segunda-feira, 11 de março de 2013

Imperfeitos

"Imperfeitos (Uglies 1)", Scott Westerfeld (Vogais / Topseller)

Sinopse:
Num mundo de extrema beleza, a normalidade é sinónimo de imperfeição.
Num futuro não tão distante quanto isso, não há guerras, nem fome, nem pobreza. O mundo é perfeito. Todos são perfeitos. Pelo menos, depois de completarem 16 anos. Qualquer um pode ter a aparência de um supermodelo… e que mal haveria nisso?
Tally Youngblood mal pode esperar pelo seu décimo sexto aniversário, altura em que será submetida à cirurgia radical que a transformará de uma mera Imperfeita para uma deslumbrante Perfeita. Uns lábios bem delineados, um nariz proporcional, um corpo ideal… é tudo o que sempre quis. Já para não falar que uma vida de diversão num paraíso de alta tecnologia espera por si.
Mas quando a sua melhor amiga decide virar as costas a esta vida perfeita e foge, Tally descobre um lado inteiramente novo do mundo dos Perfeitos – e que, por sinal, nada tem de perfeito. É então forçada a fazer a pior escolha possível: encontrar a amiga e traí-la ou perder para sempre a possibilidade de se tornar Perfeita.
Seja qual for a sua decisão, a sua vida nunca mais será a mesma.



Opinião (audiolivro):
Embora não tão bom como Peeps, Uglies tocou-me de uma forma bem diferente. A sociedade aqui apresentada, tem muitos defeitos, mas também tem muitas coisas boas, o que mostra que não existe perfeição, apenas a ilusão da perfeição.
O que me espantou neste livro, foi a forma como o autor conseguiu mostrar como a sociedade molda os jovens e as suas ideias, de tal forma que o que é absurdo, lhes parece normal, e o que é normal, lhes parece abjecto (ou pelo menos aquilo que nos parece normal a nós).
A história fala de uma sociedade em que, aos 16 anos, todos os jovens são submetidos a extensas intervenções cirúrgica, para ficarem todos belos/perfeitos. Até essa idade, estão colocados à parte da sociedade e são chamados de feios/imperfeitos.
O autor consegue transmitir esta sociedade de forma tão competente, que em certos momentos, cheguei mesmo a acreditar, tal como a Tally, a nossa protagonista, que na verdade a sociedade dos lindos/perfeitos é que era a correcta. Só para verem como o autor consegue dar vida ao cenário e à mentalidade da época.
Assim, o grande ponto forte do enredo, é esta luta, pelo que é correcto ou não, pela vida das cidades, dos Perfeitos, e a vida livre dos Smokies.

As personagens, a meu ver, serviram mais como um veículo para essa ideia e o autor soube usá-la muito bem, embora isso tenha, por vezes, tornado difícil a ligação às personagens, enquanto indivíduos, e não enquanto idealismos. Na realidade gostei do David e até da Tally, mas a Tally é daquelas personagens que não sabemos se havemos de adorar ou odiar, isto porque ela passa o livro todo a mentir e chegou a um ponto em que o leitor não percebia porque ela continuava a mentir e isso irritava. Mas mesmo tendo em conta isso, a Tally foi, sem dúvida, uma personagem bem explorada e muito 'real'. Só tive pena que a Shay não tivesse o mesmo tratamento, mas acredito que na novela gráfica (Uglies - Shay's Story) isso seja solucionado.

Como já referi, a escrita do autor funciona muito bem e ele consegue fazer com que o leitor sinta o mesmo que as personagens, que pense como elas e até, por vezes, pondere se não faria o mesmo. Tendo já lido outros dois livros, de sagas diferentes, do autor, posso dizer que o tom é diferente em todos, mesmo que se veja a sua mão, ele adapta o estilo à história. 

Em suma, este foi um livro que li/ouvi com muito gosto, que me fez pensar muito e que embora esteja escrito para um público mais jovem, pode também ser desfrutado pelos mais adultos. O tema é, afinal de contas, mais actual que nunca e é fácil sentir empatia pelas personagens. O mundo criado pelo autor é muito interessante e bem explorado, ficando a vontade de ler a continuação muito em breve (ou não terminasse o livro com um grande cliffhanmger). 

Narração (Carine Montbertrand):
É difícil encontrar mulheres que sejam boas audio-narradoras, ou talvez seja eu que seja esquisita. Carine Monbetrand não é má, sendo até bastante competente e conseguindo articular diferentes tons de voz para diferentes personagens, no entanto a voz dela é muito madura, e não se enquadra bem com a protagonista, Tally (que tem 16 anos), o que me criou alguma confusão inicial.
Fora isso, foi um audiolivro que se escutou muito bem.

Nota: 
Só hoje percebi que saiu uma nova edição de "Imperfeitos", pela mão da editora TopSeller. Não sei se a Vogais e a Topseller são parceiros, ou se a Vogais perdeu os direitos, mas este ano saiu uma edição com a capa da direita ->
Agora um desabafo: Eu não gosto de nenhuma das capas portuguesas. A da Vogais até tem uma boa combinação de cores, mas usa a 'cabeça flutuante' e. bem ... o conceito do livro tem tanto por onde se lhe pegue, e eles usam isto? Nada na capa me explica o conceito da sociedade,e  para que raio são as tatuagens? No entanto, pontos a favor porque realmente usaram uma modelo menos estereotipada.
Já quanto à capa da Topseller ... huh ... que posso dizer? Menos ainda mostra de que trata o livro, a escolha de cores não é feliz, e a capa é uma confusão tremenda. A ideia dos 'cortes' até está engraçada, mas mal aproveitada.
As capas estrangeiras são tão mais imaginativas (tanto esta que mostro no posto, como as edições mais recentes). E nem estou a dizer para usarem as capas estrangeiras, mas tinham tanto por onde lhe pegar.

BookTrailer:
O booktrailer da Vogais está disponível no site da editora (não é possível incluí-lo neste post), por isso vão aqui.
A Topseller também tem um trailer para a nova edição, e esse poderia colocar aqui, mas não o farei por uma razão muito simples. O book trailer parece amador. Inclusive, tenho quase a certeza que usaram excertos de filmes (tão fraca é a qualidade e tão famosos são os actores), para os quais duvido que tenham permissão. Que decepção!

2 comentários:

  1. Essa edição da Topseller é apenas uma reedição da mesma editora, só que numa chancela diferente. Vogais, Nascente, Topseller, Booksmile pertencem todas à editora 20|20. Quanto à sua capa... não gosto muito, concordo quando dizes que tem alguns elementos gráficos interessantes, mas é tão genérica. Prefiro a anterior portuguesa, apesar de não fazer ideia do quão adequada é à história.

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  2. p7, eu imaginei que fosse isso, mas não sabia ao certo se as editoras faziam parte do mesmo grupo.
    Entre as duas, também prefiro a primeira, mas as estrangeiras são muito melhores e têm mais a ver com o tema (beleza levada ao limite).

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