"A Trança de Inês". de Rosa Lobato Faria (Leya)
Sinopse:
Baseado no mito de
Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a
intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da
existência. Assim as mulheres passam umas às outras a sua teia ancestral
de seduções, subentendidos, receitas que hão-de prender os homens pela
gula, a luxúria, a preguiça e todos os pecados capitais, é por isso que
elas nunca querem os santos, os que não se deixam tentar, os que
resistem à mesa, à indolência, à cama, à feitiçaria dos temperos, ao
sortilégio das carícias, à bruxaria das intrigas.
Opinião:
A história de Pedro e Inês sempre foi uma que me intrigou. Afinal é parte da nossa história e do nosso folclore. Além disso, Rosa Lobato Faria há muito que era uma escritora que me suscitava curiosidade. Uma mistura de ambos, pensei, só podia terminar bem.
Este A Trança de Inês é um livro difícil de definir. Consegue ser parcialmente ficção científica, romance contemporâneo e romance histórico. O que era mais do que esperava.
O enredo está sub-dividido em três tempos diferentes; três histórias diferentes mas muito semelhantes: presente, passado e futuro (ou algo semelhante). Por vezes os tempos misturam-se e é difícil distinguí-los mas na maior parte das vezes consegue-se entender bem qual o espaço temporal. O protagonista é sempre o Pedro, a Inês é sempre a amada, e o pai do Pedro é sempre o mau da fita. A trama repete-se nas três histórias com algumas subtis diferenças. E apesar de achar que a autora conseguiu unir bem as três, também as achei demasiado repetitivas.
Pedro foi, sem dúvida, a personagem mais bem explorada e a autora conseguiu criar aqui uma persoagem muito rica que foi aproveitada ao máximo, Gostei! No entanto a história focou-se tanto nele que abafou as personalidades de todos os outros. Especialmete da Inês que nada mais era que o alvo do amor obsessivo do Pedro. Dela o leitor não sabe quase nada. Do amor de ambos praticamente só sabemos que Pedro se apaixona loucamente, sem qualquer razão aperente que não esteja ligada com a beleza física da Inês, do seu corpo de sonho, do seu cabelo de oiro. Enfim, pura atração física! Ou pelo menos foi isso que transpareceu no texto e, por isso mesmo, não me satisfez de todo.
A prosa da autora manteve-me sempre interessada e gostei bastante, no entanto se tivesse que apontar algo seria certamente o facto de ser pouco descritiva. É eficiente, sem dúvida, mas falta-lhe detalhe. E, sinceramente, estranhei e fiquei triste pela maneira como objectifivou as mulheres da trama, tornando-as tão planas como recortes de cartão.
Em suma, A Trança da Inês desiludiu-me um pouco. Não é que seja um livro mau mas esperava muito mais. O romance foi mais obsessivo que arrebatador e a Inês, a senhora do título e da capa, quase não teve destaque. Foi uma pena!
Capa, Design e Edição:
Sempre adorei a capa desta edição de bolso da Leya, mas depois de ler o livro não pude deixar de notar que o cabelo da Inês é suposto ser loiro, e não castanho como ali ilustrado. Mas isso não retira simbolismo à simplicidade da capa e continuo a gostar muito desta. A edição de bolso também está muito acessível a nível de preço e em termos de facilidade de leitura não se perde nada. Deixo só uma nota final para o facto de o título ser muito enganador, pois a história é de Pedro, mais do que da Inês.
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