“Filha do Sangue (Trilogia das Jóias Negras 1)”, de Anne Bishop (Saída de Emergência)
De vez em quando leio um livro que me deixe com uma sensação ambígua: se por um lado adorei a dualidade das personagens e mesmo as regras deste estranho mundo, por outro odiei o facto de o nosso “herói” sentir desejo pela nossa “heroína” e agir de acordo com esses desejos quando ele só tem 12 anos. Não dá!
E isto faz com que, mesmo achando alguns aspectos deste mundo fascinantes, esteja sinceramente a ponderar não continuar a série.
Mas vamos por partes:
A autora atira-nos de cabeça para este mundo que criou, sem que o leitor tenha quaisquer bases ou entendimento sobre o que se está a passar, o que faz com que o livro seja bastante confuso no início. Aos poucos fui-me adaptando mas mesmo chegada ao fim do primeiro volume, há ainda demasiadas coisas que eu não compreendo deste complexo mundo.
Por outro lado existem tantas personagens e cada uma tem vários nomes, o que pode levar a que o leitor fique ainda mais confuso. Isto não me aconteceu simplesmente porque estava a escutar o audiolivro e era fácil distingui-las pelas vozes. Se não fosse isso tenho a certeza de que teria ficado “às aranhas”.
Ainda falando das personagens, gostei do facto de que quase todas elas têm um lado bom e um lado mau. Infelizmente isto não se via nas duas vilãs principais uma das quais, pelo menos neste livro, quase nem apareceu. O que fez com que fossem personagens menos interessantes. E também por esse mesmo motivo a nossa “heroína”, Jaenelle, careceu de mais interesse.
O facto de tudo o que se passava na sua vida nos ser contado através dos olhos dos outros também não ajudou mas, com tudo aquilo porque ela passou, acho que deveria haver nela muita mais crueldade. Mas talvez isso seja mudado no segundo livro.
A escrita é muito cativante e os diálogos envolventes, mas notei alguma falta de criatividade nas cenas mais sensuais (e não estou a falar nas cenas violentas, mas nas que se pretendiam ser realmente sexys). Faltava ali qualquer coisa que também notei nas cenas mais macabras. Parecia que a autora tinha medo (ou timidez) de ir aos detalhes (bons e maus).
Em suma, ainda estou a ponderar se hei-de ou não seguir com a série. A verdade é que gostei do Daemon, do Satan, do Lucivar e da Surreal, mas os pontos que já referi acima fazem-me pensar duas vezes se vale a pena investir mais tempo nesta série e nestas personagens. Talvez sim.
Sinopse:
Há setecentos anos
atrás, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros
súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia
de sonhos e visões. Agora o Reino das Sombras prepara-se para a chegada
dessa mulher, dessa Feiticeira que terá mais poder do que o próprio
Senhor do Inferno. Mas a Rainha ainda é nova, passível de ser
influenciada e corrompida.E quem controlar a Rainha controlará o
mundo...
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
A Amiga Genial
“A Amiga Genial (L'amica Geniale 1)”, de Elena Ferrante
É refrescante ler uma história assim, que se poderia bem ter passado na vida real. Não me levem a mal que eu adoro ler fantasia e ficção científica, e ver a forma como mesmo no meio de algo irreal os humanos são sempre humanos; mas, ocasionalmente, também sabe bem ler algo mais … banal. Ler sobre os conflitos humanos e a terrível verdade da vida corriqueira. E não é que seja uma história fácil, que as vidas destas personagens sejam pêra doce, tanto que poderiam ter sido as vidas de familiares meus, naquele tempo. Esta é a história de Lila e Lénú, duas raparigas que se tornam amigas inseparáveis.
Uma história contada pela Lenú, muitos anos depois, quando Lila desaparece sem deixar rasto.
Lenú é obcecada por Lila, de tal forma que me chegou mesmo a irritar em certos momentos. Mas, bem, isso também faz parte.
Estas duas raparigas nascem e crescem no seio de um bairro de gente remediada, por vezes no limite da pobreza, que mesmo assim, se endivida para ir a um casamento quase no fim do livro (digam lá que isto não vos soa familiar?).
Neste ambiente de pobreza, aquilo a que Lenú, Lila e muitos outros aspiram é a serem ricos. Lenú e Lina são estudantes brilhantes e vêm nisso uma possibilidade de fuga daquele ambiente, mas cedo a vida lhes dá umas quantas bofetadas.
Seguimos a infância e a adolescência destas duas amigas, bem como de algumas outras personagens que as acompanham, embora, confesso,grande parte das vezes não conseguisse distinguir um rapaz do outro ou uma rapariga da outra. À excepção das duas raparigas, dos seus pais e familiares, e uma ou outra pessoa (como o Nico), as outras tinham personalidades demasiado similares e funcionavam mais como um todo do que como indivíduos.
A escrita é lindíssima e é difícil parar de ler, mas por vezes, muito poucas vezes, repetia informação desnecessária (como dizer-nos duas vezes em duas páginas, que determinada personagem era filho deste homem que matou aquele homem e foi parar à cadeia). Questionei várias vezes a escolha de a história ser contada pela voz e experiência da Lenú (que sabia coisas que seriam difíceis, senão mesmo impossíveis, de saber), visto que, embora retrate muita da sua própria vida, foca muito mais atenção na vida de Lila que, apesar de toda a proximidade entre as duas amigas, continua a ser um mistério para o leitor.
E, mesmo depois de terminar de ler, não estou convencida que esta tenha sido a forma mais interessante de contar esta história, embora isso não tira beleza ao texto.
Em suma, não posso deixar de recomendar este romance, pela beleza da sua escrita, pelas duas protagonistas e pela sua história que podia ser a de muitos naquela época, estivessem em Itália ou não.
Sinopse:
"A Amiga Genial" é a história de um encontro entre duas crianças de um bairro popular nos arredores de Nápoles e da sua amizade adolescente.
Elena conhece a sua amiga na primeira classe. Provêm ambas de famílias remediadas. O pai de Elena trabalha como porteiro na câmara municipal, o de Lila Cerullo é sapateiro.
Lila é bravia, sagaz, corajosa nas palavras e nas acções. Tem resposta pronta para tudo e age com uma determinação que a pacata e estudiosa Elena inveja.
Quando a desajeitada Lila se transforma numa adolescente que fascina os rapazes do bairro, Elena continua a procurar nela a sua inspiração.
O percurso de ambas separa-se quando, ao contrário de Lila, Elena continua os estudos liceais e Lila tem de lutar por si e pela sua família no bairro onde vive. Mas a sua amizade prossegue.
"A Amiga Genial" tem o andamento de uma grande narrativa popular, densa, veloz e desconcertante, ligeira e profunda, mostrando os conflitos familiares e amorosos numa sucessão de episódios que os leitores desejariam que nunca acabasse.
É refrescante ler uma história assim, que se poderia bem ter passado na vida real. Não me levem a mal que eu adoro ler fantasia e ficção científica, e ver a forma como mesmo no meio de algo irreal os humanos são sempre humanos; mas, ocasionalmente, também sabe bem ler algo mais … banal. Ler sobre os conflitos humanos e a terrível verdade da vida corriqueira. E não é que seja uma história fácil, que as vidas destas personagens sejam pêra doce, tanto que poderiam ter sido as vidas de familiares meus, naquele tempo. Esta é a história de Lila e Lénú, duas raparigas que se tornam amigas inseparáveis.
Uma história contada pela Lenú, muitos anos depois, quando Lila desaparece sem deixar rasto.
Lenú é obcecada por Lila, de tal forma que me chegou mesmo a irritar em certos momentos. Mas, bem, isso também faz parte.
Estas duas raparigas nascem e crescem no seio de um bairro de gente remediada, por vezes no limite da pobreza, que mesmo assim, se endivida para ir a um casamento quase no fim do livro (digam lá que isto não vos soa familiar?).
Neste ambiente de pobreza, aquilo a que Lenú, Lila e muitos outros aspiram é a serem ricos. Lenú e Lina são estudantes brilhantes e vêm nisso uma possibilidade de fuga daquele ambiente, mas cedo a vida lhes dá umas quantas bofetadas.
Seguimos a infância e a adolescência destas duas amigas, bem como de algumas outras personagens que as acompanham, embora, confesso,grande parte das vezes não conseguisse distinguir um rapaz do outro ou uma rapariga da outra. À excepção das duas raparigas, dos seus pais e familiares, e uma ou outra pessoa (como o Nico), as outras tinham personalidades demasiado similares e funcionavam mais como um todo do que como indivíduos.
A escrita é lindíssima e é difícil parar de ler, mas por vezes, muito poucas vezes, repetia informação desnecessária (como dizer-nos duas vezes em duas páginas, que determinada personagem era filho deste homem que matou aquele homem e foi parar à cadeia). Questionei várias vezes a escolha de a história ser contada pela voz e experiência da Lenú (que sabia coisas que seriam difíceis, senão mesmo impossíveis, de saber), visto que, embora retrate muita da sua própria vida, foca muito mais atenção na vida de Lila que, apesar de toda a proximidade entre as duas amigas, continua a ser um mistério para o leitor.
E, mesmo depois de terminar de ler, não estou convencida que esta tenha sido a forma mais interessante de contar esta história, embora isso não tira beleza ao texto.
Em suma, não posso deixar de recomendar este romance, pela beleza da sua escrita, pelas duas protagonistas e pela sua história que podia ser a de muitos naquela época, estivessem em Itália ou não.
Sinopse:
"A Amiga Genial" é a história de um encontro entre duas crianças de um bairro popular nos arredores de Nápoles e da sua amizade adolescente.
Elena conhece a sua amiga na primeira classe. Provêm ambas de famílias remediadas. O pai de Elena trabalha como porteiro na câmara municipal, o de Lila Cerullo é sapateiro.
Lila é bravia, sagaz, corajosa nas palavras e nas acções. Tem resposta pronta para tudo e age com uma determinação que a pacata e estudiosa Elena inveja.
Quando a desajeitada Lila se transforma numa adolescente que fascina os rapazes do bairro, Elena continua a procurar nela a sua inspiração.
O percurso de ambas separa-se quando, ao contrário de Lila, Elena continua os estudos liceais e Lila tem de lutar por si e pela sua família no bairro onde vive. Mas a sua amizade prossegue.
"A Amiga Genial" tem o andamento de uma grande narrativa popular, densa, veloz e desconcertante, ligeira e profunda, mostrando os conflitos familiares e amorosos numa sucessão de episódios que os leitores desejariam que nunca acabasse.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
A Idade do Ouro - Childhood’s End
“A Idade do Ouro (Childhood’s End)”, de Arthur C. Clarke (Livros do Brasil - Colecção Argonauta)
Este romance de ficção científica atravessa várias gerações, várias décadas da existência humana a partir do nosso primeiro contacto com a raça alienígena, ou superior, os Overlords que começam por impôr regras de pacificação aos humanos. E embora estas regras façam sentido a longo prazo, há muito quem questione os motivos dos Overlords. À medida que os anos vão passando e o resultado dos esforços dos Overlords se vai notando mais e mais na Terra, certas crianças vão desenvolvendo capacidades extraordinárias. E daí para a frente tudo muda.
O compasso deste romance é perfeito. Saltamos de episódio em episódio, focando-nos num par de pessoas e de eventos que nos dão a conhecer mais sobre os humanos e sobre os Overlords, aos poucos. A revelação da aparência dos extra-terrestres foi muito bem feita e surpreendeu (ainda bem que eu só vi a capa portuguesa mais tarde porque esta está cheia de spoilers!), apesar de todas as pistas deixadas ao longo do texto.
O único senão do livro é que, devido aos saltos da trama e do tempo, não cheguei a criar elo com nenhuma personagem em específico.
Fora isso achei o livro fantástico, muito imaginativo (não original mas diferente) e adorei a escrita.
Planeio revisitar o autor assim que puder e recomendo a leitura deste clássico.
Sinopse (a partir da edição da Círculo do Livro:
Em plena Guerra Fria, enquanto russos e americanos se preparam para a corrida espacial, imensas naves surgem sobre as principais capitais do mundo, revelando um dos grandes mistérios da humanidade: O homem não está sozinho no universo.
Seus ocupantes, chamados de Senhores Supremos, dominam a Terra de forma pacífica e melhoram substancialmente as condições de vida. A ignorância, a guerra e a pobreza deixam de existir, dando início a uma era de ouro. Porém, uma dúvida assombra a humanidade: quais seriam os verdadeiros objetivos dos Senhores Supremos? Até quando suas políticas iriam coincidir com o bem-estar dos homens? As respostas para essas questões podem revelar uma verdade aterradora.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
Os Melhores Livros de 2017
Espero que este novo ano tenha começado bem para todos vocês. O meu começou. :)
Como é habitual nesta altura do ano, segue-se o apanhado das melhores, das piores, e de todas as leituras do ano 2017. Convido-vos a deixarem nos comentários o vosso Top 5 deste ano que acabou e os vossos planos literários para 2018.
Se estiverem curiosos podem começar por ver a lista completa dos meus livros lidos em 2017, AQUI.
Vamos a números:
Em 2017 li 38 livros (incluindo antologias, romances e noveletas) somando 11.900 páginas (contando com as páginas que têm as versões físicas dos audiolivros) e mais de 301 horas de audiolivros escutados.
- 11 destes livros estavam em português (5 de autores portugueses) e os restantes 27 em inglês.
- 9 foram lidos em formato físico, 5 em ebook e 25 em audiolivro.
Nota média de leitura: 6,75 de 10 possíveis.
O Género mais lido em romance foi Ficção Científica (11) e em conto foi também a Ficção Científica (66)
Li 9 álbuns de banda desenhada, 2 revistas de BD, e 1 volumes manga, num total de cerca de 2.151 páginas.
A nota média de BD e Manga foi 7,91 em 10 possíveis.
Li 110 contos, 14 dos quais de autores portugueses.
Nota média dos contos é 6,70 em 10 possíveis.
__________________________________**_______________________________________
Seguem-se os Tops!
Top 5 de romances/antologias de 2017:
1) "Mil Sóis Resplandescentes", Khaled Housseini
2) "Childhood's End", Arthur C. Clarke
3) "Who fears Death", Nnedi Okorafor
4) "A Amiga Genial", Elena Ferrante
5) "Gemina", Amie Kaufman e Jay Kristoff
Top 5 de BD e Manga de 2017:
1) "A Casa", Paco Roca
2) "Watchmen", Alan Moore e Dave Gibbons
3) "O Homem que Passeia (Aruku Hito)", Jirõ Taniguchi
4) "Os Surpreendentes X-Men: Sobredotados", Joss Whedon e John Cassaday
5) "Nimona", Noelle Stevenson
Top 5 contos de 2017:
1) "Dancing with Death in the Land of Nod", Will McIntosh (The End is Nigh)
2) "Lies my Mother told me" , Caroline Spector (Dangerous Women)
3) "Removal Order", de Tanarive Due (The End is Nigh)
4) "Jingo and the Hammerman", Jonathan Maberry (The End has Come)
5) "Fruiting Bodies", Seanan McGuire (The End is Now)
Tops por categorias:
Melhor P. Principal Masculina de 2017: Daemon (Filha do Sangue)
Melhor P. Principal Feminina de 2017: Laila (Mil Sóis Resplandescentes)
Melhor P. Secundária Masculina de 2017: Zaphod Beeblebrox (The Restaurant at the End of the Universe)
Melhor P. Secundária Feminina de 2017: Lila (A Amiga Genial)
Melhor Vilão de 2017: Amy Elliot Dunne (Em Parte Incerta)
Melhor Casal Literário de 2017: Nick e Amie (Em Parte Incerta)
Nota: Como devem ter percebido, grande parte dos meus livros favoritos não tem uma review aqui no blog. Tenciono corrigir isso nos próximos dias.
Deixem os vossos comentários e opiniões.
Como é habitual nesta altura do ano, segue-se o apanhado das melhores, das piores, e de todas as leituras do ano 2017. Convido-vos a deixarem nos comentários o vosso Top 5 deste ano que acabou e os vossos planos literários para 2018.
Se estiverem curiosos podem começar por ver a lista completa dos meus livros lidos em 2017, AQUI.
Vamos a números:
Em 2017 li 38 livros (incluindo antologias, romances e noveletas) somando 11.900 páginas (contando com as páginas que têm as versões físicas dos audiolivros) e mais de 301 horas de audiolivros escutados.
- 11 destes livros estavam em português (5 de autores portugueses) e os restantes 27 em inglês.
- 9 foram lidos em formato físico, 5 em ebook e 25 em audiolivro.
Nota média de leitura: 6,75 de 10 possíveis.
O Género mais lido em romance foi Ficção Científica (11) e em conto foi também a Ficção Científica (66)
Li 9 álbuns de banda desenhada, 2 revistas de BD, e 1 volumes manga, num total de cerca de 2.151 páginas.
A nota média de BD e Manga foi 7,91 em 10 possíveis.
Li 110 contos, 14 dos quais de autores portugueses.
Nota média dos contos é 6,70 em 10 possíveis.
__________________________________**_______________________________________
Seguem-se os Tops!
1) "Mil Sóis Resplandescentes", Khaled Housseini
2) "Childhood's End", Arthur C. Clarke
3) "Who fears Death", Nnedi Okorafor
4) "A Amiga Genial", Elena Ferrante
5) "Gemina", Amie Kaufman e Jay Kristoff
Top 5 de BD e Manga de 2017:
1) "A Casa", Paco Roca
2) "Watchmen", Alan Moore e Dave Gibbons
3) "O Homem que Passeia (Aruku Hito)", Jirõ Taniguchi
4) "Os Surpreendentes X-Men: Sobredotados", Joss Whedon e John Cassaday
5) "Nimona", Noelle Stevenson
Top 5 contos de 2017:
1) "Dancing with Death in the Land of Nod", Will McIntosh (The End is Nigh)
2) "Lies my Mother told me" , Caroline Spector (Dangerous Women)
3) "Removal Order", de Tanarive Due (The End is Nigh)
4) "Jingo and the Hammerman", Jonathan Maberry (The End has Come)
5) "Fruiting Bodies", Seanan McGuire (The End is Now)
Tops por categorias:
Melhor Autor/a Português/esa de 2017: Andreia Ferreira
Melhor Autor/a Estrangeiro/a de 2017: Will McIntosh
Melhor Autor/a Estrangeiro/a de 2017: Will McIntosh
Melhor P. Principal Masculina de 2017: Daemon (Filha do Sangue)
Melhor P. Principal Feminina de 2017: Laila (Mil Sóis Resplandescentes)
Melhor P. Secundária Masculina de 2017: Zaphod Beeblebrox (The Restaurant at the End of the Universe)
Melhor P. Secundária Feminina de 2017: Lila (A Amiga Genial)
Melhor Vilão de 2017: Amy Elliot Dunne (Em Parte Incerta)
Melhor Casal Literário de 2017: Nick e Amie (Em Parte Incerta)
Nota: Como devem ter percebido, grande parte dos meus livros favoritos não tem uma review aqui no blog. Tenciono corrigir isso nos próximos dias.
Deixem os vossos comentários e opiniões.
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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018
The End has Come
“The End has Come (Apocalypse Triptich 3)”, de vários (ainda não publicado em Portugal)
Estranhamente, neste volume final, quase todos os contos me pareceram muito curtos, especialmente os primeiros. Não que a maioria não tenha sido bom independente do seu tamanho, mas alguns precisavam de mais palavras, mais explicações, mais conclusões. Os meus contos favoritos foram: “Carriers”, de Tananarive Due; Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh; “Prototype”, de Sarah Langan; “Wandering Star”. de Leife Shallcross; “Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry; e "The Happiest Place", de Mira Grant.
“Bannerless”, de Carrie Vaugh
Num cenário que parece bem mais apaziguador após o colapso da sociedade, encontramos comunidades que lutam por sobreviver com regras estritas. As pessoas tentam ajustar-se às novas regras do mundo mas mesmo quando as coisas parecem correr bem há sempre alguém que não está disposto a seguir as normas. Neste caso temos uma gravidez não autorizada e os investigadores que são chamados a descobrir o que levou a isso. Num tom mais calmo e sereno, acabamos por descobrir que o terror não tem de vir em proporções bíblicas para ser marcante, mesmo depois do apocalipse.
“Like all beautiful places”, de Megan Arkenberg
Tal como nos volumes anteriores, o conto deste/a autor/a não me cativou. Parece que não se passou nada de muito relevante desta vez. Foi só uma mostra do que restou mas não há tensão ou nada que me puxe, embora o conceito de o virtual substituir o real, porque o real é demasiado horrível para ser confrontado directamente, até ser interessante.
“Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh
Eu tenho mesmo de ler um livro deste/a autor/a. Eu gosto mesmo muito da escrita. Consegue criar personagens interessantes em um ou dois parágrafo e isso é obra. Cada um dos seus contos nas outras antologias se focou em pessoas diferentes e eu sempre me interessei por todas. A premissa por si só também é muito envolvente.
Adorei o laço que se criou entre os sobreviventes, mas especialmente adorei a escolha final da protagonista.
“The seventh day of deer camp”, de Scott Siegler
Eu gosto da ideia de que o apocalipse começou e terminou no espaço de pouco mais de 48 horas. É um conceito muito intrigante. Aqui o autor pega nas exactas mesmas personagens e a trama começa mais ou menos onde terminara a anterior. O protagonista vai-nos mostrando as suas motivações há medida que narra os acontecimentos passados, e com isso ficamos a conhecê-lo melhor. Mas mais uma vez o final é demasiado aberto e desta ve-z não foi suficiente para mim.
“Prototype”, de Sarah Langan
Esta história engana-nos de forma subtil logo desde o início. E eu adorei isso.
Neste mundo passaram-se alguns milhares de anos desde o apocalipse e o cenário não é menos aterrorizador do que no auge da mudança.
Gostei muito da escrita calma e das personagens (do cão também) e de toda a construção da sociedade sobrevivente. Um bom conceito, bem executado.
“Acts of Creation”, de Chris Avellone
Esta história fala de sesitivos, seres que são mais do que humanos comuns, armas criads pelo homem e agora temidas. A forma como eles são tratados ao longo de toda a narrativa é cruel, mesmo tendo em conta as suas habilidades. O final não é de todo surpreendente mas o conto, num todo, é bom e o conceito é intrigante e até bastante plausível.
“Resistance”, de Seanan McGuire
Passou-se um tempo indeterminado desde as primeiras duas partes desta história e encontramos a protagonista sozinha num mundo de “veludo”. O fungo espalhou-se por toda a parte e ela perdeu tudo.
Este é, sem dúvida, o final certo para esta história. É muito aberto mas não é daqueles que nos deixa insatisfeito. No entanto a escrita em si não me cativou tanto desta vez. Achei um pouco repetitiva demais e menos arrepiante que nos contos anteriores.
“Wandering Star”. De Leife Shallcross
Gostei mesmo muito deste conto. A ideia de que, no futuro, um simples quilt seria minuciosamente analisado para tentar entender a vida de quem o fez, sendo um retrato da devastação que se abateu sobre a terra, é fascinante.
O facto de a narrativa estar entrecortada com pedacinhos/retalhos desse mesmo passado é o que realmente lhe dá riqueza. E não deixa de ser, o seu curto espaço, algo que nos faz pensar (especialmente o fim e o justificado egocentrismo perante o caos).
"Heaven come down", de Ben H. Winters
Neste desfecho datrilogia de contos que começou de forma impressisonante, teve um meio muito bom e que agora termina bastante diferente do que eu tinha imaginado. A protagonista vê-se sozinha e finalmente, depois de treze anos sendo a única no mundo que não conseguia escutar Deus, acaba por conseguir comunicar com ele e aprende que é muito mais do que aquilo que pensava. O desfecho é fantástico. O único senão é que achei a escrita menos cativante, mas fora isso foi muito bom.
“Agent Neutralized”, de David Wellington
A escrita deste autor empresta a esta história ainda mais tensão nas várias cenas. Temos perseguições na estrada, reuniões cobertas de culpabilização, e por fim a redenção desta personagem que já seguimos desde o volume um. Gostei bastante deste desfecho e a escrita é muito envolvente.
"Goodnight Earth", de Annie Bellet
A forma como este conto está escrito é muito envolvente. As personagens são muito interessantes e, com pequenos vislumbres do seu passado ficamos a saber bastante sobre eles, de tal forma que fiquei com muita vontade deler mais sobre eles. A história é cheia de acção, bem descrita e não mais do que necessária. E no fim há um vislumbre de esperança.
“Carriers”, de Tananarive Due
Uma história emocionante com um final mais feliz do que seria de esperar depois daquilo pelo que as personagens passaram. Uma mulher que foi abusada e usada como cobaia durante anos, não consegue ter uma reforma sossegada, sempre com medo de que os seus tormentos voltem, por isso quando o seu companheiro de sofrimento lhe diz que há algo de bom a retirar de tudo aquilo porque passaram, ela duvida. Mas a esperança é uma semente que cresce depressa.
Adorei.
“In the Valley of the Shadow of the Promised Land”, de Robin Wasserman
As personagens desta história são tão machista! Só os homens é que são de importância. As mulheres quase nem merecem ser mencionadas pelo nome (excepto na segunda parte, volume anterior), mas por um lado nada menos seria de esperar, visto que estas personagens têm como base a Bíblia e … bem … o livro sagrado não é exemplo de igualdade dos sexos. O desfecho de Isaac foi … bem … bíblico; e seguir o raciocínio dele ao longo da vida e no fim dos seus dias abre os olhos ao fanatismo religioso. Quer dizer, quem tratava os filhos como ele tratava e os punha um contra o outro para eles serem os novos Abel e Caím, esperava o quê do seu fim de vida?
“The Uncertainty Machine”, de Jamie Ford
Esta história é muito estranha, mas também as anteriores deste autor o são. E não é que não nos sejam dadas informações suficientes sobre o mundo, o que ele era e naquilo em que se tornou, mas eu não me consegui ligar bem ao cenário. Já as personagens são todas muito cheias de falhas mas este protagonista, em especial, é difícil relacionar-me com ele. Parece tão distante.
E mesmo assim, apesar de tudo o que disse, a história é fascinante. E o declínio dele absorveu-me.
“Margin of Survival”, de Elizabeth Bear
As descrições do ambiente e das próprias personagens fizeram deste um conto muito visual. Era quase como se sentisse a fome da protagonista e o seu receio de ser apanhada.
A história toma mais que uma direcção, especialmente no final e, confesso, fiquei bastante confusa com o desfecho, mas o resto do conto compensa, com uma personagem interessante com quem me pude relacionar facilmente. Lembrou-me um pouco da história de Paolo Bacigallupi: “Water Knife” mas nem sei bem porque fiquei com essa sensação.
“Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry
Um dos meus contos favoritos deste volume, senão mesmo o favorito. O otimismo de Jingo contrastando com o realismo de Hammerman, é fantástico. Mais que isso as introspecções e ponderações sobre aquilo que as pessoas foram forçadas a fazer após o apocalipse zombie, foi, em momentos, bastante refrescante. (isto vindo de quem já viu mais filmes, leu mais BDs e leu mais livros de zombies do que se lembra).
O final (por assim dizer) não foi o mais inesperado mas foi executado de uma forma exemplar. O que fica por dizer não tem mesmo de ser dito.
“The Last Movie ever made”, de Charlie Jane Anders
Estas personagens, ao longo das três antologias, tiveram em mim um efeito meio psicadélico. A escrita do autor e as acções das personagens deixaram-me sempre numa pilha de nervos, mas daquelas que nos puxam para ler mais.
Com decisões, mais uma vez, bem questionáveis, o nosso protagonista faz do mundo caótico em que vive o melhor que pode. Desta vez a anarquia do mundo é enriquecido pelo facto de toda a gente ter ficado surda sem nenhuma explicação plausível.
Vale mesmo a pena ler os três contos.
“The Gray Sunrise”, de Jake Kerr
O que mais gostei neste conto foi o elo entre o pai e o filho, que começa muito ténue e acaba por se fortalecer com a provações porque passam. A descida do pai para a depressão também está muito bem feita e todo o ambiente (especialmente quando se fala das tempestades e de como eles passam por elas no interior do pequeno barco) está bem descrito.
“The Gods have not died in vain”, de Ken Liu
Num futuro onde consciências humanas são transportadas para o mundo digital, e onde essas consciências criaram o caos, quase arrasando a humanidade, é-nos apresentada a nova geração de “deuses”. E será que este é o único possível futuro para a humanidade?
Uma coisa interessante também foi o choque de ideias entre a filha da carne e a filha digital. A relação das duas, em específico. Mesmo assim confesso que a escrita da autora, ou talvez mais o compasso em que conta a história, tal como nos contos anteriores, não me cativou muito.
“The Happiest Place…” , de Mira Grant
Este conto foi uma das maiores surpresas desta antologia. Tanto pelo seu cenário: pós-apocalipse na Disneylândia, como pela força dasua protagonista que, sozinha, tinha de manter tudo a andar, manter a fachada. A revelação final apanhou-me de suspresa, apesar defazer um certo (bizarro) sentido. Gostei muito da escrita, da protagonista e da história. Talvez volte a dar uma oportunidade a esta escritora, visto que o único outro trabalho que li dela foir o Feed, o qual não gostei.
“In the Woods”, de Hugh Howey
Sendo que o leitor sabe mais do que as personagens no início desta história, a confusão deles passa para nós mas não é tão eficaz. No entanto todo o conto é cheio de adrenalina e tensão e agarrou-me do início ao fim.
“Blessings”, de Nancy Kress
Eu gosto de histórias que são supostas distopias mas cuja solução para os problemas da humanidade e do planeta nos fazem pensar: “será que realmente não seria melhor assim?”. Porque sabemos que, quase sempre, ao solucionar uns problemas arranjamos outros. Em termos de personagens o conto até foi fraquito, mas o conceito é suficientemente bom para o tornar interessante. Lembrou-me um pouco o “Childhood’s End” do Arthur C. Clarke.
Estranhamente, neste volume final, quase todos os contos me pareceram muito curtos, especialmente os primeiros. Não que a maioria não tenha sido bom independente do seu tamanho, mas alguns precisavam de mais palavras, mais explicações, mais conclusões. Os meus contos favoritos foram: “Carriers”, de Tananarive Due; Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh; “Prototype”, de Sarah Langan; “Wandering Star”. de Leife Shallcross; “Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry; e "The Happiest Place", de Mira Grant.
“Bannerless”, de Carrie Vaugh
Num cenário que parece bem mais apaziguador após o colapso da sociedade, encontramos comunidades que lutam por sobreviver com regras estritas. As pessoas tentam ajustar-se às novas regras do mundo mas mesmo quando as coisas parecem correr bem há sempre alguém que não está disposto a seguir as normas. Neste caso temos uma gravidez não autorizada e os investigadores que são chamados a descobrir o que levou a isso. Num tom mais calmo e sereno, acabamos por descobrir que o terror não tem de vir em proporções bíblicas para ser marcante, mesmo depois do apocalipse.
“Like all beautiful places”, de Megan Arkenberg
Tal como nos volumes anteriores, o conto deste/a autor/a não me cativou. Parece que não se passou nada de muito relevante desta vez. Foi só uma mostra do que restou mas não há tensão ou nada que me puxe, embora o conceito de o virtual substituir o real, porque o real é demasiado horrível para ser confrontado directamente, até ser interessante.
“Dancing with a stranger in the land of nod”, de Will McIntosh
Eu tenho mesmo de ler um livro deste/a autor/a. Eu gosto mesmo muito da escrita. Consegue criar personagens interessantes em um ou dois parágrafo e isso é obra. Cada um dos seus contos nas outras antologias se focou em pessoas diferentes e eu sempre me interessei por todas. A premissa por si só também é muito envolvente.
Adorei o laço que se criou entre os sobreviventes, mas especialmente adorei a escolha final da protagonista.
“The seventh day of deer camp”, de Scott Siegler
Eu gosto da ideia de que o apocalipse começou e terminou no espaço de pouco mais de 48 horas. É um conceito muito intrigante. Aqui o autor pega nas exactas mesmas personagens e a trama começa mais ou menos onde terminara a anterior. O protagonista vai-nos mostrando as suas motivações há medida que narra os acontecimentos passados, e com isso ficamos a conhecê-lo melhor. Mas mais uma vez o final é demasiado aberto e desta ve-z não foi suficiente para mim.
“Prototype”, de Sarah Langan
Esta história engana-nos de forma subtil logo desde o início. E eu adorei isso.
Neste mundo passaram-se alguns milhares de anos desde o apocalipse e o cenário não é menos aterrorizador do que no auge da mudança.
Gostei muito da escrita calma e das personagens (do cão também) e de toda a construção da sociedade sobrevivente. Um bom conceito, bem executado.
“Acts of Creation”, de Chris Avellone
Esta história fala de sesitivos, seres que são mais do que humanos comuns, armas criads pelo homem e agora temidas. A forma como eles são tratados ao longo de toda a narrativa é cruel, mesmo tendo em conta as suas habilidades. O final não é de todo surpreendente mas o conto, num todo, é bom e o conceito é intrigante e até bastante plausível.
“Resistance”, de Seanan McGuire
Passou-se um tempo indeterminado desde as primeiras duas partes desta história e encontramos a protagonista sozinha num mundo de “veludo”. O fungo espalhou-se por toda a parte e ela perdeu tudo.
Este é, sem dúvida, o final certo para esta história. É muito aberto mas não é daqueles que nos deixa insatisfeito. No entanto a escrita em si não me cativou tanto desta vez. Achei um pouco repetitiva demais e menos arrepiante que nos contos anteriores.
“Wandering Star”. De Leife Shallcross
Gostei mesmo muito deste conto. A ideia de que, no futuro, um simples quilt seria minuciosamente analisado para tentar entender a vida de quem o fez, sendo um retrato da devastação que se abateu sobre a terra, é fascinante.
O facto de a narrativa estar entrecortada com pedacinhos/retalhos desse mesmo passado é o que realmente lhe dá riqueza. E não deixa de ser, o seu curto espaço, algo que nos faz pensar (especialmente o fim e o justificado egocentrismo perante o caos).
"Heaven come down", de Ben H. Winters
Neste desfecho datrilogia de contos que começou de forma impressisonante, teve um meio muito bom e que agora termina bastante diferente do que eu tinha imaginado. A protagonista vê-se sozinha e finalmente, depois de treze anos sendo a única no mundo que não conseguia escutar Deus, acaba por conseguir comunicar com ele e aprende que é muito mais do que aquilo que pensava. O desfecho é fantástico. O único senão é que achei a escrita menos cativante, mas fora isso foi muito bom.
“Agent Neutralized”, de David Wellington
A escrita deste autor empresta a esta história ainda mais tensão nas várias cenas. Temos perseguições na estrada, reuniões cobertas de culpabilização, e por fim a redenção desta personagem que já seguimos desde o volume um. Gostei bastante deste desfecho e a escrita é muito envolvente.
"Goodnight Earth", de Annie Bellet
A forma como este conto está escrito é muito envolvente. As personagens são muito interessantes e, com pequenos vislumbres do seu passado ficamos a saber bastante sobre eles, de tal forma que fiquei com muita vontade deler mais sobre eles. A história é cheia de acção, bem descrita e não mais do que necessária. E no fim há um vislumbre de esperança.
“Carriers”, de Tananarive Due
Uma história emocionante com um final mais feliz do que seria de esperar depois daquilo pelo que as personagens passaram. Uma mulher que foi abusada e usada como cobaia durante anos, não consegue ter uma reforma sossegada, sempre com medo de que os seus tormentos voltem, por isso quando o seu companheiro de sofrimento lhe diz que há algo de bom a retirar de tudo aquilo porque passaram, ela duvida. Mas a esperança é uma semente que cresce depressa.
Adorei.
“In the Valley of the Shadow of the Promised Land”, de Robin Wasserman
As personagens desta história são tão machista! Só os homens é que são de importância. As mulheres quase nem merecem ser mencionadas pelo nome (excepto na segunda parte, volume anterior), mas por um lado nada menos seria de esperar, visto que estas personagens têm como base a Bíblia e … bem … o livro sagrado não é exemplo de igualdade dos sexos. O desfecho de Isaac foi … bem … bíblico; e seguir o raciocínio dele ao longo da vida e no fim dos seus dias abre os olhos ao fanatismo religioso. Quer dizer, quem tratava os filhos como ele tratava e os punha um contra o outro para eles serem os novos Abel e Caím, esperava o quê do seu fim de vida?
“The Uncertainty Machine”, de Jamie Ford
Esta história é muito estranha, mas também as anteriores deste autor o são. E não é que não nos sejam dadas informações suficientes sobre o mundo, o que ele era e naquilo em que se tornou, mas eu não me consegui ligar bem ao cenário. Já as personagens são todas muito cheias de falhas mas este protagonista, em especial, é difícil relacionar-me com ele. Parece tão distante.
E mesmo assim, apesar de tudo o que disse, a história é fascinante. E o declínio dele absorveu-me.
“Margin of Survival”, de Elizabeth Bear
As descrições do ambiente e das próprias personagens fizeram deste um conto muito visual. Era quase como se sentisse a fome da protagonista e o seu receio de ser apanhada.
A história toma mais que uma direcção, especialmente no final e, confesso, fiquei bastante confusa com o desfecho, mas o resto do conto compensa, com uma personagem interessante com quem me pude relacionar facilmente. Lembrou-me um pouco da história de Paolo Bacigallupi: “Water Knife” mas nem sei bem porque fiquei com essa sensação.
“Jingo and the Hammerman”, de Jonathan Maberry
Um dos meus contos favoritos deste volume, senão mesmo o favorito. O otimismo de Jingo contrastando com o realismo de Hammerman, é fantástico. Mais que isso as introspecções e ponderações sobre aquilo que as pessoas foram forçadas a fazer após o apocalipse zombie, foi, em momentos, bastante refrescante. (isto vindo de quem já viu mais filmes, leu mais BDs e leu mais livros de zombies do que se lembra).
O final (por assim dizer) não foi o mais inesperado mas foi executado de uma forma exemplar. O que fica por dizer não tem mesmo de ser dito.
“The Last Movie ever made”, de Charlie Jane Anders
Estas personagens, ao longo das três antologias, tiveram em mim um efeito meio psicadélico. A escrita do autor e as acções das personagens deixaram-me sempre numa pilha de nervos, mas daquelas que nos puxam para ler mais.
Com decisões, mais uma vez, bem questionáveis, o nosso protagonista faz do mundo caótico em que vive o melhor que pode. Desta vez a anarquia do mundo é enriquecido pelo facto de toda a gente ter ficado surda sem nenhuma explicação plausível.
Vale mesmo a pena ler os três contos.
“The Gray Sunrise”, de Jake Kerr
O que mais gostei neste conto foi o elo entre o pai e o filho, que começa muito ténue e acaba por se fortalecer com a provações porque passam. A descida do pai para a depressão também está muito bem feita e todo o ambiente (especialmente quando se fala das tempestades e de como eles passam por elas no interior do pequeno barco) está bem descrito.
“The Gods have not died in vain”, de Ken Liu
Num futuro onde consciências humanas são transportadas para o mundo digital, e onde essas consciências criaram o caos, quase arrasando a humanidade, é-nos apresentada a nova geração de “deuses”. E será que este é o único possível futuro para a humanidade?
Uma coisa interessante também foi o choque de ideias entre a filha da carne e a filha digital. A relação das duas, em específico. Mesmo assim confesso que a escrita da autora, ou talvez mais o compasso em que conta a história, tal como nos contos anteriores, não me cativou muito.
“The Happiest Place…” , de Mira Grant
Este conto foi uma das maiores surpresas desta antologia. Tanto pelo seu cenário: pós-apocalipse na Disneylândia, como pela força dasua protagonista que, sozinha, tinha de manter tudo a andar, manter a fachada. A revelação final apanhou-me de suspresa, apesar defazer um certo (bizarro) sentido. Gostei muito da escrita, da protagonista e da história. Talvez volte a dar uma oportunidade a esta escritora, visto que o único outro trabalho que li dela foir o Feed, o qual não gostei.
“In the Woods”, de Hugh Howey
Sendo que o leitor sabe mais do que as personagens no início desta história, a confusão deles passa para nós mas não é tão eficaz. No entanto todo o conto é cheio de adrenalina e tensão e agarrou-me do início ao fim.
“Blessings”, de Nancy Kress
Eu gosto de histórias que são supostas distopias mas cuja solução para os problemas da humanidade e do planeta nos fazem pensar: “será que realmente não seria melhor assim?”. Porque sabemos que, quase sempre, ao solucionar uns problemas arranjamos outros. Em termos de personagens o conto até foi fraquito, mas o conceito é suficientemente bom para o tornar interessante. Lembrou-me um pouco o “Childhood’s End” do Arthur C. Clarke.
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Feliz 2018
Mais um ano terminou e eu gostaria de desejar a todos um excelente fim de ano e um 2018 cheio de bons momentos, muitos sonhos concretizados e, claro, boas leituras.
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