quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

One foot in the grave

“One foot in the grave (Night Huntress 2)” de Jeaniene Frost (ainda não publicado em Portugal)

Sinopse:
Cat Crawfield, a meia-vampira, é a agora uma Agente Especial que trabalha para o governo, de forma a livrar o mundo da praga dos mortos-vivos. Ela ainda utilisa tudo o que o Bones - o seu sexy e perigoso ex - lhe ensinou, mas quando Cat fica coma  cabeça a prémio, o único homem que a pode ajudar é aquele que ela abandonou.

Opinião:
Depois de ler o primeiro livro, e tendo lido várias críticas que diziam que a sequela era ainda melhor, lá fui eu ler o número dois da saga. E digamos que fiquei desapontada. Bem … desapontada não é bem o termo porque o livro é agradável a leitura é boa, mas não traz praticamente nada de novo e era isso que eu esperava deste livro.
Mas comecemos pelo princípio sim.
Quatro anos passaram desde que Cat e Bones foram separados e o livro começa de uma forma muito semelhante ao seu antecessor. Aliás, estes livros têm uma espécie de “estrutura” muito semelhante, o que não é de todo mau. Dá-nos uma sensação de continuidade e coerência que não chega a ser aborrecida e é até bem vinda. Logo nos primeiros capítulos, um dos “subordinados” da Cat morre, mas eu não senti nada com a morte dele, porque não o conhecíamos assim tão bem, e ao fim de uns tempos nem me lembrava de quem era. Em frente …
É mais ou menos neste momento que somos levados a pensar que o Bones traiu a Cat, mas convenhamos que depois do livro anterior, isso era muito difícil de crer e por isso o suspense perdeu-se.
A Cat envolve-se com um “humano” mas ela própria acha o relacionamento uma perda de tempo. Depois seguem-se uma série de coincidências que terminam no encontro entre Cat e Bones no casamento de amigos mútuos. É aqui que volta aquela velha “chama” da paixão entre ambos, e que, convenhamos, nunca esmoreceu ao longo dos quatro anos e meio em que estiveram separados. É também aqui que começam os problemas …
Todo o sexo parecia estar ali como “serviço” porque em nenhum momento eu senti o “amor” ou sequer o desejo da Cat pelo Bones e vice-versa. Já não havia aquela “faísca”, se é que me entendem. E o pior foram as várias cenas de ciúmes entre os dois, ou melhor, a forma descontraída com que essas cenas de ciume eram resolvidas. Ele perdoava tudo, ela perdoava tudo, depois vinha mais uma personagem fazer ciúmes, mas tudo acabava esquecido. Ou seja, o que poderia ter sido um grande entrave, e consequentemente uma enorme alavanca para o relacionamento dos dois, tornou-se algo monótono, previsível e dispensável. Este foi sem dúvida um dos maiores pontos fracos do livro.
Mas para além disto tivemos ainda outra coisa que me deixou muito desapontada, e que já mencionei acima. O sexo!
Não foi só o facto de não ter a “paixão” desejada, mas pior do que isso foram as “circunstâncias” que levaram aos actos em questão.
Lembram-se de eu dizer que no primeiro livro eles tinham sexo tórrido sempre que alguém morria? Pois, no segundo livro a coisa muda de figura, mas não fica melhor. A primeira vez que voltam à acção é mesmo ao lado de um cadáver, e melhor ainda, em pleno céu aberto, num parque automóvel onde todos os podiam ver (se quisessem). As seguintes ocasiões propensas não são melhores e a Cat e o Bone demonstraram uma enorme aptidão para o exibicionismo, fazendo sexo, propositadamente, onde os amigos e colegas de trabalho os pudessem ouvir.
Isto, para mim, foi um enorme balde de água fria (se é que me entendem). Não gostei, prontos. Aquele comportamento infantil irritou-me e não achei nenhuma das cenas satisfatória, ao contrário de algumas do livro anterior, que acabaram por ser bem conseguidas.
E agora dizem vocês … “Mas estás-te a queixar do sexo? Isso lá é importante?”. E eu respondo “É! Porque é das coisas que mais acontece no livro. Ou seja, supostamente é para terem impacto, digo eu …”
Mas passemos a outros temas.
Gostei muito de algumas das novas personagens, especialmente do Juan, e gostava de ver mais dele. Foi também bom rever algumas outras que já tinham surgido anteriormente, se bem que só em algumas escassas linhas. Quanto ás personagens principais, a Cat permaneceu igual a si mesma, uma heroína forte e destemida, mas desta vez com uma dose extra de confiança e amizade, que foi bem vinda.
Quanto ao Bones … Bones … não sei bem que dizer. Ouve ali uma altura, a meio do livro, que pensei que ele ia virar um controlador como um certo outro vampiro de uma saga começada por “Twi”, mas fiel a si mesmo, o Bones redimiu-se e deixou a Cat tomar as rédeas da situação. Que alívio!
Mais uma coisa que não gostei muito … o novo “condicionamento” na relação dos dois (no fim do livro). É pá! Se calhar sou só eu que acho estúpido um voto de “amor eterno” que grite “Quando tu morreres eu morro também”. Dá-me arrepios (dos maus). Acho isso demasiado lamechas e muito restritivo, mas se calhar sou só. Em frente!
Gostei bastante do processo de nascimento de um “Ghoul” (como se diz isto em PT?). Muito criativo e interessante. Gostei! … mas (e há sempre um mas) não gostei foi da reacção do novo “ghoul” que levou aquilo um pouco bem de mais. Será que sou só eu que não ponderaria sequer uma vida de imortalidade? Não a esse preço, pelo menos.
Uma coisa muito engraçada (ou não) é que me consigo lembrar do nome de quase (mesmo quase) todas as personagens. E isso é muito estranho porque normalmente esqueço-me logo.
Em suma, este foi um livro que seguiu bem as pisadas do seu antecessor, mas que não conseguiu ser mais e isso condicionou-o enquanto sequela com potencial. As personagens principais não pareceram evoluir muito nos quatro anos que se passaram e o que poderia ter feito a relação progredir, acabou apenas por se mostrar infrutífero. Mesmo assim, é um bom livro, que se lê de uma assentada e que não nos deixa gorados. Mas poderia ter sido muito mais.

Primeiramente publicado no Caneta, Papel e Lápis (2009/09/30).

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