"O Voo do Noitibó ", de João Lobo (Calígrafo Edições)
Sinopse:
Em O Voo do Noitibó,
João Lobo, fiel a uma gramática de procura e indagação, desentranha seis
histórias de criaturas nimbadas pelo sortilégio do tempo natural,
daquele tempo que está para além dos espaços físicos e dos marcos
históricos, e que encontra medida no ádito improfanado da memória, e
preexiste às circunstâncias dos factos que confundem os sentidos e cegam
o entendimento do homem hodierno.
Opinião:
O Voo de Noitibó foi o livro que o Clube de Leitura de Braga leu em Junho e discutiu em Julho. A minha opinião está bastante atrasada, mas aqui fica.
Tratando-se este livro de uma colecção de contos, como já vem sendo costume, vou opinar os contos um a um, primeiro, e no fim farei uma opinião geral.
"O Zina"
Uma história com alguns pontos fortes, incluindo as personagens e algumas das situações apresentadas. O Zina estava bem retratado e deu vida ao conto, mas a prosa não ajudou a manter-me ligada à história e achei que o autor divagava demasiado.
"Belzebu"
Esta história termina de uma forma que marca e tem vários momentos muito interessantes, enquanto descreve a vida de Belzebu na terra. Mas, ao mesmo tempo, certas coisas não fazem muito sentido e, mais uma vez, o texto divaga um pouco. Vale pelo final e pela moral.
"A Morte das Palavras"
Para mim este foi o melhor conto do livro, não só porque me parece que é o que fala mais do que o autor sente quanto às palavras e à língua portuguesa, mas também por ser um tema que tocará qualquer pessoa que goste de ler, ou apenas goste de palavras. Este conto é curto, mas tocou-me.
"A Trepadeira Azul e o Mocho Soleimão"
Um conto que se lê como uma fábula, e que é uma brisa fresca neste livro. Numa escrita mais acessível, sem ser corriqueira, com uma história singela mas carregada de simbolismo, esta foi o segundo conto que mais gostei no livro. Ao que parece, o próprio autor discorda e considera este conto o mais fraco. Curioso!
"A Sentença de Mereruka"
Apesar de adorar o Egipto e de ter gostado de como o autor retratou o país e a sua gente, não fiquei satisfeita porque acho que lhe faltou um propósito. O autor introduz um enredo mas não o fecha com confiança e isso fez com que não me agradasse tanto quanto esperava. Também não ajudaram as divagações filosóficas que surgiram no meio do texto, apesar de algumas delas serem interessantes.
"O Javalão"
Confesso que não cheguei a terminar a leitura deste conto, por isso não opinarei sobre ele mais do que para dizer que não encontrei nada que me agarrasse.
O Voo de Noitibó é um livro difícil de opinar. É rico! E nele se exaltam as palavras em toda a sua glória. O leitor sente a paixão que o autor tem pela língua portuguesa mas, ao mesmo tempo, sente-se perdido pois é quase impossível saber-se o significado de todas as palavras. Enquanto lia este livro, era raro o parágrafo que não me fizesse ter vontade de consultar um dicionário. E se isso é bom de vez em quando, constantemente torna-se um aborrecimento, e rapidamente cansa o leitor.
E por falar em leitor,o capítulo "Ao Leitor" que mais parece um conto por si só, não fez nada para ajudar a introduzir o incauto leitor ao estilo do autor. Eu perdi-me várias vezes nas suas frases e de tanto pensar no que significavam as palavras, o significado do texto, como um todo, acabou por perder-se. Isto, infelizmente, sucedeu várias vezes ao longo do livro,
Não me interpretem mal! Acho que a escrita é brilhante e linda, mas não é um livro fácil, ou sequer fácil de agradar. Este livro é um hino à palavra, mas não é acessível a qualquer um. E se o lerem, façam-no muito devagarinho e apreciem cada frase. E quando o fizerem, apreciem a forma como o autor descreve o Norte de Portugal, porque vale a pena.
Capa, Design e Edição:
Gostei bastante do design simples do livro. A edição está cuidado e a capa está simples mas apelativa. Não conhecia a editora, mas talvez compre mais alguns dos seus livros que parecem apoiar os autores nortenhos.
P.S.: Em Setembro, o Clube de Leitura de Braga falará sobre o livro "Náusea" de Jean-Paul Sartre.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Ancestor
"Ancestor", de Scott Sigler (ainda não publicado em Portugal)
Sinopse:
“The ancestors are out there…you have to believe me.”
Every five minutes, a transplant candidate dies while waiting for a heart, a liver, a kidney. Imagine a technology that could provide those life-saving transplant organs for a nominal fee ... and imagine what a company would do to get a monopoly on that technology.
On a remote island in the Canadian Arctic, PJ Colding leads a group of geneticists who have discovered this holy grail of medicine. By reverse-engineering the genomes of thousands of mammals, Colding's team has dialed back the evolutionary clock to re-create humankind’s common ancestor. The method? Illegal. The result? A computer-engineered living creature, an animal whose organs can be implanted in any person, and with no chance of transplant rejection.
There's just one problem: these ancestors are not the docile herd animals that Colding's team envisioned. Instead, Colding’s work has given birth to something big, something evil.
With these killer creatures on the prowl, Colding and the woman he loves must fight to survive — even as government agents close in to shut the project down, and the deep-pocketed company backing this research proves to have its own cold-blooded agenda.
As the creators become the prey in the ultimate battle for survival, Scott Sigler takes readers on the ultimate thrill-ride—and offers a chilling cautionary account of what can happen when hubris, greed, and madness drive scientific experimentation past the brink of reason.
Opinão (audiolivro):
Antes de ser um autor publicado e bestseller, Scott Sigler, como muitos outros, foi recusado por várias editoras. Incapaz de cruzar os braços, Scott Sigler aventurou-se por outros caminhos, tornando-se um dos primeiros autores a disponibilizar, gratuitamente, os seus livros em podcast, capítulo a capítulo. E foi assim que ganhou uma legião de fãs e, mais tarde, acabou por ser publicado com muito sucesso, pelos meios tradicionais.
Para o meu primeiro contacto com o autor, decidi escutar os ditos podcasts que primeiro lhe deram fama, e comecei com "Ancestor", embora este não seja o seu primeiro romance-podcast.
Ancestor começa por mostrar-nos um incidente biológico num laboratório de genética, bem remoto. Por causa desse incidente, todos os outros que fazem pesquisa no mesmo tipo de genética, são então marcados para fecharem portas imediatamente.
E é num destes avançado laboratórios, cujo propósito é conseguir clonar orgãos humanos, para transplante, em seres não humanos (ou seja, animais), que começa a verdadeira história.
Para mim, o grande problema de "Ancestor" é que tenta ser demasiadas coisas ao mesmo tempo. Poderia ser um thriller conspiracional e safar-se-ia, ou poderia ser um thriller sobre uma raça criada pelo homem e que termina mal. Podia, mas não foi. Ao invés preferia tentar ser ambos, ao mesmo tempo, e o resultado não foi tão bom como poderia ser esperado.
O enredo é demasiado louco, e quando digo isto, não o digo de ânimo leve. Temos um tipo que explode com um helicóptero cheio de agentes da CIA e escapa dessa como se nada fosse.Com uma ameaça biológica à solta e um maluco que mata agentes da CIA sem remorsos, era de esperar que os USA tratassem de os caçar como cães. Mas, estranhamente, nunca descobrem onde eles estão! Isto, sinceramente, não me parece muito plausível.
Mas bem, fora isto o enredo até não está mau. Temos bom desenvolvimento de personagens e, digamos, todas são bastante distintas, com personalidades fortes e bem delineadas. No entanto, como disse antes, acho que o livro se devia ter focado num assunto, em vez de divagar por conspirações. A meu ver teria sido mais interessante se se focasse somente nos ancestrais, que só no fim chegam a ter o protagonismo que sempre lhes havia sido merecido. E, quero dizer, o livro tem o nome deles!
A escrita do autor é competente, embora não seja de um estilo que me agrade de sobremaneira. Vagueava demais, discursava demais e, como já referido, tentava fazer demasiado ao mesmo tempo: No entanto, há que dizer que as suas cenas de acção estão bem escritas e ele soube criar personagens marcantes.
Em suma, "Ancestor" poderia ter sido muito bom, mas acabou por ser apenas medíocre, por culpa de tentar ser demasiadas coisas ao mesmo tempo. Não é uma história fraca, mas estende-se demasiado.
Narração (Scott Siegler):
O autor foi o próprio narrador do audiolivro e ele tem boa ginástica vocal, mas esforçava-e um pouco demais nas vozes femininas. Por outro lado adorei os efeitos que usou no audiolivro (ex: os sons do walkie-talkie, a voz robotizada, etc.). Em termos de audiolivro, fez um trabalho excelente e não é de admirar que tenha conseguido tantos fãs.
Sinopse:
“The ancestors are out there…you have to believe me.”
Every five minutes, a transplant candidate dies while waiting for a heart, a liver, a kidney. Imagine a technology that could provide those life-saving transplant organs for a nominal fee ... and imagine what a company would do to get a monopoly on that technology.
On a remote island in the Canadian Arctic, PJ Colding leads a group of geneticists who have discovered this holy grail of medicine. By reverse-engineering the genomes of thousands of mammals, Colding's team has dialed back the evolutionary clock to re-create humankind’s common ancestor. The method? Illegal. The result? A computer-engineered living creature, an animal whose organs can be implanted in any person, and with no chance of transplant rejection.
There's just one problem: these ancestors are not the docile herd animals that Colding's team envisioned. Instead, Colding’s work has given birth to something big, something evil.
With these killer creatures on the prowl, Colding and the woman he loves must fight to survive — even as government agents close in to shut the project down, and the deep-pocketed company backing this research proves to have its own cold-blooded agenda.
As the creators become the prey in the ultimate battle for survival, Scott Sigler takes readers on the ultimate thrill-ride—and offers a chilling cautionary account of what can happen when hubris, greed, and madness drive scientific experimentation past the brink of reason.
Opinão (audiolivro):
Antes de ser um autor publicado e bestseller, Scott Sigler, como muitos outros, foi recusado por várias editoras. Incapaz de cruzar os braços, Scott Sigler aventurou-se por outros caminhos, tornando-se um dos primeiros autores a disponibilizar, gratuitamente, os seus livros em podcast, capítulo a capítulo. E foi assim que ganhou uma legião de fãs e, mais tarde, acabou por ser publicado com muito sucesso, pelos meios tradicionais.
Para o meu primeiro contacto com o autor, decidi escutar os ditos podcasts que primeiro lhe deram fama, e comecei com "Ancestor", embora este não seja o seu primeiro romance-podcast.
Ancestor começa por mostrar-nos um incidente biológico num laboratório de genética, bem remoto. Por causa desse incidente, todos os outros que fazem pesquisa no mesmo tipo de genética, são então marcados para fecharem portas imediatamente.
E é num destes avançado laboratórios, cujo propósito é conseguir clonar orgãos humanos, para transplante, em seres não humanos (ou seja, animais), que começa a verdadeira história.
Para mim, o grande problema de "Ancestor" é que tenta ser demasiadas coisas ao mesmo tempo. Poderia ser um thriller conspiracional e safar-se-ia, ou poderia ser um thriller sobre uma raça criada pelo homem e que termina mal. Podia, mas não foi. Ao invés preferia tentar ser ambos, ao mesmo tempo, e o resultado não foi tão bom como poderia ser esperado.
O enredo é demasiado louco, e quando digo isto, não o digo de ânimo leve. Temos um tipo que explode com um helicóptero cheio de agentes da CIA e escapa dessa como se nada fosse.Com uma ameaça biológica à solta e um maluco que mata agentes da CIA sem remorsos, era de esperar que os USA tratassem de os caçar como cães. Mas, estranhamente, nunca descobrem onde eles estão! Isto, sinceramente, não me parece muito plausível.
Mas bem, fora isto o enredo até não está mau. Temos bom desenvolvimento de personagens e, digamos, todas são bastante distintas, com personalidades fortes e bem delineadas. No entanto, como disse antes, acho que o livro se devia ter focado num assunto, em vez de divagar por conspirações. A meu ver teria sido mais interessante se se focasse somente nos ancestrais, que só no fim chegam a ter o protagonismo que sempre lhes havia sido merecido. E, quero dizer, o livro tem o nome deles!
A escrita do autor é competente, embora não seja de um estilo que me agrade de sobremaneira. Vagueava demais, discursava demais e, como já referido, tentava fazer demasiado ao mesmo tempo: No entanto, há que dizer que as suas cenas de acção estão bem escritas e ele soube criar personagens marcantes.
Em suma, "Ancestor" poderia ter sido muito bom, mas acabou por ser apenas medíocre, por culpa de tentar ser demasiadas coisas ao mesmo tempo. Não é uma história fraca, mas estende-se demasiado.
Narração (Scott Siegler):
O autor foi o próprio narrador do audiolivro e ele tem boa ginástica vocal, mas esforçava-e um pouco demais nas vozes femininas. Por outro lado adorei os efeitos que usou no audiolivro (ex: os sons do walkie-talkie, a voz robotizada, etc.). Em termos de audiolivro, fez um trabalho excelente e não é de admirar que tenha conseguido tantos fãs.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Prazer da Noite
"Prazer da Noite (Predador da Noite 2)", de Sherrilyn Kenyon (Edições Chá das Cinco (Grupo Saída de Emergência))
Sinopse:
Querida leitora,
Alguma vez quis saber como era ser imortal? Viajar pela noite caçando os vampiros que perseguem os humanos? Ter riqueza e força ilimitadas? Essa é a minha vida e é escura e perigosa. Sou herói de milhares, mas ninguém me conhece. E adoro todos os minutos. Pelo menos era o que eu pensava até que, certa noite, acordei algemado ao meu pior pesadelo: uma mulher conservadora, de camisa apertada de cima a baixo. Ou, no caso de Amanda, abotoada até ao queixo. É inteligente, sensual, espirituosa e não
quer ter nada a ver com o paranormal, por outras palavras, comigo.
A minha atracção por Amanda Devereaux vai contra tudo aquilo que represento. Já para não dizer que, da última vez que me apaixonei, isso me custou não só a minha vida humana como a minha alma. Ainda assim, sempre que olho para ela, dou por mim a desejar tentar de novo. A desejar acreditar que o amor e a lealdade existem. Ainda mais perturbador, dou por mim a perguntar se haverá alguma forma de uma mulher como Amanda amar um homem cujas cicatrizes da guerra são profundas, e cujo coração foi ferido por uma traição tão selvagem que não sei se voltará a bater de novo.
Kyrian da Trácia
Opinião:
Depois de ter lido Amante de Sonho, o primeiro desta série, não ter apreciado muito, ainda assim decidi dar uma hipótese a Prazer da Noite, já que o tinha cá em casa e ainda tinha esperanças que a série ficasse melhor.
Em Prazer da Noite somos realmente introduzidos à sociedade dos Predadores da Noite, o que faz, em parte, com que o primeiro livro pareça algo redundante.
Tal como tinha acontecido anteriormente, adorei as bases para esta série: a mitologia greco-romana e o oculto em geral. Ainda assim, acho que nesse aspecto o livro anterior foi muito mais interessante e explorou melhor este lado da trama.Talvez por isso, e por se ter focado um pouco demais no casalinho principal, o enredo deixou algo a desejar. Não que fosse mau de todo mas tinha demasiadas lacunas e acabou por reservar muito poucas surpresas. Para mim o que realmente estragou este livro foi o final. Foram poucas as vezes que desprezei tanto um desfecho. Sabem quando parece que o autor nem se esforçou por fazer algo diferente, arriscado? Quando tudo pareceu encaixar demasiado bem, demasiado convenientemente? Pois foi um final desses, e eu fiquei muito decepcionada com o confronto final entre o Kyrian e o mau da fita, especialmente porque os poderes da Amanda apareceram do nada. Muito conveniente!
A nível de personagens, como quase todas as mulheres, sou muito imparcial quando o protagonista é um macho cheio de cicatrizes emocionais do passado. Pelo menos na ficção. Dito isto, gostei dessa parte da história, embora tivesse gostado de saber mais sobre a ex-mulher do Kyrian.
E por falar em Kyrian, achei que ele, a Amanda e mais algumas personagens secundárias que trilharam as páginas, foram bem desenvolvidas. E não fosse pelo facto de a Amanda de repente descobrir que tem poderes fantásticos, tudo teria sido muito bem conseguido a nível de desenvolvimento de personagens. Posso dizer que, definitivamente, não foi culpa das personagens o eu não ter apreciado mais este livro. Até porque o relacionamento dos protagonistas se desenrolou bem.
Passando à prosa, posso dizer que, no geral, gostei mas não fiquei propriamente fã da autora, especialmente porque desgostei com especial fervor das cenas mais sensuais (não as sexuais) porque a autora estava sempre a repetir o quanto a Amanda e o Kyrian se sentiam atraídos um pelo outro, e era tão repetitivo! Simplesmente pareciam-me demasiado frequentes, demasiado semelhante e sem grande charme. Já as cenas mais explícitas estavam bem conseguidas, especialmente a cena das amarras, pela sua carga emocional e pelo impacto que teve nas personagens.
Havia, no entanto, outra grande falha na prosa da escritora, que se notava com especial intensidade nas cenas de acção, que eram ridículas e sem qualquer genica. E os diálogos então ... ai os diálogos nas cenas de acção! Só de pensar até me arrepio, de tão más que eram.
Em suma, este livro não me surpreendeu, apesar de os protagonistas me terem conquistado. Simplesmente achei a história demasiado fraca e a acção demasiado repetitiva e com vários buracos inexplicáveis. Não tenho intenções de voltar à série predadores da Noite, com muita pena, já que adoro a mitologia destes livros.
Tradução (Rita Guerra), Capa, Design e Edição:
Tenho de dar os parabéns à tradutor pelo bom trabalho. Embora certas expressões não caíssem muito bem, quase sempre o texto fluía na perfeição.
Quanto ao design de capa, bem, não é que seja totalmente do meu agrado (O Kyrian é loiro!), mas prefiro-o, mil vezes, ao novo que por aí circula (à direita). No que refere ao design interior, a Chá-das-Cinco não decepciona, com uma edição cuidada e muito agradável de folhear.
Sinopse:
Querida leitora,
Alguma vez quis saber como era ser imortal? Viajar pela noite caçando os vampiros que perseguem os humanos? Ter riqueza e força ilimitadas? Essa é a minha vida e é escura e perigosa. Sou herói de milhares, mas ninguém me conhece. E adoro todos os minutos. Pelo menos era o que eu pensava até que, certa noite, acordei algemado ao meu pior pesadelo: uma mulher conservadora, de camisa apertada de cima a baixo. Ou, no caso de Amanda, abotoada até ao queixo. É inteligente, sensual, espirituosa e não
quer ter nada a ver com o paranormal, por outras palavras, comigo.
A minha atracção por Amanda Devereaux vai contra tudo aquilo que represento. Já para não dizer que, da última vez que me apaixonei, isso me custou não só a minha vida humana como a minha alma. Ainda assim, sempre que olho para ela, dou por mim a desejar tentar de novo. A desejar acreditar que o amor e a lealdade existem. Ainda mais perturbador, dou por mim a perguntar se haverá alguma forma de uma mulher como Amanda amar um homem cujas cicatrizes da guerra são profundas, e cujo coração foi ferido por uma traição tão selvagem que não sei se voltará a bater de novo.
Kyrian da Trácia
Opinião:
Depois de ter lido Amante de Sonho, o primeiro desta série, não ter apreciado muito, ainda assim decidi dar uma hipótese a Prazer da Noite, já que o tinha cá em casa e ainda tinha esperanças que a série ficasse melhor.
Em Prazer da Noite somos realmente introduzidos à sociedade dos Predadores da Noite, o que faz, em parte, com que o primeiro livro pareça algo redundante.
Tal como tinha acontecido anteriormente, adorei as bases para esta série: a mitologia greco-romana e o oculto em geral. Ainda assim, acho que nesse aspecto o livro anterior foi muito mais interessante e explorou melhor este lado da trama.Talvez por isso, e por se ter focado um pouco demais no casalinho principal, o enredo deixou algo a desejar. Não que fosse mau de todo mas tinha demasiadas lacunas e acabou por reservar muito poucas surpresas. Para mim o que realmente estragou este livro foi o final. Foram poucas as vezes que desprezei tanto um desfecho. Sabem quando parece que o autor nem se esforçou por fazer algo diferente, arriscado? Quando tudo pareceu encaixar demasiado bem, demasiado convenientemente? Pois foi um final desses, e eu fiquei muito decepcionada com o confronto final entre o Kyrian e o mau da fita, especialmente porque os poderes da Amanda apareceram do nada. Muito conveniente!
A nível de personagens, como quase todas as mulheres, sou muito imparcial quando o protagonista é um macho cheio de cicatrizes emocionais do passado. Pelo menos na ficção. Dito isto, gostei dessa parte da história, embora tivesse gostado de saber mais sobre a ex-mulher do Kyrian.
E por falar em Kyrian, achei que ele, a Amanda e mais algumas personagens secundárias que trilharam as páginas, foram bem desenvolvidas. E não fosse pelo facto de a Amanda de repente descobrir que tem poderes fantásticos, tudo teria sido muito bem conseguido a nível de desenvolvimento de personagens. Posso dizer que, definitivamente, não foi culpa das personagens o eu não ter apreciado mais este livro. Até porque o relacionamento dos protagonistas se desenrolou bem.
Passando à prosa, posso dizer que, no geral, gostei mas não fiquei propriamente fã da autora, especialmente porque desgostei com especial fervor das cenas mais sensuais (não as sexuais) porque a autora estava sempre a repetir o quanto a Amanda e o Kyrian se sentiam atraídos um pelo outro, e era tão repetitivo! Simplesmente pareciam-me demasiado frequentes, demasiado semelhante e sem grande charme. Já as cenas mais explícitas estavam bem conseguidas, especialmente a cena das amarras, pela sua carga emocional e pelo impacto que teve nas personagens.
Havia, no entanto, outra grande falha na prosa da escritora, que se notava com especial intensidade nas cenas de acção, que eram ridículas e sem qualquer genica. E os diálogos então ... ai os diálogos nas cenas de acção! Só de pensar até me arrepio, de tão más que eram.
Em suma, este livro não me surpreendeu, apesar de os protagonistas me terem conquistado. Simplesmente achei a história demasiado fraca e a acção demasiado repetitiva e com vários buracos inexplicáveis. Não tenho intenções de voltar à série predadores da Noite, com muita pena, já que adoro a mitologia destes livros.
Tradução (Rita Guerra), Capa, Design e Edição:
Tenho de dar os parabéns à tradutor pelo bom trabalho. Embora certas expressões não caíssem muito bem, quase sempre o texto fluía na perfeição.
Quanto ao design de capa, bem, não é que seja totalmente do meu agrado (O Kyrian é loiro!), mas prefiro-o, mil vezes, ao novo que por aí circula (à direita). No que refere ao design interior, a Chá-das-Cinco não decepciona, com uma edição cuidada e muito agradável de folhear.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
A Vida aos Quadradinhos - Julho
Em Junho não li um único volume de banda desenhada ou manga ou mesmo webcomics. Muito estranho ...
Mas em Julho voltei à carga .
Super Pig - Roleta Nipónica, de Mário Freitas, com ilustrações de Osvaldo Medina
Esta foi a minha primeira leitura do Super Pig, pois apesar de já ter escutado muito sobre o infame Pig, ainda não tinha tido oportunidade de o ver em acção. E não fiquei decepcionada. Temos muita acção, algumas reviravoltas bem conseguidas e algumas personagens interessantes. Os desenhos são muito bons e o enredo está divertido, mantendo sempre uma nota séria.
Não é uma obra-prima, mas diverte bastante. Recomendo!
Uma nota extra para os tons cinza de Gisela Martins e Sara Ferreira, que lhe deram um aspecto bem nipónico.
Half Dead, de Barb-Lien Cooper e Park Cooper, com ilustrações de Jimmy Bott
Não estaria a mentir se dissesse que o melhor desta BD é a capa de Afua Richardson.
A história é pobre e sem grande nexo,os diálogos são horríveis, os desenhos funcionam mas não espantam, e existe algum desenvolvimento de personagens, mas algo de muito superficial. Sinceramente, esta BD foi uma desilusão!
A premissa até é interessante e, com um guião cuidado e bons diálogos, seria possível transformar isto em algo muito melhor, mas assim sendo, Half Dead está muito abaixo do medíocre e não posso aconselhá-lo a ninguém.
Young Protectors, webcomic
Bem, parece que as minhas dúvidas sobre o 'vilão' foram respondidas, e essa era a principal razão porque continuava a ler Young Protectors e, por isso mesmo, é provável que não continue a ler este webcomic. Ssimplesmente não o acho tão bom como o Artifice.
Gaia, webcomic
Apesar de ter lido poucas páginas este mês, a belíssima arte e uma história são cada vez mais interessante. Este é um webcomic que recomendo, por ter uma boa história, personagens bem desenvolvidas e uma belíssima arte, que se torna mais e mais agradável à medida que vamos entrando na história. E não posso dizer nada específico pois corro o risco de dizer demasiado sobre o enredo.
Perchance to Dream: The Indian Adventures of Giuseppe Bergman, de Milo Manara
Esta foi a minha segunda tentativa de ler algo do Milo Manara e acho que é oficial que estas BDs não são para mim. As histórias fazem pouco ou nenhum sentido, embora tenham o seu quê de interessantes; as cenas mais picantes são de uma falta de tacto impressionante e apesar de o desenho ser muito bom (chegando mesmo a ser brilhante em certos momentos), só por si não é o suficiente para me manter agarrada às páginas. Não cheguei a terminar a leitura desta banda desenhada e, quase de certeza que não voltarei a tentar ler mais nada do artista.
Artemis Fowl, de Eoin Colfer e Andrew Donkin e Giovanni Rigano e Paolo Lamanna
Fiquei agradavelmente surpreendido com esta adaptação gráfica. Demorei algum tempo a adaptar-me ao estilo de desenho, mas as cores ajudaram e o texto estava suficientemente fluído para me levar pelas páginas sem grande atrito. Apesar de não ser perfeita, esta BD é uma excelente alternativa, ou complemento, ao livro original. A história está praticamente toda lá, a narração não é excessiva e a maioria das cenas são ilustradas de forma belíssima, embora em certos casos cortem um pouco da acção e escolham descrevê-la em texto. A arte fala por si só e, depois de nos habituarmos ao estilo, esta torna-se muito agradável. Adoro especialmente as cores, sombras e luz, assim como o desenho de personagens. Ou seja, aconselho a fãs de Artemis Fowl e a quem queira experimentar este pequeno 'herói'.
Frostbite (Academia de Vampiros 2), de Richelle Mead e Leigh Dragoon e Emma Vieceli
Já habituada ao estilo de desenho do primeiro volume, foi fácil entrar neste. Os pontos fortes e fracos acabam por ser praticamente os mesmo que em Vampire Academy (o primeiro): a história parece desenrolar-se a um compasso muito mais acelerado e são notórias as cenas que foram cortadas ou encurtadas, pelo menos para quem leu o livro original. No entanto esta adaptação gráfica foca-se nas partes mais importantes e a história está ajustada de forma competente à BD. A arte é muito limpa e as cores são muito agradáveis, no entanto as cenas de maior acção não são tão dinâmicas quanto poderiam ser. Ainda assim, confesso que, desta vez, chorei ainda mais com o final do que quando li(ouvi) o (audio)livro original.
Under His Spell (My Boyfriend is a Monster 4), de Marie P. Croall e Hyeondo Park
Apesar de não ser tão bom como I Love Him to Pieces, este 4º volume também tem os seus pontos fortes. Para começar, e desculpem-me pela frivolidade, eu adorei a arte! Dinâmica, limpa e muito imprevisível. Os rostos eram deveras estranhos mas a acção estava soberba, e mesmo nos momentos mais estáticos o artista trazia às cenas energia com as suas perspectivas arrojadas e exageradas. E aquelas páginas a cores no meio ... lindas!
Tendo dito isto, o enredo também é competente, embora, em momentos, um pouco cliché. O romance não me convenceu completamente mas também não foi daqueles que eu achei que surgiu do nada. Teria gostado de saber mais sobre o passado do Allein e também não gostei nada daquele início. Mas fora isso, esta BD está competente e, como disse, rendi-me à arte. Não é uma maravilha, mas tem as suas virtudes.
The Arctic Incident (Artemis Fowl 2), de Eoin Colfer e Andrew Donkin e Giovanni Rigano e Paolo Lamanna
Tudo o que disse em relação ao primeiro volume desta adaptação gráfica, pode aplicar-se a "The Arctic Incident", sendo que arte se mantém impressionantes, especialmente por culpa das maravilhosas cores (apesar da predominância de vermelhos e rosas; a história também está muito bem 'traduzida' para o 'meio': banda desenhada e esta conjugação torna esta adaptação uma que se distingue de várias que já li.
Conseguimos criar empatia com as personagens e a acção é muito envolvente, sem grandes trechos de texto em todas as páginas. No entanto, por vezes optaram por narra certas acções que poderia e deveriam ter sido ilustradas, e isso tirou alguma maravilha à banda desenhada, embora não o suficiente para a tornar má.
Recomendo!
Mas em Julho voltei à carga .
Super Pig - Roleta Nipónica, de Mário Freitas, com ilustrações de Osvaldo Medina
Esta foi a minha primeira leitura do Super Pig, pois apesar de já ter escutado muito sobre o infame Pig, ainda não tinha tido oportunidade de o ver em acção. E não fiquei decepcionada. Temos muita acção, algumas reviravoltas bem conseguidas e algumas personagens interessantes. Os desenhos são muito bons e o enredo está divertido, mantendo sempre uma nota séria.
Não é uma obra-prima, mas diverte bastante. Recomendo!
Uma nota extra para os tons cinza de Gisela Martins e Sara Ferreira, que lhe deram um aspecto bem nipónico.
Half Dead, de Barb-Lien Cooper e Park Cooper, com ilustrações de Jimmy Bott
Não estaria a mentir se dissesse que o melhor desta BD é a capa de Afua Richardson.
A história é pobre e sem grande nexo,os diálogos são horríveis, os desenhos funcionam mas não espantam, e existe algum desenvolvimento de personagens, mas algo de muito superficial. Sinceramente, esta BD foi uma desilusão!
A premissa até é interessante e, com um guião cuidado e bons diálogos, seria possível transformar isto em algo muito melhor, mas assim sendo, Half Dead está muito abaixo do medíocre e não posso aconselhá-lo a ninguém.
Young Protectors, webcomic
Bem, parece que as minhas dúvidas sobre o 'vilão' foram respondidas, e essa era a principal razão porque continuava a ler Young Protectors e, por isso mesmo, é provável que não continue a ler este webcomic. Ssimplesmente não o acho tão bom como o Artifice.
Gaia, webcomic
Apesar de ter lido poucas páginas este mês, a belíssima arte e uma história são cada vez mais interessante. Este é um webcomic que recomendo, por ter uma boa história, personagens bem desenvolvidas e uma belíssima arte, que se torna mais e mais agradável à medida que vamos entrando na história. E não posso dizer nada específico pois corro o risco de dizer demasiado sobre o enredo.
Perchance to Dream: The Indian Adventures of Giuseppe Bergman, de Milo Manara
Esta foi a minha segunda tentativa de ler algo do Milo Manara e acho que é oficial que estas BDs não são para mim. As histórias fazem pouco ou nenhum sentido, embora tenham o seu quê de interessantes; as cenas mais picantes são de uma falta de tacto impressionante e apesar de o desenho ser muito bom (chegando mesmo a ser brilhante em certos momentos), só por si não é o suficiente para me manter agarrada às páginas. Não cheguei a terminar a leitura desta banda desenhada e, quase de certeza que não voltarei a tentar ler mais nada do artista.
Artemis Fowl, de Eoin Colfer e Andrew Donkin e Giovanni Rigano e Paolo Lamanna
Fiquei agradavelmente surpreendido com esta adaptação gráfica. Demorei algum tempo a adaptar-me ao estilo de desenho, mas as cores ajudaram e o texto estava suficientemente fluído para me levar pelas páginas sem grande atrito. Apesar de não ser perfeita, esta BD é uma excelente alternativa, ou complemento, ao livro original. A história está praticamente toda lá, a narração não é excessiva e a maioria das cenas são ilustradas de forma belíssima, embora em certos casos cortem um pouco da acção e escolham descrevê-la em texto. A arte fala por si só e, depois de nos habituarmos ao estilo, esta torna-se muito agradável. Adoro especialmente as cores, sombras e luz, assim como o desenho de personagens. Ou seja, aconselho a fãs de Artemis Fowl e a quem queira experimentar este pequeno 'herói'.
Frostbite (Academia de Vampiros 2), de Richelle Mead e Leigh Dragoon e Emma Vieceli
Já habituada ao estilo de desenho do primeiro volume, foi fácil entrar neste. Os pontos fortes e fracos acabam por ser praticamente os mesmo que em Vampire Academy (o primeiro): a história parece desenrolar-se a um compasso muito mais acelerado e são notórias as cenas que foram cortadas ou encurtadas, pelo menos para quem leu o livro original. No entanto esta adaptação gráfica foca-se nas partes mais importantes e a história está ajustada de forma competente à BD. A arte é muito limpa e as cores são muito agradáveis, no entanto as cenas de maior acção não são tão dinâmicas quanto poderiam ser. Ainda assim, confesso que, desta vez, chorei ainda mais com o final do que quando li(ouvi) o (audio)livro original.
Under His Spell (My Boyfriend is a Monster 4), de Marie P. Croall e Hyeondo Park
Apesar de não ser tão bom como I Love Him to Pieces, este 4º volume também tem os seus pontos fortes. Para começar, e desculpem-me pela frivolidade, eu adorei a arte! Dinâmica, limpa e muito imprevisível. Os rostos eram deveras estranhos mas a acção estava soberba, e mesmo nos momentos mais estáticos o artista trazia às cenas energia com as suas perspectivas arrojadas e exageradas. E aquelas páginas a cores no meio ... lindas!
Tendo dito isto, o enredo também é competente, embora, em momentos, um pouco cliché. O romance não me convenceu completamente mas também não foi daqueles que eu achei que surgiu do nada. Teria gostado de saber mais sobre o passado do Allein e também não gostei nada daquele início. Mas fora isso, esta BD está competente e, como disse, rendi-me à arte. Não é uma maravilha, mas tem as suas virtudes.
The Arctic Incident (Artemis Fowl 2), de Eoin Colfer e Andrew Donkin e Giovanni Rigano e Paolo Lamanna
Tudo o que disse em relação ao primeiro volume desta adaptação gráfica, pode aplicar-se a "The Arctic Incident", sendo que arte se mantém impressionantes, especialmente por culpa das maravilhosas cores (apesar da predominância de vermelhos e rosas; a história também está muito bem 'traduzida' para o 'meio': banda desenhada e esta conjugação torna esta adaptação uma que se distingue de várias que já li.
Conseguimos criar empatia com as personagens e a acção é muito envolvente, sem grandes trechos de texto em todas as páginas. No entanto, por vezes optaram por narra certas acções que poderia e deveriam ter sido ilustradas, e isso tirou alguma maravilha à banda desenhada, embora não o suficiente para a tornar má.
Recomendo!
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