de paixonetas, mas Ahmann Jardir, de "A Lança do Deserto", foi uma das personagens que mais me cativou, pela sua complexidade emocional)

9. Minha personagem favorita mais recente
(Garou, do manga "One Punch Man" foi a personagem mais interessante que li até agora neste ano)

10. Um livro que me deixou feliz
(Ojisama to Neko)


11. Livro que me fez chorar
(nenhum)


12. Melhor adaptação cinematográfica que vi no primeiro semestre
Baseado no romance de Diane Ackerman.


13. Minha opinião favorita do primeiro semestre
"Quem Teme a Morte", de Nnedi Okarofor.


14. O livro mais bonito que comprei/recebi de presente


15. Livro que preciso ler até o final do ano

domingo, 22 de julho de 2018

A Vida aos Quadradinhos - Janeiro a Julho 2018

Já lá vai um tempinho bem grande desde que publiquei aqui a última opinião de BD, por isso achei que seria mais interessante fazer um apanhado de tudo o que li desde o início do ano, com pequenas opiniões de todos. Alguns têm opinião separadas, para as quais deixarei os links.
Entretanto deixo também o convite para que deixem nos comentários as vossas melhores leituras de BD / Romances Gráficos / Manga dos últimos meses. Sugestões de bons títulos são sempre bem-vindas.

"Fogos e Murmúrio", de Lorenzo Mattotti
As cores e a dinâmica das pinturas/ilustrações é fabulosa! No entanto senti que nem sempre o texto estava bem alinhado com o trabalho gráfico. Ainda assim acho que merece ser apreciado devagarinho.
5,5/10

"Che (A vida de…)", de Héctor Gérman Oesterheld
 Como o título indica, esta pequena BD conta-nos uma parte da história de Che, com uma arte a preto-e-branco que é muito bem usada e perfeita para o efeito. No entanto senti que estava a ler uma brochura propagandista e isso tirou-lhe algum mérito.
5/10

"Tokage (volumes 2 e 3)", de Yak Haibara
Já há muitos anos que tinha lido o primeiro volume deste manga e achei que era mais que tempo de terminá-lo, visto ser tão curto. O desenho de personagens deste manga é muito bonito, bem como toda a arte. A história tem o seu quê de mistério e profundidade, mas é facilmente esquecível.
6/10

"A Leoa - Um Retrato Gráfico de Karen Blixen", de Anne-Caroline Pandolfo e Terkel Risbjerg
Baseado na vida de Karen Blixen, mulher cuja vida e obra eu desconhecia por completo, este romance gráfico é daqueles que perdemos muito tempo a ver, pelas belíssimas ilustrações, pela história e até pelo simbolismo de certas passagens. Gostei muito e fiquei super-curiosa por ler algo escrito por Karen Blixen.
Noutra nota, a edição da G-Floy está muito bem cuidada.
7,5/10

"A Trilogia Nikopol", de Enki Bilal
Deuses egípcios num cenário futurista? Aceito! Gostei muito do conceito e da forma como os deuses interagiam uns com os outro e com os humanos. A degradação humana na terra, levada a extremos por um regime machista e totalitário, é decadente e visualmente intenso e sufocante.
Das três partes desta história a minha favorita é a primeira mas acho que todas elas têm elementos interessantes e que valem a pena ser lidos. Com personagens muito bem desenvolvidas, profundas e cheias de falhas,
7/10

"Talco de Vidro", de Marcello Quintanilha
Uma história que poderia ser banal, sobre a vida de uma dentista que tem tudo para ser feliz mas que tem uma obsessão doentia por uma prima e que começa a invejar as poucas alegrias que esta tem na vida. Ao focar-se na prima e no que pode fazer para ser melhor que ela, acaba por estragar tudo na sua vida, destruindo o casamento, a relação com os filhos e criando hábitos que, por um tempo, parecem libertá-la, mas na verdade só a aprisionam ainda mais. Uma descida fantástica à mente de uma personagem cativante.
7/10

"Monstress: Despertar (volume 1)" de Marjorie M. Liu, Sana Takeda
Podem ler a minha opinião completa aqui.
8/10

"One Punch Man (volumes 1 a 16)", de One e Yusuke Murata
Podem ler a opinião completa aqui.
7,5/10

"Saga (volumes 5 e 9)", de Brian K. Vaughan e Fiona Stapples
Já tinha saudades de ler esta BD. Muita coisa aconteceu nestes volumes. Finalmente a família voltou a reunir-se, temos novas adições ao grupo e velhos inimigos passam a amigos. Como sempre temos temas muito importantes nesta BD, entre os quais a transexualidade, o aborto espontâneo e o provocado, as casualidades da guerra, e muito mais. Adoro como estes e outros temas são falados e trabalhados na história, bem como o desenvolvimento que traz às personagens, no entanto sinto que está a chegar ao ponto da narrativa em que algo realmente grande tem de mudar. Estamos num impasse, com eles sempre a fugirem a e nunca conseguirem escapar. Se continuar assim vai rapidamente tornar-se aborrecido. Algo de novo tem de vir entretanto. E, talvez por isto, não me diverti tanto com estes volumes como com os anteriores.
7,5/10

"História do Sexo", de Philippe Bernot e Laetitia Coryn
Como o próprio nome indica, temos aqui um álbum de BD que nos ilustra a evolução da mentalidade sexual ao longo dos tempos, nas culturas que mais estudamos na escola (Antigos Egipto, Grécia, Roma, Idade Medieval, etc), bem como usa alguns episódios das várias religiões para representar a mentalidade sexual das épocas.
Eu adorei este álbum! É didático, divertido e o grafismo, embora simples, combina muito bem com o tom da narrativa. Recomendo!
9/10

"Sandman: Prelúdios e Nocturnos (volume 1)", de Neil Gaiman, Sam Keith, Mike Dringenberg e Malcolm Jones III
À terceira é de vez! Já por duas vezes tinha iniciado a leitura deste primeiro volume de Sandman. Na primeira não passei do primeiro capítulo, na segunda fui até ao segundo, e desta vez terminei.
Verdade seja dita, os capítulos finais foram, para mim, muito mais interessantes que os iniciais. Especialmente os capítulo no inferno, o do rubí e o "Sound of her Wings", com a Morte.
A arte tanto me encantou, em certas páginas, como me deixou confusa em outras. Não gostei da escolha de cores mas algumas sequências são lindíssimas.
Já a narrativa é extremamente original (menos não seria de esperar de Neil Gaiman) e imaginativa, mas também bastante confusa e muitas vezes há texto a mais, explicações em demasia.
Sou capaz de ler outro volume desta série, para cimentar melhor a minha opinião, mas parece-me que, tal como já aconteceu com outros trabalhos do autor que li, Neil Gaiman demonstra aqui uma imaginação prodigiosa mas uma execução à qual falta algo. E não vos saberia dizer ao certo o que esse algo é.
6/10

"Ojisama to Neko (Capítulso 1 a 13)", de Umi Sakurai
Esta é a BD mais fofa de sempre! (ou pelo menos deste ano) A sério, é super-fofinha! Com apenas três ou quatro páginas por "capítulo", vemos a pacata vida de um velho senhor que decide, após o falecimento da esposa, adoptar um gato (o gato mais feio da loja, segundo o mesmo), mas que ele adora. E é super-fofo! Eu já vos disse que é fofo?
8/10

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Clube de Leitura de Braga - Julho 2018

Este mês o clube de Leitura de Braga vai acontecer neste próximo sábado (7 de Julho), ao  invés de no primeiro sábado do mês, como é habitual.
Juntem-se a nós para uma tarde bem passada, a falar de literatura e BD. No final desta sessão vamos também ter um jantar de grupo, visto que o clube vai fazer uma pequena pausa durante Agosto. Voltamos depois em Setembro.






Os livros sugeridos para este mês são:
- "Carbono Alterado", de Richar K. Morgan;
- "Sandman: Prelúdios e Nocturnos", de Neil Gaiman, Sam Keith, Mike Dringenberg e Malcolm Jones III

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Quem Teme a Morte - divulgação





Ainda há pouco li este livro e soube agora que a Saída de Emergência o está a lançar em terras lusas. Boas notícias!


"Quem Teme a Morte", de Nnedi Okorafor é um livro intenso, duro mas fabuloso! Aconselho vivamente! (podem ler a minha opinião AQUI).




Já agora, adoro a capa da edição portuguesa!


Podem saber mais sobre o livro e comprá-lo directamente à editora AQUI.


Sinopse:
Uma África pós-apocalíptica. Uma profecia misteriosa. Uma criança destinada a salvar o seu povo.

Num futuro distante, um holocausto nuclear devasta o continente africano e dá-se um genocídio numa das suas regiões. Os agressores, os Nuru, de pele mais clara, decidiram seguir o Grande Livro e exterminar os Okoke, de pele mais escura. Mas, depois de ser violada, a única sobrevivente de uma aldeia Okoke consegue escapar e refugiar-se no deserto. Dá à luz uma rapariga com cabelo e pele cor de areia e a mãe percebe, nesse momento, que a sua filha é diferente. Dá-lhe o nome de Onyesonwu, que significa “Quem Teme a Morte?”.
 
Treinada por um misterioso xamã, Onyesonwu sabe que tem um destino mágico a cumprir: pôr fim ao genocídio do seu povo. A jornada para cumprir tal proeza irá pô-la em confronto com a natureza, a tradição, o amor verdadeiro, os mistérios da sua cultura… e, por fim, com a própria morte.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Monstress: Despertar

"Monstress 1: Despertar", de Majorie M. Liu e Sana Takeda (Saída de Emergência)

Opinião:
Já há muito tempo que queria ler "Monstress". A curiosidade era grande! Tanto porque os excertos que tinha visto me pareciam promissores, como pelo facto de só ter lido boas opiniões da série.
A BD não desiludiu!

Monstress é mais cruel do que esperava, com personagens com passados, presentes e futuros trágicos, cheios de dor, crueldade, traição e guerra.
Maika, a protagonista, não é alguém de quem seja fácil gostar-se mas também é impossível ignorá-la. O que a move é a vingança e a sede de conhecimento. Conhecimento do seu passado e daquilo que a tormenta dia após dia, noite após noite.
Na sua busca por repostas apenas encontra mais perguntas e vai fazendo inimigos por onde passa, mas também vai-se cruzando com pessoas que lhe querem bem (ou talvez não) e que a apoiam mesmo quando ela está sempre a tentar afastá-los.
Monstress está cheio de personagens poderosas, num mundo dominado por mulheres (que lufada de ar fresco!), temos poderosas humanas-feiticeiras que escravizam os "monstros" apesar de, supostamente, viverem um período de paz.

O mundo que nos é apresentado é cruel. Não há qualquer inocência em nenhuma das personagens e muito pouca bondade, tirando a Kippa (coitadita!).
É um ambiente de guerra, que na verdade nunca terminou e se prepara novamente para rebentar. Uma batalha que envolve deuses e demónios.

A arte é fabulosa! Cheia de detalhes e com umas cores não muito vivas mas que combinam na perfeição com o ambiente da história.
Por vezes os traços do desenho parecem desleixados, mas isso acaba por dar mais dinamismo às páginas. É um romance gráfico para se ler e ver atentamente.
Estou muito curiosa para saber o que se segue e recomendo a quem goste de ler fantasia, mesmo nunca tendo lido BD.


Sinopse:
Num mundo alternativo de beleza art déco inspirado na Ásia oriental, eis que nos chega uma história de coragem, vingança e compaixão…
Maika Meiolobo é uma adolescente que sobreviveu a uma guerra cataclísmica entre humanos e arcânicos, uma raça híbrida que descende dos Anciãos. Escravizada por bruxas inimigas que suspeitam dos seus poderes latentes, Maika começa a desvendar o seu misterioso passado e, durante o processo, descobre que tem uma ligação psíquica com uma poderosa criatura de outro mundo.
Perante a opressão e o terrível perigo, Maika torna-se caçadora e presa, perseguida por aqueles que desejam usá-la, colocando-a no centro de uma guerra devastadora entre forças humanas e sobrenaturais. Enquanto isso, o monstro no seu interior começa a despertar...

Clube de Leitura de Braga - Maio 2018

É já este sábado que o Clube de Leitura de Braga se volta a reunir na Bertrand de Braga, às 15h00!


Este mês vamos contar também com a presença de Nuno Nepomuceno, autor de uma das leituras deste mês, "Pecados Santos".
Por isso apareçam por lá para conhecerem o autor e a sua obra.












O outro livro que vamos ler este mês, já no campo dos romances gráficos, é o primeiro volume de Monstress, uma obra de Majorie M. Liu e Sana Takeda.


Juntem-se a nós este sábado!

domingo, 8 de abril de 2018

A Gorda

"A Gorda", de Isabela Figueiredo (Caminho)

Opinião:
Aquando o lançamento deste livro ouvi falar muito nele e fiquei interessada. O clube de leitura foi uma boa desculpa para lhe pegar.
Encontrei neste livro o que esperava?
Não, mas não quero com isso dizer que não gostei de algumas situações e da forma como foram tratadas, nomeadamente a "prisão" proporcionada pela debilidade crescente dos pais, a sua experiência de "maternidade", a rejeição os outros pelo facto de ser gorda, e outros excertos de vida que me absorveram.


Maria Luísa é uma personagem complexa, extrovertida, revoltada mas também reprimida. Algumas das outras personagens têm também histórias interessantes, e por vezes até parece que o livro é mais sobre elas do que sobre ela mas na verdade não conhecemos nenhum dos outros tão a fundo como conhecemos a Maria Luísa.


Escrito numa espécie de recolha de remendos/memórias, penso que teria desfrutado mais do livro se a narrativa não andasse sempre para trás e para a frente. Não precisava ser linear, apenas mais focada.
Há muito sentimento nestas páginas. Muita crítica e, talvez, um pouco de rancor.
Algumas passagens são lindíssimas, cruas, reais.


Num nota mais pessoal, eu luto com a obesidade há vários anos e esperava encontrar aqui algo que fizesse as outras pessoas perceberem um pouco melhor algumas dificuldades que encontramos na vida. Não temos nenhuma desabilidade física, mas, sejamos realistas, as gordas nem sempre são vistas como normais. E nisto discordo do que a autora diz porque os homens gordos também são bem menosprezados pela sociedade, e especialmente pelas mulheres.
Mas não são só os gordos, infelizmente. Somos constantemente bombardeados com imagens, com propaganda, com opiniões que nos dizem como nos devemos vestir, comportar, ser (homens e mulheres). Como devemos existir! Mas qual é na verdade o apelativo de um mundo onde todos são iguais?
Há algo de extraordinário na diferença, não acham?


Mas regressando ao livro, achei que a segunda metade foi muito mais intensa e gratificante (a nível de leitura) do que a primeira e apesar de não ter gostado do final, penso que seja uma leitura interessante.


Sinopse:
Maria Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa. Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à procura de uma vida que valha a pena viver.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Que país visitar?

O Clube de Leitura de Braga está a pedir a ajuda de todos num escolha literária:


https://poll.fbapp.io/pais-a-visitar-em-livros-junho-2018


«De dois em dois meses vamos passar a pedir a vossa ajuda para escolher a nacionalidade do autor que vamos ler, de uma lista de países que ainda não visitamos através da literatura no nosso clube.
Qual destes três vos parece mais interessante? Que autores conhecem e sugerem destas nacionalidades?»


E já agora aproveito para divulgar quais os livros de que vamos falar na próxima sessão do Clube de Leitura de Braga (na Bertrand) já este sábado que vem:




- "A Gorda", de Isabela Figueiredo;
- "Talco de Vidro", de Marcellon Quintanilha.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Maresia e Fortuna

“Maresia e Fortuna”, de Andreia Ferreira (Coolbooks)

Opinião:
Para quem ainda não leu este romance, talvez o melhor seja mesmo que não descubram a que clássico este romance se remete antes de o começarem a ler.
Eu fui às cegas para esta leitura mas confesso que cedo adivinhei o "segredo". Isso, contudo, não me estragou em nada a experência de leitura. Muito pelo contrário! Acho que até tornou tudo muito mais doloroso e cruel, quando já sabia no que tudo aquilo iria resultar e em como destroçaria as personagens envolvidas quando elas mesmas soubessem a verdade.

E por falar nelas, o melhor deste romance são as suas personagens, tão cheias de falhas, tão humanas, que é difícil não nos relacionarmos com todas elas. Eu, confesso, que gostei mais da Júlia, que na sua loucura acabou por ser a que menos imprevisível se tornou. Ela nunca escondeu o que era verdadeiramente, enquanto, na realidade, todos em sua volta foram bastante cruéis, de forma proprositada ou não, mantendo-a na ignorância e, consequentemente, levando ao desfecho que teve.
Também o Eduardo foi uma personagem que me marcou, por ser o mais "verdadeiro", e talvez por isso mesmo algumas das suas decições finais não me tenham caído bem. Sem querer dar muitos spoilers, há uma cena nos capítulos finais em que ele decide ocultar um 'erro', o que, feito daquela forma, me pareceu desconexo do seu comportamento até ali.

Outra coisa que adorei no livro foram as descrições que a autora faz da belíssima Apúlia (e Fão). Cenários sujas descrições me fizeram revisitar esta povoação costeira de que tanto gosto.
Convém também notar que a escrita da autora melhorou bastante desde a sua Trilogia Soberba.

Na verdade o que menos gostei do livro foi do que, me pareceu ser, um exagero de cenas entre a Júlia e o Eduardo, e a previsibilidade do desfecho, que eu adivinhei bastante cedo. Mas, como já disse, isto não tornou a jornada menos interessante.

Em suma, Maresia e Fortuna está recheado de personagens tão cheias de falhas que foi impossivel não querer saber o desfecho de todas elas e por isso recomendo a leitura deste livro.

Sinopse:
O que é o verdadeiro amor?
Para Eduardo, de 17 anos, é a mãe e o irmão mais velho, Simão. Este, porém, tem um segredo que o empurra para a bebida e Eduardo receia que o seu irmão se suicide, tal como o pai de ambos o fizera, dez anos antes.
Júlia acredita que passou ao lado de um grande amor. Em busca da verdade que mudará a sua vida, regressa à vila de Apúlia para reconstruir um passado de que não se consegue recordar.
O caminho desta mulher perturbada está prestes a cruzar-se com o de Eduardo, trazendo à tona segredos, paixões agressivas e remorsos intemporais, com consequências devastadoras sobre a vida da outrora pacata vila piscatória.
Uma alegoria moderna de um clássico, onde os humanos se destroem sem precisarem de intervenção divina.

Clube de Leitura de Braga - Março 2018

Este fim-de-semana, no Clube de Leitura de Braga, sugerimos a leitura de:
- "O Castelo de Vidro", de Jeanette Walls e
- "Trilogia Nikopol", de Enki Bilal.


O Clube de Leitura de Braga tem lugar na Bertrand de Braga (no Liberdade Street Fashion), às 15h00 de sábado, no dia 3 de Março. Venham ter connosco para a tarde bem passada!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Illuminae

"Illuminae (The Illuminae Files 1)", de Amie Kaufman e Jay Kristoff (Nuvem de Tinta)

Opinião:
Interessa-me sempre imenso ver romances que nascem da colaboração de dois. Imagino que deva ser uma experiência extraordinária de troca de ideias, valores, estilos e ritmos.

Tanto Amie Kaufman como Jay Kristoff são autores de romances YA, de fantasia e ficção científica, já bem conhecidos do público alvo. Eu ainda não tinha tido oportunidade nem, confesso, grande curiosidade em ler qualquer dos títulos destes autores mas depois de ler “Illuminae” e “Gemina”estou a pensar mudar isso.

Illuminae começa num planeta / colónia distante e desconhecido. Uma exploração pirata, por assim dizer. Em Kerenza moram milhares de pessoas, todas dependentes dessa exploração, de forma mais ou menos directa. Kady é a nossa protagonista nesta história que começa com acção e raramente larga a adrenalina nas suas muitas páginas.
E falando em páginas … eu li a versão audiolivro, que recomendo vivamente, mas façam um favor a vocês mesmos e tenham o livro ou o ebook sempre por perto porque a edição em papel (ou digital) é fenomenal! Isto porque “Illuminae” (assim como a sequela “Gemina”) consiste num recontar dos acontecimentos através de relatórios, emails, transcrições e mais mil e uma coisas super-interessantes de ouvir e ver. Foi esta, aliás, a vertente que mais me fascinou neste livro. Não que o resto não seja bom mas esta forma de narrar está muito bem conseguida e envolve o leitor do início ao fim.

Quanto às personagens, acho que será difícil não falar bem de todas as muitas que por aqui aparecem. Até o técnico que faz a transcrição dos vídeos tem uma personalidade memorável.
Na verdade a única falha a nível de personagens advém mesmo da vilã-mor, embora tenha de admitir que ela aparece poucas vezes.
O AIDAN é, de longe, a minha personagem favorita. Esta Inteligência Artificial, que ganha uma semblante de consciência humana, com a sua consequente descida ao abismo, leva-nos uma viagem intensa.

Na verdade a única parte deste livro que me deixou indiferente foi mesmo o romance. Não senti grande química entre a Kady e o Ezra. Gostei bastante mais do relacionamento entre a Kady e o AIDAN, especialmente na parte final.

Em suma, Illuminae foi uma viagem alucinante, cheia de aventura, boas personagens e um enredo com vários níveis que me mantiveram envolvida o tempo todo. Recomendo!

Sinopse:
Illuminae é diferente de todos os livros que alguma vez leste. Através de documentos pirateados, emails, mapas, arquivos militares, transcrições de interrogatórios e mensagens, vais descobrir que o pior dia da vida de Kadie é apenas o início da história mais trepidante e arrebatadora de sempre.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Who Fears Death

“Quem Teme a Morte (Who Fears Death 1)”, de Nnedi Okorafor (Saída de Emergência



Opinião:
Este foi um daqueles livros que me deu muito que pensar. Não é um romance fácil de ler ou de digerir mas é daqueles que primeiro se estranha e depois se entranha.
Esta história é tão rica que chega a saturar. Isso parece mau, e sê-lo-ia, se a escrita da autora não fosse tão fascinante, as personagens não fossem tão interessantes e o mundo onde se passa "Quem Teme a Morte (Who Fears Death)" não nos envolvesse tanto.
A mistura de uma áfrica semi-contemporânea com um cenário futurista e uma intensa presença do folclore tribal e africano (real e imaginário), é fabulosa , mas também um pouco assoberbante.
Toda a envolvente cultural é extraordinária e só por isso o livro valeria a pena mas não é só isso que há de bom neste romance

Onyesonwu é uma das personagens femininas mais fortes e mais determinadas que li nos últimos tempos, mas essa mesma força por vezes era demasiada. Mesmo quando era apenas uma criança ela mostrava um desrespeito pelos outros que não parecia ter grande justificativa. Mas isto sou eu a ser picuínhas. Onyesonwu é fascinante, e é também fascinante a sua viagem, as suas vivências o seu desfecho.

Mwita é outra personagem que me cativou, por si mesmo e especialmente pelo seu relacionamento com Onyesonwu.
Mas não são só estes dois. Acho que não há uma personagem neste livro que não tenha sido bem aproveitada e o desfecho de algumas delas surpreendeu-me, na positiva, apesar de quase nunca serem desfechos felizes.



É-me difícil descrever o que sinto por este livro. Adorei-o e de igual modo me irritei com ele, mas, olhando para trás, vejo que tudo estava lá por um propósito e embora continue a achar que em certas cenas a autora perdeu tempo demais, num todo o livro é brilhante.
Recomendo vivamente! Mas fica o aviso que é muito cru, tem muitas cenas violentas e a mentalidade da população é tudo menos moderna.



Sinopse:
Uma África pós-apocalíptica. Uma profecia misteriosa. Uma criança destinada a salvar o seu povo.

Num futuro distante, um holocausto nuclear devasta o continente africano e dá-se um genocídio numa das suas regiões. Os agressores, os Nuru, de pele mais clara, decidiram seguir o Grande Livro e exterminar os Okoke, de pele mais escura. Mas, depois de ser violada, a única sobrevivente de uma aldeia Okoke consegue escapar e refugiar-se no deserto. Dá à luz uma rapariga com cabelo e pele cor de areia e a mãe percebe, nesse momento, que a sua filha é diferente. Dá-lhe o nome de Onyesonwu, que significa “Quem Teme a Morte?”.
 
Treinada por um misterioso xamã, Onyesonwu sabe que tem um destino mágico a cumprir: pôr fim ao genocídio do seu povo. A jornada para cumprir tal proeza irá pô-la em confronto com a natureza, a tradição, o amor verdadeiro, os mistérios da sua cultura… e, por fim, com a própria morte.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Filha do Sangue

“Filha do Sangue (Trilogia das Jóias Negras 1)”, de Anne Bishop (Saída de Emergência)

De vez em quando leio um livro que me deixe com uma sensação ambígua: se por um lado adorei a dualidade das personagens e mesmo as regras deste estranho mundo, por outro odiei o facto de o nosso “herói” sentir desejo pela nossa “heroína” e agir de acordo com esses desejos quando ele só tem 12 anos. Não dá! E isto faz com que, mesmo achando alguns aspectos deste mundo fascinantes, esteja sinceramente a ponderar não continuar a série.

Mas vamos por partes:
A autora atira-nos de cabeça para este mundo que criou, sem que o leitor tenha quaisquer bases ou entendimento sobre o que se está a passar, o que faz com que o livro seja bastante confuso no início. Aos poucos fui-me adaptando mas mesmo chegada ao fim do primeiro volume, há ainda demasiadas coisas que eu não compreendo deste complexo mundo. Por outro lado existem tantas personagens e cada uma tem vários nomes, o que pode levar a que o leitor fique ainda mais confuso. Isto não me aconteceu simplesmente porque estava a escutar o audiolivro e era fácil distingui-las pelas vozes. Se não fosse isso tenho a certeza de que teria ficado “às aranhas”.
Ainda falando das personagens, gostei do facto de que quase todas elas têm um lado bom e um lado mau. Infelizmente isto não se via nas duas vilãs principais uma das quais, pelo menos neste livro, quase nem apareceu. O que fez com que fossem personagens menos interessantes. E também por esse mesmo motivo a nossa “heroína”, Jaenelle, careceu de mais interesse.
O facto de tudo o que se passava na sua vida nos ser contado através dos olhos dos outros também não ajudou mas, com tudo aquilo porque ela passou, acho que deveria haver nela muita mais crueldade. Mas talvez isso seja mudado no segundo livro.

A escrita é muito cativante e os diálogos envolventes, mas notei alguma falta de criatividade nas cenas mais sensuais (e não estou a falar nas cenas violentas, mas nas que se pretendiam ser realmente sexys). Faltava ali qualquer coisa que também notei nas cenas mais macabras. Parecia que a autora tinha medo (ou timidez) de ir aos detalhes (bons e maus).

Em suma, ainda estou a ponderar se hei-de ou não seguir com a série. A verdade é que gostei do Daemon, do Satan, do Lucivar e da Surreal, mas os pontos que já referi acima fazem-me pensar duas vezes se vale a pena investir mais tempo nesta série e nestas personagens. Talvez sim.

Sinopse:
Há setecentos anos atrás, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia de sonhos e visões. Agora o Reino das Sombras prepara-se para a chegada dessa mulher, dessa Feiticeira que terá mais poder do que o próprio Senhor do Inferno. Mas a Rainha ainda é nova, passível de ser influenciada e corrompida.E quem controlar a Rainha controlará o mundo...

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A Amiga Genial

“A Amiga Genial (L'amica Geniale 1)”, de Elena Ferrante 

É refrescante ler uma história assim, que se poderia bem ter passado na vida real. Não me levem a mal que eu adoro ler fantasia e ficção científica, e ver a forma como mesmo no meio de algo irreal os humanos são sempre humanos; mas, ocasionalmente, também sabe bem ler algo mais … banal. Ler sobre os conflitos humanos e a terrível verdade da vida corriqueira. E não é que seja uma história fácil, que as vidas destas personagens sejam pêra doce, tanto que poderiam ter sido as vidas de familiares meus, naquele tempo. Esta é a história de Lila e Lénú, duas raparigas que se tornam amigas inseparáveis.
Uma história contada pela Lenú, muitos anos depois, quando Lila desaparece sem deixar rasto.

Lenú é obcecada por Lila, de tal forma que me chegou mesmo a irritar em certos momentos. Mas, bem, isso também faz parte.
Estas duas raparigas nascem e crescem no seio de um bairro de gente remediada, por vezes no limite da pobreza, que mesmo assim, se endivida para ir a um casamento quase no fim do livro (digam lá que isto não vos soa familiar?).
Neste ambiente de pobreza, aquilo a que Lenú, Lila e muitos outros aspiram é a serem ricos. Lenú e Lina são estudantes brilhantes e vêm nisso uma possibilidade de fuga daquele ambiente, mas cedo a vida lhes dá umas quantas bofetadas.
Seguimos a infância e a adolescência destas duas amigas, bem como de algumas outras personagens que as acompanham, embora, confesso,grande parte das vezes não conseguisse distinguir um rapaz do outro ou uma rapariga da outra. À excepção das duas raparigas, dos seus pais e familiares, e uma ou outra pessoa (como o Nico), as outras tinham personalidades demasiado similares e funcionavam mais como um todo do que como indivíduos.

A escrita é lindíssima e é difícil parar de ler, mas por vezes, muito poucas vezes, repetia informação desnecessária (como dizer-nos duas vezes em duas páginas, que determinada personagem era filho deste homem que matou aquele homem e foi parar à cadeia). Questionei várias vezes a escolha de a história ser contada pela voz e experiência da Lenú (que sabia coisas que seriam difíceis, senão mesmo impossíveis, de saber), visto que, embora retrate muita da sua própria vida, foca muito mais atenção na vida de Lila que, apesar de toda a proximidade entre as duas amigas, continua a ser um mistério para o leitor.
E, mesmo depois de terminar de ler, não estou convencida que esta tenha sido a forma mais interessante de contar esta história, embora isso não tira beleza ao texto.

Em suma, não posso deixar de recomendar este romance, pela beleza da sua escrita, pelas duas protagonistas e pela sua história que podia ser a de muitos naquela época, estivessem em Itália ou não.

Sinopse:
"A Amiga Genial" é a história de um encontro entre duas crianças de um bairro popular nos arredores de Nápoles e da sua amizade adolescente.
Elena conhece a sua amiga na primeira classe. Provêm ambas de famílias remediadas. O pai de Elena trabalha como porteiro na câmara municipal, o de Lila Cerullo é sapateiro.
Lila é bravia, sagaz, corajosa nas palavras e nas acções. Tem resposta pronta para tudo e age com uma determinação que a pacata e estudiosa Elena inveja.
Quando a desajeitada Lila se transforma numa adolescente que fascina os rapazes do bairro, Elena continua a procurar nela a sua inspiração.
O percurso de ambas separa-se quando, ao contrário de Lila, Elena continua os estudos liceais e Lila tem de lutar por si e pela sua família no bairro onde vive. Mas a sua amizade prossegue.
"A Amiga Genial" tem o andamento de uma grande narrativa popular, densa, veloz e desconcertante, ligeira e profunda, mostrando os conflitos familiares e amorosos numa sucessão de episódios que os leitores desejariam que nunca acabasse.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Idade do Ouro - Childhood’s End


A Idade do Ouro (Childhood’s End)”, de Arthur C. Clarke (Livros do Brasil - Colecção Argonauta)

Este romance de ficção científica atravessa várias gerações, várias décadas da existência humana a partir do nosso primeiro contacto com a raça alienígena, ou superior, os Overlords que começam por impôr regras de pacificação aos humanos. E embora estas regras façam sentido a longo prazo, há muito quem questione os motivos dos Overlords. À medida que os anos vão passando e o resultado dos esforços dos Overlords se vai notando mais e mais na Terra, certas crianças vão desenvolvendo capacidades extraordinárias. E daí para a frente tudo muda.

O compasso deste romance é perfeito. Saltamos de episódio em episódio, focando-nos num par de pessoas e de eventos que nos dão a conhecer mais sobre os humanos e sobre os Overlords, aos poucos. A revelação da aparência dos extra-terrestres foi muito bem feita e surpreendeu (ainda bem que eu só vi a capa portuguesa mais tarde porque esta está cheia de spoilers!), apesar de todas as pistas deixadas ao longo do texto.
O único senão do livro é que, devido aos saltos da trama e do tempo, não cheguei a criar elo com nenhuma personagem em específico.

Fora isso achei o livro fantástico, muito imaginativo (não original mas diferente) e adorei a escrita.
Planeio revisitar o autor assim que puder e recomendo a leitura deste clássico.

Sinopse (a partir da edição da Círculo do Livro:
Em plena Guerra Fria, enquanto russos e americanos se preparam para a corrida espacial, imensas naves surgem sobre as principais capitais do mundo, revelando um dos grandes mistérios da humanidade: O homem não está sozinho no universo. 
Seus ocupantes, chamados de Senhores Supremos, dominam a Terra de forma pacífica e melhoram substancialmente as condições de vida. A ignorância, a guerra e a pobreza deixam de existir, dando início a uma era de ouro. Porém, uma dúvida assombra a humanidade: quais seriam os verdadeiros objetivos dos Senhores Supremos? Até quando suas políticas iriam coincidir com o bem-estar dos homens? As respostas para essas questões podem revelar uma verdade aterradora.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Os Melhores Livros de 2017

Espero que este novo ano tenha começado bem para todos vocês. O meu começou. :)

Como é habitual nesta altura do ano, segue-se o apanhado das melhores, das piores, e de todas as leituras do ano 2017. Convido-vos a deixarem nos comentários o vosso Top 5 deste ano que acabou e os vossos planos literários para 2018.
Se estiverem curiosos podem começar por ver a lista completa dos meus livros lidos em 2017, AQUI.

Vamos a números:

Em 2017 li 38 livros (incluindo antologias, romances e noveletas) somando 11.900 páginas (contando com as páginas que têm as versões físicas dos audiolivros) e mais de 301 horas de audiolivros escutados.
- 11 destes livros estavam em português (5 de autores portugueses) e os restantes 27 em inglês
- 9 foram lidos em formato físico, 5 em ebook e 25 em audiolivro.
Nota média de leitura: 6,75 de 10 possíveis. 

O Género mais lido em romance foi Ficção Científica (11) e em conto foi também a Ficção Científica (66)

Li 9 álbuns de banda desenhada, 2 revistas de BD, e 1 volumes manga, num total de cerca de 2.151 páginas.
A nota média de BD e Manga foi 7,91 em 10 possíveis.

Li 110 contos, 14 dos quais de autores portugueses
Nota média dos contos é 6,70 em 10 possíveis.

__________________________________**_______________________________________

Seguem-se os Tops!
 

 Top 5 de romances/antologias de 2017:
1)
"Mil Sóis Resplandescentes", Khaled Housseini 
2)
"Childhood's End", Arthur C. Clarke 
3) "Who fears Death", Nnedi Okorafor
4) "A Amiga Genial", Elena Ferrante
5) "Gemina", Amie Kaufman e Jay Kristoff

Top 5 de BD e Manga de 2017:
1)
"A Casa", Paco Roca
2) "Watchmen",  Alan Moore e Dave Gibbons
3) "O Homem que Passeia (Aruku Hito)", Jirõ Taniguchi 
4) "Os Surpreendentes X-Men: Sobredotados", Joss Whedon e John Cassaday 
5) "Nimona", Noelle Stevenson

Top 5 contos de 2017:
1) "Dancing with Death in the Land of Nod", Will McIntosh (The End is Nigh)

2) "Lies my Mother told me" , Caroline Spector (Dangerous Women)
3) "Removal Order", de Tanarive Due (The End is Nigh)
4) "Jingo and the Hammerman", Jonathan Maberry (The End has Come)

5) "Fruiting Bodies", Seanan McGuire (The End is Now
)

Tops por categorias:


Melhor Autor/a Português/esa de 2017: Andreia Ferreira
Melhor Autor/a Estrangeiro/a de 2017: Will McIntosh

Melhor P. Principal Masculina de 2017: Daemon (Filha do Sangue)
Melhor P. Principal Feminina de 2017:  Laila (Mil Sóis Resplandescentes)
Melhor P. Secundária Masculina de 2017:  Zaphod Beeblebrox (The Restaurant at the End of the Universe)
Melhor P. Secundária Feminina de 2017:  Lila (A Amiga Genial)
Melhor Vilão de 2017:  Amy Elliot Dunne (Em Parte Incerta) 
Melhor Casal Literário de 2017:  Nick e Amie (Em Parte Incerta) 

Nota: Como devem ter percebido, grande parte dos meus livros favoritos não tem uma review aqui no blog. Tenciono corrigir isso nos próximos dias.
Deixem os vossos comentários e opiniões.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

The End has Come

“The End has Come (Apocalypse Triptich 3)”, de vários (ainda não  publicado em Portugal)

Estranhamente, neste volume final, quase todos os contos me pareceram muito curtos, especialmente os primeiros. Não que a maioria não tenha sido bom independente do seu tamanho, mas alguns precisavam de mais palavras, mais explicações, mais conclusões. Os meus contos favoritos foram: “Carriers”, de Tananarive Due; Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh; “Prototype”, de Sarah Langan; “Wandering Star”. de Leife Shallcross; “Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry; e "The Happiest Place", de Mira Grant.

“Bannerless”, de Carrie Vaugh
Num cenário que parece bem mais apaziguador após o colapso da sociedade, encontramos comunidades que lutam por sobreviver com regras estritas. As pessoas tentam ajustar-se às novas regras do mundo mas mesmo quando as coisas parecem correr bem há sempre alguém que não está disposto a seguir as normas. Neste caso temos uma gravidez não autorizada e os investigadores que são chamados a descobrir o que levou a isso. Num tom mais calmo e sereno, acabamos por descobrir que o terror não tem de vir em proporções bíblicas para ser marcante, mesmo depois do apocalipse.

“Like all beautiful places”, de Megan Arkenberg
Tal como nos volumes anteriores, o conto deste/a autor/a não me cativou. Parece que não se passou nada de muito relevante desta vez. Foi só uma mostra do que restou mas não há tensão ou nada que me puxe, embora o conceito de o virtual substituir o real, porque o real é demasiado horrível para ser confrontado directamente, até ser interessante.

“Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh
Eu tenho mesmo de ler um livro deste/a autor/a. Eu gosto mesmo muito da escrita. Consegue criar personagens interessantes em um ou dois parágrafo e isso é obra. Cada um dos seus contos nas outras antologias se focou em pessoas diferentes e eu sempre me interessei por todas. A premissa por si só também é muito envolvente.
Adorei o laço que se criou entre os sobreviventes, mas especialmente adorei a escolha final da protagonista.

“The seventh day of deer camp”, de Scott Siegler
Eu gosto da ideia de que o apocalipse começou e terminou no espaço de pouco mais de 48 horas. É um conceito muito intrigante. Aqui o autor pega nas exactas mesmas personagens e a trama começa mais ou menos onde terminara a anterior. O protagonista vai-nos mostrando as suas motivações há medida que narra os acontecimentos passados, e com isso ficamos a conhecê-lo melhor. Mas mais uma vez o final é demasiado aberto e desta ve-z não foi suficiente para mim.

“Prototype”, de Sarah Langan
Esta história engana-nos de forma subtil logo desde o início. E eu adorei isso.
Neste mundo passaram-se alguns milhares de anos desde o apocalipse e o cenário não é menos aterrorizador do que no auge da mudança.
Gostei muito da escrita calma e das personagens (do cão também) e de toda a construção da sociedade sobrevivente. Um bom conceito, bem executado.

“Acts of Creation”, de Chris Avellone
Esta história fala de sesitivos, seres que são mais do que humanos comuns, armas criads pelo homem e agora temidas. A forma como eles são tratados ao longo de toda a narrativa é cruel, mesmo tendo em conta as suas habilidades. O final não é de todo surpreendente mas o conto, num todo, é bom e o conceito é intrigante e até bastante plausível.
 
“Resistance”, de Seanan McGuire
Passou-se um tempo indeterminado desde as primeiras duas partes desta história e encontramos a protagonista sozinha num mundo de “veludo”. O fungo espalhou-se por toda a parte e ela perdeu tudo.
Este é, sem dúvida, o final certo para esta história. É muito aberto mas não é daqueles que nos deixa insatisfeito. No entanto a escrita em si não me cativou tanto desta vez. Achei um pouco repetitiva demais e menos arrepiante que nos contos anteriores.

“Wandering Star”. De Leife Shallcross
Gostei mesmo muito deste conto. A ideia de que, no futuro, um simples quilt seria minuciosamente analisado para tentar entender a vida de quem o fez, sendo um retrato da devastação que se abateu sobre a terra, é fascinante.
O facto de a narrativa estar entrecortada com pedacinhos/retalhos desse mesmo passado é o que realmente lhe dá riqueza. E não deixa de ser, o seu curto espaço, algo que nos faz pensar (especialmente o fim e o justificado egocentrismo perante o caos).

"Heaven come down", de Ben H. Winters
Neste desfecho datrilogia de contos que começou de forma impressisonante, teve um meio muito bom e que agora termina bastante diferente do que eu tinha imaginado. A protagonista vê-se sozinha e finalmente, depois de treze anos sendo a única no mundo que não conseguia escutar Deus, acaba por conseguir comunicar com ele e aprende que é muito mais do que aquilo que pensava. O desfecho é fantástico. O único senão é que achei a escrita menos cativante, mas fora isso foi muito bom.

“Agent Neutralized”, de David Wellington
A escrita deste autor empresta a esta história ainda mais tensão nas várias cenas. Temos perseguições na estrada, reuniões cobertas de culpabilização, e por fim a redenção desta personagem que já seguimos desde o volume um. Gostei bastante deste desfecho e a  escrita é muito envolvente.

"Goodnight Earth", de Annie Bellet
A forma como este conto está escrito é muito envolvente. As personagens são muito interessantes e, com pequenos vislumbres do seu passado ficamos a saber bastante sobre eles, de tal forma que fiquei com muita vontade deler mais sobre eles. A história é cheia de acção, bem descrita e não mais do que necessária. E no fim há um vislumbre de esperança.

“Carriers”, de Tananarive Due
Uma história emocionante com um final mais feliz do que seria de esperar depois daquilo pelo que as personagens passaram. Uma mulher que foi abusada e usada como cobaia durante anos, não consegue ter uma reforma sossegada, sempre com medo de que os seus tormentos voltem, por isso quando o seu companheiro de sofrimento lhe diz que há algo de bom a retirar de tudo aquilo porque passaram, ela duvida. Mas a esperança é uma semente que cresce depressa.
Adorei.

“In the Valley of the Shadow of the Promised Land”, de Robin Wasserman
As personagens desta história são tão machista! Só os homens é que são de importância. As mulheres quase nem merecem ser mencionadas pelo nome (excepto na segunda parte, volume anterior), mas por um lado nada menos seria de esperar, visto que estas personagens têm como base a Bíblia e … bem … o livro sagrado não é exemplo de igualdade dos sexos. O desfecho de Isaac foi … bem … bíblico; e seguir o raciocínio dele ao longo da vida e no fim dos seus dias abre os olhos ao fanatismo religioso. Quer dizer, quem tratava os filhos como ele tratava e os punha um contra o outro para eles serem os novos Abel e Caím, esperava o quê do seu fim de vida?

“The Uncertainty Machine”, de Jamie Ford
Esta história é muito estranha, mas também as anteriores deste autor o são. E não é que não nos sejam dadas informações suficientes sobre o mundo, o que ele era e naquilo em que se tornou, mas eu não me consegui ligar bem ao cenário. Já as personagens são todas muito cheias de falhas mas este protagonista, em especial, é difícil relacionar-me com ele. Parece tão distante.
E mesmo assim, apesar de tudo o que disse, a história é fascinante. E o declínio dele absorveu-me.

“Margin of Survival”, de Elizabeth Bear
As descrições do ambiente e das próprias personagens fizeram deste um conto muito visual. Era quase como se sentisse a fome da protagonista e o seu receio de ser apanhada.
A história toma mais que uma direcção, especialmente no final e, confesso, fiquei bastante confusa com o desfecho, mas o resto do conto compensa, com uma personagem interessante com quem me pude relacionar facilmente. Lembrou-me um pouco da história de Paolo Bacigallupi: “Water Knife” mas nem sei bem porque fiquei com essa sensação.

“Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry
Um dos meus contos favoritos deste volume, senão mesmo o favorito. O otimismo de Jingo contrastando com o realismo de Hammerman, é fantástico. Mais que isso as introspecções e ponderações sobre aquilo que as pessoas foram forçadas a fazer após o apocalipse zombie, foi, em momentos, bastante refrescante. (isto vindo de quem já viu mais filmes, leu mais BDs e leu mais livros de zombies do que se lembra).
O final (por assim dizer) não foi o mais inesperado mas foi executado de uma forma exemplar. O que fica por dizer não tem mesmo de ser dito.

“The Last Movie ever made”, de Charlie Jane Anders
Estas personagens, ao longo das três antologias, tiveram em mim um efeito meio psicadélico. A escrita do autor e as acções das personagens deixaram-me sempre numa pilha de nervos, mas daquelas que nos puxam para ler mais.
Com decisões, mais uma vez, bem questionáveis, o nosso protagonista faz do mundo caótico em que vive o melhor que pode. Desta vez a anarquia do mundo é enriquecido pelo facto de toda a gente ter ficado surda sem nenhuma explicação plausível.
Vale mesmo a pena ler os três contos.

“The Gray Sunrise”, de Jake Kerr
O que mais gostei neste conto foi o elo entre o pai e o filho, que começa muito ténue e acaba por se fortalecer com a provações porque passam. A descida do pai para a depressão também está muito bem feita e todo o ambiente (especialmente quando se fala das tempestades e de como eles passam por elas no interior do pequeno barco) está bem descrito.

“The Gods have not died in vain”, de Ken Liu
Num futuro onde consciências humanas são transportadas para o mundo digital, e onde essas consciências criaram o caos, quase arrasando a humanidade, é-nos apresentada a nova geração de “deuses”. E será que este é o único possível futuro para a humanidade?
Uma coisa interessante também foi o choque de ideias entre a filha da carne e a filha digital. A relação das duas, em específico. Mesmo assim confesso que a escrita da autora, ou talvez mais o compasso em que conta a história, tal como nos contos anteriores, não me cativou muito.

“The Happiest Place…” , de Mira Grant
Este conto foi uma das maiores surpresas desta antologia. Tanto pelo seu cenário: pós-apocalipse na Disneylândia, como pela força dasua protagonista que, sozinha, tinha de manter tudo a andar, manter a fachada. A revelação final apanhou-me de suspresa, apesar defazer um certo (bizarro) sentido. Gostei muito da escrita, da protagonista e da história. Talvez volte a   dar uma oportunidade a esta escritora, visto que o único outro trabalho que li dela foir o Feed, o qual não gostei.

“In the Woods”, de Hugh Howey
Sendo que o leitor sabe mais do que as personagens no início desta história, a confusão deles passa para nós mas não é tão eficaz. No entanto todo o conto é cheio de adrenalina e tensão e agarrou-me do início ao fim.

“Blessings”, de Nancy Kress
Eu gosto de histórias que são supostas distopias mas cuja solução para os problemas da humanidade e do planeta nos fazem pensar: “será que realmente não seria melhor assim?”. Porque sabemos que, quase sempre, ao solucionar uns problemas arranjamos outros. Em termos de personagens o conto até foi fraquito, mas o conceito é suficientemente bom para o tornar interessante. Lembrou-me um pouco o “Childhood’s End” do Arthur C. Clarke.

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