segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Ilha de Caribou

 "A Ilha de Caribou", de David Vann (Ahab Edições)

Sinopse:
Nas margens de um lago glacial no coração da península de Kenai, no Alasca, o casamento de Irene e Gary está à deriva. Para cumprirem um velho sonho de Gary, decidem construir uma cabana numa ilha deserta. Irene suspeita que o plano de Gary é o primeiro passo para a abandonar e começa a sofrer de dores de cabeça inexplicáveis, sendo atormentada por recordações de um trágico passado familiar. Quando o inverno chega de forma prematura e violenta, o casal vê-se submetido a uma pressão inesperada, terrível. Rhoda, a filha mais velha, receia que alguma coisa possa acontecer aos pais e tenta ajudá-los, mas também ela está a atravessar uma crise pessoal.

Opinião (versão inglesa):
Este foi um daqueles livros que me agarrou desde a primeira página. A escrita do autor cativou-me de imediato e mesmo quando comecei a achar que as descrições eram exaustivas demais, as palavras mantiveram-me agarrada ao livro. 
A história deste livro gira em torno de uma família, como tantas outras. Apesar de as personagens serem o extremo daquilo a que uma pessoa pode chegar (este livro é feito de extremos, afinal), acredito que quase todos reconheçam em algumas personagens (ou mesmo em todas) algo familiar, algo real, talvez até pessoal.
Além da família, que é o foco central, temos outras personagens que aparecem, por vezes, apenas com o intuito de desestabilizar ou alterar ainda mais o seio da família, muitas vezes sem que eles próprios se apercebam disso.

A nível de personagens, tenho a confessar que as achei quase todas muito bem exploradas, embora em certos casos tivesse gostado de saber mais. no entanto é uma daquelas histórias em que é quase impossível simpatizar com quem quer que seja. Todas, sem excepção, são imperfeitas, mas de tal forma, que sentimos que não podemos mesmo sentir empatia com eles. Não que não pareçam reais (porque  parecem, apesar de ser um real exagerado), mas porque são tão imperfeitas que parece que não há nenhuma ponta por onde se lhes pegue. e quando acontece de vermos algo a que nos agarrara, logo algo bem pior aparece e lá se vai a empatia.
No entanto, acredito que foi também isso que me vez ter vontade de saber o que aconteceria a esta gente e, embora o final seja previsível a partir do meio do livro, confesso que esperei que não se concretizasse. Não que o desfecho seja satisfatório, apenas é tão ... deprimente, que o livro inteiro parece um balde de água gelada.


A prosa do escritor (tendo em conta que li no original, inglês) é belíssima. Rica em descrições e focada. No entanto o autor perde-se em devaneios, por vezes, e com isso acaba por perder alguns leitores (quase me perdeu, ali mais para o fim). Algo que achei verdadeiramente curioso, é o facto de nunca o autor nos dar descrições físicas das personagens, como cor de cabelo, olhos, estatura, etc.

Em suma, foi um livro que me agradou imenso ler, em cujas páginas me perdi e que me tocou de várias formas. Apesar de não me ter agradado o final, sei também que era o único possível, ou pelo menos aquele para que toda a narrativa apontava.
Fica a vontade de ler a sequela (não oficial, ao que parece) "A Ilha de Sukkwan".


Capas e Edição (versão inglesa): 
Todas as capas da Ahab Edições são belíssimas (no topo)! Desde o início que o trabalho gráfico desta editora me chamou a atenção, e este "A Ilha de Caribou" não é excepção. A beleza, muitas vezes está na simplicidade e as capas desta editora são simples, icónicas, muito apoiadas nas fontes mas indubitavelmente chamativas.
No entanto eu li a versão inglesa, em ebook. A capa não me desagrada, mas a portuguesa parece-me mais simbólica. A edição para kindle está simples, como se deseja num ebook.


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