Opinião:
Nalini Singh tão depressa me surpreende com um romance
paranormal muito bom como me deixa às aranhas com um mau. A série
Psy-Changeling é uma montanha-russa cheia de altos e baixos mas o que mantém
enquanto leitora é mesmo o conceito: um futuro próximo onde as pessoas se
divide em três tipos diferentes: os humanos ditos normais; os changelings,
humanos que se podem transformar em animais, como leopardos, lobos e ratos); e
os psy, pessoas com capacidades da mente fora no normal e que vivem ligados
através de uma teia de informação e que restringem os seus sentimentos e
emoções de forma activa e contínua.
Hostage to Pleasure é o quinto livro da série que já vai em
cerca de dezena e meia de romances e dezenas de contos e noveletas.
Os Psy e os Changeling estão numa quase guerra aberta e
neste livro os humanos dão também os primeiros passos nesta guerra.
Hostage to Pleasure foca-se na relação entre Ashaya, uma Psy
do foro médico/científico, e Dorian, um Changeling latente (que não se consegue
transformar). Ambas as personagens já haviam surgido em livros anteriores, o
Dorian mais que a Ashaya, mas o leitor que seguia a série já estava
familiarizado com ambos.
Como sempre existe muita química entre as personagens, que
se complementam e crescem em conjunto. No entanto, para mim, o livro focou-se
quase sempre só neles e não havia repouso. Os dois estiveram juntos desde os
primeiros capítulos e nunca passaram tempo separados, e isso transpareceu como
sufocante. Enquanto que, por exemplo, a Sasha e o Lucas (no Slave toSensation) tinham
tempo para estar longe um do outro e pensarem no que o seu
relacionamento implicaria e no que estavam a sentir, a Ashaya e o Dorian não
tiveram isso. Já para não falar que o Dorian era um bully que não respeitava a
privacidade nem o silêncio da Ashaya. Estava sempre a obriga-la a falar de
coisas que ela não queria e eu até entendo que isso tenha sido uma forma de
desenvolver a ligação entre os dois mas por vezes era muito excessivo. E por
seu lado a Ashaya era o tipo de personagem que seria imensamente aborrecida se
não fosse pelo Dorian.
Por outro lado, uma das coisas que mais gosto nesta série é
que existem crianças na vida diária das personagens e, neste livro em especial,
uma das crianças tem um papel importante. Adorei a relação da Ashaya com o
filho e também com a sua irmã. Foram estes que tornaram a Ashaya mais
interessante e complexa e as melhores partes dos livros envolveram-nos de
alguma forma. Também a aproximação do Dorian ao filho da Ashaya foi
determinante, tanto para ele enquanto personagem, como para a Ashaya que sem
isso talvez não encontrasse tanto em comum com ele.
Falando ainda das personagens, gosto de como a autora
integra sempre várias das personagens de livros anteriores e posteriores mas
mesmo assim senti que este, em particular, se focou muito no casal, tal como já
havia acontecido com o segundo livro (Visions of Heat) com a Faith e o Vaughn. Mas por
outro lado, e apesar de haver mais cenas com alguns dos membros do conselho
Psy, achei que esses “vilões” ainda estão muito mal explorados. E a facção
humana ainda mais banalizada foi e foi um elemento mal aproveitado e, quando
usado, foi-o com maus resultados (para o leitor). Quase que apareceram do nada
e não são marcados pela individualidade que já começa a demarcar o conselho
Psy.
O enredo que não se prendia com o relacionamento dos protagonistas foi tão secundário que por vezes era esquecido e depois os momentos com impacto no resto da série, que deveriam ser fortes e decisivos acabavam por não o ser.
A escrita foi, para mim, a pior parte do livro. Os diálogos não eram fluídos por serem sempre entrecortados por prosa demasiado descritiva e absolutamente desnecessária, que servia apenas para quebrar o ritmo da conversa. Como um todo achei a escrita
repetitiva e francamente irritante nas cenas mais sensuais e não só. A autora
usou e abusou das palavras “male” (masculino/másculo) ou "feline" (felino) e "female/feminine"
(feminino) ou "científico" para descrever o Dorian e a Ashaya respectivamente. Até irritava
quando os dois se tocavam ou se aproximavam. Eram os dedos masculinos dele, o
cabelo feminino dela, o nariz masculino dele e os sussurros femininos dela. Seja lá
isso o que for! A autora falhava em descrevê-los de outra forma que não
masculino e feminino. Em certos trechos eles nada mais era do que géneros
sexuais, segundo as descrições. Por outro lado gostei de o facto de Ashaya ser
descrita como uma mulher mais curvilínea e não muito magra, além de ser de pele
escura. Um contraste interessante com o aspecto surfista do Dorian.
Em suma, Hostage to Pleasure tocou em alguns assuntos
fraternais e familiares que gostei muito mas pecou por saturar as cenas com
demasiada interacção entre o Dorian e a Ashaya
por uma prosa repetitiva e cansativa, sendo que as cenas românticas me
aborreciam. E dito isto espero que o próximo livro da série seja um ponto alto
pois está-se a notar um padrão de inconsistência e eu preciso de um muito bom
para querer continuar com a série que, apesar de tudo, tem boas personagens e
um cenário muito rico.
Nota: Esta opinião baseia-se na versão audiolivro, narrada por Angela Daw, e apesar de tudo não posso recomendar esta versão. A narradora arrastava muito a leitura, lia muito devagar e apesar de fazer um bom trabalho com as vozes, essa lentidão cortava a fluidez do livro, já de si comprometida por uma prosa repetitiva.
Sinopse (inglês):
Separated from her son and forced to create a neural implant that will mean the effective enslavement of her psychically gifted race, Ashaya Aleine is the perfect Psy--cool, calm, emotionless...at least on the surface. Inside, she's fighting a desperate battle to save her son and escape the vicious cold of the PsyNet. Yet when escape comes, it leads not to safety, but to the lethal danger of a sniper's embrace.
DarkRiver sniper Dorian Christensen lost his sister to a Psy killer. Though he lacks the changeling ability to shift into animal form, his leopard lives within. And that leopard's rage at the brutal loss is a clawing darkness that hungers for vengeance. Falling for a Psy has never been on Dorian's agenda. But charged with protecting Ashaya and her son, he discovers that passion has a way of changing the rules...
Há, de fcato, outros livros melhores nesta série e desenvlvimentos interessantes (muito) mais para a frente... Sem dúvida que o mais interessante é o mundo criado aqui.
ResponderEliminarCarla, acredito que outros da série serão bons, se os anteriores são bons indicadores. Só gostava que fossem todos muito bons e não houvesse nenhum medíocre. :P
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