terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

The Werewolf Pack

"The Werewolf Pack", antologia organizada por Mark Valentine, com contos de Captain Frederick Marryat e Sir Gilbert Campbell e Count Stenbock e B. Fletcher Robinson e Mrs. Hugh Fraser e Andrew Lang e F.J. Harvey Darton e Barry Pain e Saki e Bernard Capes e Vasile Voiculescu e Steve Duffy e Gail-Nina Anderson e R.B. Russell

Sinopse (inglês):
The wolf has always been a creature of legend and romance, while kings, sorcerers and outlaws have been proud to be called by the name of the wolf, it's no wonder, then, that tales of transformation between man and wolf are so powerful and persistent.

Opinião:
Tratando-se, este livro, de uma antologia, vou primeiro analisar cada conto individualmente.

"The White Wolf of the Hartz Mountains", de Captain Frederick Marryat
A história no geral é interessante e tem bons conflitos. Gostava de ter sabido mais sobre a origem dos lobos, pois nada concreto foi explicado, mas gostei do final.

"The White Wolf of Kostopthin", de Sir Gilbert Campbell
A história central é muito similar à do primeiro conto. Tanto que achei que se perdia alguma notoriedade por estarem seguidos. No entanto, dos dois, prefiro este, por haver um pouco mais de profundidade das personagens. No entanto a nível de explicações relativas aos lobos, este é ainda mais vago o que não abona seu favor.

"The Other Side (a Breton Legend)", Count Stenbock
Este conto destaca-se pela escrita, fulgurante e muito rica. Por momento parecia que estava  ler versos e não desviava os olhos das linhas. Um conto muito veloz que gostei mas cujo final foi muito confuso. Ainda assim, a história por trás dos lobos está bem desenvolvida e as imagens que o conto evoca são muito vivas.

"The Terror in the Snow", B. Fletcher Robinson
Esta história parece saída de uma aventura de Sherlock Holmes ou coisa parecida. No seu todo, acaba por ser interessante, mas a forma como está contada tira-lhe interesse e chega a ser aborrecida. O início é absolutamente dispensável. Não esta lá a fazer nada, literalmente. Depois temos grandes descrições que pouco ou nada nos dizem e por fim as conclusões do detective que surgem do nada, já que pistas o leitor nunca as recebe. Eu gosto de um bom mistério, mas o autor tem de dar pistas ao leitor (falsas e verdadeiras). mantê-lo no escuro é como tratá-lo por burro. Não gostei deste conto, embora tenha gostado do crime em si e achado que a história é curiosa.

"A Werewolf of the Campagna", Mrs. Hugh Fraser
Este conto é diferente porque tem duas veias narrativas, duas histórias diferentes que se unem de forma estranha e ilógica. Sozinhas, são ambas interessantes e bem escritas; juntas, não fazem sentido. Assim fica um sentimento ambíguo em relação ao conto como um todo.

"The White Wolf", Andrew Lang
Gostei muito deste conto, no início, já que está contado como se de uma fábula se tratasse, como uma espécie de conto de fadas (espécie de "Bela e o Monstro") que me cativou muito e se mostrou bastante simbólico. No entanto a parte final é tão ridícula, tão sexista, que tira mérito ao resto do conto. Apesar disso gostei da leitura, mas aquele fim estragou tudo.

"The Boy and the Wolves", or the Broken Promisse, Andrew Lang
Mais uma vez contado num tom de quase fábula, a ideia central é muito boa e gosto do tom do conto, mas achei que lhe faltava alguma profundidade.

"William and the Werewolf", F.J. Harvey Darton
Um dos meus contos favoritos de toda a antologia por ter uma história tão completa e abrangente. Contada como se de um conto-de-fadas se tratasse, mas num tom negro e que mantém o leitor agarrado às páginas, curioso sobre como William voltará a casa e como a guerra se resolverá. Para além disso, ao contrário da maioria dos contos da antologia, aqui o lobisomem é na verdade o herói, até mais que William, o que foi uma lufada de ar fresco.

"The Undying Thing", Barry Pain
Uma história com um início muito promissor, mas que cedo se revelou pouco interessante e pouco diferenciada das restantes. O final foi bom mas, demasiadas coisas ficaram por esclarecer.

"Gabriel-Ernest", Saki
Um mistério bem explorado, com boas descrições das emoções e uma reviravolta bem feita, no entanto o conto foi curto demais e não me permitiu desfrutar da escrita tanto quanto gostaria.

"The She-Wolf", Saki
Esta história teria funcionado muito melhor se o autor tivesse ocultado a verdade do leitor até ao final. Revelando o segredo do truque antes de este acontecer, tirou qualquer interesse que o acontecimento pudesse ter e arruinou o conto.

"The Thing in the Forest", Bernard Capes
Uma espécie de fábula, bem escrita, com suspense e com um final bem conseguido. Não há muito mais a dizer, já que é bastante curto.

"Among the Wolves", Vasile Voiculescu
Apesar do início mais calmo, o final deste conto foi excelente. Gostei muito do conceito e da forma como o autor o apresentou.

"The Shades of The Wolf", Ron Weighell
No conto de B. Fletcher Robinson eu falava no Sherlock Holmes, e aqui está ele em pessoa! Como trabalho baseado no de Sir Arthur Conan Doyle, está muito bom e mantém o mesmo ambiente que os contos originais, mas ainda assim não gostei particularmente do final. O meio foi bom e a escrita está competente, mas o final foi anti-climático.


"The Clay Party", Steve Duffy
Estranhei o início mas rapidamente o relato, em forma de diário, foi-se tornando mais e mais intenso, mais e mais interessante, até que o climático final chegou e me apanhou de surpresa. Apesar de um início fraco, este foi um dos melhores contos da antologia.

"The Tale Untold", Gail-Nina Anderson
Num tom muito diferente de todos os outros contos, este acabou por ser um dos mais curiosos e, diria até, divertido (o único, neste caso). O narrador fala para o leitor como se fosse seu amigo e fala de algo que muitos leitores de fábulas já se questionaram: Qual o passado destas personagens? Qual o seu futuro? Apesar de ter gostado, achei que podia ter sido ainda melhor.

"Loup-garou", R.B. Russell
Uma ideia rebuscada mas muito bem escrita e que mantém o leitor agarrado às paginas. Uma daquelas histórias que nos deixam a pensar e que não se revelam por completo mas que o que deixam em aberto, fazem com mestria.

Esta é, certamente, uma colectânea de terror, disso não há dúvida. Aquele terror de antigamente, primordial, muitas vezes inculto e fruto da ignorância. No entanto não posso deixar de notar muitos padrões repetidos em vários contos, que cortaram na diversidade e no prazer que a leitura dava. Muitos contos começavam com longos monólogos introdutórios que nada mais faziam que dar ao leitor um relato exacto de quem era quem, onde estava quem e porque aquela história ia ser contada. Depois de dez contos assim, começou a chatear, especialmente naqueles que divagavam e aborreciam. Também não posso deixar de reparar que muitos dos lobos eram mulheres, vingativas e dissimuladoras, ou homens postos de parte pela sociedade ou abandonados pela família.
É uma antologia curiosa e com alguns bons trabalhos de autores que desconhecia completamente, mas faltou-lhe mais diversidade.

Capa, Design e Edição:
Para se enquadrar na colecção "Tales of Mystery & Supernatural", esta capa acaba por ser muito genérica e pouco apelativa. Gostei no entanto do pormenor do relevo (quase imperceptível) da caveira, que faz parte da colecção e não está directamente ligado ao livro.
A Nota introdutória foi muito esclarecedora e gostei de ler sobre estes autores desconhecidos, pelas palavras do organizador na colectânea, Mark Valentine.
No interior o livro é bastante simples, mas permite uma boa leitura.

Nota: Um grande obrigada à Ana Cláudia Silva, que me emprestou este livro.

2 comentários:

  1. Foi chato que tenha havido alguma repetividade nos contos. O editor da antologia podia ter avisado os autores que assim era e pedisse para serem reescritos diferentes.
    Ou então seleccionasse outros contos, porventura.

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  2. Rui, dificilmente o organizador poderia pedir aos autores para mudar os contos, já que quase todos são de autores muito antigos, possivelmente já falecidos. (repara nos nomes: condes, duques, sra. Xpto) :D
    Esta colectânea reúne contos antigos, devem ser do tempo do Sir Arthur Conan Doyle, ou antes. Eu devia ter esclarecido isso na opinião. Mas podia, isso sim, ter escolhido contos mais diversificados. Ainda assim li algumas boas história, o que já não é mau.

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