sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Men of the Otherworld

"Men of the Otherworld (Otherworld Stories I)", de Kelley Armstrong (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse (inglês):
As a curious six-year-old, Clayton didn't resist the bite - he asked for it. But surviving as a lone child-werewolf was more than he could manage - until Jeremy came along, taught him how to straddle the human-werewolf worlds...and introduced him to the Pack. So begins this tantalizing volume featuring three of the most intriguing members of the American Pack - a hierarchical founding family where bloodlines mean everythinga and each day presents a new, thrilling, and often deadly challenge. For as Clayton grows from a wild child to a clever teen who tests his mentor at every turn, he must learn not only to control his animal instincts but to navigate Pack politics - including showing his brutal archnemesis who the real Alpha is...

Opinião (audiolivro):
Tendo já lido uma pequena BD da autora (Becoming), passada no mesmo mundo que este "Men of the Otherworld", eu esperava algo que me entretivesse e não saí desapontada.

Este livro é uma espécie de antologia, ou melhor, uma junção de vários episódios marcantes na vida de Jeremy, mas ainda mais na vida de Clayton, que acaba por ser o protagonista durante grande parte to livro.

A história está bem encadeada. Embora a primeira e a última história sejam um pouco afastadas das restantes, dão-nos um ponto de partida (no caso da primeira) e a expectativa de algo mais (no caso da última), além de uma melhor visão do Jeremy enquanto protagonista.
As restantes histórias acontecem no espaço de 15-20 anos, e é Calyton que se torna no protagonista. A forma como a autora escreveu estas histórias, permite ao leitor, não só conhecer Clayton, como todos os que o rodeiam, assim como ficamos com uma ideia muito clara sobre o mundo dos lobisomens. A autora transmitiu a informação aos poucos, através da acção e não por extensas explicações, o que foi muito apreciado.

A nível de personagens, devo dizer que adorei todos os homens, mesmo os maus, mas a nível de mulheres, as poucas que apareceram pouco mais foram do que objectos sexuais. Mas o livro chama-se "Men ..." por isso essa falha está parcialmente desculpada.
A autora caracterizou muito bem as personagens através das suas acções, das suas atitudes e dos seus silêncios. Os meus favoritos oram o Clayton e o Jeremy, como não podia deixar de ser.

A prosa da autora é simples mas muito apelativa. mantendo o leitor agarrado à história. Adorei a forma como ela usou os cinco sentidos para imergir o leitor na história e as descrições dela cativavam-me. Outra coisa que adorei na sua escrita foi a forma como conseguiu retratar a inocência e o medo da infância (no caso de Clayton). O mundo que ela apresenta, embora apenas nos seja mostrado parcialmente e seja muito focado nos lobisomens, é muito interessante.

Em suma, este livro deixou-me ainda com mais vontade de ler "Bitten", o primeiro livro da série "Women of the Otherworld". Com excelentes personagens, uma boa história e uma escrita cativante, Kelley Armstrong surpreendeu-me. Não é um livro perfeito, nem uma obra literária de grande beleza, mas entreteve-me bem e era isso que esperava dele.

Narração (Charles Leggett):
A voz de Charles Leggett fascinou-me. Sem dúvida um dos melhores narradores (se não mesmo o melhor) que ouvi até agora. Ele conseguia dar uma voz única a cada homem da história, e eles eram muitos.  Este audiolivro está recomendadíssimo!
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Fórum Fantástico – Como foi?

[Este post está também no blog Caneta, Papel e Lápis]
Nos últimos dias tenho andado sumida da internet pelas mais variadas razões, mas a mais interessante desculpa, foi a minha ida a Lisboa, no passado sábado (24/11) para o Fórum Fantástico.
Cartaz do Fórum Fantástico 2012
Foi um dia fantástico! Não a nível de transportes, que isso foi uma desgraça, mas de resto foi muito bom. Conheci muita gente nova (muitas das quais com que já falava pela internet, seja pelo facebook, pelos blogs ou pelo twitter) e todos foram muito simpáticos e me receberam muito bem. Obrigada a todos!
O próprio evento correu muito bem. Quando cheguei, o workshop de escrita criativa estava a chegar ao fim, com o Bruno Martins Soares, o João Barreiros, a Madalena Santos. Infelizmente não tive oportunidade de apreciar este primeiro programa.
De tarde houve lugar para a apresentação de 3 projectos/revistas: Trëma, Lusitânia e Almanaque Steampunk (Clockwork Portugal) e todos correram muito bem, com vários elementos da organização de cada projecto a falarem das motivações dos mesmos e dos seus conteúdos. Tudo projectos muito interessantes (e eu tenho já os três resultados para ler).  Depois disto foi a vez das curtas-metragens, documentários e de um livro de Vanessa Fidalgo, “Histórias de um Portugal Assombrado“. Tenho de admitir que adorei a curta-metragem “Conto do Vento“, lindíssima! E também gostava de ver avançar o projecto Lendas em Série.
De seguida passaram às sugestões de leitura (e as sugestões de não-leitura), dadas por Artur Coelho, João Barreiros e João Campos. Fiquei com alguns assinalados para ler.
Dan Wells foi o convidado seguinte e o autor mostrou-se um grande orador (vi pessoas com muito jeito para falar em público no FF, coisa que eu não possuo). E os louvores aos livros foram tantos, além da energia do autor, que no fim tive de comprar “Não sou um Serial Killer“, autografado.
Por fim, mas não por ser menos importante, foi a vez do lançamento de “Lisboa no Ano 2000“, a antologia das Edições Saída de Emergência onde tenho um conto.
Fui convidada a fazer parte do grupo de apresentação e imaginem-me, nervosíssima antes, durante e depois da apresentação. É que, como disse aqui no blog, não contava ir ao ‘palco’, mas quando a Safaa Dib me convidou, não consegui dizer que não. Não se diz que não a estas coisas (que podem não voltar a acontecer, embora eu espere que seja a primeira de muita, e não porque gostasse da experiência – ai os nervos! – mas porque seria bom sinal).
Como não havia espaço, na mesa de apresentações, para todos os autores, eu, o João Ventura, o Luís Corte-Real, o João Barreiros, o Jorge Palinhos e o Telmo Marçal lá fomos.
Apresentação de “Lisboa no Ano 2000″, foto de Luís Rodrigues
E só para verem como estava nervosa, basta olharem para as minhas mãos. Vêem a caneta? Foi a maneira de eu me distrair. Não fui feita para falar para mais que cinco pessoas ao mesmo tempo. Não é por acaso que quando, no secundário, tive de defender a minha PAP (em público) fiquei tão stressada que me senti mal e tive de parar a meio. Tenho dito!
Mas desta vez nem correu muito mal porque o holofote não estava em mim. O Luís Corte-Real e o João Barreiros é que falaram mais (e ainda bem).
No fim todos os autores presentes (e éramos 11 ou 12) se sentaram na fila da frente e deram autógrafos a quem quis comprar a antologia. E desde já agradeço a todos os que por lá passaram. Foi um gosto conhecer-vos! E por favor não estranhem se as minhas dedicatórias forem muito bizarras e a minha assinatura for diferente de livro para livro, é que eu não pensei nisso antes, e quando os livros me chegavam às mãos, eu não sabia o que havia de colocar nas dedicatória. E como queria que fossem todas diferente e não queria atrasar a fila, imaginem as barbaridades que dali devem ter saído. Por isso, desculpem se escrevi algo que não faz sentido a mais ninguém senão a mim.
Como percebem, foi um dia em grande, não só pelo lançamento da antologia, mas especialmente pelo convívio. pelas pessoas que conheci e as que revi. Obrigada a todos! Vocês foram fabulosos! E desculpem lá qualquer coisinha.
Nota: Embora a antologia “Lisboa Electropunk” tenha sido vendida no Fórum Fantástico, só será lançada para o mercado (livrarias) no início de 2013.  Para os que compraram no FF, fico a aguardar feedback do meu conto, “Electro-Dependência” e do livro no geral. Espero que gostem muito!
Nota 2: Os meus parabéns à organização do Fórum Fantástico, fiquei com vontade de ficar mais um dia e espero para o ano que vem voltar lá.
Nota 3: Foi anunciado, em primeira mão, pelo Luís Corte-Real, qual será a antologia que a Saída de Emergência lançará em 2013: “Pul Fiction 2” e esta incluíra tanto contos portugueses como brasileiros, para um lançamento conjunto no Brasil. Comecem já a preparar os vossos contos de Pulp Fiction. O regulamento deverá ser lançado ainda este ano.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Eon - Dragoneye Reborn

"Dragoneye Reborn (Eon 1)", de Alison Goodman (ainda não publicado em Portugal)


Sinopse (inglês):
Sixteen-year-old Eon has a dream, and a mission. For years, he's been studying sword-work and magic, toward one end. He and his master hope that he will be chosen as a Dragoneye-an apprentice to one of the twelve energy dragons of good fortune.
But Eon has a dangerous secret. He is actually Eona, a sixteen-year-old girl who has been masquerading as a twelve-year-old boy. Females are forbidden to use Dragon Magic; if anyone discovers she has been hiding in plain sight, her death is assured.
When Eon's secret threatens to come to light, she and her allies are plunged into grave danger and a deadly struggle for the Imperial throne. Eon must find the strength and inner power to battle those who want to take her magic...and her life.


Nota: Este livro pode ser encontrado com três títulos diferente: "The Two Pearls of Wisdom". "DragonEye Reborn" e "Eon", mas é mais conhecido como "Eon" (o nome da saga)

Opinião (audiobook):
"Eon - DragonEye Reborn" é um daqueles livros cujo início nos testa a paciência, mas cujo final faz valer a pena.No entanto é-me difícil decidir se simplesmente gostei do livro, ou se gostei muito. Isto porque o livro se arrastou desnecessariamente durante a primeira parte (uma primeira parte muito grande).

Em termos de história, temos uma trama intensa, com muitas raízes e diversificada. Não é de todo imprevisível mas a forma como a autora encadeia a acção torna irrelevante o facto de o leitor lhe adivinhar certas cenas-chave.
No entanto, uma coisa que me dificultou a ligação à história no início, foi o Eon, isto porque esta é uma personagem que é oposto de tudo o que as pessoas acreditam que ele é, ou melhor, é oposto de tudo o que teria de ser para suceder, e ainda assim sucede. Senão vejamos: Eon tem 16 anos, quando deveria ter (obrigatoriamente) 12, é uma rapariga quando deveria ser (obrigatoriamente) um rapaz, e ainda por cima tem uma deficiência motora quando não o poderia ser pois tais pessoas são inaceitáveis na sociedade do livro.
Como leitora achei isto altamente inverossímil. Até aceitaria 2 destes quebra-regras, e isso já seria esticar a corda. Um seria mais que suficiente, mas a autora decidiu usar as três ferramentas e isso fez com que só no final eu conseguisse ligar-me ao/à Eon/Eona. Quando temos demasiadas razões para ter 'pena' de um protagonista, acabamos por ter a reacção contrária.

Por outro lado, o mundo que Alison Goodman nos apresenta é extremamente rico, extremamente interessante e é impossível não ter vontade de o visitar. Está explorado de forma subliminar e exemplificado neste primeiro livro e espero que no segundo ainda melhor o esteja. Para fãs da cultura oriental, este livro será um mimo. No entanto as belas descrições são por vezes exageradamente minuciosas, chegando a ser aborrecidas.
Por outro lado, adorei o facto de a autora não ter medo de tocar em temas que raramente vejo retratados em livro, e especialmente tanto juntos. Temos eunucos, transsexuais, deficientes físicos, entre outras coisas. E acreditem que o faz de forma muito interessante.

A nível de personagens, o livro também é extremamente rico. Não houve nenhum pelo qual não me interessasse e guardo-os todos na memória. As personagens estão muito bem expostas e exploradas, de forma gradual e cada qual com o nível de intensidade que a sua função (no livro) requer. Assim, podem ter a certeza que se a autora gasta tempo a apresentar uma personagem, é porque mais tarde ou mais cedo a vai usar para algo importante.
As minhas personagens favoritas foram: Ryko, Lady Dela, o Chart e a Rilla, assim como o príncipe Kygo. Mais no final, também Eona me cativou, mas só mesmo no final, pois no resto do livro irritou-me solenemente este/a protagonista, tanto pela sua estupidez como dependência no seu mestre.

Quanto a prosa (eu li/ouvi em inglês), gostei bastante, mas achei a primeira parte excessivamente morosa e algumas descrições exageradas. Alison Goodman queria mostrar-nos tudo o que imaginou, e com isso exagerou. Às vezes a planta arquitectónica do palácio parecia mais importante que a intriga palaciana (só para dar um exemplo) e isso distraía o leitor.
Outra coisa que não gostei particularmente, foi a forma como a autora decidiu dar-nos a descrição física de Eon/Eona. Sendo que o livro está contado na 1ª pessoa, decidiu pôr a personagem em frente a um espelho para nos dizer como era a sua aparência física. Isso não se faz! É das coisas mais clichés de todos os tempos.
Fora isto, o livro está muito bom, no entanto há que suportar a primeira parte, para então chegar ao bom. Não é que na primeira parte não aconteçam coisas interessantes, porque acontecem muitas, mas como estamos a ser introduzidos num novo mundo, isso toma um pouco o papel principal. E num livro com mais de 600 páginas, a primeira parte, como devem imaginar, é muito grande.

Em suma, "Eon - DragonEyes Reborn" é um livro que começa ameno e depois se torna em algo muito bom. Com excelentes personagens, um mundo fabuloso e uma história intrigante, fica a vontade de ler o segundo e último livro desta duologia (que pelos vistos é ainda maior).


Narração (Nancy Wu):
Embora a narração de Nancy Wu não seja má de todo, de início custou-me habituar, especialmente quando personagens masculinas entravam em cena. Mas depois de alguns capítulos já estava mais integrada na narração e não me fazia espécie alguma.

Booktrailer:

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A Ilha de Caribou

 "A Ilha de Caribou", de David Vann (Ahab Edições)

Sinopse:
Nas margens de um lago glacial no coração da península de Kenai, no Alasca, o casamento de Irene e Gary está à deriva. Para cumprirem um velho sonho de Gary, decidem construir uma cabana numa ilha deserta. Irene suspeita que o plano de Gary é o primeiro passo para a abandonar e começa a sofrer de dores de cabeça inexplicáveis, sendo atormentada por recordações de um trágico passado familiar. Quando o inverno chega de forma prematura e violenta, o casal vê-se submetido a uma pressão inesperada, terrível. Rhoda, a filha mais velha, receia que alguma coisa possa acontecer aos pais e tenta ajudá-los, mas também ela está a atravessar uma crise pessoal.

Opinião (versão inglesa):
Este foi um daqueles livros que me agarrou desde a primeira página. A escrita do autor cativou-me de imediato e mesmo quando comecei a achar que as descrições eram exaustivas demais, as palavras mantiveram-me agarrada ao livro. 
A história deste livro gira em torno de uma família, como tantas outras. Apesar de as personagens serem o extremo daquilo a que uma pessoa pode chegar (este livro é feito de extremos, afinal), acredito que quase todos reconheçam em algumas personagens (ou mesmo em todas) algo familiar, algo real, talvez até pessoal.
Além da família, que é o foco central, temos outras personagens que aparecem, por vezes, apenas com o intuito de desestabilizar ou alterar ainda mais o seio da família, muitas vezes sem que eles próprios se apercebam disso.

A nível de personagens, tenho a confessar que as achei quase todas muito bem exploradas, embora em certos casos tivesse gostado de saber mais. no entanto é uma daquelas histórias em que é quase impossível simpatizar com quem quer que seja. Todas, sem excepção, são imperfeitas, mas de tal forma, que sentimos que não podemos mesmo sentir empatia com eles. Não que não pareçam reais (porque  parecem, apesar de ser um real exagerado), mas porque são tão imperfeitas que parece que não há nenhuma ponta por onde se lhes pegue. e quando acontece de vermos algo a que nos agarrara, logo algo bem pior aparece e lá se vai a empatia.
No entanto, acredito que foi também isso que me vez ter vontade de saber o que aconteceria a esta gente e, embora o final seja previsível a partir do meio do livro, confesso que esperei que não se concretizasse. Não que o desfecho seja satisfatório, apenas é tão ... deprimente, que o livro inteiro parece um balde de água gelada.


A prosa do escritor (tendo em conta que li no original, inglês) é belíssima. Rica em descrições e focada. No entanto o autor perde-se em devaneios, por vezes, e com isso acaba por perder alguns leitores (quase me perdeu, ali mais para o fim). Algo que achei verdadeiramente curioso, é o facto de nunca o autor nos dar descrições físicas das personagens, como cor de cabelo, olhos, estatura, etc.

Em suma, foi um livro que me agradou imenso ler, em cujas páginas me perdi e que me tocou de várias formas. Apesar de não me ter agradado o final, sei também que era o único possível, ou pelo menos aquele para que toda a narrativa apontava.
Fica a vontade de ler a sequela (não oficial, ao que parece) "A Ilha de Sukkwan".


Capas e Edição (versão inglesa): 
Todas as capas da Ahab Edições são belíssimas (no topo)! Desde o início que o trabalho gráfico desta editora me chamou a atenção, e este "A Ilha de Caribou" não é excepção. A beleza, muitas vezes está na simplicidade e as capas desta editora são simples, icónicas, muito apoiadas nas fontes mas indubitavelmente chamativas.
No entanto eu li a versão inglesa, em ebook. A capa não me desagrada, mas a portuguesa parece-me mais simbólica. A edição para kindle está simples, como se deseja num ebook.


Próxima Leitura

A próxima leitura conjunta do Clube de Leitura de Braga, será:
"Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", o clássico de ficção científica de George Orwell.
Leiam e apareçam no dia  1 de Dezembro, na Bertrand de Braga (centro).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Antologia de Ficção Científica Fantasporto

"Antologia de Ficção Científica Fantasporto", organizado por Rogério ribeiro, com contos de Afonso Cruz, Bruno Martins Soares, Isabel Cristina Pires, António Carloto, Madalena Santos, João Ventura, José Cardoso , Luís Roberto Amabile, João Leal, António de Macedo, Manuel Alves, João Paulo Vaz, Telmo Marçal, Beatriz Pacheco Pereira, Rodrigo Silva, Filipe Homem Fonseca, Ágata Ramos Simões (Edições 1001 Mundos)


Sinopse:
O Fantástico nasce da mente e imaginação humanas e encontra campo fértil de expressão nas mais diversas formas artísticas. Tem sido esse o espírito do "Fantasporto", e foi aqui objectivo da 1001 Mundos trazê-lo para a literatura. Esta antologia nasce fruto dessa colaboração, e do trabalho do organizador, Rogério Ribeiro.
Esperamos que apreciem estes momentos de um tempo que ainda não é - ou que nunca foi - e que saíram da imaginação de autores de três continentes, mas com um forte elo que os une - a Língua Portuguesa.


Opinião:
Vou começar por falar dos contos, um a um, e no final farei um apanhado geral.

"O tempo tudo cura menos velhice e loucura", de António de Macedo
Um conceito engraçado com um bom desfecho, mas cuja execução deixou algo a desejar. Não entrei verdadeiramente na história e os 'factos' científicos que deveraim ter sido divertidos (entendi-os como uma sátira) foram um pouco aborrecidos. Já para não falar que a explicação do que aconteceu deixou muito a desejar.

"A inimaginável materialização de Samira", de João Paulo Vaz
Mais um excelente conceito que poderia ter dado um excelente conto, mas que se ficou apenas pelo mediano. O autor usou muito o 'contar' e pouco o 'mostrar'. Ou seja, relatou-nos os eventos de forma algo monótona, em vez de criar situações em que o leitor percepcioansse a mensagem sem ser por forma de relato.

"O Robot Auris", de Beatriz Pacheco Pereira
Uma história simples, que por momentos pareceu prestes a voltar para um lado completamente diferente, e que no fim me surpreendeu. gostei muito pelo seu tom sereno e pela caracterização, não só do Auris, como das crianças e dos seus pais.

"O Festival", de Filipe Homem Fonseca
Um conto com uma história interessante, com momentos muito bons e uma ideia base genial, mas que em certos momentos se perdeu e com isso esvaiu força. Se em certas cenas o autor nos mostrava como as personagens reagem, em outras apenas nos dizia, sem que o leitor criasse a empatia necessária. Mesmo assim foi uma boa história.

"Virgílio Bentley e o extra-terrestre", de Ágata (Ramos) Simões
Foi bom rever o Sr. Bentley e ri-me muitas vezes com este conto. O humor de Ágata Ramos Simões mantêm-se intacto (e como qualquer humor, não será do agrado de todos). O único problema do conto foi a falta de pormenores sobre o ET, a sua nave e o seu modo de comunicação. Os que havia pareceram insuficientes.

"As mãos e as veias", de Afonso Cruz
Se ao principio estranhei este conto, escrito em forma de peça de teatro, assim que o 'mistério' se desenrolou, tudo ficou diferente. Apesar de eu achar que um pouco mais de descrição seria agradável, pois até mesmo as peças de teatro descrevem dos movimentos e expressões, este foi um conto que me surpreendeu e agradou.

"Tsubaki", de Bruno Martins Soares
Com um início interessante e misterioso, esta história perde-se em tempos verbais desconexos, pontuação mal-conseguida (ao ponto de me irritar muito, apesar de em certos momentos me parecer que era propositada era tão errática que foi impossível perceber se o era ou não). A resolução não ajudou. A violência não fazia sentido algum no contexto da personagem que o autor nos mostrou antes (*SPOILER* se não matou o homem com quem entrou em duelo, porque o faria com o outro estranho? *Fim de SPOILER*).
Enfim, um conto decepcionante, apesar de ter potencial.

"Uma alforreca no quintal", de António Carloto
Apesar de ter gostado do tom do conto e da sua história simples mas significativa, fiquei decepcionada com a sua simplicidade e falta de explicações. Esperava mais do conto vencedor.

"Fogo!", de João Ventura
Um conceito excelente e uma execução inteligente. O final foi muito bom. Gostei muito do ritmo da história e da prosa, mas em certos momentos as explicações pareceram-me extensas de mais.

"O Cão", de Isabel Cristina Pires
Apesar de ter gostado da reviravolta final, a história não me cativou muito por se manter tão distante. o leitor não entra realmente na história. Se fosse experimentado de outra forma, seria ainda melhor, mas gostei.

"O mistério dos Uivos", de Madalena Santos
Confesso que estive quase, quase, para desistir de ler este conto, mas fui até ao fim. A ideia que fica é que a autora sabia tanto, queria mostrar tanto, que debitou informação como se não houvesse amanhã. Perdi-me, literalmente, na narrativa e só quase no fim consegui perceber afinal qual era o propósito do conto. As duas primeiras partes foram as piores e as mais dispensáveis. Não consegui sentir empatia pelas personagens e irritou-me bastante o facto de estas serem sempre narradas como "Técnica de Manutenção" ou "Bellvis Montesano", ou pior ainda "Técnica de Manutenção Bellvis Montesano" (nunca só um nome, só uma designação). Isto vezes sem conta.
Gostei da comunidade que foi introduzida, dos conceitos e até da ideia central do conto, mas achei-o mal executado, enfadonho e muito disperso.

"Expedição ao Futuro", de José Cardoso
Com uma boa linguagem e algumas cenas bem conseguidas, este conto pareceu-me demasiado disperso, o que tornou difícil a sua apreciação. Não consegui fazer grande sentido da história e achei que podia bem ter sido poupado a algumas divagações.

"Déjà-vu", de Luís Roberto Amabile
Nada nesta história se sobressai e achei que tinha muito pouco de ficção científica. Além de que não foram dadas explicações nenhumas para nada do (pouco) que aconteceu.

"Acordar o Profeta", de João Leal
Uma história que soube agarrar o leitor do início ao fim. Gostei da prosa, do desenvolvimento da ideia e da acção. Um bom conto com o compasso certo e fundações bem vinculadas.

"Zé", de Manuel Alves
Um dos meus favoritos da antologia. Apesar de sentir falta de maiores explicações (sobre o que é ZÊ e o que é o professor), o desenrolar das cenas está muito bem conseguido, a prosa está excelente e fica a vontade de ler uma continuação (embora esta não seja obrigatória, pois o conto é autónomo). Uma agradável surpresa.

"As Moças do Campo", de Telmo Marçal
No início este conto não me cativou, mas à medida que a história avançava, fui gostando mais e mais. O final, para mim, não foi dos melhores. Achei a resolução um pouco mal-executada, mas no geral o conto é um curioso. No entanto o que me deixou mais decepcionada foi o facto de este conto, praticamente, nem ser muito FC (a ficção científica é muito ténue, não que isso seja necessariamente mau, mas neste caso sentiu-se falta de algo mais).

"A besta-fera", de Rodrigo Silva
Conceito interessante, início bom, mas péssimo desenvolvimento. Muito apressado e sem nada que o mantenha na memória

Em suma, esta antologia pecou um pouco em termos de qualidade e diversidade. Vários temas se repetiram e isso nem teria sido muito problemático se os enredos fossem verdadeiramente originais e interessantes, bem explorados e na dose certa. Infelizmente, muitos dos contos não o fizeram.
Apesar de ter gostado de alguns contos, não adorei nenhum e isso é raro acontecer-me em antologias (há sempre ou que se destacam e são diferentes de leitor para leitor).
Esperava mais, confesso, mas não é um livro mau, apenas mediano.

Capa, Design e Edição:
Gosto muito da capa. O conceito em si é genérico, mas as cores e os efeitos estão muito bonitos e tornam-no num trabalho chamativo.
Em matéria de edição, não percebi a disposição dos contos na antologia. Não estavam por ordem alfabética dos autores, nem por ordem de prémios, nem sequer por temas.
Apesar de ter discernido alguns erros na edição, não foi nada de muito relevante a  em termos de edição acho que fizeram um bom trabalho. Já ao nível da coordenação e escolha dos contos, embora saiba que depende muito do gosto pessoal do organizador, confesso que a antologia não me conquistou por completo.
Em termos de design, achei que podiam ter feito algo mais único, alusivo ao tema. Está eficiente, mas por isso mesmo não se destaca. Também achei que fazia falta, no início dos capítulos do vencedor do concurso e das menções honrosas, uma menção desse facto.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

[Divulgação] Lisboa no Ano 2000

Foi finalmente revelada a capa para “Lisboa no Ano 2000 – Uma Antologia Assombrosa Sobre uma Cidade que Nunca Existiu“, anteriormente conhecida simplesmente por “Lisboa Electropunk“, onde eu (Ana C. Nunes) vou ter um conto publicado.
Lisboa no Ano 2000 – Uma Antologia Assombrosa Sobre uma Cidade que Nunca Existiu

Electro-Dependência” é o título do meu conto.

Autores participantes na antologia (com organização de João Barreiros): AMP Rodriguez, Ana C. Nunes, Carlos Eduardo Silva, Guilherme Trindade, João Ventura, Joel Puga, Jorge Palinhos, Michael Silva, Pedro Afonso, Pedro Martins, Pedro Vicente Pedroso, Ricardo Correia, Ricardo Cruz Ortigão e Telmo Marçal.

Esta antologia será lançada no final de Novembro (23 a 25), pela Editora Saída de Emergência, durante o Fórum Fantástico (em Lisboa).
Que acham da capa? Eu gosto. :)
Visitem o meu blog de Escrita Criativa para mais novidades.

Curiosidade: O livro já está no Goodreads, para ‘abrir o apetite’

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Livro - Filme - Série 01

Para avivar um pouco o blog que tem estado parado (por eu não ler tanto quanto gostaria), decidi criar uma nova rubrica a que vou dar o inspirado nome de "Livro - Filme - Série", que, como devem imaginar, vai falar de adaptações de livros ao pequeno e grande ecrã.
Para muitos trabalhos que aqui serão falados, eu não li o livro correspondente, e nesses casos apenas mencionarei o que achei do filme/série e não da sua adaptação. Mas nesta rubrica só falarei de filmes/séries que sejam inspirados por romances (e não o contrário) ou cujo tema central seja livros/escrita (como a série Castle, por exemplo).

Tentarei trazer algo novo todas as semanas, ou pelo menos de quinze em quinze dias e nem todos os filmes/séries serão recentes, mas também aí é que está a piada. As opiniões serão muito sucintas, que eu não sou crítica cinematográfica. A intenção é apenas dar a conhecer as muitas películas que hoje em dia são baseadas em obras literárias (e desde sempre o foram). Espero que descubram algo novo com esta rubrica.

Livro - Filme 01 
A lha do Dr. Moreau, adaptado de "The Island of Dr. Monreau", de H.G. Wells
Apesar de nunca ter lido o livro homónimo, tinha conhecimento (muito por alto) da história e foi com alguma curiosidade que vi a adaptação cinematográfica de 1996 (existem outras, mas esta foi a que vi). O filme não foi bem o que esperava, no entanto não foi mau. Os actores estavam bem nos seus papéis, se bem que o David Thewlis às vezes não estava no seu melhor, a caracterização estava curiosa (há que ter em conta o ano em que foi feito e os animais-homens estão excelentes) e gostei da história. Foi bem usada e apesar de restarem algumas pontas soltas (que não sei se provêm no livro original) não foi nada que incomodasse de sobremaneira.
Não é um filme que marque, mas também não é um mau filme. Entretém.
Nota: 6/10

Livro - Série 01
Grimm, não adaptação, mas uma exploração da ideia dos descendentes dos Irmãos Grimm
Os anos de 2011 e 2012 foram excepcionais em termos de adaptações do trabalho dos Irmãos Grimm, tanto ao grande como pequeno ecrã.
Ao contrário de outros, como Once Upon a Time, Grimm começou quase despercebido. Pouco se falava nesta série, mas eu segui-a desde o primeiro episódio e com o passar dos episódios fui gostando mais e mais.
É uma versão mais grotesca dos contos dos Irmãos Grimm, o que a torna uma das mais fiéis ao espírito original dos contos. Embora tomem liberdades para adaptar as ideias aos tempos modernos, o essencial está lá.
Com excelentes actores, uma história bem desenvolvida e várias reviravoltas em todos os episódios, eu fiquei agarrada. A segunda temporada já vai adiantada, embora eu ainda não tenha começado a ver, mas se mantiver o que na primeira a fez sobressair, acredito que esta se possa tornar uma das minha séries favoritas.
Não é para crianças, nem sequer para todos os adultos. É mais negra e mais crua que muitas outras histórias que falam dos descendentes dos Grimm, mas é também incrivelmente rica. Vale a pena!
Nota: 7,5/10

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Clube de Leitura de Braga - Novembro

Amanhã, 3 de Novembro, o Clube de Leitura de Braga vai voltar a reunir-se. desta vez o livro em discussão é:

"A Ilha de Caribou" de David Vann

Como de costume, o encontro começa à 15h na Bertrand de Braga (Liberdade Street Fashion).
Apareçam!


Compras e Ofertas - Outubro 2012

Mais uma mês de muita contenção. Só adquiri três livros, um num passatempo, outro e uma colecção de BD e um ebook.

- "Mais que Humano", de Theodore Sturgeon (ganho no passatempo da Editorial Presença, no facebook);
- "X-Men - A Saga da Fénix Negra", BD vendida em conjunto com o jornal Público;
- "Fifty Shades of King Arthur's Court", de Lana Swallows (ebook grátis)


LinkWithin

Related Posts with Thumbnails