quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Rapariga Que Roubava Livros

"A Rapariga Que Roubava Livros", de Markus Zusak (Editorial Presença)


Sinopse:
Molching, um pequeno subúrbio de Munique, durante a Segunda Guerra Mundial. Na Rua Himmel as pessoas vivem sob o peso da suástica e dos bombardeamentos cada vez mais frequentes, mas não deixaram de sonhar. A Morte é a narradora omnipresente e omnisciente e através do seu olhar intemporal, é-nos contada a história da pequena Liesel e dos seus pais adoptivos, Hans, o pintor acordeonista, e Rosa, a mulher com cara de cartão amarrotado, do pequeno Rudy, assim como de outros moradores da Rua Himmel, e também a história da existência ainda mais precária de Max, o pugilista judeu, que um dia veio esconder-se na cave da família Hubermann. Um livro sobre uma época em que as palavras eram desmedidamente importantes no seu poder de destruir ou de salvar. Um livro luminoso e leve como um poema, que se lê com deslumbramento e emoção.

Opinião:
Alguns livros tocam-nos profundamente, seja pelas suas personagens, seja pelos temas, ou mesmo pela prosa. "A Rapariga que roubava livros" tocou-me pelo primeiro motivo, fez-me chorar e ter esperança.
No entanto tenho de confessar que a única razão porque este livro não entra para os meus favoritos, se deve ao tema. É daquele tipo de histórias que garantem imediata simpatia da parte do leitor (como escrever sobre crianças doentes). Quem não ficaria sensibilizado com um livro passado na 2ª guerra mundial? A menos que fosse sobre os 'maus da fita' era garantia certa de que o leitor iria gostar do livro.
Isso, no entanto, não tira o mérito ao livro.

O enredo foca-se nos alemães de classe baixa. Não os nazistas férreos, os soldados, ou mesmo os judeus, mas sim nos outros, os mais comuns e que raramente são retratados em histórias do género. O povo. Por isso o livro consegue se diferenciar.
O facto de ser narrado pela Morte torna-o algo de ainda mais fantástico. E acreditem, a Morte é um narrador e tanto, com deixas fabulosas, cínicas mas tocantes, cruas e realistas.

O role de personagens é, para mim, o ponto forte do livro. Temos várias e quase todas são exploradas de forma única. Adorei quase todas e só tive pena que duas delas não fossem mais caracterizadas, como sendo a mãe da Liesel e o filho do Hans, que julgo teriam sido uma boa adição ao enredo.
As personagens que mais me marcaram foram: A Morte, a Liesel, o Hans, o Rudy e o Max.

A prosa é muito bela, com laivos de poesia ocasionais. E, como já disse, a Morte enquanto narradora ocasional é soberba. E apesar de sabermos desde o início como vai terminar o livro, isso não nos impede de querer ler até ao fim. Neste caso é a jornada que mantém o leitor agarrado, não o final.
Em momentos este livro relembrou-me "O Leitor" e até mesmo "O Rapaz dos Pijamas às Riscas" (que ainda não tive oportunidade de ler mas cuja premissa conheço) e confesso que de todos "O Leitor" foi o que mais me marcou, no entanto este "A Rapariga que Roubava Livros" é também uma belíssima leitura.

Em suma, foi um livro que gostei muito de ler (apesar de no início estar apenas ameno) e que recomendo sem reservas. Uma história que toca o leitor, com belíssimos excertos e um narrador inesquecível.


Tradução (Manuela Madureira), Capa, Design e Edição:
A tradução deste livro está excelente; não tenho nada a apontar ao belíssimo trabalho da Manuela Madureira. A capa é muito bonita e tem tudo a ver com o livro.
Uma nota muito especial para as belíssimas ilustrações interiores e a atenção ao detalhe nos desenhos (e páginas) de Trudy White. Vale a pena ver com atenção.
O Design e a Edição também estão de parabéns. Um livro que vale a pena folhear.

3 comentários:

  1. Este livro anda a tentar-me há muito tempo!
    Irei seguramente lê-lo, excelente opinião Ana.

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  2. Ehh, ainda bem que gostaste! Estava com esperança que isso acontecesse! :D

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  3. Eu não posso dizer que "não gostei", mas estava à espera de mais.
    Embora "a voz" da morte é daquelas que nunca se esquecem :)

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