"Terra Sonâmbula", de Mia Couto (Caminho & Leya)
Sinopse:
"Terra Sonâmbula" foi considerado um dos doze melhores romances do século XX em África. Moçambique, década de 1990. Numa terra devastada pela guerra, um menino sem memória é encontrado por um velho errante. Muidingae Tuahir, ambos marcados por conflitos que não entendem, desprovidos de passado e de esperança. Unidos, fazem de um machimbombo incendiado a sua casa, e de um diário, encontrado junto de um cadáver, a sua demanda. Nas linhas do caderno, Muidinga acredita ter um mapa que o levaráde volta à sua mãe. Nessa busca, o insólito par descobre-se, reinventa-se, enfrenta a insanidade e a miséria que grassam em seu redor, e recusa deixar morrer o alento. Tal como a terra que percorrem sem destino, uma terra que nunca dorme, nunca descansa, uma terra sonâmbula. Já adaptado ao cinema, "Terra Sonâmbula" foi considerado um dos doze melhores romances do século XX em África. Cruza elementos da cultura tradicional moçambicana com a própria história do país, realismo e magia, factos e símbolos, "Terra Sonâmbula" é, acima de tudo, um hino ao poder dos sonhos e da vida.
Opinião:
De Mia Couto só tinha lido um ou dois contos, que me haviam atiçado a curiosidade.
Este Terra Sonâmbula tem uma sinopse que me chamou a atenção e a verdade é que adorei este livro desde o primeiro parágrafo.
O autor tem uma voz muito própria, que é muito rústica, muito da terra, e é agradável para mim, enquanto leitora.
O problema é que o livro conta duas histórias distintas, mas interligadas, só que eu acabei por achar muito mais interessante a história do Tuahir e do Muidinga, do que a do Kindzu, sob quem recai grande parte da história.
Na realidade, no princípio, vi-me envolvida nas duas histórias de igual forma, no entanto a partir do momento que Kindzu abandonou a terra, e especialmente na segunda metade do livro, a história dele tornou-se repetitiva e particularmente irritante.
Por outro lado, a história do Tuahir e do Muidinga manteve-se sempre empolgante e profunda, talvez por me parecer mais real, menos fantasiosa (não que eu tenha alguma coisa contra fantasia, basta ver o que leio ao longo do ano) mas neste caso acho que, em determinados momentos, o autor foi além do que devia. Não em ter de testar a credulidade do leitor mas antes na forma como encarou as personagens e a história dramática de um país em guerra.
Dito isto, Terra Sonâmbula foi uma leitura muito boa, com momentos marcantes, personagens ricas e uma belíssima exploração de um povo que nos é tão próximo e, ao mesmo tempo, tão desconhecido. Percebe-se porque é uma obra de referência e é uma leitura que recomendo, apesar de tudo.
Capa, Design e Edição:
Esta está longe de ser uma das minhas capas favoritas da colecção de bolso da BIIS, mas não posso negar que está bastante simbólica. vale a pena comprara a edição de bolso, se a carteira estiver mais apertada. Não se perde muito em qualidade e lê-se bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário