segunda-feira, 28 de março de 2011

Ficções

"Ficções", de Jorge Luís Borges (Biblioteca Visão)

Sinopse:
A obra de Jorge Luís Borges marcou de forma indelével a literatura do século XX e perdura como monumento de inteligência e imaginação. Nas narrativas de Ficções, a realidade surge entre mundos inventados e multiplica-se no labirinto das palavras. Há bibliotecas de livros nunca escritos, mas tão existentes como a necessidade de compreender os paradoxos e o tempo, cujos limites são os olhares diversos do ser humano. E ficam nestas páginas a poesia, o ensaio, a filosofia, o registo dos meandros percorridos num universo sem fim, que foi e continuará a ser o nosso presente

Opinião:
No início da leitura, custou-me imenso entrar na forma de narrar do autor, e embrenhar-me nas histórias. Não tanto por não gostar do estilo, nem porque a história fosse monótona. A verdade é que comecei esta leitura numa altura má. Estava saturada de trabalho e com a cabeça cheia de coisas que estavam a acontecer na minha vida. São fases, mas assim que percebi que o meu estado de espírito não me permitia desfrutar da leitura, tudo se tornou mais fácil. Decidi só pegar no livro quando estivesse com a mente +/- vazia, e qual não foi a minha surpresa quando não só comecei a gostar do livro, como o adorei em partes.

Borges realmente merece os méritos que o louvam, e este "Ficções" é realmente um livro que mostra o poder da sua imaginação. Tudo o que nele é narrado, parece real e, várias vezes dei por mim a querer pesquisar os livros nele mencionados, conhecer os autores nele referidos, estudar as vidas nele narrados.

Só achei que o livro tinha uma coisa de mal, e era a monotonia presente em alguns contos, em que a narração não funcionava tão bem como noutros.
Também estranhei o facto de, ao contrário da primeira parte em que as histórias estavam de certa forma interligadas, já na segunda parte não consegui percepcionar nenhum fio condutor que unisse os contos (para além do facto óbvio de todos tratarem de crimes). Será que me falhou esse ponto comum? (muito provavelmente)

Os contos que mais gostei foram: "A lotaria da Babilónia", "A biblioteca de Babel" e "A forma da espada".

Em suma, este livro foi uma surpresa agradável, que me deixou perceber toda a fabulosa imaginação de Borges, que me fez acreditar que tudo aquilo existia na realidade, quando a lógica me dizia o contrário. O autor tem uma escrita muito bela, que só peca por vezes por se estender por detalhes que parecem ... insignificantes, enquanto que noutras situações está perfeito.
Recomendo!

Tradução:
A tradução está muito boa, mas como em outros livros eu tenho mesmo de apontar o facto de, aquando a existência de frases e expressões em língua estrangeira, cujo propósito no texto é justificável, o que não se justifica é não haver uma tradução paralela (em nota de rodapé ou em parêntesis). Vá, meus caros tradutores, nem toda a gente sabe ler assim tão bem o espanhol, o latim, o francês e o inglês, ou sei lá que línguas mais estranhas que decidam incorporar em obras distintas desta ou nesta mesma. Não deixem o trabalho a meio, por favor.

Capa, Design e Edição:
A edição em capa dura é muito boa e gosto particularmente do toque rústico das folhas usadas na colecção Biblioteca Sábado, o design interior é do mais simples e funcional que existe. Nada de negativo a apontar.

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